A estranha saudade

Por Andrêssa Leal Santos | 10/11/2015 | Crônicas

 No domingo prefiro ficar sozinha em casa enquanto todos preferem se divertir na rua. Nesse dia monótono os livros são minha companhia, depois de lê-los e degustá-los por um tempo, paro e começo a refletir. Sim, um assunto antigo, sem graça, bucólico. Esse mesmo: A Saudade, saudade que arrebata todos os corações, todas as idades, classes sociais, homem ou mulher, inclusive eu.

 O grave problema é que tenho saudades de coisas sem sentido. Da voz, do sorriso tímido, dos olhos azuis ou verdes - nunca descobri - O incrível é que ainda existe algo pior, não recordo claramente os nossos momentos, lembro do seu jeito engraçado, solto, das suas palavras de amigo, das nossas brincadeiras que tanto o fazia sentir alegria, mas são recordações insuficientes.O que eu queria mesmo era reviver cada instante ao seu lado, voltar a sentar no seu colo e depois dormir ali mesmo, queria apenas vê-lo e dialogar novamente, eu queria ouvir a sua voz, sua voz inconfundível de avô, voz essa que o meu inimigo vai apagar, já apagou, o que resta agora são apenas migalhas da nossa felicidade.

Mas sabe? Foi prazeroso viver, e cantar, e dançar, e correr, e brincar, e não acontecer mais, não acontece mais, não acontecerá mais, não haverá mais nada, não verei mais nada, simplesmente nada, devo aceitar que acabou, devo reconhecer que sou culpada, de não ter aproveitado, de ser ingênua e não saber ser feliz.

 Mas isso não muda minha nostalgia. Vamos parar com essa bobagem e voltar a ler os meus melhores amigos: livros.