A Estigmatização na Educação uma Reflexão: Relatório de Observação

Por Fabiane Regina da Silva Souza | 04/04/2013 | Educação

A Estigmatização na Educação uma Reflexão

Relatório de Observação

Fabiane Regina da Silva Souza

 

Resumo: Enquanto estudantes de psicologia, nem sempre estamos em contato com a prática, a realidade que nos circunda. Foi possível instigar o tipo de intervenção que é realizado, as dificuldades correntes, o quotidiano da instituição, entre outros fatores que nos remontam para a realidade “escolar”. Dadas as particularidades desta instituição, observeio quanto ela é importante como um meio de estimulação para um desenvolvimento psicossocial e intelectual saudável para além do sistema familiar, que aqui nem sempre cumpre as suas funções parentais.

Todas as crianças citadas estão utilizando nome fictício.

 

Caracterização da Instituição: O  Centro de Educação Infantil Mina é uma das várias unidades da Entidade Unas. A unidade é constituída por uma equipa interdisciplinar. Desta forma, o CEI da Mina é constituído por uma vasta equipe de profissionais, nomeadamente: Esta instituição surge como resposta social e pedagógica, que visa integrar crianças que se encontram numa situação de desproteção e vulnerabilidade, promovendo o seu desenvolvimento integral.

O Centro de Educação Infantil se localiza  na região da zona sul no bairro São João Clímax no Heliópolis, possui 5 salas de aulas e atende crianças de0 a3 anos de idade em um total de 150 crianças.

A formação de funcionário constituída e de uma diretora formada em pedagogia, uma coordenadora pedagogia formada, uma cozinheira e duas ajudantes, 2 funcionarias no setor de apoio. A estrutura do CEI e Ampla e arejada possuindo um parque com bastante terra e brinquedos e 12 educadoras. As salas são divididas por módulos, berçário I, Berçário II, Mini-grupo e Primeiro Estágio.

Objetivo da Instituição:

A Creche tem como objetivo específico fazer a programação de trabalho visando desenvolver na criança seus aspectos cognitivo, afetivo e motor de maneira interdisciplinar de conhecimento a ser construído pela criança, atendendo assim as crianças dentro de uma proposta sócio-interacionista construtivista nas seguintes áreas de conhecimento: comunicação e expressão; ciências naturais; ciências sociais; matemática; artes; jogos e brincadeiras

 Relatório de Observação:  Foram realizadas duas Visitas a Instituição.

Ao chegar na instituição chamei muita atenção das crianças pois o estagio foi realizado no período da manhã, onde   se deu no  modulo do primeiro estágio A , são crianças com a idade de quatro anos de idade.

Ao entrar na sala as crianças vieram ao meu encontro e fizeram varias perguntas.

A professora fez uma roda de conversa na qual participei. Após a apresentação a professora desenvolveu uma atividade a qual já estava programada para o dia.. Atividade era relacionada ao dia e a noite em rodada de conversa mesmo a professora perguntou para as crianças como se formava o dia e a noite, teve varias respostas – Emily uma das alunas disse que ela pegou uma escada e colocou a lua lá lá no céu  rimos.. após outras respostas a professora me apresentou um aluno chamado Victor  e foi logo  informando que achava que o menino tinha algum problema , mas não classificou tal problema,  informou que o Victor era muito agressivo não sabia dividir os brinquedos e não gostava de ficar com as outras crianças pois quando ela propunha atividades em grupos o Victor só ficava de canto sozinho.

A professora perguntou o que achava do caso descrevido, respondi que não cabia a mim diagnosticar o Victor pois não sabia de sua rotina seu histórico familiar e principalmente porque estava observando somente e não tinha ainda tanta abordagem para  uma opinião formada.

    No segundo dia de observação foi realizada na mesma sala, a professora já não foi tão simpática como da primeira vez, porém as crianças me beijarão e abraçarão, foi realizada a roda de conversa e a proposta de atividade era a realização de um circuito o qual foi feito no parque, onde, tinha alguns obstáculos que permitia que os alunos pulassem, subi-se, desce-se, rola-se etc...

 A minha atenção na hora da atividade ficou voltada totalmente para o Victor para ver qual seria seu relacionamento com o grupo ou como reagiria diante de uma nova proposta.

Foi inacreditável observei o Victor  brincando com as outras crianças e interagir normalmente (para quem não gostava de brincar com outras crianças),  vi o Victor bater também em um determinado momento que outro amiguinho entrou no túnel que era embaixo de  uma mesa e o amiguinho passou por cima do Victor ele bateu no seu amigo (porem não foi observado nada que fugisse da normalidade).

Após a atividade de circuito voltamos para a sala e a professora estava colocando os colchonetes  para a hora do soninho as crianças ficaram no parque a até a mesma terminar para levar as crianças para lavar as mãos para o almoço.

A professora falou que  levaria o Victor para ajudá-la, porque assim ele não bateria em ninguém (o mesmo estava no escorregador com outras crianças).

Na hora do sono, dialoguei com a professora e perguntei o que ela fazia a respeito do Victor.

A mesma suspirou alto e disse esse caso é um problema como te disse- esse menino não é normal como falei, ele é inteligente  aprende muito rápido más bate muito fica muito tempo sozinho – Perguntei o que você faz quando ele esta sozinho – Olha diz a professora para falar a verdade eu prefiro que ele fique assim porque na hora que eu estou propondo uma atividade nova não preciso ficar preocupada se o Victor esta batendo em Alguém e melhor assim , vocês sabe né e balançou a cabeça.

Perguntei sei o quê e fiz um semblante de duvida?.

Professora: Assim,  as vezes é difícil tratar de crianças assim ele tem que ter alguém especial para ele.

- Perguntei- Você acha ?

– Professora- Claro o caso do Victor é delicado – a mesma se levantou e pediu licença e saiu da sala para o almoço e fui embora.

Diante desse relato se confirma que realmente carregamos o estigma da  anormal e normal  através da comparação  de desenvolvimento de um grupo ou da rotulação sobre o individuo? E essa queixa nos permite verificar se  o problema é da criança ou na criança ou ainda será que a pedagogia classifica o desenvolvimento psicológico pelas questões educacionais?.