A ESCOLHA DO LIVRO DIDÁTICO DE LÍNGUA PORTUGUESA E SUA IMPLICAÇÃO PARA O PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM

Por alice Maia | 12/04/2011 | Educação

CONGREGAÇÃO SANTA DOROTÉIA DO RECIFE FACULDADE FRASSINETTI DO RECIFE-FAFIRE ESPECIALIZAÇÃO EM LINGUÍSTICA APLICADA AO ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA ALICE MAIA EMÍDIO RECIFE 2010 ALICE MAIA EMÍDIO A ESCOLHA DO LIVRO DIDÁTICO DE LÍNGUA PORTUGUESA E SUA IMPLICAÇÃO PARA O PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM RECIFE 2010 Monografia apresentada em cumprimento da conclusão do curso de Linguística Aplicada ao Ensino da Língua Portuguesa, orientada pela professora MS. Flávia de Andrade de Lima. A ESCOLHA DO LIVRO DIDÁTICO DE LÍNGUA PORTUGUESA E SUA IMPLICAÇÃO PARA O PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM Monografia apresentada para obtenção do título de Especialista em Linguística Aplicada ao Ensino da Língua Portuguesa, pela Faculdade Frassinetti do Recife. Data da Apresentação _____/_____/2010. Nota da Apresentação _________________ Banca Examinadora _______________________________________________________ Profª. MS. Lúcia Ribeiro (Coordenadora) _______________________________________________________ Profª. MS. Flávia de Andrade Lima (Orientadora) As duas mulheres que fazem parte da minha vida Maria Luiza Mergulhão Maia e Terezinha Mergulhão Maia. AGRADECIMENTOS  A Minha mãe por ela sempre me dar o apoio necessário, é por causa dela que vivo este momento lindo em minha vida hoje;  A Deus e a Nossa Senhora por me iluminarem com conhecimento e sabedoria no momento da produção deste trabalho;  A meu esposo Jairo e a Meu filho Lucas por entenderem a minha ausência, enquanto dedicava-me as aulas e a produção do trabalho, sempre me apoiando para que eu fizesse o melhor;  A professora Flávia pela paciência que teve ao me orientar, nos meus momentos desorientados. "Ninguém sabe tudo, ninguém ignora tudo. Todos nós sabemos alguma coisa, todos nós ignoramos alguma coisa. Por isso aprendemos sempre". (PAULO FREIRE) RESUMO Este trabalho visa discutir acerca do trabalho do docente que envolve o material didático aquele o qual é escrito e impresso que tem por finalidade auxiliar ao docente com informações teórico-metodológico. Um fator importante que direcionou esta pesquisa foi apreender as opiniões de docentes acerca da escolha do material didático, das estratégias de ensino que utilizam quando adotam esses livros e da avaliação que fazem da proposta da escrita expressas em materiais didáticos. Assim tem-se como objetivo investigar os fatores internos e externos de sala de aula que impedem a aplicação das propostas do ensino expressa em manuais de Língua Portuguesa destinados aos discentes dos 6º anos do Ensino Fundamental II. Palavras-chaves: Ensino da Língua Portuguesa, Estratégias de Ensino, Material Didático. RESUMO Este Trabajo visa discutir acerca del trabajo del docente que envuelve el material didáctico aquel cuál es escrito e impreso que ten por finalidad auxiliar al docente con las informaciones teórico-metodológicas. Un factor importante que direccionó esta pesquisa fue aprehender las opiniones de los docentes acerca de la escoja del material didáctico, de las estrategias de enseno que utilizan cuando adoptan esos libros e da evaluación que hacen de la propuesta de la escrita expresas en materiales didácticos. Así su principal objetivo es investigar a los factores internos y externos de las clases que impiden a la aplicación de las propuestas del enseno expresa en manuales de Lengua Portuguesa destinados a los alumnos del 6º anos do Enseno Fundamental II. Palabras-llaves: Enseno da Lengua Portuguesa, Estrategias de Enseno, Material Didáctico LISTA DE SIGLAS LD .....................................................................................................................Livro Didático LDLP ............................................................................Livro Didático de Língua Portuguesa LP................................................................................................................Língua Portuguesa MEC....................................................................................Ministério da Educação e Cultura PCNLP...........................................Parâmetros curriculares Nacionais de Língua Portuguesa PNLD...........................................................................Programa Nacional do Livro Didático USAUID???????????..United States Agency for Internacional Development SUMÁRIO INTRODUÇÃO 11 1. O LIVRO DIDÁTICO NO BRASIL HISTÓRIA E UTILIZAÇÃO 14 2. A ESCOLHA DO L. D: POLITÍCAS E PAPEL DO PROFESSOR 19 3. A VISÃO DO DISCENTE SOBRE O L.D.L.P DO 6° ANO 25 4. AVALIAÇÃO DO L.D 28 4.1 Avaliação do Livro I 28 4.2 Avaliação do Livro II 32 4.3 Avaliação do livro III 35 CONCLUSÃO 41 REFERÊNCIAS 43 ANEXO 45 11 INTRODUÇÃO O devido trabalho tem como objetivo a análise do Livro Didático de Língua Portuguesa destinado aos alunos do 6º ano do Ensino Fundamental II, tendo em vista em que muitos docentes o utilizam de forma única no processo de ensino aprendizagem, com isso vem sofrendo acusações variadas ao material didático que é utilizado para o Ensino da Língua Portuguesa. Alguns professores o taxam de pouca criatividade e discentes fazem suas queixas sobre o seu uso, pois muitos desses discentes tratam alguns conteúdos do livro didático de língua portuguesa com desdém. A escolha do material didático é de suma importância para o docente quanto para o discente porque estes dois grupos são os mais afetados pelo seu uso. O L.D ocupa um lugar de destaque na definição das políticas públicas na área de educação, exercendo na escola, uma função relevante, seja ela como delimitador de propostas pedagógicas a serem trabalhadas em sala de aula ou como material de apoio ao encaminhamento das atividades de ensino e aprendizagem. E infelizmente como suporte único disponível para os docentes. É necessária a contestação da existência do livro didático e fazer uma análise de como ele se encontra hoje e o que pode ser feito para melhorá-lo é fundamental para o processo de Ensino Aprendizagem. O livro didático nos últimos anos tem assumido uma postura de destaque dentro da prática do ensino brasileiro, todavia o que seria apenas um mero instrumento de trabalho entre docentes vem se tornando uma arma, pois este acaba por muitas vezes determinando conteúdos e condicionando estratégias de ensino, assim de forma decisiva como o que se ensina e como se ensina, fazendo muitas vezes com que o professor fique "preso" unicamente ao seu uso. Por esse motivo vem sendo necessário o estudo do L.D, ou seja, uma análise desse conteúdo e como ele vem sendo utilizado pelos docentes de Língua Portuguesa. Assim esse estudo tem como base a observância acusações de docentes, discentes e pais ao material didático utilizado para o ensino. Os docentes por muitas vezes o acham pouco criativo, pais e discentes fazem suas queixas de seu uso pouco racional, pois acreditam que o seu conteúdo em sua maioria não está de acordo com a realidade do discente, que é tido como o sujeito paciente do seu uso. É verdade que o material didático de língua portuguesa acaba tendo um mau êxito por somente se resumir a um livro sendo composto por textos e exercícios ou a um livro de textos 12 e outros de outras atividades. Em muitos livros são encontrados textos enormes e cansativos para o docente trabalhar em sala de aula e para os discentes fazerem a sua interpretação, também não se encontram recursos suficientes de audiovisuais. Quaisquer outras estratégias advêm do docente, que deve criá-las, confeccioná-las, mesmo que seja por meio do processo do erro o qual torna a aula mais interessante e foge um pouco do manual do professor em que já vem com a aula pronta e acabada, que em sua maioria não valoriza aprendizagem através do erro, ou seja, não considera o conhecimento prévio do discente, desconsiderando a aprendizagem significativa, que em sua maioria é de fundamental para a aprendizagem do discente. É válido ressaltar a importância da escolha do L.D, em analisá-lo, missão ainda principiante na atualidade. Além disso, a escolha feita pelos docentes na maioria dos casos, não tem embasamento científico, a escolha é feita muitas vezes através de folhetos enviados pelas editoras, em que as informações são encontradas de forma resumida. Faz-se necessário que tomemos cuidado com o seu uso contínuo, pois este material poderá ser visto como única fonte de ajuda ao docente, e assim poder comprometer a aprendizagem do discente, assim o livro didático tem assumido uma importância fundamental no apoio didático ao professor, enquanto o docente vê o livro didático como recurso único e fundamental para ser usado em sua aula, torna-se responsabilidade do professor fazer com que mesmo aquele livro didático que ele o considera "fraco" se torne um instrumento positivo em suas aulas e por fim o LD não deve ser o único meio de preparação para as suas aulas. A finalidade deste trabalho é verificar como alguns docentes fazem a escolha do LD, observar como docentes e discentes opinam sobre o uso do LD, especificar os prós e os contras sobre a utilização do LD. Neste contexto este trabalho monográfico visa analisar a importância da análise do L. D. L. P. destinado a alunos do 6º ano e foi dividido em quatro capítulos. No primeiro capítulo encontramos O livro Didático no Brasil: História e Utilização, onde tem por objetivo mostrar como foi o início de seu uso nas escolas. No segundo capítulo A Escolha do L.D: Políticas e o Papel do Professor temos como referência Fazer com que os docentes de L.P saibam administrar tantos os pontos positivos, quanto os pontos negativos do L. D escolhidos por eles, Incentivar os docentes sobre a importância do L. D. No terceiro capítulo, A Visão do Discente do L. D. L. P do 6º ano, tem como objetivo saber como o discentes veem o L.D, o que eles acham que pode ser melhorado nas aulas de L. P quanto ao uso do L. D. NO quarto capítulo iremos ter A Avaliação do L.D que tem por objetivo originar o interesse para a 13 análise do material didático o qual é empregado em sala de aula, avaliar o livro através dos critérios utilizados pelo PNLD para análise do L. D. 14 1. O LIVRO DIDÁTICO NO BRASIL: HISTÓRIA E UTILIZAÇÃO A definição do LD, na concepção de Stray, é um produto cultural composto, híbrido, que se encontra no "cruzamento da cultura, da pedagogia, da produção editorial e da sociedade" (1993, p.77-78). No que consideramos de universo escolar o LD coexiste com diversos outros instrumentos como quadros, mapas, enciclopédias, audiovisuais, softwares didáticos, CD-ROM, Internet, dentre outros, contudo continua ocupando um papel central. Sua origem é encontrada na cultura escolar, mesmo antes da invenção da imprensa no final do século XV. Na época em que os livros eram objetos raros, os estudantes universitários europeus eram criadores de seus cadernos de textos. Ao surgir à imprensa, os livros tornaram-se os primeiros produtos feitos em série. (GATTI JÚNIOR, 2004, p.36). Para que os livros didáticos, dicionários, obras literárias e livros chegassem às escolas brasileiras iniciou em 1929, com a criação de um órgão específico para legislar sobre políticas do livro didático, o Instituto Nacional do Livro (INL), que tinha como objetivo contribuir para a legitimação do livro didático nacional e auxiliar no aumento de sua produção, porém demorou algum tempo para seguir adiante, apenas em 1934, durante o governo do presidente Getúlio Vargas, o INL teve que atribuir como editar obras literárias para a formação cultural da população, elaborar uma enciclopédia e um dicionário nacionais e expandir o número de bibliotecas públicas. (Klis & Rodrigues, 2004) Somente em 1938 o LD veio entrar na pauta do governo quando foi instituída por meio do Decreto-Lei nº 1.006, de 30/12/38 a Comissão Nacional do Livro Didático (CNLD) a qual estabelecia a primeira política de legislação para tratar da produção, controle e da circulação dessas obras. Esta comissão possuía mais a função de controle político-ideológico do que propriamente uma função didática, em 1945 consolidou a legislação sobre as condições de produção, importação e utilização do livro didático, restringindo ao professor a escolha do livro a ser utilizado pelos alunos conforme definido no art. 5º do Decreto-Lei nº 8.460, de 26/12/45. (Klis & Rodrigues, 2004) O Ensino da Língua Portuguesa passou muito tempo sendo efetivado por meio de cartilha, livro de leituras, gramáticas. Era que nessa época existiam apenas as coletâneas responsáveis pela seleção dos textos literários em prosa e verso de autoria portuguesa e brasileira que eram apresentados aos discentes, seguidos de alguns comentários breves, notas explicativas e ás vezes algum comentário breve sobre o texto. 15 De acordo com Silva (1998) o livro didático começa a ser utilizado com frequência no país a partir da segunda metade da década de 60, através da assinatura do acordo MEC ? USAUID em 1966, numa época em que são editados em uma quantidade consideravelmente grande para que se pudesse atender a demanda de um novo contexto escolar surgido na época. Ao se observar a trajetória histórica do livro didático, começamos a perceber a sua importância que foi conquistada ao longo de sua carreira. Com o passar dos anos, muitos autores começaram a se dedicar ao estudo deste, com a finalidade de analisar a sua eficiência ou ineficiência tanto para o docente quanto para o discente que são os dois mais afetados por esse sujeito ativo que é o Livro Didático. Assim, com o avanço da industrialização e da comunicação de massa no terceiro mundo, a língua portuguesa começou a ser vista como um "instrumento de comunicação e expressão", conforme a lei de diretrizes e bases da educação ? 5692/71, contudo, diante das novas metas de ensino e dos novos perfis de discentes e de docentes, o ensino do Português ficou minúsculo, de modo que as gramáticas começaram a ceder lugar a um novo tipo de material didático de apoio ao docente. (WITZEL, 2002) Partindo da análise de que as crianças de escola pública, que em sua maioria possuem uma origem humilde, e da escola particular que são originárias de classe média e média alta, aprendem conceitos via livro didático, conclui?se que este, em geral, ultrapassa ideologias que são culturalmente impostas às quais se propagam de maneira a implantar valores e preconceitos, (FARIA1984). Alguns autores criticam o apoio que vem anexado ao L.D como suporte para a prática do docente outros veem como suporte que pode auxiliar o professor em suas aulas, Alain Choppin (apud BATISTA & ROJO, 2005, p.15) faz uma distinção entre quatro tipos de livros escolares, conforme a função que eles tenham no processo de ensino e aprendizagem são elas: Os manuais ou livros didáticos; Os paradidáticos ou para escolares; Os livros que são considerados de referência; As edições escolares de clássicos, sendo estes considerados como livros didáticos. O manual que conhecemos hoje tem como propósito estruturar e facilitar o trabalho do professor, apresentando não somente os conteúdos, mas também as atividades didáticas e organizando-se, de acordo com a divisão do tempo escolar, em séries / volumes e meses ou bimestres / unidades. (BATISTA 2003, p. 43) 16 Esta citação nos remete ao que será citado um pouco mais a frente, pois, aqui realmente o autor citado acima afirma que alguns professores transferem suas responsabilidades tanto aos autores quanto as editoras de livro didático de Língua Portuguesa, que tem um papel decisivo no processo da didática dos objetos de ensino, bem como na construção de determinados conceitos e capacidades a serem ensinadas. Neves (2002), em uma pesquisa mais recente chegou a contestar de maneira mais convergente a opinião de Faria que o livro didático chega a apresentar problemas como confusão de critérios, inadequação de nível, invenção de regras, preocupação excessivas com as definições, sobrecarga da teorização, impropriedade de definições, também se encontra uma artificialidade de exemplos, falsidade de noções, gratuidade de ilustrações, texto muitas vezes é mal aproveitado, entre outros problemas encontrados em que não há a necessidade de citá-los. Mesmo com todos esses problemas citados pela a autora, a mesma diz que não podemos caracterizá-lo como o único culpado. De acordo com a autora, o docente está à procura no livro didático de buscar soluções para o que ele não sabe, assim transfere responsabilidades que pertencem unicamente ao próprio docente, com a desculpa de que o L.D não serve. Tendo em vista que como docente e discente não aprendem sozinhos, substitui essa falta em seu conhecimento ao autor do livro, pois muitos docentes economizam tempo no preparo das aulas e segue fielmente o guia do livro deixando-o que se torne sua "bíblia", porque em muitos casos temos professores sobrecarregados de horas /aulas. Por outro lado, o modelo de manual didático que foi constituído no país pelos anos de 1960 e 1970, Obras produzidas com o objetivo de auxiliar no ensino de uma determinada disciplina, por meio da apresentação de um conjunto extenso de conteúdos do currículo, de acordo com uma progressão, sob a forma de unidades ou lições e por meio de uma organização que favorece tanto usos coletivos (em sala de aula) quanto individuais (em casa ou em sala de aula). (ALAIN CHOPPIN apud BATISTA & ROJO, 2005, p.15) Tende a não ser um apoio ao ensino e ao aprendizado, mas um material que condiciona, orienta e organiza a ação do docente, determinando uma seleção de conteúdos, um modo de abordagem desses conteúdos, uma forma de progressão; em suma uma metodologia de ensino no sentido amplo da palavra. (BATISTA 2003, p.47). 17 Lajolo (1996) vem a ser solidário com as concepções de Neves sobre o livro didático e nos diz que não existe nenhum livro a prova de docente e acrescenta quando revela que o pior livro pode ficar bom quando está sendo utilizado por um bom docente e o melhor livro pode desandar nas mãos de um mau docente, porque o melhor livro é apenas um livro que é um instrumento auxiliar utilizado na aprendizagem. O livro didático passa a ser visto como um recurso que é disponibilizado à escola para que haja uma promoção da cidadania, estando à disposição de acordo com a sua proposta pedagógica. Por isso o LDLP permanece como um dos básicos para a organização da prática pedagógica. A partir do momento que ele é encontrado em sala de aula, deve ocupar um lugar significativo, como também continuar sendo descrito e avaliado no intuito de ampliar sua qualidade, fazendo com que o aprendizado da língua materna, venha a ser de modos diversos ao se analisar a língua e de tratá-la no espaço escolar. Tendo em vista o que foi dito anteriormente, o LDLP considerado eficiente para a prática do docente será aquele que apresentar as seguintes características: De acordo com esse modelo, essas seriam as ações esperadas de um LDLP, que esteja de acordo com os desejos da sociedade, em termos de formação básica com qualidade social para os jovens brasileiros, que se encontre numa perspectiva sociointeracionista, em que o conhecimento seja compreendido e aprendido como construção histórico ? social. Para que haja uma melhor aprendizagem e melhor interesse dos alunos corroborando com a opinião de Geraldi (1982), é necessário escolher o material didático, estratégias, atividades e conteúdos que proporcionem ao aluno a apreensão do dialeto padrão, já que se tem uma necessidade de desbloquear o acesso ao poder deste dialeto. Um dos meios para concretização desse desbloqueio seria o uso adequado da linguagem, de acordo com a situação enunciativa, que esteja ao mesmo nível do interlocutor. A abordagem metodológica seria o nível em que presunções e aprendizagem de língua são consideradas específicas, para que no decorrer das aulas de Língua Portuguesa sejam postas em práticas, por meio de certos procedimentos adotados em sala de aula, porque o a. Permitir a problematização das práticas de letramento, oportunizando momentos diversificados de trabalho textual em contextos de uso; b. Operar com gêneros textuais que circulam socialmente, considerando-se as práticas discursivas dos interlocutores. (MARCUSHI & CAVALCANTE, 2005, p. 239). 18 principio básico do ensino de língua seria o de levar à comunicação. Vamos trabalhar com três teorias a respeito do que seria língua: Desse modo, vemos que o livro didático deverá atender a esses três pontos de ensino da Língua Portuguesa, para um melhor aproveitamento, tanto do professor, quanto do aluno, assim estaria desmistificando a ideia de que o ensino da língua é baseado apenas no estudo da gramática normativa e que não vai além dela. Devemos ficar atentos também à formação do docente e a sua relação com o livro didático, pois questões como essas vêm obtendo um espaço no debate internacional e assim acaba mobilizando grupos de estudiosos preocupados com os sistemas de ensino, por vez que vem crescendo o interesse pelo estudo do trabalho docente na área das reformas que atualmente vêm sendo realizada na Educação Básica, com a finalidade de se ter uma melhoria na educação. Segundo Tardif (2002), os saberes docentes são tidos como uma realidade social que se materialize via sua formação e no mesmo instante dos saberes dos indivíduos. Para ele, a relação dos professores com os saberes não se pode reduzir a uma transmissão de conhecimentos construídos. Levando-se em consideração que a prática do docente está relacionada a distintos saberes, "pode-se definir o saber docente com o saber plural, saberes oriundos da formação profissional e de saberes disciplinares, curriculares e experiências" (TARDIF, 2007 p. 36). Desde então percebemos que o livro didático tem sua importância para o professor e assim também não podemos abandoná-lo, é necessário que ao adotar um livro o professor obedeça a critérios vistos pelo PNLD. 1. Visão estrutural: nela encontramos a língua como um sistema de elementos relatados estruturalmente pela codificação de significados; 2. Visão funcional: A língua seria um veículo de expressão do significado funcional; 3. Visão interacional: A língua é tida como um meio de realização de relações interpessoais e de representações como um intercâmbio social. (SALZANO, 2001) 19 2. A ESCOLHA DO LIVRO DIDÁTICO: POLÍTICAS E PAPEL DO PROFESSOR Em 1985 foi criado o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), que a cada ano vem se aperfeiçoando para que possa atingir o seu principal objetivo: educação de qualidade. Todavia a participação direta e sistemática das discussões sobre a qualidade do L.D do MEC veio no início dos anos 90. Essa participação teve início com o Governo Federal que consistiu em uma ação mais ampla do MEC para que fosse avaliado o livro didático, no qual foi apresentado um projeto pedagógico que veio através dos Parâmetros Curriculares Nacionais e dos Guias do livro didático. (NEVES, 2002) Mesmo com o avanço do MEC não se tinha uma preocupação sobre o controle de qualidade do L.D, o que passou a existir no ano 1993, a partir do memento em que foi criada uma comissão de especialistas encarregados de duas tarefas principais, a primeira: avaliar a qualidade dos livros mais solicitados ao Ministério, A segunda: estabelecer critérios gerais para a avaliação das novas aquisições. (NEVES, 2002) Considerando a atuação do docente no processo de ensino ? aprendizagem, a autora ainda salienta que: a solução definitiva passa por uma política educacional, em que haja um investimento através de medidas concretas na valorização da educação, no que tange a qualificação profissional do educador melhor salário inclusive, e, sobretudo, problemas no qual se inscrevem as faces mais desalentadoras da relação entre livros didáticos e qualidade de ensino. Silva (1998), ao fazer comentário sobre o livro didático, considera que o mercado de venda de livros didáticos é favorecido através das condições precárias tanto das escolas como do docente, uma vez que muitas escolas não possuem uma infra-estrutura adequada como ausências de bibliotecas e bibliotecários, ausências de salas ambientes para estudo entre outros recursos. E o professor, por sua vez, é posto em condições muitas vezes precárias de trabalho, faltando uma base financeira para sua formação continuada e investimentos culturais em sua profissão. Não podemos negar que o livro didático tem sua importância, através de concepções adotadas pelo PNLD, tendo em vista que os docentes tradicionalmente vêm contando com essa possibilidade que o livro didático oferece para a facilitação da organização do trabalho docente, por outro lado essa concepção de livro didático e de material que dela resulta, muitas vezes não tem uma adequação para responder às exigências apresentadas pelo contexto 20 educacional contemporâneo. Nesse sentido, se torna imprescindível que essa ferramenta de ensino, Quando é citado saberes profissionais, o autor propõe que eles são como um amontoado de saberes transmitidos pelas instituições de ensino que são responsáveis pela formação do professor, tratando o professor e o ensino como objetos de saber para a ciência humana e para as ciências da educação. Nesse contexto seria eficaz dizer que parte dessa ciência não se detém em produzir conhecimentos, mas procura integrar-los na prática do docente. No decorrer de sua formação os docentes começam a ter contato com as ciências de educação, pois foi estabelecida uma relação através de sua formação inicial e continuada. Todavia, o autor destaca que a prática de um profissional em educação não pode ser colocada apenas como objetos da ciência de educação, a prática também é uma atividade que fundamenta os chamados saberes pedagógicos, o qual é apresentado como concepções provenientes sobre a prática educativa. A prática do docente é incorporada ao que chamamos de saberes disciplinares que são os saberes definidos e institucionados pelas instituições de ensino superior, encontramos também os saberes curriculares que estão ligados aos discursos, objetivos, conteúdos e métodos, a partir dos quais a escola categoriza e apresenta os saberes socais que por ela é definido, por último vamos encontrar os saberes experimentais que são aqueles saberes os quais estão desenvolvidos tendo como base o cotidiano e o conhecimento de seu meio, essa articulação é que denominamos de prática do docente, assim o professor ideal será aquele que tiver conhecimento em sua matéria e seus programas, além de possuir alguns conhecimentos relativos à ciência da educação e da pedagogia, conseguindo desenvolver um saber prático que se baseie em experiências cotidianas com os discentes. O Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) que teria por objetivos: Seja um instrumento que favoreça a aprendizagem do aluno, no sentido do domínio do conhecimento e no sentido da reflexão na direção do uso dos conhecimentos escolares para ampliar sua compreensão da realidade e instigá-los a pensar em perspectivas, formulando hipóteses de solução para os problemas atuais. (BATISTA, 2003, p.43) 21 Para que o projeto fosse implantado, o governo estabeleceu duas formas de ação: uma que fosse de forma centralizada, isto é, todas as ações relativas ao PNLD são desenvolvidas pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE); e a segunda que fosse de maneira descentralizada, cabendo às Secretarias Estaduais de Educação tanto gerenciar os recursos repassados pelo FNDE, como responsabilizar-se por todo o processo de execução do Programa. Quanto ao seu funcionamento, o PNLD segue atualmente as seguintes etapas veja fluxograma a seguir: PNLD Edital de convocação para inscrição no processo de avaliação e seleção de livros didáticos a serem incluídos no "Guia de Livros Didáticos" de 5ª a 8 ª séries do PNLD/2002 (publicação das regras e das etapas). Inscrição dos Livros Didáticos Avaliação Pedagógica (responsabilidade da Secretaria de Educação Fundamental do MEC) Triagem dos Livros (responsabilidade da Comissão Especial de Recepção e Triagem ? CRT) a) Contribuir para socialização e universalização do ensino, bem como para a melhoria de sua qualidade, por meio da seleção, aquisição e distribuição de livros didáticos para todos os alunos matriculados nas escolas das redes públicas do ensino fundamental de todo o País, cadastrados no Censo Escolar; b) Diminuir as desigualdades educacionais existentes, buscando estabelecer padrão mínimo de qualidade pedagógica para os livros didáticos utilizados nas diferentes regiões do País; c) Possibilitar a participação ativa e democrática do professor no processo de seleção dos livros didáticos, fornecendo subsídios para uma crítica consciente dos títulos a serem adotados no Programa; d) Promover a crescente melhoria física e pedagógica dos livros, garantindo a sua utilização/reutilização por três anos consecutivos. (BRASIL, 2007) 22 Para mostrarmos a importância que o livro didático possui foram realizadas duas perguntas com três professores de língua portuguesa pertencentes à mesma escola da rede privada do Recife, fazendo-nos perceber a supervalorização do livro didático, no qual se relaciona com os pressupostos expostos nesse texto e pior a falta de novos conceitos utilizados por esses professores para a escolha do livro, eles desconhecem o PNLD e também acham que os PCNs são somente utilizados por docentes de escola pública. As referidas entrevistas tiveram duas partes, sendo que a primeira o ênfase foi dado ao motivo pelo qual o professor optou pelo curso de Língua Portuguesa e a segunda sobre os critérios utilizados para a escolha e o uso do livro didático na prática de ensino aprendizagem. Vamos utilizar a legenda P1; P2; P3, para os três professores entrevistados A primeira pergunta que foi feita é: Qual o motivo de sua escolha pelo o curso de licenciatura de língua portuguesa? P1 responde: "Não sou formada em Letras, minha habilitação é em Pedagogia, leciono a Língua Portuguesa há muito tempo porque, o diretor da escola pediu, e realmente necessito completar a minha renda. Sempre gostei de trabalhar com crianças, o que me fez escolher um curso no caso de licenciatura foi realmente a facilidade de emprego, quando se tem uma licenciatura é mais rápido começar a trabalhar, mas com o decorrer do tempo comecei a gostar muito da minha profissão, então fiquei apaixonada pelo que faço". P2: "Não possuo formação em Letras, sou pedagoga, Ensino Língua portuguesa ao 6º ano fundamental já há dois anos. O motivo da escolha da minha profissão foi justamente a facilidade de emprego e principalmente vocação, pois tenho muita habilidade em transmitir meus conhecimentos e paciência de lidar com o público". P3: "minha formação é em Pedagogia e tenho uma habilitação em Teologia, a partir dos meus 15 anos de idade comecei a ser catequista, e desde então quis ser professora, aí fiz Pedagogia e depois paguei umas cadeiras de Teologia, foi muito fácil". A segunda pergunta que tiveram que responder é sobre a escolha do livro didático. Quais os critérios que são utilizados para a escolha do livro didático? Guia do Livro Didático Escolha dos Livros pelas escolas (professores, diretores). Distribuição dos Livros Didáticos Figura 1. Esquema de como é feita a escolha do LDLP. Fonte: WITZEL (2002, p. 17) 23 P1: "Observo se o livro trabalha a gramática contextualizada, se ele possui diferentes tipos de textos, também se existe uma sequêcia nos assuntos do 6º ano ao 9º ano". P2: "O conteúdo se está completo ou não, a linguagem adequada à realidade da série e as ilustrações". P3: "Se possui temas atuais que tratem dos valores, a linguagem que facilite o entendimento, as ilustrações e que possua ficha de leitura". Ao lermos as entrevistas vimos professores de língua materna que não possuem uma formação específica na área de Letras e infelizmente vemos professores que não estão sintonizados com as mudanças do ensino da língua materna, e principalmente quando falamos da escolha do seu material que é utilizado para uma melhor adequação do conteúdo trabalhado em sala de aula o qual resulta no processo de ensino e aprendizagem, encontramos professores que desconhecem conceitos adotados tanto pelos PCNs quanto pelo PNLD que servem como guia do professor para escolha do seu material, ou seja, para uma melhor visão de escolha do seu material e de como trabalhar os conteúdos em sala. De acordo com o PCN de Língua Portuguesa tem por alguns objetivos gerais: Esses são alguns objetivos dos PCN?s de Língua Portuguesa do Ensino Fundamental II que é do 6º ao 9º ano, com relação aos conteúdos que devem ser ensinados aos discentes os PCN?s vão além e ressaltam determinados objetivos somente terão êxito caso os conteúdos didáticos tenham um tratamento específico, ou seja, que deverá existir uma relação estreita sobre o que deve ser ensinado e como deve ser ensinado.  Conhecer e respeitar as diferentes variedades lingüísticas do português falado;  Compreender os textos orais e escritos com os quais se defrontam em diferentes situações de participação social, interpretando-os corretamente e inferindo na produção de quem os produz;  Conhecer e analisar criticamente os usos da língua como veículo de valores e preconceitos de classe, credo, gênero ou etnia.  Utilizar diferentes registros, inclusive os mais formais da variedade lingüística valorizada socialmente, sabendo adequá-los às circunstâncias da situação comunicativa de que participam.  Valer?se da linguagem para melhor qualidade de suas relações pessoais, sendo capazes de expressar seus sentimentos, experiências, ideias e opiniões, bem como de acolher, interpretar e considerar os dos outros, contrapondo-os quando necessário. (BRASIL, 2002, p.33) 24 Se o desejo do docente é que o aluno tenha uma atitude crítica em relação a sua própria produção de texto, o conteúdo ensinado deverá ter como procedimentos de revisão dos textos que produzem. Considerar o conhecimento prévio dos alunos é um princípio didático para todo professor que pretende ensinar procedimentos de revisão quando o objetivo vai além da qualidade da produção, a atitude crítica do próprio texto. Desse modo encontramos os critérios de conteúdos de língua portuguesa em termos de USO REFLEXÃO USO, os PCN?s também fazem uma definição sobre o eixo didático, que seria a linha geral de tratamento dos conteúdos, assim caracteriza um movimento metodológico de: AÇÂO REFLEXÃO AÇÂO, em se pretende que, progressivamente a reflexão seja incorporada às atividades lingüísticas do discente de tal forma que ele se torne capaz de monitorá-los com eficácia. Ao pretender que o discente construa conhecimento, entra em questão à natureza didática, nesse sentido a intervenção pedagógica do professor se torna decisivo no processo da aprendizagem, por isso, faz-se necessário uma avaliação sistemática, sobre se sua intervenção está adequada para os objetivos de aprendizagem que se deseja alcançar. O docente de Língua Portuguesa também tem como papel fundamental não só ensinar conteúdos, mas também ensinar o valor da língua. Hoje vemos uma ascensão dos linguístas sobre a valorização do uso da língua falada sendo utilizada como conteúdo de Língua Portuguesa em sala de aula, não como objeto de estudo sobre qual a maneira mais eficiente do uso da língua, mas levando em consideração o próprio jeito do aluno de se comunicar oralmente em sala, tanto com seus colegas, quanto com o seu professor. 25 3. A VISÃO DO DISCENTE SOBRE O LIVRO DIDÁTICO DE LÍNGUA PORTUGUESA DO 6º ANO Apesar da discussão a respeito do LD no ensino de Língua Portuguesa nas escolas, raramente se procurou saber como os discentes percebem essa questão. Assim, foi necessária a verificação do que mais chama sua atenção nas aulas, o que acontece durante as aulas, se percebem a importância que o docente dá à leitura, enfim, se identificam um projeto de ensino de língua em sua escola. As entrevistas foram realizadas com três turmas do 6º ano cada turma contendo 30 alunos e com docentes diferentes de Língua Portuguesa, ou seja, para cada 6º ano um docente, vamos classificar-los de docente A, docente B e docente C de uma escola pertencente à rede particular do ensino do Recife. As aulas de Língua Portuguesa dos três docentes foram observadas durante 3 semanas, como eles ministravam suas aulas e se estavam de acordo com a proposta dos PCNs de Língua Portuguesa para o Ensino Fundamental II, essa observação da aula se fez necessária para compreender as respostas que os discentes dariam ao serem questionados sobre a aula daquela determinada matéria. Quando os discentes são questionados acerca das atividades as quais o docente dá mais ênfase nas aulas, apareceram, nas respostas dos discentes das três turmas, diferentes conteúdos gramaticais, como "sujeito e predicado", "adjunto adnominal e complemento nominal", "acentuação", "vozes verbais", "classificação de frases" entre outros. A produção textual também foi citada em uma quantidade significativa de respostas apenas entre os alunos da professora A, mesmo assim, os conteúdos voltados à explicitação gramatical e à noção de português "correto" estavam bastantes presentes. Descrições como "a gramática, a escrita certa das palavras" e "o estudo das palavras, como são compostas e como são pronunciadas corretamente" apareceram nas respostas de 19 dentre os 30 alunos dessa turma. Essa centralização da aula de português em aspectos gramaticais é ainda confirmada nas respostas à questão 6, em que os alunos deveriam indicar quais as atividades propostas nas aulas de português que consideram mais fáceis e quais consideram mais difíceis. Aqui iremos verificar se os discentes nas aulas de Língua portuguesa se sentiam desafiados e também se o mito de que "a Língua portuguesa é muito difícil" está presente em suas concepções sobre o estudo da língua materna. 26 Os discentes do docente B, que haviam citado majoritariamente conteúdos gramaticais na ênfase dada nas aulas de Língua portuguesa pelo docente, agruparam esses conteúdos entre difíceis e fáceis, demonstrando suas preferências por um ou outro aspecto da gramática: "Os que eu acho fáceis são: classificação quanto as vogais, acentuação gráfica e substantivos. A que eu acho difícil é vozes verbais."Já outro grupo da turma respondeu "Difíceis: verbos e os modos que são feitos. Fáceis: nenhum é fácil porque são todos complicados." Além de conteúdos gramaticais, também fora citado à interpretação de texto como uma das ênfases dadas pelos docentes nas aulas, incluíram a interpretação para os discentes, atividades de interpretação de textos estão entre os conteúdos mais fáceis, apesar de predominar a indicação de conteúdos essencialmente gramaticais: "Fáceis: interpretação de texto e os mais difíceis classificar as frases." "Paroxítona e oxítona é difícil, eu acho mais fácil os de interpretar textos." Disseram alguns discentes. Um dado bastante curioso é que a maior parte dos discentes do docente C (20 dentre 30) afirmou considerar "fáceis" todas as atividades da aula de Língua portuguesa. Poderíamos presumir que esse dado revela um ótimo desempenho do docente na condução das tarefas em sala de aula, uma vez que, dentre as atividades propostas, nenhuma é considerada de difícil realização pelos discentes. A observação das aulas desse professor, no entanto, revelou algo que não parece ir nessa direção, porque quando o professor propôs uma atividade de oralidade que seria um debate proposto pelo docente nem o mesmo soube conduzir, então observamos o despreparo até mesmo do docente em não conseguir trabalhar um gênero um pouco diferente do que propõe o livro, esse fato somente ocorreu por que no LD não tinha essa atividade proposta. Com relação a outras perguntas que foram feitas "você gosta de estudar LP, por quê? E a outra foi: "Qual a importância de estudar LP? Dos 90 discentes que participaram da entrevista apenas 20 responderam afirmativamente ao primeiro questionamento, quanto ao segundo questionamento a maioria respondeu afirmativamente em torno de 83 alunos. Com essas respostas fica evidente que os discentes reconhecem a importância de estudar LP, mesmo que muitos não gostem de estudá-la. As razões pelas quais os alunos repudiam a língua materna é a de que existem muitas regras, ou por não gostar de gramática, mesmo assim eles dizem que será importante para o seu futuro na hora em que forem inseridos no mercado de trabalho. Quando foi questionado sobre o seu LDLP o que eles acham do livro o que é bom e o que é ruim as respostas foram quase que unânime, "o texto é grande de demais e muitas vezes desinteressante", a parte de produção de textos "é mais ou menos, às vezes tem atividades 27 boas e as vezes não", "a gramática é mais ou menos, ou seja não muito boa, pois eu não gosto muito de gramática responderam alguns alunos por considerá-la difícil e chata". Assim definiram o livro de Língua Portuguesa usado por eles. Depois foi perguntado de como eles gostariam que a aula de língua portuguesa fosse: alguns disseram que queriam aulas mais dinâmicas, com menos regras gramaticais mais de acordo com a realidade deles, ou seja, que os textos trabalhados fossem mais interessantes e menos cansativos para serem lidos. Enquanto outro grupo de discentes respondeu que deveria continuar do jeito que está e não necessitava de nenhuma mudança. Aqui vemos discentes divididos se é cobrado mudança no modo de ensinar, porém muitos discentes não estão preparados para essa mudança ou não querem que ela ocorra devido à acomodação de ter sido transformado em depósito de conhecimento. Após se perguntou sobre como anda sua leitura, dos 90 alunos ficou divido em 25 gostam de ler e leem por prazer e os outros não leem, somente fazem a leitura na escola, no seu LD, mas quando chega em casa não gosta de ler e nem procura, seu contato com a leitura fora o LD é o paradidático que são obrigados a lerem, porque eles ganham uma bonificação na matéria de LP, com a resposta de uma ficha de leitura que vem junto do seu paradidático. Enquanto outros alunos leem e muito, pois, tem seu momento com Crepúsculo¹ que é uma obra densa, mas que eles acham prazerosa até aqueles que se julgavam não gostarem de ler afirmavam que estavam ou já tinham lido o livro citado é necessário rever o que é considerado interessante ou não para o aluno na hora da escolha do paradidático, para que não acabe afastando ainda mais o discente da leitura. 28 4. A AVALIAÇÃO DO LIVRO DIDÁTICO Nesse capítulo serão avaliados três livros de autores diferentes destinados a alunos do 6º ano. A avaliação do livro didático será feita obedecendo aos critérios do PNLD e dos autores estudados desde então para a composição desse trabalho, em que será feita uma síntese sobre o seu conteúdo. Os três livros analisados serão avaliados através dos tópicos abaixo: 1. Síntese do livro avaliado; 2. Quadro esquemático da Obra de acordo com o PNLD; 3. Análise do Livro; 4. Utilização do Livro em Sala de Aula 4.1 Avaliação do Livro I Livro analisado: Português ? Leitura, Produção, Gramática Autora: Leila Lauar Sarmento Série: 6º ano. A autora é licenciada e pós-graduada em Língua Portuguesa pela Universidade Federal de Minas Gerais, também é Professora e Coordenadora de Língua Portuguesa do Sistema de Ensino Arquidiocesano, Belo Horizonte - MG A coletânea de textos que possui esta obra pode ser considerada de suma importância como um instrumento para o desenvolvimento da reflexão crítica acerca de questões éticas e sócio-culturais. Por outro lado a proposta de produção escrita tem por prioridade o trabalho com a estrutura do gênero explorado, causando uma contribuição mínima para a elaboração do conteúdo por parte do discente, tendo em vista que muitas vezes o texto solicitado não aborda a mesma temática dos textos de leitura do capítulo. 29 Enquanto que com relação à linguagem oral não se pode considerar a obra como sistemática, encontrando-se mais atividades de oralização, como por exemplo, a leitura em voz alta, o jogral entre outras atividades que não aguçam o desejo de aprender dos alunos, e que desmerecem as suas raízes de fala, porque ninguém fala em forma de jogral. O trabalho com os conhecimentos considerados lingüísticos dá ênfase à morfossintaxe e é pouco contextualizado. A obra é descrita da seguinte maneira: O livro se encontra organizado em quatro unidades, com dois capítulos cada. Nela encontramos uma estrutura dos capítulos que é apresentada do seguinte modo: um texto o qual denominamos de texto visual na abertura de cada unidade, que segue pela exploração relativa á imagem; possui entre três ou quatro textos para leitura, entre outros que seguem para a introdução da seção de gramática, no livro encontramos também a proposta tanto para textos orais quanto para textos escritos. Na seção denominada Oficina de produção tem a exposição de conceitos gramaticais, voltados para a morfossintaxe. A exploração de vocabulário está inserida na seção A escrita em foco, na qual são abordadas, ortografia e palavras homônimas e parônimas, existe ainda no capítulo sobre a temática trabalhada a sugestão de pesquisa. Quando chegamos ao final de cada unidade existem sugestões de livros, filmes e sites para consulta pelos discentes. QUADRO ESQUEMÁTICO DA OBRA DE ACORDO COM O PNLD Pontos Positivos: é encontrada em sua coletânea de textos, a contribuição para que se discuta temas e valores relativos ao trabalho, à cultura, à ética e ao meio ambiente. Ponto Fraco: Foi detectado nas atividades que exigem produção de textos escritos, a ausência de objetivo, suporte e muito menos contexto de circulação. Destaque: O trabalho com textos não verbais, que acabam colaborando para o desenvolvimento da sensibilidade estética e as atividades de leituras. Adequação ao tempo escolar: dois capítulos por bimestre. 30 Ao analisarmos o livro foi percebido que sua proposta teórica ? metodológica desta coleção tem uma transitividade entre uma orientação considerada predominantemente transmissiva nas atividades que denominamos de atividades gramaticais e nas de produção de textos enquanto a outra orientação tem destaque nas atividades de leituras ás quais são consideradas reflexivas ? construtivas. No campo de trabalho com a oralidade, o livro aposta no que é denominado de "aprender fazendo", porque apenas é solicitada aos discentes a produção de alguns gêneros considerados orais, sem uma orientação quanto às características desse gênero. Já quanto à estrutura do manual do livro do docente este vem com respostas das atividades do livro do discente, abaixo de cada questão, contendo ainda sugestões de respostas para aquelas perguntas, definidas como pessoais. No manual é apresentado bases teórico-metodológicas da proposta pedagógica, e ainda sugere livros teóricos de referência sobre o ensino da língua materna, o que acarreta na contribuição para a formação continuada do docente. É falho, no que se refere à proposta de avaliação, porque não possui critérios para subsidiar o trabalho de avaliação do docente ou de auto ? avaliação por parte do discente. Contudo, um dos destaques da obra pode-se considerar que é a coletânea de texto a qual possui, pois é contemporânea, contendo informações, contextos e linguagens pertinentes e adequados à faixa etária dos discentes ao qual se destina. O principal critério para a seleção dos textos parece ter sido, portanto, seu significado social, histórico e estético-cultural. A promoção, a partir dos textos indicados para leitura, da discussão de temas e valores relativos à ética, à cultura, ao meio ambiente e ao trabalho é considerada o ponto forte do livro, fazendo com que o encaminhamento dado as discussões dos temas trabalhados o discente se posicione, criticamente, frente às temáticas abordadas. As atividades de leitura são feitas através da contextualização e a antecipação, isto é, o discente é levado à reflexão sobre o tema a ser discutido e, em alguns casos sobre certas características do gênero em estudo, o Manual do Professor: As respostas das atividades vêm depois de cada proposta e também apresenta as bases teórico-metodológicas da proposta pedagógica da coleção. Fonte: PNLD, 2008, pág. 65. 31 que estimula o posicionamento crítico e um maior envolvimento do aluno. Essas atividades fazem com que haja uma proporção com distintas estratégias cognitivas de leitura, como a localização, a comparação de informações, a ativação de conhecimentos prévios e a inferência de significados, o que tem contribuição para a formação de um leitor. Quando entramos no campo de atividades de produção de textos orais e escritos nem com as de gramática, organizando-se, quase que exclusivamente, em função do eixo temático da unidade, nesse aspecto o livro deixa a desejar, pois ele não consegue implantar em seu conteúdo a valorização que possui a linguagem oral, sendo assim fere aos PCN?s que dão auxílio de como se podem fazer atividades de competência a valorização da linguagem oral. Na seção que especificamente trata o uso do vocabulário tende a explorar os sinônimos de palavras retiradas do texto, que acaba direcionando a questão para que haja um trabalho reflexivo e contextualizado sobre o uso da linguagem. Enquanto o trabalho no campo de conhecimento linguístico é, em sua maioria considerada descontextualizado e excessivamente apegada à tradição, com descrições consideradas exaustivas de tópicos gramaticais que fazem referência a gramática tradicional, e prescrições relativas ao que denominamos de norma padrão. São raras as oportunidades de reflexão sobre o uso da língua, que somente acontece em algumas atividades da seção Linguagem e Interação. O volume do 6º ano tem como principais assuntos a morfologia, apresentando a pontuação, assim como a acentuação gráfica e classes de palavras. O uso desse material é relevante para o docente, o qual existe uma procura nos textos de leitura, para o desenvolvimento de suas estratégias didáticas de ensino, porque é a partir dele é possível ampliar algumas das atividades que se encontram sugeridas no livro do discente. Além de possuir, como já foi visto anteriormente, dicas de sites, livros e filmes na seção Favoritos de cada unidade. Claro que para que o docente consiga desenvolver atividades diferenciadas se faz necessário que na escola possua equipamentos como DVD, som, computadores, entre outros. Quanto ao tratamento dos tópicos gramaticais, o livro pressupõe a priorização de um ensino mais descritivo-normativo dos conteúdos, no entanto se a aspiração do docente é um estudo mais contextualizado, é necessária a procura por outras referências para que se produza o material desejado. No âmbito das propostas de produção de textos demandam do docente um tratamento complementar, principalmente quando há uma referência às condições de produção, de destinatário, do suporte, de indicação do ambiente de circulação do texto. 32 É necessário que na condução das atividades de leitura, seja desempenhada o aproveitamento das oportunidades que o livro oferece de exploração da sensibilidade estética do discente, principalmente na abordagem de textos não-verbais. 4.2 Avaliação do livro II Livro analisado: Português Linguagens Autores. Thereza Cochar Magalhães e William Roberto Cereja Editora: Atual Editora Série: 6º ano. Thereza Cochar Magalhães é professora graduada em Português e Francês, licenciada pela FFCL de Araraquara, SP mestra em estudos literários pela UNESP de Araraquara, SP e professora da rede pública de ensino de Araraquara. William Roberto Cereja é professor graduado em Português e Linguística, licenciado em Português pela Universidade de São Paulo, mestre em teoria da literária pela a Universidade de São Paulo, Doutor em Linguística Aplicada e Análise do Discurso na PUC-SP , também é professor da rede particular de ensino de São Paulo. O livro elege os gêneros como objetos de ensino e os vincula à realização de projetos temáticos. Deste modo, desenvolve uma proposta de ensino construtivo em leitura, produção escrita e análise lingüística, criando possibilidades aos alunos apropriarem-se das características temáticas, estruturais e estilísticas dos gêneros em estudo. No item de gramática, a obra adota uma postura tradicional dos conteúdos, voltada para a exposição de conceitos e classificações e a prescrição de normas de uso. Já com o trabalho da oralidade contempla a produção de alguns gêneros adequados para situações públicas e formais, cujas características são abordadas de forma transmissiva. QUADRO ESQUEMÁTICO DA OBRA DE ACORDO COM O PNLD 33 A obra se divide em quatro unidades temáticas, as são subdivididas em três capítulos. Ao final de cada unidade, um capítulo especial, denominado Intervalo, o qual orienta a realização de projetos coletivos. O livro deve ser encaminhado à adequação das atividades ao calendário escolar, pré vendo a culminância do projeto para o final de cada bimestre letivo e indicando o número de aulas a ser gastas com os capítulos e com as unidades. As seções que compõem os capítulos não têm presença nem ordem fixa: Estudo do texto (volta-se para a compreensão, interpretação e discussão do texto e para a análise de sua linguagem); Produção de texto (trabalha o gênero a ser produzido por escrito ou oralmente); Para escrever com expressividade (analisa recursos de linguagem do gênero em estudo); Para escrever com adequação (propõe regras da variedade padrão); Para escrever com coerência e coesão (focaliza aspectos textuais do gênero a ser produzido); A língua em foco (expõe conteúdos gramaticais); Divirta-se (oferece jogos, curiosidades, tirinhas e charges.). Ao analisarmos o livro, percebemos que ele privilegia uma metodologia de ensino-aprendizagem reflexiva a qual dá ênfase para o uso da língua em todos os componentes, todavia adota uma postura transmissiva no tratamento de alguns gêneros orais e dos conteúdos gramaticais. O foco do trabalho são os gêneros, abordados em seus aspectos temáticos, estruturais, funcionais, discursivos e linguísticos. As atividades de leitura permeiam toda a obra, com diferentes finalidades desenvolver as estratégias cognitivas de compreensão, caracterizar um gênero explorar o funcionamento Pontos Positivos: Leitura, produção textual escrita e coletânea Ponto Fraco: Tratamento dos conteúdos morfossintáticos, que destoa do restante da proposta. Destaque: Os projetos coletivos propostos no capítulo Intervalo, que articulam atividades de leitura e produção textual. Adequação ao tempo escolar: Um projeto temático por bimestre. Manual do Professor: Traz fundamentação teórica, objetivos das propostas e sugestões de avaliação. As respostas vêm junto das atividades; outras orientações vêm no apêndice destinado ao professor. Fonte: PNLD, 2008, p.145 34 de determinados recursos linguísticos na construção de sentidos do texto. Dá-se especial atenção às capacidades de compreensão das imagens, de análise das relações entre linguagem verbal e não-verbal, e de comparação entre textos de mesma temática e de diferentes linguagens, como textos escritos e filmes. No que diz respeito às propostas de produção textual possibilitam a aprendizagem de diferentes gêneros e a circulação, no ambiente escolar, dos textos produzidos em sala, ao final de cada bimestre. Trabalha-se desde o planejamento do texto até a revisão sistemática e a reescrita, passando pela coleta de informações e pela elaboração de versões prévias. As propostas são antecedidas de atividades que levam o aluno a construir conceitos sobre os gêneros em questão, a partir da análise e da reflexão sobre suas características, seu propósito comunicativo e sua esfera de uso. O livro representa a diversidade de gêneros presente em nossa sociedade, contemplando esferas de circulação variadas. A abordagem dada aos temas busca mostrar diversidade de pontos de vista e contribuir para a formação da cidadania, bem como para o encaminhamento de sequências didáticas que favorecem a construção de uma visão crítica da realidade. Além disso, nos capítulos Intervalo, vamos encontrar informações que orientam a realização de projetos coletivos, são sugeridas diversas fontes de pesquisa (livros, sites, filmes). No entanto, a coleção não dispensa o mesmo cuidado à seleção de literários. Estão presentes clássicos da literatura universal, mas grande parte é de fragmentos ou adaptações, nem sempre devidamente contextualizados, seria uma falha do livro. O tratamento didático dado aos textos literários não é homogêneo. De um lado, a maioria das atividades não reconhece as especificidades da esfera literária, pois toma os textos como pretexto para exercícios gramaticais. De outro lado, a abordagem dada à literatura nas atividades de compreensão colabora com a formação do leitor, pois explora o caráter ficcional, a verossimilhança e os recursos estéticos dos gêneros estudados, especialmente da crônica e da poesia. Na obra também se encontra o projeto gráfico editorial o qual apresenta um visual colorido e agradável, repleto de fotografias, de pinturas em tela e imagens de filmes, que se articula com os textos dos livros, além de boxes informativos que aprofundam o conhecimento sobre o conteúdo trabalhado. Em sala de aula podemos utilizar o livro organizado a partir de projetos temáticos, os quais situam as suas atividades escolares como práticas concretas de letramento. O docente deve, contudo, estar atento ao fato de que nem todos os projetos são desenvolvidos com a 35 mesma profundidade, pois suas temáticas nem sempre correspondem aos temas explorados nas atividades de leitura e/ou produção das unidades. Todavia, o livro permite um excelente trabalho no âmbito da produção de textos, além de apresentar boxes informativos que auxiliam o professor a definir os critérios de correção textual. Ressalte-se, entretanto, que as atividades de produção exigem, na maioria dos casos, a intermediação do professor, devido à variedade de propostas temáticas e à linguagem, nem sempre acessíveis ao discente. Para a realização das exposições propostas pelos projetos requer do docente autonomia para conduzir as atividades, escolhendo-as, complementado-as e adequando-as conforme seus objetivos e realidade escolar. Para a realização dos projetos, o professor deverá dispor de espaço e de recursos como o acervo da Biblioteca Escolar, uma videoteca e equipamentos como DVD, além da possibilidade de acesso à Internet. É possível ainda que precise explorar contextos extra-escolares como visitas a museus, feiras, galerias e organizações não-governamentais. Quanto à análise comparativa das modalidades oral e escrita da língua, a compreensão de textos orais e um trabalho mais consistente com textos literários vão requerer do docente o desenvolvimento de atividades complementares, para que o mesmo obtenha êxito em suas propostas com esses gêneros. 4.3 Avaliação do livro III Livro analisado: Português - Uma Proposta para o Letramento Autora: Magda Soares Editora: Moderna Série: 6º ano. A autora é Doutora em Educação, possui graduação em Letras Neolatinas pela Universidade Federal de Minas Gerais e doutorado em Didática pela Universidade Federal de Minas Gerais. Atualmente é membro da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação, membro de comitê assessor do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, consulta da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível 36 Superior, conselheira da Communitee Economique Europeen, professora titular da Universidade Federal de Minas Gerais, da Universidade Federal de Minas Gerais, tem experiência na área de Educação, com ênfase em Ensino-Aprendizagem. O seu livro tem como ponto forte a boa articulação dos componentes de ensino: o trabalho com leitura e conhecimentos linguísticos converge para a produção de textos orais e escritos. No seu livro encontraremos textos de variados gêneros, com temas de interesse dos adolescentes e características gráficas dos suportes originais. No que tange atividades de leitura e as propostas de discussão de temáticas sociais investem de maneira consistente na formação dos alunos como leitores e como cidadãos críticos e participativos. A obra opta pela gramática em uso e apresenta atividades de reflexão sobre a língua e suas variações, visando ao desenvolvimento das capacidades lingüísticas e reflexivas do discente. QUADRO ESQUEMÁTICO DA OBRA DE ACORDO COM O PNLD Fonte: PNLD, 2008, p. 69 Pontos Positivos: Boa articulação entre leitura, estudo dos gêneros, reflexão lingüística e produção de textos orais e escritos. Coletânea textual e tematização das unidades. Ponto Fraco: Orientações para revisão e reelaboração dos textos escritos dirigidas mais ao professor do que aos alunos. Destaque: A língua é trabalhada como prática social de interação. As propostas contextualizam as atividades de ensino em situações de uso, com finalidades específicas, interlocutores reais e textos de circulação no meio social. Orientações, passo a passo, para a condução das atividades, no Manual do Professor. Adequação ao tempo escolar: uma por bimestre letivo. Manual do Professor: Reproduz o Livro do Aluno acrescentando comentários sobre os objetivos das atividades e orientações às margens das páginas. Ao final de cada volume, um anexo explica os fundamentos teóricos da coleção, sugere leituras sobre cada tópico e lista livros e sites de interesse do docente. 37 O livro é composto de quatro unidades organizadas por tema, de acordo com a faixa etária da série do discente, com questões relativas à fase de transição para a puberdade, até a adolescência, com temas mais gerais. Ao final de cada unidade, há sugestões de leitura. As atividades são organizadas são organizadas por áreas: I. Leitura, Preparação para a Leitura, Leitura Oral, Leitura Silenciosa, Interpretação Oral e Interpretação Escrita; II. Linguagem Oral: foco nos usos da linguagem e nas relações entre a modalidade oral e escrita; III. Língua Oral-Língua Escrita: comparação entre as duas modalidades de uso da língua, com indicações sobre como escrever o que se fala, nos aspectos fonológicos, discursivos e lingüísticos segundo os gêneros em estudo; IV. Vocabulário: identificação do significado das palavras e ampliação do repertório lexical dos alunos com sinônimos, prefixos, palavras do latim, glossário, gírias, palavras estrangeiras e verbetes de dicionário; V. Reflexão sobre a Língua: análise e exercícios sobre o emprego de diferentes classes de palavra e de estruturas sintáticas, a partir de seu uso nos textos lidos, reflexões sobre a variação linguística; VI. Produção de Texto: discussões e orientação de procedimentos de escrita para o tipo e gênero do texto a ser produzido, individualmente ou em grupo, dentro do tema e do gênero estudados na unidade. A análise do livro é feita a partir do seu projeto pedagógico da coleção é claro: trabalhar a língua como instrumento de interlocução, como prática social de interação, com propostas que contextualizam as atividades de ensino em situações de uso, com finalidades específicas, interlocutores reais e textos de circulação no meio social. A obra assume o letramento como finalidade principal do ensino da língua: o aluno deve não apenas saber ler e escrever, mas ser proficiente no uso social da língua, falando ou escrevendo. Com essa finalidade o livro foi composto para promover a qualidade da leitura, com grande quantidade de textos de gêneros variados: poemas, anúncios, crônicas, fábulas, contos, entrevistas, provérbios, cartas, bilhetes, verbetes, legislação, editoriais, listas, avisos, músicas, cartazes, buscando representar o mundo social e cultural do aluno com temas de seu interesse e questões sociais. Os textos são autênticos e integrais, em sua maioria. Além de textos verbais, há os que se compõem de imagem e texto verbal: cópias de capas de livros e de artigos de jornais e revistas, fotos, ilustrações, histórias em quadrinhos, gráficos, cartazes, murais, mapas e tabelas. As suas unidades são organizadas por tema que articulam as atividades de leitura, produção de textos orais e escritos, e reflexão lingüística. A seqüência dos textos busca variar a tipologia, garantindo a intertextualidade e a progressão nas propostas. 38 As atividades de leitura visam promover a formação do aluno para compreensão e interpretação de gêneros diversos, de diversas áreas da atividade humana, que usam diversas linguagens (pinturas, desenhos, fotografias, etc.), proporcionando-lhe, portanto, diversos tipos de letramento. Para isso, as seções Preparação para a Leitura e Interpretação Oral apresentam e discutem o contexto de produção: autor, público-alvo, assunto, época, local, suporte original e objetivo. As seções Interpretação Oral e Escrita, exploram aspectos semânticos e discursivos do texto. Propõem questões que levam à compreensão global, à comparação e articulação de informações, à elaboração de inferências quanto a elementos e inter-relações implícitas e quanto ao emprego do vocabulário. Propõem também análises e discussões sobre as relações entre os recursos usados nos textos e sua função, seus objetivos, seu meio de circulação, os efeitos de sentido buscados, as marcas do posicionamento do autor, a relação do texto em foco com outros textos. No âmbito das atividades de compreensão de textos orais permeiam todas as etapas de cada unidade. Há seções de leitura oral pelo professor e pelos alunos em debates e apresentações dos resultados da produção escrita. Há propostas de representação de textos dialogados, de leitura compartilhada e de debates sobre os pontos de vista de autores e questões levantadas pelos textos. Nas apresentações de trabalho em grupo, são indicados padrões de comportamento, como falar em vez de ler, ouvir o colega, pedir a palavra. Há orientações para o professor sobre como conduzir os debates e garantir conclusões isentas. Já os conhecimentos linguísticos são o foco da seção Reflexão sobre a Língua, com atividades de conscientização lingüística, que propõem observação, análise e uso de estruturas morfológicas e sintáticas (substantivos, adjetivos, verbos, conjunções, estruturas frasais, relações semânticas entre orações, frases e partes do texto), além de reflexões sobre a variação lingüística (os diferentes falares, os usos indicativos de maior ou menor formalidade, as relações oralidade-escrita, etc.). Além da seção específica, os conhecimentos lingüísticos são trabalhados em seções destinadas ao exame dos recursos usados nos textos lidos e ao estudo do vocabulário, nas quais podem aparecer questões relativas à ortografia e à pontuação. Um dos pontos positivo da obra é o tratamento da gramática, pois a obra opta pela reflexão sobre a língua em uso, voltando-se para observação e análise do sistema lingüístico e de seu funcionamento. Não apresenta, portanto, o estudo tradicional da gramática, não pede aos alunos identificação e classificação de formas e estruturas. A morfologia e a sintaxe são contempladas em um trabalho consistente de reflexão lingüística voltado para o domínio das variedades da língua, entre elas a padrão. 39 As propostas de produção de textos decorrem do trabalho com a leitura: as discussões sobre o tema, o gênero e os recursos lingüísticos abordados na unidade orientam procedimentos de escrita para o texto a ser produzido individualmente ou em grupo. As condições de produção são sempre indicadas, de modo que os alunos saibam com que função utilizará a escrita em cada atividade, para que e para quem vão escrever, em que situação seu texto será lido. O manual do Professor propõe que os textos dos discentes sejam avaliados sob três perspectivas: I) a da interação discursiva; II) a do nível de textualidade; III) a da utilização dos padrões ortográficos e morfossintáticos da escrita. Nem sempre essas três perspectivas estão disponíveis de modo claro para os alunos, muitas vezes elas ficam a cargo da intervenção do professor, na avaliação coletiva, que recebe orientações e sugestões no Manual, que é considerado de fácil compreensão, trazendo, em todos os volumes, orientações específicas sobre as atividades. São apresentados os fundamentos gerais da coleção, acrescidos de esclarecimentos sobre sua organização, os objetivos das seções e sugestões bibliográficas. O que é atraente para o discente é o projeto editorial em seu tratamento visual. Ilustrações e imagens mantêm relação com os textos e atividades, estimulando a leitura e promovendo a intertextualidade. Os recursos editoriais facilitam a percepção da estrutura das unidades e seções, a progressão das atividades e a retomada de tópicos para análise. Para seu trabalho em sala de aula o docente encontrará nesta obra uma boa coletânea de textos, com temáticas e questões de interesse dos pré-adolescentes e adolescentes e uma proposta de ensino consistente, cuja principal qualidade é a articulação dos quatro componentes (leitura, produção escrita, oralidade e reflexão lingüística) com o objetivo de promover e ampliar o grau de letramento dos alunos. O Manual do Professor orienta, passo a passo, o trabalho, apresentando explicações, comentários e sugestões ao lado das propostas dirigidas ao aluno. No que se refere à avaliação dos textos produzidos pelos alunos, o docente deverá ler com atenção as recomendações expostas no encarte destinado especialmente ao professor. Isso facilitará a formulação de propostas e a realização de atividades que levem o aluno a adquirir autonomia para revisar e reescrever os próprios textos. A coleção opta pela reflexão sobre a língua em uso. Os estudos semânticos (significado e sentido) e gramaticais (morfologia e sintaxe), bem como as convenções da escrita (ortografia, pontuação), são abordados nessa perspectiva. O professor que sentir falta da sistematização tradicional, deverá buscar meios de acrescentá-la à proposta da coleção. 40 Portanto de acordo com as três obras analisadas percebemos que todas possuem seus pontos fortes como também possuem os seus pontos fracos, dentre elas a obra que está mais atualizada com a gramática contextualizada é a da autora Magda Soares essa é considerada a que está adequada aos moldes da nova "Língua Portuguesa", ou seja, está adequada ao que se pede ao ensino da Língua Portuguesa hoje, que a sua gramática esteja contextualizada para que se facilite a aprendizagem do aluno, mas como foi visto anteriormente não existe livro completamente ruim, esse contexto vai depender unicamente do docente. 41 CONCLUSÃO Para que se obtenha uma formação completa do educando é necessário que haja uma interação entre pais, escola, professores, diretores e comunidade, porque não é somente papel do professor formar cidadãos responsáveis e conscientes. Contudo, o educador tem muita importância na construção da formação do seu educando, pois o trabalho que ele irá desenvolver terá contribuição ou não para a formação de discentes com perfil cidadão, sabe-se que boa parte desta tarefa é desenvolvida através das escolhas que são proporcionadas em sala de aula, entre elas a de adotar ou utilizar o livro didático, que de início seria uma decisão simples, transforma-se em um grande compromisso. Percebemos que diante dos pressupostos mencionados, ainda é frequente a discussão sobre o papel do livro didático em sala de aula, sobre sua contribuição, visto que ele ainda é muito valorizado pela classe docente, não desmerecendo seu valor, pois o mesmo tem também um papel importante na construção da aula do professor. Através das entrevistas percebemos a supervalorização do livro didático, revogando do professor a sua função de mediador dentro do processo de ensino aprendizagem, a ineficiência mostrada fica a critério do que podemos considerar o mau uso que o docente faz do material, porque, Logo, vemos que está ao alcance dos educadores algo que vai além do que classificaríamos como decisões didático-pedagógicas, mas transforma-se em uma decisão política. Na escolha do livro didático o que se vem observando é a tentativa de acertar na busca pelo um livro "perfeito", que esteja de acordo com as mudanças que a língua vem sofrendo, também essas mudanças são encontradas na produção do livro didático. Em suma, corroborando com Coracini (1999) o livro o livro didático é parte do docente, este, continua controlando o conteúdo e a forma, então, tornar o livro eficiente ou não vai depender unicamente do docente, pois este é o único responsável pela sua utilização. A prática pedagógica do ensino da língua materna, a qual deverá ser entendida como uma prática política será realmente libertadora quando extrapolar os limites da comunicação, do discurso pedagógico oficial e privilegiar a busca da informação contra a alienação. (SENNA, 2001, p. 55). 42 Logo o livro didático tem assumido uma importância fundamental no apoio didático ao professor, desse modo o docente vê o L.D como recurso único e fundamental para ser utilizado em sala de aula, contudo o docente sabe que é o único responsável fazer com que o mesmo L. D que ele o considera "fraco" se torne um instrumento positivo em suas aulas. Assim, o livro didático não deve ser o único meio de preparação para as aulas. O objetivo principal desse trabalho monográfico á a análise do L. D e modo de como o docente o emprega em sala de aula e qual o seu valor para o docente, como os docentes avaliam o L.D na sua escolha o que eles fazem para administrar tantos os pontos positivos quanto os pontos negativos. Um dos pontos também que encontramos nesse trabalho foi sobre o conhecimento do PNLD se eles os docentes conhecem e se levam em consideração as avaliações feitas pelo o órgão quando vão escolher o L. D. Um capítulo importante que encontramos foi à visão do discente sobre o livro e sobre as aulas de Língua Portuguesa, aqui pode ser descoberto o porquê das aulas de português muitas vezes serem consideradas chatas e cansativas em conjunto com o L. D, vimos alunos que gostam de ler até quando foi citado o livro Crepúsculo que é uma obra densa mais que pode ser considerada uma febre entre os adolescentes e pré-adolescentes. Isto se deve ao fato de eles acharem a sua leitura prazerosa. Quanto ao uso da gramática em sala de aula os assuntos foram considerados alguns como fáceis e outros como difíceis, vimos também que um docente "ganhou" mais pontos de acordo com os alunos no sentido de ministrar suas aulas, o seu erro foi não saber fugir um pouco das atividades propostas pelo L. D, como no caso de atividade com oralidade o docente ficou perdido em conduzir a sua aula como foi mencionado no capítulo 3 detalhadamente. Neste mesmo capítulo podemos observar como eles também acham a matéria de Língua Portuguesa importante para o seu futuro profissional. A minha proposta é que os professores de Língua Portuguesa ao entrarem numa sala de aula observem seus alunos não os tratado como meros objetos de ensino ou deposito de conhecimento é necessário o ensino de gramática, mas vinculado a interpretação que ao analisarem o livro pesquisem sobre o autor e vejam se realmente esse livro vai fazer com que ele atinja um determinado objetivo. 43 REFERÊNCIAS BATISTA, A. A. G. A avaliação dos livros didáticos: para entender o programa nacional do livro didático (PNLD). In: ROJO, R.; BATISTA, A. A. G. Livro didático de língua portuguesa, letramento e cultura da escrita. São Paulo: Mercado de Letras, 2003.p.25-68. ______,Livro didático de língua portuguesa, letramento e cultura da escrita. Campinas, SP: Mercado de Letras, 2003. BATISTA & ROJO, Roxane. Livros Escolares No Brasil: A Produção Científica. BH Ceale. 2005. BORGES, C. M. F. O professor da educação básica e seus saberes profissionais. Araraquara: JM, 2004. BRASIL, LDBE 5.692/71 Disponível Acessado em janeiro de 2010. BRASIL Guia Didático PNLD 2008: Língua Portuguesa/Ministério da Educação. Brasília: MEC, 2007. BRASIL, Secretária de Educação e cultura. Brasília: MEC, Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa, 2002, p. 33-46. CEREJA, William Roberto e MAGALHÃES, Thereza Cochar. Português Linguagens. 3ª edição reformulada, São Paulo: Atual, 2006. CORACINI, Maria José. (Org.) 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Livros didáticos de língua portuguesa: letramento, inclusão e cidadania. Belo horizonte: Ceale/Autêntica, 2005. (Coleção Linguagem e Educação). NEVES, Maria Helena de Moura. A gramática história, teoria e análise, ensino. São Paulo: UNESP, 2002. SALZANO, Josefa Tapia. Significação do Texto. 2001. Disponível em: SARMENTO, Leila Laluar, Português ? Leitura, Produção, Gramática. São Paulo: Moderna, 6º ano, 2007. SENNA, Odenildo. Palavra, poder e ensino da língua. Manaus: Valer, 2001. SILVA, E. T. Da. Criticidade e leitura: ensaios. Campinas, SP: Mercado de Letras: Associação de Leitura do Brasil (ALB), 1998. SOARES, Magda. Português - Uma Proposta para o Letramento. Moderna. São Paulo, 2008. TARDIF, M. Saberes docentes e formação profissional. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002. TARDIF, M.; LESSARD C. O trabalho docente: elementos para uma teoria da docência como profissão de interações humanas. Tradução de João Batista Kreuch. 3. Petrópolis, RJ: Vozes, 2007. WITZEL, Denize Gabriel, Identidade e livro didático: Movimentos Identitários do Professor de Língua Portuguesa. Maringá, PR 2002. P 17. Disponível em Acessado em Março 2010. 45 ANEXO QUESTIONÁRIO UTILIZADO NA PESQUISA 1. Você gosta de estudar Português? Por quê? 2. Você acha importante estudar Português? Por quê? 3. Você utiliza o que aprende na aula de Português quando está fora da sala de aula? 4. A que tipo de conteúdo seu professor dá mais ênfase nas aulas de português? 5. Você acha importante estudar gramática? Por quê? 6. Quais conteúdos desta disciplina são mais fáceis? E os mais difíceis? 7. Como você gostaria que fosse uma aula de Português? 8. Você gosta de ler? O que você prefere ler? 9. Qual o livro que você mais gostou de ler? 10. Qual foi o último que você leu? Esses livros foram indicados pela escola?