A Ficção do Tempo.
Por Edjar Dias de Vasconcelos | 19/01/2013 | PoesiasA Ficção do Tempo.
Como um relâmpago.
Produzido por uma descarga elétrica.
Nada diferente.
Após a sua passagem.
O relâmpago não existe.
Dessa forma é a vida.
Quando ela passa.
Ela não existe.
Tudo que existe é o instante.
Quando ele passa.
Fica apenas a sua ficção.
Ninguém pensa em ficção.
Porque é uma realidade inimaginável.
Então tudo no mundo.
É essa inimaginação.
Gosto da metáfora do relâmpago.
Porque acontece e não acontece.
Quando surge ao infinito.
Rapidamente.
O fato já se realizou.
Mas ele se repete em outras.
Realidades semelhantes.
O mundo é essa passagem instantânea.
Tudo que se realiza se esquece.
Como se não tivesse acontecido.
A vida é exatamente dessa forma.
Nada se apega a nada.
O desespero é apenas da individualidade.
Daquele que tem que sofrer os efeitos.
Do instante.
Mas nada se repete da forma que era.
Nem poderá ser o que fora antes.
Refiro lá na frente.
Como se o tempo tivesse frente.
Lateralidade.
Passado.
Ou qualquer outro anacronismo.
O tempo tem um contínuo interminável.
E tudo se realiza nele.
Como se existisse alguma razão.
Para o contínuo ser.
O que ele é.
É exatamente o não ser.
Do ser que é.
Somos o ser que não somos.
E o ser que será.
Não podemos ser.
Mas o ser que não somos.
Repete se eternamente.
Como sempre repetirá.
O relâmpago.
Isso enquanto existir a energia do sol.
Porque também acabará.
Naquele instante.
Parte significativa do universo.
Congelará.
A realidade substancial do instante.
Sempre foi o esfriamento.
É que nesse tempo vivemos.
Outro tempo do instante.
Ficará tudo escuro.
Então o ser que era.
Não será.
Aquele que nunca fora.
Também não será.
Não existirão nuvens.
Os rios transformarão em gelo.
Tudo recomeçará.
Mas a repetição da matéria.
Jamais poderá refazer.
Aquele que foi.
Ser outra vez.
Então não seremos.
A possibilidade do não ser.
É real.
Triste.
E melancolicamente compreensível.
Tudo acabará.
Quando não existir o instante.
Edjar Dias de Vasconcelos.