A Falta De Um Grande Artista
Por Marcelo Cardoso | 12/12/2007 | SociedadeHá 115 anos atrás, quando Pedro Bruno nasceu - em 14 / 10 / 1888 - ainda não havia luz elétrica em Paquetá ... Os veículos mais pesados que transitavam na Ilha eram as charretes e as carroças da Limpeza urbana, que eram puxadas por uma parelha de burros ... Nos dias úteis só havia uma barca de Paquetá para o Rio ( às 7 e meia da manhã ) e outra, do Rio para Paquetá ( às 6 horas da tarde ) ...
A população era pequena ... A pesca era farta e a paisagem exuberante ... Centenas de boulders ( grandes pedras arredondadas ) afloravam nas praias e nas encostas dos morros ...
Apesar das suas 10 caieiras, as praias ainda não eram poluídas ...
Árvores centenárias no meio e nas margens dos caminhos eram pródigas em sombra e dividiam os seus frutos saborosos entre a pouca gente e uma infinidade de passarinhos ...
E foi nesse contexto que Pedro Bruno nasceu e cresceu, desabrochando nele com a sua genialidade artística, sempre inspirada na singularidade da Natureza paquetaense em que viveu e na beleza rústica das pedras com que projetou os seus inúmeros equipamentos urbanos ...
E se fosse nos dias de hoje ? ... Com lanchas e aerobarcos quase que de hora em hora ... Com mais de 4.000 habitantes por Km2 ... Com os morros desmatados e ocupados pela grande expansão imobiliária irregular ... Com caminhões da COMLURB pesando mais de 7 toneladas ... Com um trenzinho e uma infinidade de veículos automotores ...
Com as praias poluídas e as árvores agredidas pela própria poda oficial indiscriminada ... Com bancos de concreto, “orelhões” e cestas coletoras de plástico colorido padronizadas para todo o município do Rio de Janeiro ...
Com carroças ao invés de charretes ... Com centenas de postes de cimento clareando as ruas com luz amarela de vapor de mercúrio e com os seus fios aéreos disputando espaço com os galhos das árvores que ainda resistem bravamente à essa descaracterização geral da Natureza ...
Como teria sido a história de Paquetá se Pedro Bruno ao invés de haver nascido em 1888 só houvesse vindo ao mundo nos dias de hoje ? ...
E como está fazendo falta um novo Pedro Bruno em Paquetá !
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