A força de uma expressão preconceituosa em uma sociedade em formação.

Por Wyank Dougllas de Almeida Xavier | 29/10/2019 | Educação

Muito se tem discutido hoje em dia a respeito do preconceito existente em nossa sociedade. Preconceitos que versam desde uma simples vestimenta a não aceitação de conviver com as diferentes etnias e culturas. Paralelamente a esta situação, existem na língua portuguesa, vocábulos fomentadores do prejulgamento étnico, ou seja, assertivas que contribuem para o crescimento e intensificação do menosprezo, compartilhamento do ódio e potencialização da desigualdade social. Sendo assim, este artigo tem como pretensão, combater tais expressões de forma a extingui-las da língua corrente falada no Brasil.

Para exemplificar o que foi dito acima, cabe aqui ressaltar que muitas palavras da língua portuguesa brasileira se originam de outros países e que morfologicamente tratadas podem adquirir sentidos opostos ao que é comumente utilizado pelos falantes atualmente. Com o intuito de revelar tais termos, de forma a contribuir para sua recolocação e uso sinonímico na língua, realizar-se-á um estudo simplista e corriqueiro para tal efeito, enumerando expressões e respectivamente o sinônimo que dever-se-á ser utilizado.  

Com intuito de exemplificação dos assuntos abordados, em primeiro lugar elenca-se a expressão: “Cor de pele”, tão veiculado nas escolas por Educadores e Educadoras e por muitas vezes ouvida por grandes empresas produtoras de lápis de cor. Sabe-se que em uma sociedade heterogênea, a pele das pessoas não é unicolor, sendo assim,  já parou para imaginar como se sente uma criança negra ao não encontrar a cor de sua pele dentre os lápis? Já imaginou como se sente as crianças indígenas ao não se depararem com sua cor no material, e ainda, já refletiu sobre a não aceitação da cor em que se imprimiu no Registro de Nascimento? Todas estas questões precisam ser postas em discussão, a fim repensar o uso, as indicações e consequentemente as ações.

 Em consonância ao assunto tratado, coloca-se também em discussão a palavra “Mulata” e a expressão “Da cor do pecado” que no Brasil, ignorantemente, refere-se a mulher negra, com um tom sensualizado, algo que também sempre foi exposto pelas mídias televisivas como verdade, haja a vista as Globelezas até o ano de 2014. Cabe ressaltar que a palavra mula, vem do latim “mulus” e no século XV, o vocábulo “mulo”, animal híbrido fruto do cruzamento do cavalo com uma jumenta, ou de uma égua com jumento,  passou a fazer parte da língua espanhola para designar um mulo jovem e por conta das analogias das características mestiças do animal, também passou a ser atribuído como adjetivo e substantivos a pessoas descendentes de negros e brancos, o que é imperdoavelmente preconceituoso e iletrado.

Para que se possa aprofundar o assunto acima tratado, buscou-se de forma simples e reflexiva a substituição das palavras pelas seguintes sentenças: “Difamar”, ao invés da palavra “Denegrir”, que segundo o dicionário Aurélio significa, “tornar negro, escurecer”. “Mercado clandestino”, ao invés de “Mercado negro”. “Não sou qualquer uma, ao invés de, “Não sou tuas negas”. “Trabalho mal realizado, ao invés de “Serviço de preto”.  “A coisa está ruim, ao invés de “A coisa está preta”. “Trabalhadora”, ao invés de “Doméstica” pois ninguém deveria e nem deve ser domesticado.

Levando em consideração os aspectos supracitados, é imprescindível que todos se conscientizem de que as palavras, muitas proferidas sem intuito de menosprezar uma etnia, devem ser combatidas e, portanto, o estudo histórico da língua e da cultura brasileira precisam ser otimizados, com o propósito de combater veemente o preconceito e sobretudo a desigualdade social.

XAVIER, Wyank Dougllas de Almeida.