A FACE OCULTA DA LÍNGUA ESTRANGEIRA NA ESCOLA PÚBLICA E PARTICULAR

Por Gerson Carlos Tiburcio | 12/07/2019 | Educação

As Coisas Indigestas quando aparecem no caminho da humanidade, é a demonstração que os cordeirinhos foram enganados pelos seus Domadores. ´´ Tiburcio

É muito gritante o que há muitos anos vêm acontecendo com os estudantes brasileiros, não só com o ensino da língua estrangeira que faz parte do Currículo Oficial do Ensino brasileiro, mas com relação ao que se ensina, e o que não se aprende. Mas como o nosso olhar será as linguagens estrangeiras, inglês e espanhol, veremos a calamidade que é esse desperdício de tempo por duas horas semanais nas escolas públicas, e em particulares. Palavras chaves: espanhola, inglesa, passatempo, conversação, cel.

Há algum tempo atrás trabalhei numa escola que estava faltando professor da língua inglesa para duas turmas em que o ensino fundamental I, era do primeiro ao quarto ano, e o fundamental II do quinto ao oitavo ano. A diretora da escola já estava desesperada para que alguém pegasse aquelas aulas quatro aulas de inglês das turmas dos oitavos anos, e nesse intervalo de tempo, ficou constato que a professora de Biologia e ciências poderia ter atribuídas mais quatro aulas, e não teve dúvidas. Conversa vai e vêm, a professora foi orientada que ela poderia fazer o uso do rádio que tocava CDs. E não deu outra, a professora fazia das aulas de inglês uma verdadeira aula de canto. Atendendo ao pedido da direção, essa cantoria durou até o final do ano letivo. Não era aula de música, e nem de inglês, mas era o passatempo preferido daquelas turmas. Um dia em conversa com a professora, ela me disse que durante esse tempo em que ficou encarregada de ministrar as aulas de inglês, mesmo sem saber a única coisa que lembrava de ter visto durante o tempo em que estava na escola regular era o Verbo To Be, porém não sabia como passar isso para aqueles alunos. E com isso não teve dúvidas. Cantando também muito se aprende. Mas como traduzir se ainda não existia a internet? Tinha na escola, mas poucos dicionários, que praticamente não iria fazer nenhuma diferença, porque ela não saberia fazer a leitura em inglês. E por pura sorte não teve um familiar que apareceu não escola para reclamar. E ainda no final do ano ganhou vários elogios por parte dos alunos, e da própria diretora devido a mesma ter conseguido prender a atenção dos estudantes com a música em sala de aula. E com isso podemos perceber que a língua estrangeira na escola formal quase ninguém aprende, e os professores não estão preparados para estimular uma preciosa conversação entre os estudantes. E na maioria das vezes os professores que estão habilitados para ensiná-los, ainda não sabe nada sobre a conversação em inglês, ou espanhol.

Falando em espanhol, nos chamados Centro de Língua, lá também essa aprendizagem fica a desejar. Recentemente, em dois e dezoito, recebi na escola, um produtor de uma revista com um projeto de poesias para que fosse publicada na próxima edição. Pensando na divulgação desse Centro de Línguas que segundo informações é a menina dos olhos de muitos dirigentes de ensino. Conversei com a professora das turmas do último módulo para que publicássemos as poesias em espanhol. Foi então que fiquei sabendo que ninguém escrevia, e nem falava em espanhol, apesar de já estarem as vésperas de receberem suas certificações da conclusão do curso. É muito desrespeito para com os estudantes que praticamente não conseguem fazer um curso com professores qualificados, nem mesmo nos centros de Língua, onde se dizem que é uma escola onde os professores são melhores qualificados. Isso quando falamos em inglês e espanhol. Imagina você que esses Centro de Línguas (CEL) oferecem cursos como Japonês, Alemão, Frances entre outros. Se com professores habilitados a aprendizagem não acontece, pense você que durante as atribuições das aulas o que aparece na listagem classificatória de professores são estudantes. Sorte têm os estudantes que conseguem ter aulas com algum professor que já morou e estudou fora do pais, mas isso é raridade. Conheci um professor de espanhol, e também um de inglês que ministrava aulas num determinado Centro de Línguas, que por não possuírem a conversação necessária para que os alunos se desenvolvessem, esses docentes só aceitavam trabalhar com as turmas do primeiro módulo. Sempre na hora das atribuições diziam que se não fosse para as turmas do módulo inicial eles não queriam. E quando tinha alguma exposição na escola lá estavam ele com os alunos apresentando o Verbo To Be em cartazes, o nome de algum alimento conhecido, e no espanhol, o professor adorava preparar com os estudantes o Guacamole. E quando era questionado sobre a conversação o professor dizia que todos os alunos estariam conversando durante a conclusão do curso. Mas, ao final do estágio praticamente todos saiam como se estivessem aprendendo a Língua inglesa e a espanhola na escola regular, onde você não encontra uma semente que se transformou em árvore. Essa é a realidade dos cursos que são oferecidos aos estudantes da rede estadual de ensino pelos governantes. É um tipo de investimento que não produz frutos. É como se estivéssemos enxugando gelo. Nada vai avante com professores sem a devida habilitação, e bem preparados para que os alunos possam a aprender o que o docente tem a ensiná-los. Isso sem falar na enorme desistência dos estudantes matriculados devido à falta de incentivo por parte dos professores que muitas vezes a direção da unidade escolar que é mantenedora desse Centro Línguas precisam juntar duas, ou mais salas para formar uma, e manter o curso funcionando. E mesmo assim, ao encerramento do último módulo, não chegam a vinte o número de alunos que são certificados mesmo sem saber. Porque a certificação acontece com os estudantes estando falando, e escrevendo ou não. Mas para os governantes o importante mesmo são as festas de formaturas para que eles possam fazer um discurso inflamado, e receberem os calorosos aplausos.

O projeto dos Centro de Línguas é uma maravilha, mas para que o mesmo possa funcionar corretamente, é necessário que se contrate professores habilitados e que fale o idioma da sua habilitação corretamente, e que tenha a prática didática para ensinar, e uma conversação desenvolvida para ministrar as aulas que são propostas em cada módulo. Porque de gente copista basta os alunos.

Em 2008 a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo ofereceu Cursos Profissionalizantes de Administração e Gestão de Pequenos Negócios, aos alunos concluintes do terceiro ano do Ensino Médio. As matriculas foram realizadas, mas o grande entrave é que na rede de ensino não havia professores habilitados para ministrarem as aulas. E na escola em que eu estava trabalhando naquela época, por falta de opção, a forma encontrada pela diretoria de ensino, foi oferecer as turmas dos cursos profissionalizantes para os professores eventuais de Educação Física e Arte. Além das escolas não proporcionarem um ambiente condizente com o modelo Telecurso Técnico (TELEC), os professores também não tinham a habilitação necessária para ministrarem os cursos que foram proporcionados naquela modalidade e época. A ideia foi excelente, mas o ambiente e nem os professores foram preparados para esses cursos profissionalizantes.

Tudo não passou de um sonho entre os familiares, e os próprios estudantes. No ano seguinte já não mais se falava em TELETEC. Ainda falando nos cursos de língua estrangeira, nas escolas da rede pública, e em muitos particulares, é que não existem professores preparados para ensinarem, nem o inglês e muito menos o espanhol. Conheci uma professora habilitada na língua inglesa, mas que em todas as séries, tudo o que ela passava na lousa era o próprio Verbo To Be, quando a mesma aparecia na escola. Na secretaria o que não faltava eram as reclamações referente a professora de inglês que quase nunca estava presente na escola para dar continuidade ao Verbo To Be. E você chegou a ficar um expert na língua inglesa, ou não conseguiu aprender nem o Verbo To Be?

A língua inglesa e a espanhola são fundamentais para o momento em que estamos passando em pleno século XXI. Portanto o que as escolas públicas, e particulares estão oferecendo aos estudantes não condiz com a realidade. A proposta de ensino é válida, mas praticamente não tem no seu quadro funcional, professores qualificados que atendam a demanda. Existem inúmeros professores habilitados, mas não qualificados fluentemente para atender a demanda que é fazer que os alunos aprendam com qualidade. Isso sem falar no grande contingente de professores que estão afastados devido aos problemas de saúde.

Existem vários professores habilitados para ministrarem as aulas de inglês nas escolas públicas e particulares, porém muitos não conseguem traduzir um texto em inglês. Tive o meu Twitter bloqueado pela turma que apoia o Destruidor da Previdência Social, porém para que eu pudesse desbloqueá-lo, era necessário traduzir um pequeno texto em inglês. E lá fui eu atrás de professores da língua inglesa para reabilitar o meu Twitter. Passei por professores de cinco escolas da rede pública, e particular onde ninguém conseguiu resolver o meu problema. Mas por sorte consegui falar com um amigo que acabara de chegar de New York, e eis aí a solução. De que adianta estar habilitado a ensinar alguma coisa, se ainda não aprendeu nem para ti? Chega de enganação. A educação não deve ser tratada com gente que ainda não tem educação. A educação é coisa séria e não enganação.