A ESCRITA E SUA EVOLUÇÃO ATÉ OS TEMPOS DE INTERNET
Por Elbes Adriano de Oliveira Lima | 20/08/2013 | EducaçãoA EVOLUÇÃO DA ESCRITA EM TEMPOS DE INTERNET: ANTES X HOJE
Elbes Adriano de Oliveira Lima
RESUMO
Compreende-se que o Ensino da Língua Portuguesa deve dar condições aos alunos de adquirirem conhecimentos que os tornem capazes de progredir e que tal progresso lhes dê garantia de uma releitura mais critica da realidade. Os alunos consideram a Língua Portuguesa bastante difícil entre as disciplinas do currículo escolar, e por isso, recorrem a uma habilidade que os levam a se comunicarem da forma como eles melhor se encaixam, que é através da internet. É nela que eles se desprendem das regras gramaticais, que são estabelecidas pelos gramáticos, negando toda uma cultura linguística já retida por eles. O aluno, através da leitura e da escrita, se apropria de informações que irão contribuir para a construção do seu conhecimento. Os alunos, ao chegarem ao Ensino Fundamental e Médio, apresentam desinteresse pela leitura, comprovam os teóricos. O hábito da leitura é um processo contínuo que deve ser iniciado antes de a criança frequentar a escola; só assim, ela poderá ser um meio de aquisição de cultura e não algo obrigatório. É fundamental que seja desenvolvida uma prática de leitura desde as séries iniciais, possibilitando ao aluno a formação do gosto pela leitura e pela escrita. Pretende-se, aqui, refletir sobre o surgimento da escrita até a era digital e as possíveis contribuições dessa nova tecnologia, envolvendo alunos do Ensino Fundamental e Médio, proporcionando-lhes um maior contato com materiais diversos de leitura.
Palavras-chave: Leitura. Escrita. Habilidades. Era Digital. Cultura.
1. INTRODUÇÃO
Compreende-se que o Ensino da Língua Portuguesa deve dar condições dos alunos de adquirir conhecimentos que os tornem capazes de progredir e que tal progresso lhes dê garantia de uma releitura mais critica da realidade.
Ao longo da prática pedagógica, constata-se que muitas vezes não há possibilidade de concretizar o conceito que temos do ensino ideal de Língua Portuguesa. Os alunos a consideram bastante difícil entre as disciplinas do currículo escolar, resultado de uma prática educativa que, por estar bitolada a regras gramaticais estabelecidas, nega toda uma cultura linguística já retida pelos alunos.
O aluno, através da leitura, se apropria de informações que irão contribuir para a construção do seu conhecimento. No entanto, detecta-se que a grande maioria dos alunos do Ensino Fundamental e Médioapresenta desinteresse pela leitura e pela compreensão de textos narrativos que, muitas vezes, não é aceita por parte do aluno. Mas esta falta de interesse pela leitura, não é culpa dos alunos. O hábito da leitura é um processo contínuo que deve ser iniciado antes de a criança frequentar a escola; só assim, ela poderá ser um meio de aquisição de cultura e não algo obrigatório.
É fundamental que seja desenvolvida uma prática de leitura desde as séries iniciais, possibilitando ao aluno a formação do hábito de ler e do gosto pela leitura.
Este trabalho foi realizado por meio de pesquisa bibliográfica, tomando como base os teóricos Amaral (2008), Brasil (2001), Carneiro (2010), Geraldi (2001), Jean (2002), Kato (2004), Meyer (2009), Murano (2011), Ricarte (2001) e Spinillo (2001) a fim de aprofundar os conhecimentos acerca do tema abordado.
Pretende-se, aqui, refletir sobre o surgimento da escrita até a era digital e as possíveis contribuições dessa nova tecnologia a qual apresenta habilidades de leitura e que crianças e adolescentes desenvolvem essa prática de modo eficiente, proporcionando-lhes maior contato com materiais diversos de leitura, como o hipertexto, o e-mail, o blog e outros recursos comunicativos na hora da leitura através dos textos contidos na internet.
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**Professor da rede particular de ensino da cidade de Arcoverde-PE e professor contratado pelo Estado de Pernambuco, professor contratado pelo Curso de Licenciatura em Educação do Campo na disciplina de Linguística aplica, tendo sido licenciado em Língua Portuguesa pela AESA/CESA, com especialização “Lato Senso” em Língua Portuguesa pela UPE e Mestrando “Strictu Senso” em Ciências da Educação e Multidisciplinaridade pela FACNORTE (Faculdade do Norte do Paraná).
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A escrita foi um invento definitivo para a história da humanidade. Ela representa o pensamento e a linguagem humana através de símbolos. Um elemento durável e excepcional de comunicação entre as pessoas. Através de registros escritos há milhares de anos, ficamos sabendo como era a vida e a organização social de populações que viveram muito antes de nós. A invenção surgiu como consequência das mudanças profundas nas sociedades durante o período do surgimento das primeiras cidades.
A escrita não é contemporânea, ela apareceu há milhões de anos a.C., os povos da pré-história não tinham nenhuma escrita alfabética, mas tinham várias formas de registrar, comunicar e conhecer através de gestos, sinais, marcas e desenho. Porém, ainda não era um tipo de escrita, pois não havia organização, nem mesmo padronização das representações gráficas (SPINILLO, 2001, p. 21).
Foi somente na antiga Mesopotâmia que a escrita foi elaborada e criada. Por volta de 4000 a.C., os sumérios desenvolveram a escrita em forma de cunha, usando placas de barro, onde cunhavam a escrita. Muito do que sabemos hoje sobre esse período da historia devemos as placas de argila com registros cotidianos, administrativos, econômicos e políticos da época.
Os egípcios antigos também desenvolveram a escrita quase na mesma época que os sumérios, mas, porém, existiam duas formas de escritas: a demótica, a mais simplificada e a hieroglífica, mais complexa formadas por desenhos e símbolos com difícil compreensão.
Segundo Spinillo (op. cit. p. 22), “As paredes internas das pirâmides eram repletas de textos que falavam sobre a vida do faraó, rezas e mensagens para espantar possíveis saqueadores. Uma espécie de papel chamada papiro (planta ciperácea), que era produzida a partir de uma planta de mesmo nome, também era utilizado para escrever”.
Na Idade Média, no século VIII, um monge inglês elaborou outro estilo de alfabeto atendendo ao período do imperador Carlos Magno. No entanto, este novo estilo também possuía letras maiúsculas e minúsculas que com o passar do tempo, essa forma de escrita passou por modificações, tornando-se complexa para a leitura. Portanto, no século XV, alguns eruditos italianos incomodados com esse estilo complexo, criaram um novo estilo de escrita.
No ano de 1522, outro italiano, chamado Lodovico Arrghi foi o responsável pela publicação do primeiro de caligrafia que deu origem ao estilo que hoje nos denominamos de itálico.Com o passar do tempo, todas as civilizações se viram necessitadas a registrar suas ações do cotidiano, como conquistas, festas, rituais, etc. com um grande número de povos, a escrita, a cada vez mais, veio se tornando uma necessidade para as civilizações (SPINILLO, 2001, p. 23).
Então, passaram a criar símbolos para poder representar as coisas e, cada vez mais, esses símbolos foram sofrendo modificações.A escrita foi um dos principais instrumentos para a grande evolução da humanidade, devido ao grande numero de sociedade, surge essa necessidade de comunicação.
Portanto, tem-se em mente essa importância, mas como tudo tem seu lado ruim, a escrita tem o seu, pois a escrita foi e é a responsável ambição e desigualdade do Planeta, porque através dela criaram-se leis e normas.
Em Roma Antiga, segundo Spinillo (op.cit. p.22), no alfabeto romano havia somente letras maiúsculas. Portanto, na época em que estas começaram a ser escritas, utilizou-se de hastes de bambu ou penas de pato e outras aves, onde ocorreu uma modificação em sua forma original, pois fora criado um novo estilo de escrita denominado uncial, que resistiu até o século VIII e foi utilizado na escritura de Bíblias.
O que não deveria acontecer é que algumas que têm mais domínio da escrita acabam desvalorizando as pessoas que não tem um domínio da escrita alfabética, mas que dominam suas próprias escritas, que acaba sendo desvalorizada e às vezes extinta pela influencia da escrita alfabética.
2.1 Desenvolvimento e Evolução da Escrita
A escrita se desenvolveu de forma independente em várias regiões do planeta, incluindo o Oriente Médio, a China, o vale do rio Indo (Paquistão), a América Central e a bacia oriental do mar Mediterrâneo.
Os sistemas de escrita evoluíram de forma autônoma e não sofreram influências mútuas, ao menos em seus primórdios. É possível que as escritas mais antigas sejam a escrita cuneiforme e os hieróglifos. Ambos sistemas de escrita foram criados há cerca de 5500 anos, entre sumérios e egípcios.
A escrita fenícia é a primeira escrita essencialmente fonética de que se tem notícia, ou seja, procurava reproduzir sons em vez de coisas ou ideias. As sumerianas e egípcias eram compostas de sinais que reproduziam ideias e outros que reproduziam sons, de forma semelhante à japonesa atual.
Em geral, ao longo da história e, principalmente nos seus primórdios, a escrita e a sua interpretação ficavam restritas as camadas sociais dominantes: aos sacerdotes e à nobreza, embora a escrita fenícia, tivesse fins essencialmente comerciais. A alfabetização somente se difundiu lentamente entre camadas mais significativas das populações após a Idade Média.
2.2 O Surgimento da Escrita
De acordo comJean (2002, p. 19), “Uma das principais consequências do surgimento das cidades e dos Estados foi a escrita, criada por volta de 3500 a.C. Vários são os fatores que explicam o nascimento da escrita: a necessidade de contabilizar os produtos comercializados, os impostos arrecadados e os funcionários do Estado; o levantamento da estrutura das obras, que exigira a criação de um sistema de sinais numéricos, para a realização dos cálculos geométricos”.
Com a escrita, o ser humano criou uma forma de registrar suas ideias e de se comunicar. A linguagem escrita é especial porque permite que a vida que levamos hoje seja conhecida pelas gerações que virão depois de nós.
O registro mais antigo até hoje encontrado data do século XIV a.C. e está escrito em símbolos cuneiformes da língua acadiana. O pedaço de barro escrito foi achado em Jerusalém por arqueólogos israelenses.
2.3 A Aquisição da Escrita
2.3.1 Conceito de Escrita
Partindo-se do ponto de vista de que a linguagem escrita que vem sendo desenvolvida nas escolas onde a operacionalização dos meios e técnicas utilizadas parecem não satisfazer, e que talvez o aluno não domine a linguagem escrita, mas em função da atuação do professor na escola, é que este trabalho de pesquisa tratará de assuntos ligados a atuação do professor nesse processo (JEAN, 2002, p. 21).
Pode-se considerar o ensino e a aprendizagem de Língua Portuguesa, como prática pedagógica, resultantes da articulação de três variáveis: o aluno, os conhecimentos com os quais se opera nas práticas de linguagem e a mediação do professor.
Jovens e adultos levam para a sala de aula toda a experiência a que vêm tendo com a oralidade. Além disso, convivem com usos diferenciados de escrita que se encontram presentes na nossa sociedade, tais como propagandas, rótulos, entre outros. Convivem, assim, com a interferência da atividade linguística oral e com os vários tipos de produção escrita que estão a sua volta.
Segundo Jean (op. cit. p. 22), “Dois procedimentos necessariamente são utilizados pelos alunos, quais sejam, o uso da linguagem oral como mediadora de outro processo linguístico em construção e a incorporação de recursos de escrita de diferentes naturezas, produzidos por sua maior ou menor convivência com esse objeto de conhecimento”.
Ao invés de aproveitar a presença desses fatores, pode-se perceber que, a maioria dos programas de alfabetização de jovens e adultos não os levam em consideração. Sendo assim, pode-se apontar uma grande dificuldade para o acesso ao funcionamento da escrita e a de sua diferenciação com relação à oralidade. Ao contrário, o que se pode perceber é a substituição desse acesso por uma ênfase nos aspectos mecânicos da escrita e o que deveria ser encarado como uma aprendizagem reduz-se à aquisição de uma técnica.
Como considera Cagliari (2000, p. 18):
Os modos diferentes de falar acontecem porque a língua portuguesa, como qualquer outra língua, é um fenômeno dinâmico, isto é, está sempre em evolução. Pelos usos diferenciados ao longo do tempo e nos mais diversos grupos sociais, as línguas passam a existir como um conjunto de falares diferentes ou dialetos, todos muito semelhantes entre si, porém cada qual apresentando suas peculiaridades com relação a alguns aspectos linguísticos.
Todas as variedades, do ponto de vista da estrutura linguística, são perfeitas e completas em si. O que as tornam diferentes são os valores sociais que seus membros possuem na sociedade. Os dialetos de uma língua, sendo semelhantes entre si, apresentam-se como línguas específicas, com sua gramática e usos próprios.
Na medida em que se diferenciarem muito uns dos outros serão reconhecidos como línguas diferentes. Um bom exemplo será o que houve com o latim, que por meio dos seus dialetos acabou por gerar o português, o francês, o espanhol, o italiano. O uso da variedade linguística dialetal não constitui um erro mas, uma diferença pelo uso de outro dialeto.
No livro “No mundo da escrita: uma perspectiva sociolinguística” de Mary Kato (2004, p. 23) trabalha-se o objetivo de determinar as diferenças e semelhanças que há entre a escrita e a fala.
De acordo com Kato (op. cit. 24), a escrita surgiu primeiro com o pictograma. Já o lograma, é na escrita egípcia que está a base da escrita alfabética. O alfabeto foi fenício que os gregos tomaram emprestado para fundamentar a sua escrita. Porém o que era feita de forma esporádica pelos fenícios, ou seja, a colocação da vogal depois da consoante foi considerada normal pelos gregos e, assim, passou-se da escrita silábica para a escrita alfabética.
A linguagem escrita não pode ter uma definição de um conjunto de propriedade formal, invariantes e distintas da linguagem falada. Kato (op. cit.), afirma que a escrita formal representa o mais alto grau de autonomia contextual que as línguas humanas podem alcançar.
Para Kato (op. cit. 25), a fala e a escrita têm diferenças nas formas, as quais normalmente são observadas entre a fala e a escrita nada mais são do que as diferenças que acarretam pelas condições de produção e de uso da linguagem.
Nos estágios de desenvolvimento linguístico da criança, a fala possui a função do grau de planejamento verbal, e não somente estágio da aquisição.
Segundo Kato (op. cit. p. 25), “Nas sociedades altamente letradas as pessoas simulam a escrita na fala. Desse modo, a escrita e a oralidade pode ser vista sincronicamente nas sociedades letradas e possivelmente nas nações em vias de letramento, diferenças sociais, funcionais e pela variação individual”.
Na busca de coerência, o falante e o escritor, para Kato (op. cit. p. 26), sempre buscam a coerência de sua fala ou de seu texto. O leitor procura a coerência e, encontrando alguma falha, ajusta a representação do texto, de modo que se torne coerente. Contudo, os atos de ler e escrever são atos comunicativos verbais, pois são passíveis de análise numa abordagem funcionalista da linguagem.
Do ponto vista de Kato (op. cit. p. 27), o desenvolvimento da escrita parece ainda seguir alguns princípios já postulados para aquisição da fala.
É possível considerar a escrita como produto de um ato físico o qual implica em traços de signos manuais ou mecânicos. Ao mesmo tempo, a escrita pode ter significado de um grupo de valores influenciáveis não apenas no conteúdo, mas também na forma estética do que fora escrito, formando o seu estilo.
A escrita é permanente, por isso ocorre a sua durabilidade e pode ser realizada de formas diferentes. Para que se possa estudar a escrita, deve-se levar em consideração dois planos: o da história da escrita a partir de sua invenção até os dias atuais e, o estudo linguístico que procura delinear as normas do funcionamento da escrita assim como as suas relações com a língua.
A escrita é uma forma de comunicação que foi criada e desenvolvida historicamente nas sociedades humanas, consistindo em marcas num suporte que significa palavras ou ideias.
O nascimento da escrita se deu por vários fatores, entre eles a necessidade de contabilizar produtos comerciais, impostos e funcionários do Estado e o levantamento estrutural de obras, o qual exigira a criação de um sistema de sinais numéricos para realizar cálculos de geometria.
Através da escrita, o homem produziu um meio de registrar suas ideias e, também, de se comunicar. Ela é fundamental porque nos possibilita levar hoje ao conhecimento das gerações depois de nós.
Segundo os PCNs (2001, p. 17), o ensino de Língua Portuguesa tem sido desde os anos 70, o centro da discussão acerca da necessidade de melhorar a qualidade de ensino no país. O eixo dessa discussão no ensino fundamental centra-se, principalmente, no domínio da leitura e da escrita pelos alunos, responsável pelo fracasso escolar que se expressa com clareza nos dois funis em que se concentra a maior parte da repetência: na primeira série e na quinta série. No primeiro, pela dificuldade de alfabetizar; no segundo, por não se conseguir levar os alunos ao uso apropriado de padrões da linguagem escrita, condição primordial para que continuem a progredir.
Nos anos 60 e no início dos anos 70, as propostas de reformulação do ensino de Língua Portuguesa indicavam mudanças na maneira de ensinar, pouco considerando os conteúdos de ensino. Havia a crença de que valorizar a criatividade seria condição suficiente para desenvolver a eficiência da comunicação e expressão do aluno.
Tais propostas restringiam aos setores médios da sociedade, sem se dar conta das consequências profundas que a incorporação dos filhos das camadas pobres implicava. O ensino de Língua Portuguesa, orientado pela perspectiva gramatical ainda parecia adequado, dado que os alunos que frequentavam a escola falavam uma variedade linguística bastante próxima da chamada variedade padrão e traziam representações de mundo e de língua semelhantes às que ofereciam livros e textos didáticos.
Habitualmente, a função central que se atribui à escrita é a de registro informacional, e não se pode negar a sua importância na difusão de informações e de construção do saber.
3 A ERA DIGITAL NA ESCRITA
3.1 O Texto na Era Digital
Houve um tempo em que o hábito de manter caderno de anotações era algo muito corriqueiro. Os que eram chamados de livros de lugares-comuns eram usados pelos leitores para registrar trechos e passagens interessantes com que se deparava em suas leituras. Porém, além de transições, esses cadernos serviam para reunir apontamentos sobre a vida cotidiana.
A primeira questão que se coloca para qualquer educador interessado na implementação de ensino baseado em Internet é inevitavelmente a questão pedagógica. O deslocamento do professor da situação imediata do ensino muda a natureza da interação entre professor/aluno/material pedagógico e tal mudança provoca a necessidade de novas estratégias de ensino. Esta característica distingue o ensino baseado em Internet das situações de ensino presencial.
As estratégias, por sua vez, tendem a ser bastante diferenciadas se o material produzido para ensino tem por meta autoinstrução ou prevê algum tipo de interlocução entre professor e aluno, ou aluno/aluno. Ou seja, o tipo de material e tarefas que se adequam ao estudo independente, diferem daquele previstos para o ensino que utiliza canais de comunicação entre os sujeitos envolvidos na interação pedagógica. Ainda a este respeito temos que considerar se a comunicação prevista é totalmente assíncrona. Um diferencial adicional a ser considerado, é o espaço que o curso oferecido abre ou deixa de abrir para a interação aluno/aluno, ou seja, em que medida o ensino visado se caracteriza como mais ou menos colaborativo.
De acordo com Ricarte (2001, p. 15):
Quando o ensino se processa através de meios eletrônicos como o rádio, a televisão ou o computador, a linguagem em si se coloca como uma segunda questão a ser considerada. Nestes casos, para que o ensino seja eficiente é fundamental que o designer/professor saiba explorar de forma adequada os recursos expressivos que facilitam a comunicação nos diferentes meios como o som, a imagem, a escrita.
No caso específico da comunicação mediada por computador, as questões de linguagem se tornam ainda mais fundamentais, já que este meio eletrônico faz uso de uma linguagem híbrida, que agrega a linguagem desenvolvida pelos outros meios de comunicação em massa e também apresentam novos gêneros de texto, hipertextos fechados e abertos que demandam novas estratégias de produção e de leitura.
Segundo Murano (2011, p. 28) hoje, com mais de 37 milhões de usuários de internet só no Brasil, essa tradição de escrita parece mais viva do que nunca, impulsionada por novas tecnologias e amplificada pela comunicação em rede.
Não se exagera quando se diz que e-mails, blogs e redes de relacionamento já deixaram sua marca na produção textual contemporânea, pois com cada vez mais usuários, o acesso à rede no Brasil aumentou 35% entre 2008 e 2009, a internet cria novos hábitos de comunicação entre as pessoas, que acabam se adaptando às facilidades da nova tecnologia. Isso vale tanto para a leitura quanto para a escrita, principal forma de demonstração do internauta.
A diversidade estilística introduzida na literatura pelo texto praticado na internet, com suas formas mais soltas e coloquiais, criou dois caminhos possíveis para escritores. Por um lado, parte dos leitores ficou mais impaciente com a prosa de feições literárias, ao passo que outros leitores passaram a valorizar ainda mais esse tipo de escrita, por causa da superexposição a textos mais simples encontrados na internet. (MURANO, 2011, p. 31)
O ato de navegar pela internet deixou de ser um ato solitário, em que o usuário somente entrava nas páginas e lia seus conteúdos. Com os recursos de interação cada vez mais expandidos, qualquer site é um convite a comentários, críticas e observações, fazendo com que os internautas a desenvolvam discursos de improviso e a defender seus pontos de vistas.
Embora não se possa afirmar categorigamente que a internet favoreceu o desenvolvimento de uma cultura letrada, com ênfase em informações profundas e relevantes, ela reforça o peso da palavra escrita no cotidiano das pessoas.
3.2 A Era Digital na Escola
O mundo globalizado exige do indivíduo diversas condições para os novos conhecimentos. É importante ressaltar o conhecimento da informática indispensável, porque nesta atual revolução tecnológica em que se vive, as pessoas são os elementos mais valorizados, basta que transforme todas as informações em conhecimento.
É indispensável que se encoraje desde cedo uma maneira contrabalançada e analíticano que diz respeito ao computador. Ele não deve ser visto como algo assustador ou complexo demais. Da mesma forma a informática educativa não deve ser encarada como solução para os problemas de ensino, mas sim como umaformade estímulo e desenvolvimentodas funções intelectuais dos alunos; sem limitar o treinamento dos professores ao uso de mais uma tecnologia, tornando-os simples repetidores de experimentos que nada adicionam de expressivo à educação.
Para Meyer (2009, p. 06):
O fundamental é que os professores apropriem criticamente as tecnologias descobrindo as possibilidades de utilização que elas colocam à disposição da aprendizagem do aluno, favorecendo dessa forma o repensar do próprio ato de ensinar. Assim, no processo ensino-aprendizagem o aluno não é mais um repositório de informações, muitas vezes difíceis de serem alcançadas em tempos passados, e sim um independente na busca de informações e da sua construção dos conhecimentos impostos pelas mudanças rápidas no mundo. Ainda que, o papel do professor deve ser não o de ensinar, mas o de ensinar, mas o de facilitar a aprendizagem, liberando a curiosidade do aluno, é que analiso a introdução do computador na escola de maneira que ela seja mais uma ferramenta, um recurso, ou seja, um mediador cultural na perspectiva em que a aprendizagem se dá na relação entre sujeito e o conteúdo a ser aprendido através de uma ponte entre os quais está o computador que pode facilitar ou dificultar tal processo.
A escola não pode esforçar-seexclusivamente com informações prontas, acabadas, mas deve preocupar-se mais com a habilidade do aluno aprender. O extraordinário não é mais a abundância de conhecimentos, porém o que esses conhecimentos permitem como degraus para as novas aprendizagens futuras.
Para que se obtenhasucesso nesse processo é preciso que cada profissional envolvido tenha visão aberta do sentido que as modificações resultantes da adoção de tais novidades tecnológicas, cuja particularidade fundamental é ajustar a construção de novos meios de ensinar-aprender. Sem se esquecer em momento algum que qualquer fluxograma com uma metodologia apropriada pode ser um software educacional, pois é uma questão de criatividade e planejamento.
3.3 A Tecnologia e a Sociedade Atual
A tecnologia digital começou a ser incorporada à educação no Brasil pelo ensino superior já nos anos 70, os primeiros computadores chegaram a algumas universidades, que podiam ser contadas nos dedos das mãos. As máquinas ocupavam salas inteiras devido ao seu tamanho. No fim da década de 80, quando os dinossauros de outrora já haviam dado lugar a computadores mais compactos, a tecnologia começou a entrar nas escolas.
Segundo Carneiro (2008, p. 27),
As primeiras experiências já apontavam para duas vertentes. de um lado, havia a ideia de aproveitar a tecnologia para introduzir o ensino de informática como disciplina nas escolas; de outro, começava-se a pensar em projetos interdisciplinares e em softwares educativos que complementassem o ensino de diferentes disciplinas nas salas de aula.
Nos dias atuais não é preciso muito esforço para que se percebam as transformações aceleradas que têm como embasamento a ciência e a técnica e isso vem ocorrendo pelo mundo inteiro. Várias publicações como livros, debates, filmes, programas de televisão e rádio têm se dedicado a registrar e discutir o avanço tecnológico dos últimos anos e suas consequências.
Tal avanço impulsiona outras peculiaridades do mundo atual, atingindo todos os setores sociais e imprimindo grande velocidade às mudanças nos instrumentos de comunicação e trabalho. Para tanto se utiliza de vários textos para a comunicação na internet, tais como o hipertexto, o e-mail, o blog, entre outros que circulam nesse meio de comunicação tão apreciado principalmente pelas crianças e pelos adolescentes.
3.3.1 O Hipertexto
A ideia de hipertexto não nasce com a Internet, nem com a web. As primeiras manifestações hipertextuais ocorreram nos séculos XVI e XVII através de manuscritos. Os primeiros sofreram alterações quando eram transcritos pelos copistas,caracterizando uma espécie de escrita coletiva. Os segundos foram anotações realizadas pelos leitores nas margens das páginas dos livros antigos, permitindo assim uma leitura não linear do texto. Esses manuscritos eram posteriormente transferidos para cadernos de lugares-comuns para que pudessem ser consultadas por outros leitores.
O hipertexto tem como entrada básica a constituição de composições não lineares, permitindo ao usuário a busca de informações usando seu próprio caminho, navegando em uma rede de nós, conectados por ligações que o levam a outros textos, imagens, sons ou vídeos. Os links estendem-se em um ambiente aberto à exploração e ao movimento.
Segundo Carneiro (2010, p.28) essa natureza não linear, ao contrário do texto impresso, não impõe ao leitor uma ordem hierárquica de frases, parágrafos, páginas e capítulos a serem seguidos. O hipertexto possibilita a disponibilização, na tela, de sugestões de caminhos, cabe ao usuário escolher qual trilha no ciberespaço vai seguir, não há, portanto, somente recepção, ele interfere, interage com o texto de forma imediata.
O professor tem parte de sua autoridade e poder transferidos ao aluno, tornando-se mais um colaborador no processo de ensino e aprendizagem, que assume características de parceria. O aluno, tal como o leitor do hipertexto, torna-se mais ativamente participante em relação ao processo de aquisição de conhecimentos, pelo fato de lhe ser facultado elaborar livremente, sob a sua própria responsabilidade, trajetos de seu interesse, acessando, sequenciando, derivando significados novos e acrescentando comentários pessoais às informações que lhe possam ser apresentadas.
Outro ponto fundamental do hipertexto é sua eficácia no planejamento e desenvolvimento de cursos à distância, facilitando a informação a estudantes localizados nos mais distintos pontos. Finalmente hipertextos tornam realidade a abordagem interdisciplinar dos mais diversos temas, abolindo as fronteiras que separam as áreas do conhecimento.
3.3.2 O E-mail
É um método que permite compor, enviar e receber mensagens através de sistemas eletrônicos de comunicação. O termo e-mail é aplicado tanto aos sistemas que utilizam a Internet e são baseados no protocolo SMTP, como aqueles sistemas conhecidos como intranets, que permitem a troca de mensagens dentro de uma empresa ou organização e são, normalmente, baseados em protocolos proprietários.
De acordo com Murano (2011, p. 31):
O correio eletrônico se tornou tão popular por causa da sua grande facilidade em quebrar barreiras geográficas. Pessoas que estão em diferentes continentes podem se comunicar desde que possuam computadores ou qualquer outro dispositivo com tal funcionalidade conectado a Internet, eles podem enviar e receber mensagens a qualquer hora do dia e para qualquer parte do mundo.
Observa-se que o correio eletrônico deixa de ser apenas um meio de troca de mensagens entre pessoas para se tornar um grande fator na produtividade das empresas. Grandes empresas estão cada vez mais usando o correio eletrônico para desempenhar papéis decisivos em suas negociações. A Intranet pode ser usada para tornar a comunicação de funcionários com outros grupos tornando assim mais fácil o trabalho e eliminando mensagens em massa e outras mensagens indesejadas.
O envio e recebimento de uma mensagem de e-mail são realizados através de um sistema de correio eletrônico. Um sistema de correio eletrônico é composto de programas de computador que suportam a funcionalidade de cliente de e-mail e de um ou mais servidores de e-mail que, através de um endereço de correio eletrônico, conseguem transferir uma mensagem de um usuário para outro. Estes sistemas utilizam protocolos de Internet que permitem o tráfego de mensagens de um remetente para um ou mais destinatários que possuem computadores conectados à Internet. (MURANO, 2011, p. 32)
3.3.3 O Blog
É um site cuja estrutura permite a atualização rápida a partir de acréscimos dos chamados artigos, ou posts. Estes são, em geral, organizados de forma cronológica inversa, tendo como foco a temática proposta do blog, podendo ser escritos por um número variável de pessoas, de acordo com a política do blog.
Muitos blogs fornecem comentários ou notícias sobre um assunto em particular; outros funcionam mais como diários online. Um blog típico combina texto, imagens e links para outros blogs, páginas da Web e mídias relacionadas a seu tema. A capacidade de leitores deixarem comentários de forma a interagir com o autor e outros leitores é uma parte importante de muitos blogs.
Alguns sistemas de criação e edição de blogs são muito atrativos pelas facilidades que oferecem, disponibilizando ferramentas próprias que dispensam o conhecimento de HTML. A maioria dos blogs é primariamente textual, embora uma parte seja focada em temas exclusivos como arte, fotografia, vídeos, música ou áudio, formando uma ampla rede de mídias sociais. Outro formato é o microblogging, que consiste em blogs com textos curtos.
Em dezembro de 2007, o motor de busca de blogsTechnorati rastreou a existência de mais de 112 milhões de blogs. Com o advento do videoblog, a palavra blog assumiu um significado ainda mais amplo, implicando qualquer tipo de mídia onde um indivíduo expresse sua opinião ou simplesmente discorra sobre um assunto qualquer
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A aprendizagem é um processo que envolve sempre uma relação entre sujeitos, permeado pela subjetividade de cada um, e que é o aprendiz quem constrói o seu processo de aprendizagem. Verificamos, porém, que o homem desenvolve sua aprendizagem conforme o que lhe é proposto. Dessa forma, a atuação do professor na leitura de textos, junto ao aluno, não é feita por etapas que levem à compreensão efetivada baseada na formação do conhecimento qualificado.
A leitura é considerada o ponto de partida, para o processo de ensino-aprendizagem da língua. Nela se concretiza a apropriação do direito à palavra num saber organizado. Na leitura de textos, a reflexão sobre a língua permite que se explicitem saberes implícitos dos alunos, abrindo espaço para a compreensão de textos. Ela implica numa atividade constante de formulação e verificação de hipóteses sobre o funcionamento da linguagem a qual se realiza através de comparação de expressões, das experimentações de textos diversificados, da atribuição de novos sentidos às formas linguísticas já utilizadas.
Para se trabalhar a leitura, é preciso um embasamento teórico acerca de seu direcionamento; a prática da compreensão/ interação do que se está lendo, alicerçada pelos conhecimentos linguísticos e ter acesso à internet para envolver-se na era digital depois da escrita.
É relevante que se faça um bom trabalho em cima da leitura e da escrita, principalmente depois do surgimento da internet na vida dos jovens e adolescentes.
REFERÊNCIAS
AMARAL, Suely.(2008) História da Escrita:Surgimento e Importância dessa Linguagem.Texto extraído do sitewww.educacao.uol.com.br em 10/05/11.
BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental: língua portuguesa/Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília: MEC/SEF, 2001.
CARNEIRO, Júlia Dias.Sem Medo da Tecnologia. Revista TV Escola, maio/junho de 2010. Editora Abril, São Paulo – SP.
GERALDI, José Wanderley (org.). O Texto na Sala de Aula. 3ª edição. São Paulo: Ática, 2001.
JEAN, Georges. A escrita – Memória dos Homens. Rio de Janeiro: Objetiva, 2002.
KATO, Mary A., No mundo da escrita: uma perspectiva sociolinguística. 2004, Série Fundamentos.
MEYER, Cybele. A Educação na Era Digital. (2009) texto extraído do site ideiasemblog.blogspot.com em 22/05/11.
MURANO, Edgard. O Texto na Era Digital. Revista Língua Portuguesa. Ano 5, nº 64. Fevereiro de 2011.
RICARTE, Ivan Luiz Marques. (2001) A escrita na Internet. Texto extraído do site www.educacao.uol.com.br em 22/05/11.
SPINILLO, Alina Galvão. Desenvolvimento da Linguagem: escrita e textualidade. Nau Editora, 2001.