A EVOLUÇÃO DO CAPITALISMO E A CONTRIBUIÇÃO DA SOCIOLOGIA NA VISÃO DE MAX WEBER
Por JOSEANE DE FÁTIMA SUBTIL | 20/04/2010 | FilosofiaA EVOLUÇÃO DO CAPITALISMO E A CONTRIBUIÇÃO DA SOCIOLOGIA NA VISÃO DE MAX WEBER
"A idade não é decisiva; o que é decisivo é a inflexibilidade em ver as realidades da vida, e a capacidade de enfrentar essas realidades e corresponder a elas interiormente. (Max Weber)".Em toda história, o surgimento e a formação da sociologia coincidiu com um momento de grande expansão do capitalismo, infundindo otimismo em diversos sociólogos no que diz respeito à civilização capitalista, os acontecimentos históricos que permearam o seu desenvolvimento tornaram até problemáticas as esperanças de democratização que vários sociólogos tinham com relação ao capitalismo. O desenvolvimento desta ciência tem como base a existência de uma burguesia que se distancia de seu projeto de igualdade e fraternidade, e que, rapidamente, se comportava no plano político de forma menos liberal e mais conservadora, utilizando intensamente de todos os meios para assegurar a sua dominação. O aparecimento das grandes empresas, monopolizando produtos e mercados, a eclosão de guerras entre as grandes potências mundiais, a intensificação da organização política do movimento operário e a realização de revoluções socialistas em diversos países, eram realidades históricas que abalavam as crenças na perfeição da civilização capitalista.
A grande crise que mergulhou a civilização capitalista naquela época não deixou de provocar repercussões no pensamento sociológico contemporâneo. O desmoronamento da civilização capitalista, fez com que o conhecimento científico fosse submetido aos interesses da ordem estabelecida. As ciências sociais passaram a ser usadas para produzir um conhecimento útil e necessário à dominação vigente.
A sociologia, a partir dos anos cinqüenta, foi arrastada e envolvida na luta pela contenção da expansão do socialismo, pela neutralização dos movimentos de libertação das nações subjugadas pelas potências imperialistas e pela manutenção da independência econômica e financeira destes países em face dos centros metropolitanos. É neste contexto que surge a figura do sociólogo profissional, que passa a desenvolver as suas atividades de correção da ordem, adotando uma atitude científica "neutra" e objetiva. Na verdade, a institucionalização da sociologia como profissão e do sociólogo como "um técnico", um "profissional como outro qualquer", foi realizada a partir da promessa e rentabilidade que os sociólogos passaram a oferecer a seus empregadores potenciais, como o Estado
moderno, as grandes empresas privadas e os diversos organismos internacionais empenhados na conservação da ordem em escala mundial. A profissionalização da sociologia, direcionada aos interesses dominantes, constitui campo fértil para uma classe média intelectualizada ascender socialmente.
Neste contexto, entra Max Weber o qual ajuda a compreender a natureza dessa sociedade. Ele defende uma sociologia "compreensiva" e mesmo discordando da abordagem de outros sociólogos, sem negar a importância dos fatores materiais, defendidos por Marx, nem a noção de fatos sociais externos aos indivíduos, defendida por Durkheim, ele acrescentou que deveríamos olhar para as idéias,. Principalmente, para os significados que se atribui às coisas e para o papel das mudanças nas ideias que contribuem para a sociedade e para as mudanças sociais. No âmbito dos significados que as pessoas atribuem às coisas, Weber utilizou o termo alemão, "verstehen," (significa entender, compreender), para discutir a compreensão profunda daqueles significados. Como a cultura se baseia em símbolos e estes precisam ter significados, compreender os símbolos se torna um elemento importantíssimo na compreensão da sociedade. Em Sociologia, atualmente, continua-se a usar a palavra, "verstehen," para analisar este importante elemento da cultura e da sociedade. Em oposição à abordagem de Marx relativamente à compreensão da Revolução Industrial, Weber afirmou que, em primeiro lugar, surgiu uma mudança radical nas idéias, tal fato refletiu na Reforma Protestante e nas prédicas de líderes protestantes, especialmente John Calvin, que se opunham aos pensamentos e práticas da Igreja Católica. A Reforma Protestante, de acordo com Weber, foi o fator determinante que desencadeou a Revolução Industrial e a ascensão do Capitalismo, uma abordagem muito diferente da de Marx.
Outra contribuição de Weber relaciona-se com a sua visão sobre a natureza social da desigualdade sem negar a importância da posse de riqueza, Weber acrescentou o prestígio, ou seja, os juízos de valor que as pessoas fazem umas das outras e que contribuem para o seu posicionamento nas respectivas classes sociais. Max Weber declarava que as classes dependiam de três fatores: poder, riqueza e prestígio. E na atualidade considera-se estes mesmos três fatores, embora os sociólogos marxistas ainda sublinhem as relações aos meios de produção, incluindo, hoje, a produção de ideias e informação.
Entre os seus vários trabalhos, Weber enfatizou sobre a natureza das burocracias para investigar as razões pelas quais elas detinham tanto
poder e registrou o fato das burocracias terem aumentado e se fortalecido com a Revolução Industrial. Weber identificou cinco elementos das burocracias que lhes conferiam força: hierarquia da autoridade; divisão do trabalho; regras escritas; comunicações escritas e a impessoalidade. (tudo dentro das regras e mínimos detalhes) o que trouxe acúmulos de "papelada".
Ao contrário de Durkheim, Weber não pensa que a ordem social tenha que se opor e se distinguir dos indivíduos como uma realidade exterior a eles, mas que as normas sociais se concretizam exatamente quando se manifestam em cada indivíduo sob a forma de motivação. Weber vê como objetivo primordial da sociologia a captação da relação de sentido da ação humana, ou seja, chegamos a conhecer um fenômeno social quando o compreendemos como fato carregado de sentido que aponta para outros fatos significativos. O sentido, quando se manifesta, dá à ação concreta o seu caráter, quer seja ele político, econômico ou religioso. O objetivo do sociólogo é compreender este processo, desvendando os nexos causais que dão sentido à ação social em determinado contexto. A ciência weberiana se define, assim, como um esforço destinado a compreender e a explicar os valores aos quais os homens aderiram, e as obras que construíram. Max Weber asseverou, certa vez, numa passagem famosa entre os sociólogos que as preocupações do homem reflexivo advêm do tempo histórico em que este vive. Para a sociologia compreensiva é o indivíduo historicamente situado que confere sentido às atitudes com referência ao grupo que adere. A capacidade cognitiva só tem validade se for centrada no indivíduo.
Neste contexto, o papel da escola é muito importante para formação do indivíduo e inserção do mesmo dentro da sociedade, a escola deve respeitar os limites dos outros tendo empatia e demonstrando respeito, seriedade e honestidade. Defender os limites é obrigação essencial, agindo assim, com certeza haverá mais participação de todos numa reforma social, a começar dentro da própria família, onde é o berço de muito aprendizado. Não basta só entender o problema, como dizia Weber, precisa-se refletir e compreender qual a forma mais prática de resolvê-lo e isso é dever de todo cidadão consciente.
A Sociedade em conjunto com a escola deve buscar uma política mais justa objetivando o bem comum, proporcionando uma educação de melhor qualidade buscando sanar as lacunas existentes, acabando com o preconceito e discriminação que infelizmente ainda ronda a sociedade.
Referências Bibliográficas:
BATTINI, Okçana. "Cultura e Sociedade". Pedagogia / Okçana Battini, Adriana de Fátima Ferreira. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2009.
HALL, Stuart. "A Identidade Cultural na Pós-modernidade". 11ª edição, Editora Dp&a, 2006.
WEBER, Max. "A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo". 1ª edição, Editora Companhia das Letras, 2004.
OLIVEIRA. Márcia Gardenia Monteiro de. Maria Ligia de Oliveira Barbosa. Tania Quintaneiro. "Um toque de clássicos". Editora UFMG, 2ª edição. 2002.
Web Aula - (565714) Wa - Ped - Sem 1 - Unidade 1 - Sociologia da Educação
Web Aula - (565715) Wa - Ped - Sem 1 - Unidade 2 - Sociologia da Educação
Sites acessados:
http://www.brasilescola.com/sociologia.htm < acesso em 21/03/2010 >
http://www.scn.org/mpfc/modules/cla-webp.htm < acesso em 23/03/2010 >