A FOTOGRAFIA COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA INTERDISCIPLINAR

Por Eliete Maria Nascimento Francisco | 06/09/2016 | Educação

RESUMO

A proposta deste artigo é de analisar o projeto educacional na disciplina de arte que aborda o tema fotografia no qual contenha elementos geométricos a partir do olhar do fotógrafo, pretendemos demonstrar, através desse projeto já em desenvolvimento, que a imagem fotográfica é fundamental na constituição e formação do indivíduo e que deve ser incorporada por todos os níveis de ensino em seus próprios programas educacionais. O desafio é auxiliar aos alunos e alunas a perceberem que a imagem fotográfica é obra pensada e elaborada pelo fotógrafo ou artista que a compõe, a partir de suas referências pessoais, profissionais, sociais e culturais, em um processo muito mais amplo do que a mera operação técnica do aparelho e que será recebida e que também carrega sua própria bagagem cultural. Inserindo a interdisciplinaridade entre as disciplinas de matemática e história, sugerindo dentre varias possibilidades alguns paralelos a partir de atividades vinculadas ao tema proposto pelo projeto.

INTRODUÇÃO

O artigo é de natureza aplicada com abordagem descritiva, onde o pesquisador tende a analisar seus dados indutivamente com procedimentos técnicos experimentais englobando o tema desenvolvido na abordagem de imagens do cotidiano obtidas a partir de fotografias feitas pelos alunos do ensino médio regular. Nessa analise iremos nos ater nas fotografias em que os alunos capturaram em suas fotos imagens, que remetem a geometria. Alguns artistas já se utilizaram a geometria para criar suas obras de arte, dentre esses cita-se Piet Mondrian.

Com as novas tecnologias o acesso aos equipamentos de reprodução de imagens tornou-se cada vez mais disponíveis viabilizando o ingresso de amadores ao mundo fotográfico. A interação estabelecida entre saber e prática relacionados à história, às sociedades e às culturas, possibilitando uma relação ensino/aprendizagem de forma efetiva, a partir de experiências vividas, múltiplas e diversas. O uso da arte como instrumento para valorizar a organização do mundo da criança e do jovem, sua auto compreensão, assim como o relacionamento com o outro e com o seu meio.

A arte tem capacidade transformadora, o fazer artístico e a fruição estética contribuem para o desenvolvimento de crianças e de jovens aumentando a capacidade que eles têm de ampliar o seu potencial cognitivo e assim mostrar seu olhar do mundo de modos distintos. É de fundamental importância que o ensino da arte esteja em sintonia com a contemporaneidade. A pesquisa e a construção do conhecimento é um valor tanto para o educador quanto para o educando, rompendo com a relação sujeito/objeto do ensino tradicional. Este processo poderá ser desafiador. Ao se definir o ponto de partida terá como resultado a experimentação. Dessa forma, o ensino da arte estará intimamente ligado ao interesse de quem aprende.


OBJETIVOS:

GERAL:

  • Promover ações que propiciem leituras que alterem seus próprios conceitos em relação à fotografia, Contribuindo para a interdisciplinaridade no ambiente escolar.

ESPECIFICOS:

  • Promover meios para que o aluno seja capaz de abstrair, compor e captar imagens por meio de equipamento capaz de captar imagem.
  • Contribuir para que o conhecimento do aluno seja ampliado no sentido de conhecerem a linguagem fotográfica como meio artístico.
  • Incitar os alunos a usar de forma criativa as linhas e formas geométricas que eles veem no seu cotidiano.
  • Solicitar aos alunos que vejam os elementos comparativos que compõem uma arquitetura e captem a imagem através da câmera fotográfica.

A FOTOGRAFIA CONTEMPORÂNEA

O termo fotografia originou-se do grego fós “luz”, grafis “pincel” que significa desenhar com luz. A fotografia é uma forma técnica de gravação de imagens por meio da captação da luz por um equipamento reprodutor de imagens. Desde os tempos remotos o homem procura maneiras de registrar seus momentos, e através dos tempos sua capacidade de gravar sobre qualquer suporte tem se aperfeiçoado, variando apenas seu modo de fazê-lo ou o processo usado. Essa capacidade sensório-motora se difere das outras atividades motoras devido à intenção do registro que se deseja. Baseia-se nas atividades de escrita e o desenho, a atividade de fotografar revela o modo de ver o mundo daquele que capta determinada imagem em determinado horário, onde a quantidade luz o agrada ou o evento o qual esta registrando lhe agrada. A atividade fotográfica revela um estilo, demonstra uma personalidade, manifesta os valores assimilados e incorporados de uma pessoa.

“A necessidade de comprovar a realidade e de engrandecer a experiência através das fotografias é uma forma de consumismo estético a que todos nós entregamos. As sociedades industriais transformam os seus cidadãos em viciados de imagens; trata-se da mais irresistível forma de poluição mental. (...) Mallarmé, o lógico dos estetas do século XIX, disse que tudo o que existe no mundo existe para vir acabar num livro. Hoje em dia, tudo o que existe, existe para vir a acabar numa fotografia.” (SONTAG, 1986).

Considerada por muito tempo no meio artístico como prova de existência do objeto alvejado, a fotografia passa a ser usada como meio de expressão artística conceitual muito, além do considerável belo. Pois fotografia é transmitir idéia, emoção, realidade nua, mesmo sem símbolo verbal, pois o ser humano transforma realidade objetiva, naquilo que se quer ver. Ao contrário do olho que tem diante de si uma grande quantidade de informação e muitos detalhes passam despercebidos. A fotografia tem um campo limitado por quatro linhas que usamos para selecionar pedaços do mundo que queremos mostrar. KOSSOY deixa claro que a noção de que a câmara recupera fielmente a primeira realidade se desconstrói imediatamente após o registro da imagem. O que temos acesso é à segunda realidade. Fruto de uma realidade construída cheia de ideologias, impressões e códigos.

Atualmente com os novos meios tecnológicos promoveu-se uma nova concepção o de a fotografia como uma versão do operador da câmera. Quando a fotografia foi inventada, em meados do século XIX, acreditava-se que ela não passava de uma imagem realizada de forma impessoal por uma máquina. No entanto, com o passar do tempo ficou provado que, a manipulação do equipamento fotográfico é capaz de transformar um dado instante captado em uma obra de arte.                                                     

O processo fotográfico contemporâneo é acessível a todos e não necessita de conhecimentos técnicos nem artísticos. Os momentos de reuniões familiares, festas, viagens, formaturas, entre outros são registrados e divulgados em tempo real mínimo entre os meios de comunicação virtual. Podemos denominar a fotografia como uma arte social, pois oportuniza a todos que possuem um equipamento de fotocópias participarem como artistas protagonistas, sendo assim, podemos afirmar que é uma forma de manifestação das linguagens humanas, que revela os sentimentos, pensamentos, desejos, inspirações, protestos e gosto do artista, quando a imagem que registra faz a captura de um instante decisivo vivenciando o contexto de qual retira suas imagens.

É de um universo os equipamentos reprodutores de imagens e as novas técnicas que estão disponíveis no mercado atual, os amantes da fotografia, podem lançar mão de tudo de novo que o mercado contemporâneo oferece, registrando sua maneira de olhar a comunidade onde moram, as ruas por onde passam, a escola onde freqüentam, pois, mais importante que saber manipular a câmera fotografia, conhecer o funcionamento das lentes ou entender a influência da luz é saber escolher o momento pra acionar o obturador para captar a expressão ou cena mais favorável.

A FOTOGRAFIA NA ESCOLA

Com a ampliação ao acesso as novas tecnologias são cada vez mais, freqüente a posse e a exposição de equipamentos capazes de capturar uma imagem circulando no ambiente escolar através dos alunos que as freqüentam independente do nível social. São os amadores que não se cansam de obter o máximo de registros possíveis do que acontece em sua volta, mesmo que sejam acontecimentos previamente estudados com o intuito de ser registrado, ou mesmo para simplesmente diversão entre grupos. Esses detentores de imagens não se reconhecem como fotógrafos, e se quer são levados a sério a ponto de ter qualquer interesse de terceiros pelo seu registro. Esse trabalho pretende considerar sobre como atividades dentro do ambiente escolar envolvendo a fotografia podem fornecer elementos para criação de novas formas de interação entre o individuo e seu ambiente. Procuramos reunir algumas considerações sobre a fotografia produzida por alunos de escola regular como meio de interação entre o ser e a coletividade. A fotografia abre a era pós-hermenêutica, pós-deciframento, em suma, com ela passamos a lidar com o mundo via uma “capacidade imaginativa de segunda ordem” (FLUSSER, 1998, p. 36).

Neste trabalho procura-se reunir algumas mostra acerca da fotografia amadora como um canal negligenciado de comunicação entre o indivíduo e a sociedade. A fotografia universalizou-se de tal forma que pode ser praticada por qualquer pessoa com um mínimo de recursos materiais. A partir da observação de que o enorme volume de fotografias produzidas por amadores não tem servido a um processo de educação visual, nem mesmo contribuído para a inserção do indivíduo como protagonista na experiência de sua própria vida cotidiana, sendo assim apresentamos uma proposta com o intuito de sugerir meios para aproveitamento desse material no meio educacional.

A fotografia amadora produzida pelos indivíduos não esta sendo devidamente valorizada pelos educadores como material de uso didático. O uso da imagem fotográfica é bem difundida por esses, porém se lança mão das fotos prontas, feitas por profissionais, artistas, ou retiradas da Internet, para que a partir daí se faça alguma intervenção ou interpretação pelo estudante. É necessário explorar a fotografia como um trabalho manual viável no meio educacional, pois uma foto não implica apenas em captar uma imagem, pois o conhecimento dos outros processos que a envolve, podem gerar inúmeros meios pelos quais o aluno poderá investigar e fixar os conteúdos oriundos dessa experiência. É nesse ponto que podemos incluir a interdisciplinaridade no projeto.

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