A flauta mágica do encantador de passarinhos

Por Reinaldo Assis Pellizzaro | 29/10/2010 | Contos

(....) O NOSSO CINE FARROUPILHA DE CAPINZAL SC

Entrava-se na imponente Casa de Espetáculos, por uma generosa e larga porta que, abria para a rua XV, servida por ampla escadaria de madeira nobre, talvez imbuía, igualmente retirada da mata local.

Ao pé da escada, logo na entrada, ficava uma pequena balaustrada de madeira, ali Dona Regina Spadini, vendia os bilhetes de ingresso, ao tempo em doava gratuitamente, a ternura de um semblante acolhedor, e um sorriso de boas vindas, marcado pelo carisma que Deus premia os filhos que mais ama.

No primeiro lance de subida a uns vinte degraus acima da soleira da porta, havia um patamar assoalhado, que recebia um segundo lance de escada de igual numero de degraus.

Neste patamar que ao mesmo tempo servia de descanso, unia-se o segundo lance de degraus que convergia abruptamente para a direita, de forma a não ocupar espaço no amplo salão a que dava acesso.

Na parede interna, exatamente recepcionando aos que subiam a escada, um artista da mais rara sensibilidade, pintou a mais encantadora fina e artística figura de um ENCANTADOR DE PASSARINHOS.

Ainda hoje está impresso em nossa memória, a magia daquela figura humana, sentada á sombra de uma árvore cujo tronco servia-lhe de encosto; tratava-se de uma figura singular, de semblante alegre e feliz, segurava nos lábio uma longa clarineta dourada ( flauta mágica! ), comprimindo com os dedos de ambas as mãos os orifícios das notas musicais do gracioso instrumento musical.

A figura do flautista se projetava da direita de quem subia para a esquerda a partir do inicio da parede, de forma que os ramos da árvore cuja copada não alcançava o teto, era inteiramente tomada por passarinhos... pequeninos e belos passarinhos de todas as cores e dos mais belos matizes.

Alguns deles, como que encantados pela música do flautista esvoaçavam sobre seu instrumento musical, e até mesmo no alto de seu chapéu de ponta alta, que lembrava uma grande chapéu de abas largas e afunilado.

Na entrada de nosso Cine Farroupilha o gênio artístico, possivelmente do mesmo pintor desconhecido, reproduziu um pedacinho do paraíso fazendo encontrar-se o ser humano, a música, as árvores e as aves do céu numa sinfonia mágica, cuja imagem é indescritível.

Sem dúvida era um espetáculo, mágico, sem igual, e durante tantos anos por mais que tenhamos nos esforçado, jamais encontramos reprodução de beleza e encantamento longevamente semelhante...