A ÉTICA NA ESCOLA PRIVADA

Por FRANCISCO DE ASSIS DA COSTA | 11/06/2018 | Educação

RESUMO

O artigo em questão desenvolvido por meio de pesquisa bibliográfica e eletrônica, tem como objetivo um breve estudo da ética na escola privada. Sentimos que a chamada educação voltada para a formação integral do homem, ainda é algo a ser constantemente perseguido. Haja vista, as lacunas existentes nesse quesito em nossas instituições educacionais. Ética é o estudo da forma pela qual as normas morais e pessoais se aplicam às atividades e aos objetivos dessas organizações, não se trata de um padrão moral separado, mas do estudo de como o contexto dos negócios cria seus problemas próprios e exclusivos à pessoa moral que atua como gerente desse sistema. A liderança da organização deve enfatizar suas responsabilidades e praticar a boa cidadania. A não aceitação dos novos padrões éticos fará com que as organizações de ensino concorram seriamente para a sua não sobrevivência no mercado. Um comportamento ético não surge espontaneamente, é preciso que a organização tenha um código de ética estabelecido que determine a resposta apropriada a cada situação. Melhorar a sociedade é uma questão prática que requer comportamento ético, comportamento este plenamente consistente com a estratégia de sobrevivência. Assim, hoje para se ter sucesso continuado o desafio maior das organizações de ensino é ter uma ética interna que oriente suas decisões e permeie as relações entre as pessoas que dela participam e, ao mesmo tempo, um comportamento ético reconhecido pela comunidade.

Palavras-Chave: Ética. Educação. Instituições. Cidadania.

INTRODUÇÃO

É sabido que falhas éticas cometidas por instituições particulares educacionais arranham a imagem das mesmas. Dessa forma, percebe-se com clareza a necessidade de fomentar constantemente nos mais diversos setores da gestão dessas organizações um relacionamento cada vez mais pautado na ética. Isso sem dúvida é uma ferramenta indispensável à sobrevivência dessas instituições, uma vez que concorrem para tornarem-se lucrativas com amplas vantagens no campo da competitividade.

Sendo assim, é papel fundamental da escola a preocupação de uma sólida construção de referência ética à medida que leva o educando a pensar, explorar o mundo e designar a qualidade das relações, clarificando assim, a importância do trabalho na construção coletiva de uma qualidade de vida, do convívio em paz e da plena cidadania.

Este trabalho é resultado de pesquisas bibliográficas, eletrônicas, onde esperamos possibilitar aos futuros gestores, professores e educadores uma postura diferente no que cerne a busca e experiências na reelaboração de conceitos éticos, tendo como meta o bem estar social atrelado ao crescimento dessas instituições, almejando e respeitando a capacidade de cada indivíduo e cada setor, num desenvolvimento que prospere em mudanças no enredo da realidade.

Bem como, refletir sobre o papel das instituições educacionais especialmente na formação ética do cidadão. E, por falar em formação ética, somos remetidos a uns questionamentos: Em todo esse processo educativo deve-se ter um ideal de formação pré-estabelecido? E, em assim sendo. Em que consiste esse ideal de formação? Quais são as premissas fundamentais que constituem esse ideal de formação?

Obviamente, esse assunto não se esgotará aqui. E, essa não é a pretensão. Assim, como também não fará uma análise mais aprofundada do referido tema.

A educação ética em instituições particulares de ensino é realizada quando os gestores assumem a condição de educadores e como tal tornam-se exemplos de valores e atitudes éticas e que as pessoas estejam envolvidas com o estudo de casos e problemas relacionados com a área de atuação profissional, através de informações sensíveis, envolvendo situações éticas. 

CONCEITO DE ÉTICA

O homem por natureza possui um senso ético, que constantemente está em alerta analisando e julgando suas ações atribuindo-as conceitos como bons ou maus justos ou injustos, certos ou errados, decentes ou indecentes, construtivos ou destrutivos.  Daí, conclui-se que a ética é uma característica inerente a toda ação humana e, por esta razão, é um elemento vital na produção da realidade social.

De acordo com o dicionário, ética é “[...] estudo dos juízes de apreciação referentes à conduta humana suscetível de qualificação do ponto de vista do bem e do mal, seja relativamente a determinada sociedade, seja de modo absoluto.” (AURÉLIO, 1988. p.280).

A ética está relacionada à opção, ao desejo de realizar a vida, mantendo com os outros relações justas e aceitáveis. Via de regra, está fundamentada nas ideias de bem e virtude, enquanto valores perseguidos por todo ser humano e cujo alcance se traduz numa existência plena e feliz.

Ética é aquilo que você aprende a dá valor desde muito cedo. Ética é aquilo que fundamentalmente lhe capacita a decidir, porque é aquilo que lhe dá critérios para estabelecer valores na sua vida.

Para Chauí, os antigos filósofos gregos concebiam a ética e, o viver com ética como um intenso embate “entre nossos apetites e desejos – as paixões – e nossa razão” (2002, p.168).

Ainda segundo a autora a ética da antiguidade clássica pode ser resumida em três aspectos fundamentais.

O racionalismo:  a  vida  virtuosa  é  agir  em  conformidade  com  a  razão,  que concebe o bem, o deseja e guia nossa vontade até ele; 2. O  naturalismo: a vida virtuosa  é  agir  em  conformidade  com  a  Natureza  (o  cosmos)  e  com  nossa natureza (nosso ethos), que é parte de todo o natural; 3. A inseparabilidade entre ética e política: isto é, entre a conduta do indivíduo e os valores da sociedade, pois  somente  na  existência  compartilhada  com  outros  encontramos  liberdade, justiça e felicidade. (CHAUÍ, 2002, p. 168)

Certamente foram os filósofos gregos há mais de 26 séculos que deram início ao estudo da ética. E, como não poderia ser de outro modo, a história da ética está intimamente ligada à história da filosofia, haja vista, que é a filosofia que primeiro se traduz como ciência propriamente dita,onde da mesma originam-se as demais.

Alguns “estudiosos e historiadores apontam o período de 800 a 500 A.C., como aquele em que se deu o florescimento e a consolidação dessa prática reflexiva. A filosofia favoreceu o desenvolvimento da atitude científica e do pensamento abstrato”. (CHALITA, 2002. P.10).

Ainda de acordo com Chalita (2002), o florescimento da filosofia na Grécia Antiga, apresenta condições para a explicação dos fatos ou fenômenos não mais pela sua aparência, pelos mitos, preconceitos ou superstições, diferentemente do que ocorreu com as civilizações egípcia, chinesa e a hindu.

Atualmente, a ética não mais se restringe ao campo da filosofia, pois outras áreas do conhecimento se utilizam da mesma como fonte de estudo, como por exemplo, a Sociologia, a Psicologia, a Religião, a Política, a Biologia entre outras.

Ao desenvolvermos um trabalho sobre ética é importante considerar como ponto de partida, o estudo de seu conceito, estabelecendo seu campo de aplicação.

A ética seria então uma espécie de teoria sobre a prática moral, uma reflexão teórica que analisa e critica os fundamentos e princípios que regem um determinado sistema moral. Sanchez VASQUEZ(1995, p.12) afirma que “ética é a teoria ou ciência do comportamento moral dos homens em sociedade. Ou seja, é ciência de uma forma específica de comportamento humano.

Ao lado de Mário Sérgio Cortella, Clóvis de Barros Filho, no café filosófico que levou o mesmo nome do livro de autoria dos dois: Ética e vergonha na cara!,diz que ética “não é um saber acabado não é uma tabela pronta. Se fosse, ela caducaria no dia seguinte.” E ainda definiu como “a inteligência compartilhada a serviço da convivência aperfeiçoada.”

Mário Sérgio Cortella, de forma engraçada, mas com uma precisão tremenda deu uma das mais fáceis e ilustrativas interpretações sobre ética em entrevista com Jô Soares assim:

Ética é o conjunto de valores e princípios que usamos para definir três grandes questões da vida: quero, devo e posso. Tem coisa que eu quero, mas não devo, tem coisas que eu devo, mas não posso e tem coisa que eu posso, mas não quero. Você só tem que definir se o fato que você quer é o que você pode e é o que você deve.

Desta forma, ambos corroboram com a citação de Vásquez. Assim pode-se dizer que os princípios éticos não podem sobrepor-se aos valores morais de uma sociedade.

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