A Estética E O Padrão Do Gosto Em David Hume

Por Robson Stigar | 12/04/2008 | Filosofia

Introdução

Regras da arte: para Hume existem algumas regras fundamentais para definir o que é arte; ela é um padrão estabelecido socialmente levando em consideração a beleza a, a delicadeza, o gosto e a estética.

Delicadeza; Para Hume é um sentimento, uma rara capacidade que precisa ser lapidadacom constante e estremo ardor. A delicadeza é uma capacidade sutil de perceber as mudanças das afecções estéticas.

Pré conceito e pré juízo: toda afirmação a priori nada diz do objeto e a beleza em si não se encontra no objeto é um sentimento subjetivo; assim o que em um determinado pais é uma virtude em outro pode serum vicio.

O padrão de gosto e o juízo sobre a arte; o gosto é muito variado e por isso influi diretamente na definição dos juízos. Assim, a beleza física pode determinar o padrão em um local em outro pode ser visto como um problema.

O padrão do gosto face a formação do juízo acerca da beleza

A beleza, a delicadeza e o gosto estético estão no subjetivo do sujeito e não no objeto.Para HUME, "mesmo os homens de parcos conhecimentossão capazes de notar as diferenças de gosto dentro do estreito circulo de suas relações, inclusive entre pessoas que foram educadas sob o mesmo governo e quem desde de cedo foram inculcados os mesmos preconceitos" (HUME, 1973: 315).

Deste modo, há diferentes concepções de gosto que implicam em diferentes entendimentos acerca do juízo sobre o belo. Nesta perspectiva existe uma contradição entre esses gostos na historia.

Se olharmos a realidade mais de perto a realidade histórica se mostrar ainda mais controversa e desafiadora. Segundo o autor "aqueles para quem a moral depende mais do sentimento do que da razão tendem a englobar a ética na primeira observação, sustentando que em todas as questões respeitantes à conduta e aos costumes as diferenças entre os homens são maiores na realidade do que à primeira vista podem parecer" (HUME, 1973: 315). Contudo, universalizar tal preceito implica em desconsiderar a diversa quantidade de gostos existente.

Assim, é natural que procuremos encontrar um padrão de gosto, uma regra capaz de conciliar as diversas opiniões dos homens, pelo menos uma decisão reconhecida, aprovando uma opinião e condenando outra. Porem, esta busca nos parece um tanto difícil dada à multiplicidade de gostos existentes.

Existe uma Filosofia que distingue sentimento de julgamento e por isso impede de alcançar intento em nossa tarefa."O sentimento está sempre certo – porque o sentimento não tem outro referente senão ele mesmo, e sempre real, quando alguém tem consciência dele" (HUME, 1973:316). Por isso, um sentimento somente pode ocorrer quando da conformidade entre ele à realidade.Portanto, não existe beleza em objeto a beleza é subjetiva.

Os indivíduos percebem a beleza de modo distinto, por isso " beleza não é uma qualidade das próprias coisas, existe apenas no espírito que as contempla, e cada espírito percebe uma beleza diferente" (HUME, 1973: 316). Por conseguinte tentar estabelecer uma beleza real ou uma deformidade real é infrutífero na mesma proporção de determinar uma doçura real ou um amargor real.

Segundo Hume o fundamento da composição artística é a experiência, portanto não pode ser dado a priori e nem confundida com uma conclusão abstrata do entendimento.

Mas, embora todas as regras gerais da arte assentem unicamente na experiência e na observação dos sentimentos comuns da natureza humana, não devemos supor que, em todos os casos, os homens sintam de maneira conforme a essas regras. Estas emoções mais sutis do espírito são de natureza delicada e frágil, precisam do concurso de grande numero de circunstancias favoráveis para fazê-las funcionar de maneira fácil e exata, segundo seus princípios gerais e estabelecidos (HUME, 1973: 317).

Desta forma, toda definição de beleza depende da delicadeza de espírito e do contexto existente, bem como momento e lugar adequado. Por isso, é indispensável "uma perfeita serenidade de espírito, concentração de pensamento, a devida atenção ao objeto: se faltar qualquer dessas circunstancias, nosso experimento será falacioso e seremos incapazes de avaliar a católica e universal beleza" (HUME, 1973: 317). Isto é, a dificuldade para relacionar sentimento e forma, portanto a delicadeza, que é a sensibilidade às emoções mais sutis com o sentido da arte.

Assim, "uma causa evidente em razão da qual muitos não experimentam o devido sentimento de beleza é a falta daquela delicadeza de imaginação que é necessária para se ser sensível àquelas emoções mais sutis" (HUME, 1973: 318).

No entender de HUME "a capacidade de perceber de maneira mais exata os objetos mais diminutos, sempermitir que nada escape à atenção e à observação, é reconhecida como a perfeição de cada um dos sentimentos e faculdades" (HUME, 1973: 319).

Conclusão

Podemos concluir que a sensibilidade consiste em perceber a variação das pequenas diferenças de paladar, de maneira semelhante, a rápida e aguda percepção de beleza deve ser a perfeição de nosso gosto mental, nenhum homem pode sentir-se satisfeito consigo mesmo se suspeitar que lhe passou desapercebida qualquer excelência ou deficiência de um discurso.

Bibliografia

Deleuze, Gilles. Empirismo e subjetividade:  ensaio sobre a natureza humana segundo Hume. São Paulo:  Nova cultural,  2004.

Hume, David. Tratado da natureza humana:  uma tentativa de introduzir o método experimental de raciocínio nos assuntos morais. São Paulo:  UNESP, 2001.