A FORMAÇÃO CONTINUADA

Por luciene teodoro das chagas passos | 27/10/2017 | Educação

A FORMAÇÃO CONTINUADA

Antes de aprofundar a idéia de formação contínua de professores, faz-se necessário resgatar um pequeno histórico do papel da escola na sociedade. Cortella (1998) analisa as relações entre Sociedade escola e apresenta algumas categorias de análise que ele denomina “apelidos circunstanciais”.

A primeira, predominante até meados da década de 70, seria o otimismo ingênuo que atribui à escola um caráter messiânico, a alavanca da sociedade, em que o professor teria uma vocação, seria quase um sacerdote e, com seu trabalho, o desenvolvimento e o progresso aconteceriam. A escola redentora. Essa concepção não leva em conta que a pobreza e a miséria, originalmente, não foram criadas pela escola e ela por si só não é capaz de garantir transformação social.

A segunda categoria, contrária à primeira, é o pessimismo ingênuo, que, a partir de meados dos anos 70 passa a perceber a escola como instrumento de dominação. A escola reprodutora da desigualdade social, em que o professor é um mero agente da ideologia dominante, atrelado ao aparelho ideológico do Estado.

No início da década de 80, surge a terceira categoria: o otimismo crítico que vem resgatar o que havia de positivo no primeiro apelido (ressaltando a escola como alavanca para o crescimento social, porém levando em conta a fragilidade dessa concepção) e vem minimizar o que havia de negativo no imobilismo fatal da segunda categoria (a escola como instrumento da ideologia dominante). Desse modo, com o otimismo crítico, a Educação passa a ser vista como tendo função ao mesmo tempo conservadora e inovadora, tendo no professor um sujeito político-pedagógico, cuja atividade não é neutra, nem totalmente definida. Trata-se da escola com autonomia relativa.

Segundo Mizukami et al. (2002), no âmbito nacional, a democratização do ensino para as classes populares modificou o conceito de “educação para a vida”, outrora relacionado às classes média e alta. Hoje além destas, são outras as vidas, são outras as necessidades. No momento atual, o norte é a superação das desigualdades sociais. Assim, faz-se necessário investir em uma concepção de saber escolar que contemple várias instâncias de cidadania, em uma perspectiva completa: democrática, social, solidária, igualitária, intercultural e ambiental.

As mudanças básicas na profissão docente envolvem novas estruturas mentais, bases de conhecimento e disposição e ações diárias que devem caracterizar a profissão do futuro. O que o aluno tem em mãos, hoje, são informações, cabe ao professor a transformação destas informações em conhecimentos. A escola precisa ser transformada em um lugar onde os alunos possam aprender a buscar e a produzir conhecimento, fazendo análises críticas das informações obtidas.

É urgente que esta escola em transformação crie mecanismos que permitam interligar sua capacidade de receber e interpretar informação com a capacidade de produzir informação. Para isso, além do giz, da lousa, do lápis e do papel, a escola precisa incorporar os meios de comunicação e os equipamentos tecnológicos como elementos cognitivos, os quais vão auxiliar os alunos a não apenas obterem informações, mas também analisá-las criticamente, conferindo-lhes significado.