A ESTÉTICA POLÍTICA NA CONTRACULTURA

Por EDUARDO DA MOTTA PRETO | 22/11/2016 | Arte

 

RESUMO

 A ESTÉTICA POLÍTICA NA CONTRACULTURA

A estética política na contracultura, é um trabalho que enfatiza o acumulo histórico como conceito dos antecedentes, no empoderamento coletivo da imaginação de clandestinidade revolucionaria contracultural no que diz respeito à formação do referencial do uso da insurgente mascara da vanguarda das juventudes anarquistas, constituídas como partido hacker internacional, conhecido mundialmente pelo nome Anonymous. O sujeito social aqui abordado são as tribos urbanas surgidas após o curto verão da anarquia, ocorrido na revolução espanhola de 1936, e ressurgidas como tribos urbanas na década de 1950, se politizando na década de 1960, se radicalizando na década de 1970, se declarando anarquistas na década de 1980, se tornando agentes cypherpunks na década de 1990, se mistificando como mito na década de 2000, se organizando clandestinamente como partido anarquista internacional na década 2010, que insurgiu nas ruas de todo mundo em 2013, como fenômeno político, criminalizado e perseguido em seu modulo cosplay politizado.

 

 

 

 

 

  1. Introdução 

Em meio ao cenário político internacional da guerra no Vietnam, a contracultura nasceu da recusa das juventudes para com o serviço militar obrigatório, encarnando a arte em movimentos de corpos com almas políticas e de espírito subversivo. Assim a Deusa da Arte que altrora estava presa a bruta física escultural estatuante, pode desfilar em meio a um cenário político imaginário e subversivo, onde a militância Hippie formava agentes da contracultura, que produziam os sujeitos sociais artísticos, em meio ao cenário da politização das tribos urbanas em plataformas de utopias ideológicas, organizadas com símbolos estéticos ideológicos quais criavam a unidade mística e mítica das juventudes.

Estes agentes contraculturais desenvolveram uma arte política que influenciou amplos setores sociais, como da: arte, moda, estética, comunicações, comportamento, política, educação, religião, musica, alimentação, medicina, artesanato e economia. Que se identificou com as juventudes anarquistas, qual estava mais radicaliza e organizada.

Ao se buscar as influencias históricas para entender a estética política da contracultura, percebesse que esta é um estilo artístico politizado, que se reconhece como sujeito social artístico organizado politicamente e justificado no cenário das conjunturas políticas de tempos e espaços fortuitos. Assim este artigo reconhece a radicalização dos sujeitos sociais artísticos em sua estética artística política. Que começa nas tribos urbanas, se politiza na contracultura, se radicaliza com o movimento punk, se identifica ideologicamente com o anarquismo, se torna agente contracultural hacker, se mistifica como mito na mascara de Guy Fawkes, se organiza clandestinamente como partido anarquista internacional conhecido mundialmente como Anonymous e que cria um braço tático fantasma de ação direta conhecido também mundialmente por tática Black Block.

Entendendo estas tribos urbanas contraculturais de forma inter-relacionada e organizada como imaginário de unidade insurgente, busquei uma literatura embasada como pesquisa e método de analise, para entender estas como um partido de juventudes.

  1. Da Tribo Urbana a Contracultura

As juventudes quando juntas, tem um grande potencial de transformação e por isto são motivos de inúmeros artigos que tomam de assalto os noticiários, bem como são a vedete dos pesquisadores que buscam conceituar algo que esta em permanente gestação e movimento.

Maffesoli (2006) conceitua que as tribos urbanas são subsociedades formadas por grupos de afinidades constituídos por amigos com interesses comuns de pensamentos, hábitos e maneiras de se vestir, organizadas em redes de interesses que estruturam novas identidades nas megalópoles, onde o que está em jogo é a sua potência contra o poder, mesmo quando mascarados para não serem esmagados. E define Maffesoli que a metáfora tribo permite a desindividualização, integrando a máscara as cenas e situações de valor coletivo, constituída da multiplicidade como paradigma estético do vivenciar em comum. Onde a história construída associadamente é o mito do qual se participa. Neste contesto os mitos moldam formas emblemáticas idealistas, possibilitando se reconhecer como parte do grupo ao trajar-se da figura mítica social idealizada como expressão da estética coletiva da tribo. 

No contexto de interesses comuns de pensamentos, as tribos urbanas se afunilam quando surgi um diferencial de medida, como o grau de consciência política, onde, não só, se traja uma estética coletiva, mais se interioriza um espírito de comportamento político contracultura ao manter em sua alma uma posição política contraria as injustiças.

Pereira (1983) aborda a contracultura como manifestação artística, promovida por juventudes libertárias de 1960, que tinham uma postura de crítica radical de oposição sócio cultural ao conservadorismo, a sociedade de consumo e a guerra no Vietnã. Quais sobre as câmeras da mídia americana ganharam o rotulo de contracultura, para designar as manifestações político-culturais que floresceram por todo o mundo como fenômeno e tema obrigatório, ao perceberem que as juventudes estavam sendo recrutadas e se tornando Hippies, quando se identificavam com uma cultura diferente do padrão hegemônico cultural americano, por esta pregar ao mundo, mais paz e amor.

Guamaccia (2010) descreve a revolução cultural empreendida pelas juventudes anarquistas ao gerar feitos criativos com o uso da provocação: Entre 1965/67, Amsterdã foi transformada no centro da desobediência civil, onde a imaginação estava no poder e a provocação era uma imagem atuante desta imaginação como consciência de ação direta dentro da sociedade do espetáculo, em resposta a designação capitalista que colocava todos somente como espectadores passivos. Foi quando manifestações espontâneas, performáticas e contestadoras se alastraram por Amsterdã em encontros organizados pelas ruas sob o espanto geral da população e da polícia, que enxergava ali somente uma porção de baderneiros.

Na década de 1970, alastrou-se o movimento provocativo, como observa Brandão & Duarte (1990); O Punk demonstrou uma atitude rebelde desprendida de regras e conceitos da sociedade, com seu comportamento de contestação estética e política expressa nas suas roupas, fanzines e musicais. Bandas de Punk Rock surgiram para colocar nas paradas musicais as frustrações e os problemas da sociedade, através do comportamento de jovens com idéias e conceitos de uma sociedade em crise ideológica, que buscava novos referenciais no pós-guerra. Nesta busca de alicerces ideológicos os punks encontraram o anarquismo e se organizaram em um partido anarcopunk internacional, transvertidos para ninguém suspeitar de seu imaginário de clandestinidade revolucionaria em meio a uma sociedade do espetáculo, onde a televisão exercia um grande poder na imaginação das pessoas e a provocação era o seu estilo de arte.

Esta provocação ideológica marca o debate da estética política da contracultura, ao se constituir como nível político anarquista. Como descrevesse Liberato no seu livro: Rebeldia, Poder e Fazer da Juventude Autonomista:

Nosso caminho se dá nesse entrelaçamento da luta de classes como contracultura (e vice-versa), do proletariado como Juventude, do Anarquismo como corrente política da autonomia. Nossas palavras chave; rebeldia, revolta, autonomia, anarquismo, juventude, contracultura, anticapitalismo, passe livre, estão entrelaçadas, e uma se reporta em geral às outras [...] (LIB; 2006 P. 74).

A frase de ordem punk: Faça você mesmo! Se somou com a estratégia anarquista de ação direta, unindo gerações revolucionarias por um buraco de minhoca na realidade do imaginário das juventudes anarquistas. Ao unir de um ponto ao outro as perspectivas das barridas, como observa Liberato nas frases acima e abaixo:

O princípio da ação direta diz respeito à forma de organização do movimento que implica em democracia direta e na recusa a reproduzir internamente os moldes de representação e delegação da democracia burguesa/representativa, ecoando no faça-você-mesmo dos punks como movimento contracultural [...] (LIBERATO; 2006 P. 80).

LIBERATO (2006) ao descrever a produção de pets, fanzines, roupas, estéticas e musicais punks, descreve também conceitos do nível econômico punk e anarquista, acrescentando valor cultural econômico produtivo no significante existente na contracultura punk do faça você mesmo: O capital subcultural é o conhecimento cultural dos bens adquiridos pela subcultura que eleva seu status diferencial ao de outros grupos, (produzindo) com o seu próprio valor-signo.

MALINI & ANTUN (2013) Abordam que a estética política da contracultura, juntamente com o seu capital contracultural se valorizaram, quando os militantes transvestidos como tribos punks, adquiram as tecnologias, fazendo surgir à mídia militante, e descreve: O midiativismo é a manifestação de comunidades de comunicações libertárias, desenvolvidas por coletivos ou colaboradores individuais, que produzem de forma diferente da narração da mídia de massa sobre os acontecimentos, permitindo-se como mídia participativa ao arcar de forma coletiva com a dificuldade de produzir, a diferença espetacular de sua forma de existência, como mídia da multidão nas manifestações, ao estrear a experiência militante do jornalismo pós-telespectador e pós-TV nas redes, com manifestantes virtuais ativos nos protestos/emissões discutindo, criticando, estimulando, observando e intervindo nas transmissões em tempo real.  

  1. Dos Cypherpunks aos Anonymous 

O valor signo da contracultura perpassa como identidade das juventudes e é absorvido pela sociedade de consumo que tenta cooptar e se expropriar deste capital subcultural, até descobrir que convidaram o inimigo para dentro de casa, reagindo a este estranho no ninho, como se observa Assange no seu livro, Cypherpunks Liberdade e o Futuro da Internet:

Os atores cypherpunks instituíram um novo legado na utilização da criptografia por se opor às opressões internacionais. Surgidos em 1990, os cypherpunks utilizam do método da criptografia como meio para provocar mudanças sociais e políticas, através de criptoguerras. O termo cypherpunks foi incluído no Oxford English Dictionary em 2006 e censurando no ano seguinte. (ASSANGE, 2013)

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