As Guerras Modernas, as Mentiras da Imprensa Internacional e o Nosso Iminente Fim

Por Leôncio de Aguiar Vasconcellos Filho | 12/10/2024 | História

Não é preciso cursar quaisquer faculdades de jornalismo para saber o que a natureza humana nos leva a procurar desde a tão tenra infância: notícias ruins. Ter ciência de uma desgraça, especialmente quando há morte, é música para os ouvidos da maioria. E, por consequência, rende mais alta audiência. Mas, quando se trata de guerra, o acúmulo de atenção aumenta monstruosamente.

Não há excludente moral para saber sobre um pai matando o filho numa localidade desconhecida, de um extremo remoto. Ocorre que, se tivermos uma guerra diuturnamente “vomitada”, não há como ignorar, eis que o potencial lesivo pode a nós chegar, especialmente se há armas nucleares em quantidades tais que, fosse possível, destruiriam a Humanidade dezenas de vezes. É neste contexto que pergunto se a evolução dos armamentos convencionais foi a mesma que a dos nucleares.

Em 02 de agosto de 1990, o Iraque invadiu o emirado petrolífero do Kuwait. O Conselho de Segurança da ONU outorgou, de forma unânime (ou seja, com a aquiescência de todos os quinze membros, incluídas as cinco potências nucleares com poder de veto) o prazo até 15 de janeiro de 1991 para que o invasor deixasse o território violado, sob pena de fazê-lo sob uma força militar liderada pelo Ocidente. Saddam Hussein, como de sua personalidade desafiadora, desdenhou da determinação, e na data imediatamente posterior à marcada a Guerra do Golfo foi iniciada.

A Guerra do Golfo foi a primeira da História a ser transmitida pela televisão, no caso a CNN. As imagens que eu via, no início, eram de um céu noturno sobre Bagdá, covardemente bombardeada, com clarões intensos emanados das explosões, cuja iluminação se somava à das baterias antiaéreas do Iraque. Para transmitir dita carnificina de uma maneira "soft", convencionou-se o uso do termo "bombardeio cirúrgico", para, mantendo estáveis ou aumentando os níveis de audiência, personificar aos cidadãos do Ocidente a ideia de que seus governos não estariam cometendo crimes de guerra ou contra a Humanidade, vez que as explosões das bombas e mísseis seriam fisicamente contidas (como se fossem implosões). Nada mais falso: se realmente houvesse "bombardeios cirúrgicos" seria, pela lógica, para matar um número mínimo de possíveis civis, eis que aos militares oponentes não se deveria tal ética. Assim, como nenhuma aglomeração civil pode ser atacada, referidos bombardeios, por si só, já configurariam crimes de guerra ou contra a Humanidade. No entanto, a imprensa internacional, paga e mantenedora do "establishment" petroleiro e belicista, ignorou totalmente este raciocínio, contradizendo-se na sua própria alegação, nos levando a concluir que a Guerra do Golfo fez da população do Iraque, no mínimo, uma grande cobaia das mencionadas armas, se é que existiram, caso em que foram muitas vezes falhas.

O total de civis mortos no Iraque, naquele confronto, foi cerca de 100 mil. Também iludem-se os que pensam que só teriam sido usados "bombardeios cirúrgicos" contra a população (e, mesmo que fossem e matassem um civil, já caracterizar-se-ia crime de guerra ou contra a Humanidade). Acerta quem afirma que as armas mais letais, contrárias ao eventual princípio, até então existentes, foram utilizadas: afinal, para que as guerras continuem a ser este exercício brutal e implacável de matar, os cientistas militares têm de ampliar seus raios de ação. É a "evolução tecnológica militar". E não só em relação às convencionais, mas também à liberdade de criação e alcance dos armamentos nucleares, cada vez mais apocalípticos. 

Esta é a nossa “evolução” (ou “involução”) que nos conduzirá à mais macabra extinção.