A ética medieval: caminho para salvação?

Por Patricia Bhrumma | 14/07/2010 | Filosofia




O período contemplado nesse contexto, não se encontra limitado apenas a filosofia, mas se estende em muitos outros aspectos. Dentre vários notáveis, o poder da Igreja, que abarca desde a crença aos estreitamentos político-social-cultural-economico, pois, por um período de mais ou menos mil anos, de acontecimento histórico. A igreja se apresenta como uma instituição social construtora sobre um credo, parte filosófica parte sagrado. Ao longo dos conflitos territoriais que ocorreram principalmente na Europa, na Idade Média. A cultura sofreu grande influencia direta. Influencias estas que, encontraram suas raízes, com raras exceções, em homens de vida eclesiástica. O mundo medieval, em contraste com o antigo, apresenta-se dualista, como por exemplo, o reino de Deus e o reino deste mundo; o dualismo da carne e do espírito, ou ainda o Papa e o Imperador.
A filosofia católica que começa permear nesse contexto histórico, apresenta-se imersa na obscuridade intelectual, qual limita o desenvolvimento livre do intelecto humano racional. Dar-se-a inicio nesse período o domínio das verdades reveladas pela palavra divina, o que não permite a contestação por parte de quem ouve. Impelindo desta maneira a atuação da razão na busca do conhecimento, com outrora acontecia dentro da filosofia grega clássica. Ainda, nesse âmbito, ocorre a limitação ética, pela índole religiosa e dogmática.
No objetivo de fortalecer as revelações divinas junto os intelectuais, a Filosofia Católica aproveita a herança da Antiguidade, particularmente de Platão e Aristóteles, mas, evidente que só depois de uma submissão cristã. Começa aí, um processo elaborado da aplicabilidade da Ética Cristã, ou ética Medieval, junto a sociedade com vistas a outro mundo (o divino), transportando os valores e fim, até então humano, a Deus-Onipotente. Dando inicio aos mandamentos supremos que passam a atuar como reguladores do comportamento humano. Mandamentos estes que oriundam as regras de condutas ? morais e éticas - procedentes de Deus e apontam para Deus como o último fim.
Assim sendo, o ser humano só alcança sua plena realização, quando o próprio se eleva a esta ordem sobrenatural, o que só lhe é possível, quando passa a viver segundo as verdades reveladas, ausentando-se dos valores existenciais da humanidade. Agindo um estágio ilusório de ataraxia profunda, voltando-se a regras e normas estruturadas em uma pratica caridosa fraternal do amor pelo seu próximo, fazendo-se renegar a segundo plano.
Norteando nossa visão, a Ética Medieval, apresenta-se alicerçada totalmente nos princípios cristãos, impõem a sociedade um dogma, no qual seus princípios supremos morais que, por virem de Deus, tem para si um caráter imperativo absoluto e incondicionado. Tentando regular o comportamento dos homens dentro desta sociedade.
Neste contexto, a ética medieval passa a contemplar os homens menos afortunados ? economica e socialmente -, com uma visão de igualdade entre si e seus pares, precisamente num período de refutação humana. Então, nessa nova perspectiva de visão, esse homem oprimido, limitado, explorado, passa a ter uma perspectiva de igualdade mesmo que esta, ocorra apenas no plano espiritual. Mas para que isso pudesse ter e apresentar coexistência só poderia ocorrer em uma sociedade contextualizada dentro de uma realidade com condições de total desigualdade. Só assim, a mensagem cristã apresenta um profundo conteúdo significativo e moral de existência na Idade Média, ou seja, a apresentação de uma salvação, quando era completamente ilusório e utópico propor-se a realização real da igualdade e outras verdades reveladas aos seres humanos.
Contudo, podemos verificar que a Ética Medieval, foi só mais um dos incontáveis instrumentos utilizados pelos governantes, para oprimir manipular, domar e amenizar a força do povo. Tanto que, esta se apresenta enraizada na filosofia grega clássica, qual conduz os intelectuais a razão e não a submissão dogmática imposta pelo Catolicismo. Portanto, q Ética Medieval, não apresenta subsídios racionais, reais e práticos para ser vista como um caminho a salvação humana e sua alma. Bem, como, ela mesma não fora capaz de se conduzir a sua própria salvação.

Referencia Bibliográficas
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CHAUI, Marilena ? Convite a Filosofia, ed. Atica
PAIVA, Vanildo de ? Filosofia encantamento e caminho, ed. Paulus
GRIRALDELLI JR., Paulo ? Caminhos da filosofia, ed. DP&A
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COMPARATO, Fabio Konder ? Ética, ed. Cia das Letras
RUSSEL, Bertrand ? Obras Filosóficas vol. II, Codil
GILSON, Etienne ? A Filosofia na Idade Média, ed. Martins Fontes


Patricia Bhrumma