A EXISTÊNCIA DE UMA NATUREZA DIVINA: Reflexão e Análise do Ponto de Vista Cartesiano

Por Bruno de Abreu Oliveira | 15/01/2018 | Filosofia

Resumo:

No que concerne à reflexão filosófica sobre a existência de uma natureza divina, René Descartes foi um divisor de águas no debate crítico sobre a questão, no século XVII. Para analisar o pensamento cartesiano a metodologia utilizada foi leitura e avaliação de como Descartes demonstra a existência de uma natureza divina, com o principal objetivo de mostrar como consistirá a exposição do livro “Meditações em Filosofia Primeira”, de René Descartes, aborda a essência de Deus. Dessa forma é obtida uma visão que, apesar de periférica, é de muita importância para a compreensão dessa obra tão importante para o racionalismo científico cartesiano. Essa obra irá demonstrar como é encarada a existência de Deus nas obras de René Descartes, mais precisamente em “Meditações em Filosofia Primeira”, e até em um fragmento de um texto de Agostinho de Hipona. Portanto os estudos acerca das obras de René Descartes se mostram bastante importante, não só para a filosofia, mas, para todo o campo das ciências humanas, assim como, para todo o entorno do racionalismo metodológico científico.

Introdução:

René Descartes, filósofo francês (1596 – 1650), têm em sua obra “Meditações sobre Filosofia Primeira” a procura pelo entendimento sobre a existência de uma natureza divina, através de uma dúvida metódica. Dessa forma, Descartes se apega no método dedutivo, para expressar sua análise científica, por meio do questionamento de toda verdade que lhe fosse apresentada e aparentasse a menor desconfiança possível. Por isso, esta obra foi uma das expressões mais fortes do racionalismo clássico cartesiano, e publicada em 1641.

[...] se a realidade objetiva de algumas de minhas ideias for tanta que eu fique certo de que ela não está em mim, nem formal, nem eminentemente e de que, por conseguinte, eu posso ser eu mesmo sua causa, disto se seguirá necessariamente que não estou só no mundo, mas que alguma outra coisa que é a causa dessa ideia, também existe. (Descartes, 1641, p.85)

Dessa forma, Descartes adjudica a Deus o atributo de ser a causa inicial de tudo que existe. Porém, primeiramente entra no campo da dúvida geral, adotando esta como método, para alforriar o pensamento das pré-avaliações do senso comum e aprontar uma passagem para a alma desprender-se dos sentidos puramente corporais humanos, evitando que haja nenhuma dúvida após a afirmação da verdade. Posteriormente, Descartes aponta Deus como o agente do conceito de causa perfeita vivente em nós, significando a causa do próprio conceito da existência de Deus (como descrito no trecho acima).

A existência de Deus é um tema de bastante debate e tensionamentos entre os que nele o creem e os que não o acreditam. Contudo, em relação às interpretações cartesianas, é necessário fazer uma ressalva em torno do contexto histórico em que Descartes estava inserido, pois era uma época em que opiniões que discordavam do poder clerical eram encaradas com heresias e, por isso, tinham seus autores investigados, julgados e punidos de formas diversificadas. Um bom exemplo disso são as investigações e a condenação da Inquisição acerca de Galileu Galilei, que era contemporâneo do próprio René Descartes. Por esses motivos, são notórias as questões religiosas e de crenças, virgentes na época, envolvidas em tal assunto e em toda a obra de Descartes.

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