A Fraca Participação da Rapariga no Ensino de ciências
Por Sebastiao Sabao Chirrinzane Junior | 18/10/2016 | EducaçãoSebastião S. Chirrinzane Júnior[1]
Resumo
O presente artigo, tem como tema “A Fraca Participação da Rapariga no Ensino de Ciências”, com objectivo “Compreender os factores que influenciam na fraca participação da mulher no ensino de ciências”. O número de mulheres nas ciências, é pouco representativo, seja na pesquisa governamental, indústria/engenharia e no meio académico. Dentro deste, enfatiza-se que não há incentivo específico para as mulheres estudarem e ao longo de sua formação ou carreira profissional. A maior parte das mulheres recebem pouco apoio da sociedade e dependem extensivamente do seu empenho pessoal e o factor cultural sobre a posição da mulher no lar impede a socialização aos estudos ou ao ensino em geral.
Introdução
O presente artigo científico, tem como tema “A Fraca Participação da Rapariga no ensino de ciências”. O número de mulheres nas ciências é pouco representativo, seja na pesquisa governamental, na indústria ou no meio académico. Na maioria dos países, apenas cerca de 10% a 12% dos profissionais do campo das ciências, nos últimos 100 anos, são mulheres. A situação não tem-se alterado significativamente nos últimos anos.
Neste trabalho, enfatiza-se que a percentagem de mulheres no campo de ciências é pequena desde a admissão na universidade. E este nível baixo de participação se mantém durante todo o ciclo de estudos, assim como durante o exercício profissional. Não há incentivo específico para as mulheres estudarem ou trabalharem em ciências (física, matemática, química, biologia, educação visual ou desenho). Ao longo de sua formação e de sua carreira profissional, a maior parte das mulheres recebem pouco apoio da sociedade e dependem extensivamente de seu empenho pessoal.
A pesquisa é composta por seguinte estrutura: introdução, desenvolvimento e conclusão, e o artigo para ser um trabalho consumado, abre um espaço da sua abordagem.
Eis os seguintes objectivos do artigo:
- Compreender os factores que influenciam na fraca participação da mulher no curso de ciências físicas;
- Descobrir a pré – motivação proporcionada às mulheres na sociedade;
- Identificar a conduta passada e actual do factor cultural sobre a posição da mulher no lar e
- Levantar o número de mulheres que estão no lar, mas frequentando a vida escolar.
O artigo em causa, é fruto de uma pesquisa bibliográfica, fontes internéticas, comunidade académica em geral e também o método de estudo do caso.
Objectivos
Segundo PILETTI (2004: 80), objectivos “consistem em uma descrição clara dos resultados que desejamos alcançar com nossa actividade”.
Os objectivos da actividade científica, como os de toda actividade humana, constituem a representação imaginária, uma meditação dos resultados possíveis a serem logrados mediante a realização de tarefas concretas.
Eis os objectivos da pesquisa.
- Descobrir a pré – motivação proporcionada às mulheres na sociedade;
- Identificar a conduta passada e actual do factor cultural sobre a posição da mulher no lar;
- Levantar o número de mulheres que estão no lar, mas frequentando a vida escolar.
Pertinência da Pesquisa
As razões que me levaram a realizar ou elaborar este trabalho, é o facto de que o ensino de ciências, sempre contou com uma proporção comparativamente baixa de estudantes e pesquisadores do sexo feminino.
A percentagem de mulheres na física, química, matemática, biologia e educação visual ou desenho, em quase todos os países, decresce a cada etapa na carreira académica e em cada nível de promoção no exercício profissional. Em alguns ramos da engenharia e especialmente na física, o número de mulheres é extremamente reduzido, mesmo no nível da graduação.
Nos anos passados até actualidade, na graduação de física e matemática, realizadas a nível nacional (Universidade Pedagógica e Universidade de Eduardo Mondlane), chamou-me atenção, pelo que havia uma percentagem abaixo de 20%de mulheres. Isso me levou a investigar as causas desse acontecimento.
Recentemente, um volume considerável de estudo tem sido dedicado ao preconceito de género nas carreiras científicas, incluindo suas causas e consequências. O problema da pouca representatividade das mulheres no estudo de ciência e tecnologia é um fenómeno mundial.
Hipóteses ou Pressupostos
Hipótese é uma proposição antecipada à comprovação de uma realidade existencial. É uma espécie de pressuposição que antecede a constatação dos factos. Por isso se diz que as hipóteses de trabalho são formulações provisórias do que se procura conhecer e, em consequência, são respostas para o problema ou assunto da pesquisa.(TRUJILLO, 1974:132 apud LAKATOS e MARCONI, 2009:137).
Relativamente ao problema levantado, serão avançadas 3 hipóteses, consideradas como sendo as possíveis respostas do problema em causa, que se destacam:
- O factor cultural sobre a posição da mulher no lar impede a socialização aos cursos complexos.
- A mentalidade emotiva da mulher pode ser um factor desencorajado para a aderência aos cursos práticos (física, matemática, química, biologia e educação visual ou desenho).
- A fraca pré – motivação fornecida (incutida) socialmente poderá ser um impulso negativo para a mulher nas ciências.
Metodologias ou Procedimento Metodológico
Todo o processo que visa o alcance de um determinado objectivo carece do emprego de método como via para a sua consecução.
Segundo (LAKATOS e MARCONI, 2009:44), Método é o “caminho pelo qual se chega a determinado resultado, ainda que esse caminho não tenha sido fixado de antemão de modo reflectido e deliberado”.
Para a realização deste projecto de pesquisa, constituem como métodos os seguintes: o método de procedimento de estudo de caso.
Segundo YIN apud GIL (1999: 73), estudo de caso é “um estudo empírico que investiga um fenómeno actual dentro do seu contexto da realidade, no qual são utilizados várias fontes de evidência”.
O que quer dizer que este caso, a investigação pressupõe uma abordagem concreta em que a investigação procura se inteirar em quais as razões da fraca participação da mulher no ensino de ciências.O trabalho de campo permitirá ao pesquisador familiarizar-se e viver a questão dofactor – cultural sobre a posição da mulher no lar que impede a socialização aos cursos complexos, particularmente aos cursos de física, matemática, química, biologia e educação visual ou desenho.
Tipos de Pesquisa
Para a pesquisa, seleccionou-se a pesquisa qualitativa do tipo descritiva.
Segundo GIL (2002: 90), a pesquisa qualitativa, é caracterizada como sendo uma tentativa de compreensão detalhada dos significados e características situacionais apresentadas pelos entrevistados em lugar de produção de medidas qualitativas ou características comportamentais.
A escolha da pesquisa qualitativa deveu-se ao facto de esta puder proporcionar uma visão objectiva dos aspectos implicados à participação da mulher no ensino de ciências.
Resumo Teórico
Cientistas mulheres existem e sempre existiram, mas o reconhecimento de seu trabalho representados em prémios, melhores postos e salários, deixam a desejar. Trazemos a marca de séculos de predomínio masculino, de desempenho de coadjuvantes nos trabalhos de laboratórios, de escolas e de tantos outros locais de actividade científica.
Guerra et al. (2006), fazem referência a algumas cientistas como:
- Maria, a Judia (aprox. 273 a.C.) – alquimista que vivia no Egipto e inventou o processo de banho-maria.
- As pesquisadoras que viviam por trás dos homens por causa dos preconceitos enfrentados como:
- Anne-Marie Lavoisier (1758-1836)– casada com Antoine Lavoisier. Ela traduzia os trabalhos do marido do inglês para o francês, acompanhava as experiências, fazia anotações e ilustrou inúmeras publicações.
- Mileva Maric (1875-1948) –A primeira mulher de Einstein, resolvia os problemas matemáticos para o marido. Alguns cientistas a consideram co-autora da teoria da relatividade.
De acordo com física Márcia Cristina Bernardes Barbosa, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS), organizadora do primeiro Congresso Mulheres Latino-americanas nas Ciências Exactas e da Vida, realizado em 2004 no Rio de Janeiro, a vida da cientista actual é marcada por preconceito e falta de apoio, pouca perspectiva no mercado; dupla jornada de trabalho e imagem feminina de fragilidade. (BARATA, 2005).
É necessário criar acções afirmativas como ter um percentual de mulheres nos comités que julgam projectos. Ela disse: “Eu gostaria que todos os processos de julgar as pessoas não tivessem nome e sobrenome, que não fossem focados na pessoa e nem baseados no perfil masculino” (BARATA, 2005).
Actualmente, nas aulas defísica, matemática, química, biologia e educação visual ou desenho é comum as meninas se considerarem menos aptas e até mesmo desencorajadas a participarem das atividades da aula. Sendo assim, esta pesquisa buscou analisar as diferenças nas participações de alunos e alunas nas aulas de física, matemática, química, biologia e educação visual ou desenho, problematizando como gênero perpassa as aulas e os sujeitos envolvidos.
O tratamento desigual a profissionais do sexo feminino, em todos os níveis, tem-se mostrado um dado da realidade, em quase todos os países. A disparidade de género no meio profissional é associada parcialmente ao papel biológico e às responsabilidades da mulher como mãe, mas se deve principalmente a concepções tradicionais, que atribuem à mulher o papel fundamental da maternidade e das tarefas domésticas, e ao homem o papel de provedor do sustento da família.(GEERTZ, Clifford. 1989)
Entre as diversas esferas profissionais, a ausência das mulheres parece especialmente notável na ciência e na tecnologia, particularmente nos campos das ciências físicas e na engenharia, e as mulheres que optam pelo estudo na área das ciências frequentemente acabam assumindo aquelas ocupações consideradas menos desafiadoras. As mulheres estão sub-representadas na física, matemática, química, biologia e educação visual ou desenho.
De todas as ciências, a física é uma área na qual o aumento do número de mulheres tem sido particularmente lento. Muitas jovens com grande potencial intelectual não têm a oportunidade de estudar física ou de se preparar para uma carreira nessa área. Outras são deliberadamente desencorajadas. (WENETZ, Ileana; STIGGER, Marco Paulo. 2006).
A situação, contudo, é ainda mais grave. Muitas das mulheres que iniciam o curso de ciências, acabam por desistir. Uma proporção maior de mulheres que de homens abandona a física, matemática, química, biologia e educação visual ou desenho em cada estágio da carreira.
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