A EXPERIMENTAÇÃO NO ENSINO DE QUÍMICA

Por Rafael Gomes Dias | 29/10/2019 | Educação

1. Introdução

A sociedade atual está em constante movimento. A Educação, seja Básica ou Superior, deve possuir ressonância e adequar-se a essa mobilidade e procurar meios que consigam transmitir seus conhecimentos de forma eficaz. O uso do modelo atual utilizado é baseado em aulas expositivas, não possibilitando a dinamização do conteúdo e faz da sala de aula um ambiente exaustivo e desinteressante, que manifesta nos alunos um processo comum dos seres vivos, o sono. A disciplina de Química, parte intrínseca da divulgação do conhecimento científico, possui poucos conteúdos de fácil explicação adotando o modelo de aula expositivo, e a utilização de aulas experimentais torna-se uma alternativa viável para uma melhor elucidação de sua teoria. Este trabalho tem como objetivo evidenciar os ganhos de motivação e sedimentação de conteúdo pelos alunos utilizando aulas práticas laboratoriais na grade curricular.

2. Desenvolvimento

Com o surgimento da tecnologia da informação a sociedade passou por várias mudanças, algumas demandas surgiram e outras extinguiram. O aumento da velocidade entre as trocas de informações proporcionou a intensificação de transações comerciais e também troca de experiências culturais. Toma-se como exemplo que a troca de mensagens em 1911 era feita por cartas, segundo Leite (1991, p. 746) o tempo de uma viagem de entre Lisboa e o Rio de Janeiro nesta época era de 13 dias. Já nos dias atuais a troca de correspondências por e-mail ou por mensagens instantâneas duram apenas poucos segundos. Devido à constante mutação social encontrada atualmente, a Educação como princípio fundamental da sociedade também deve estar alinhada a essa nova demanda. O conhecimento científico não é de fácil apresentação e transmissão para os alunos. Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais: As teorias científicas, por sua complexidade e alto nível de abstração, não são passíveis de comunicação direta aos alunos de ensino fundamental. São grandes sínteses, distantes das ideias de senso comum. Seu ensino sempre requer adequação e seleção de conteúdos, pois não é mesmo possível ensinar o conjunto de conhecimentos científicos acumulados (BRASIL, 1998, p. 26). A ideia exposta acima não está em consonância somente com o ensino científico no ensino fundamental, mas também em todo o ensino básico e superior. A Química é um segmento do conhecimento científico vital para uma melhor qualidade de vida do ser humano, e citada pelos alunos como uma disciplina de difícil compreensão devido a sua complexidade e abstração, adicionada a necessidade de memorização de vários conceitos, fórmulas, propriedades e equações sobre os conteúdos abordados (SILVA, 2011, p. 7). Deixar o modelo de aula totalmente expositivo e começar a incorporar práticas que foram esquecidas no decorrer do tempo, de origem há mais de um século, torna-se uma alternativa viável para os professores (PAGEL; CAMPOS; BATITUCCI, 2015, p. 15). O professor de Química deve fazer com que os alunos tenham mais interesse pela matéria evidenciando o quanto ela está em seus cotidianos, e que os próprios fazem uso deste ramo científico várias vezes ao dia mesmo sem saber. As aulas práticas em laboratórios fazem com que os alunos despertem seu interesse e vontade sobre o conteúdo que os cerca, ou seja, deve ser o local onde prática e realidade se encontram para mostrar que o conhecimento científico pode ser feito pelos próprios alunos, promovendo principalmente a afinidade pela Ciência (ZANOVELLO et al., 2014) A utilização de aulas experimentais também proporciona a sedimentação do conteúdo pelo fato de aplicar a teoria previamente explicada. A soma da teoria expositiva com a prática interativa promove um maior entendimento, pois são formas distintas de absorção de conhecimento sobre o mesmo assunto. Outro ponto a ser levantado é que tais aulas não necessitam de um exímio roteiro de instruções para se chegar no resultado esperado, o professor deve proporcionar aos alunos um roteiro com os principais pontos a serem seguidos e as rotas necessárias para conseguir o êxito no experimento, deixando o aluno ter algumas escolhas no decorrer da prática, promovendo a absorção experiências positivas acertando o resultado proposto ou não. Nesta postura, utilizando qualquer método de ensino-aprendizagem, o aluno deixa de ser mero expectador e assume o protagonismo na formação de seu conhecimento, tal empoderamento contribui para o desenvolvimento de habilidades importantes tanto no processo de investigação científica como na resolução de problemas cotidianos (DE LIMA; GARCIA, 2011; BORGES, 2002, p. 294) Para Guimarães (2009, p. 198), o conteúdo a ser trabalhado nas aulas posteriores à prática deve ser caracterizado como as respostas aos questionamentos realizados pelos alunos durante a realização da mesma, propiciando um pensamento investigativo sobre o ocorrido no experimento.

3. Conclusão

A ludicidade das aulas laboratoriais experimental faz com que os alunos desmitifiquem pensamentos de senso comum do conhecimento científico químico, pois conseguem absorver de forma mais clara e objetiva o que foi ensinado em sala. O ganho de confiança e o desenvolvimento de pensamento investigativo é desenvolvido quando os alunos refletem posteriormente sobre as hipóteses ocorridas durante o experimento. Proporcionando expetises que o aluno levará para a sua carreira profissional e também à sua vida.

Referências

BRASIL, M. DA E. E DO D., Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais - Terceiro e Quarto ciclos do ensino fundamental - Ciências Naturais. Brasília: MEC/SEF, 1998. DE LIMA, D. B.; GARCIA, R. N. Uma investigação sobre a importância das aulas práticas de Biologia no Ensino Médio. Cadernos de Aplicação, v. 24, n. 1, p. 201–224, 2011. GUIMARÃES, C. C. Descaminhos Rumo à Aprendizagem Significativa. Química Nova na Escola, v. 31, n. 3, p. 198–202, 2009. LEITE, J. DA C. O transporte de emigrantes: da vela ao vapor na rota do Brasil (1851-1914). Análise Social, v. 26, n. 112–113, p. 741–752, 1991. PAGEL, U. R.; CAMPOS, L. M.; BATITUCCI, M. DO C. P. Metodologias e práticas docentes: Uma reflexão acerca da contribuição das aulas práticas no processo de ensinoaprendizagem de Biologia. Experiências em Ensino de Ciências, v. 10, n. 2, p. 14–25, 2015. SILVA, A. M. DA. Proposta para tornar o ensino de Química mais atraente. Revista de Química Industrial, v. 79, n. 731, p. 7–12, 2011. ZANOVELLO, R. et al. Reforçando práticas pedagógicas experimentais a partir da revitalização de um Laboratório de Ciências. Contexto e Educação, n. 94, p. 57–79, 2014.

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