A Escola sob o contexto atual
Por ALESSANDRO VICELI | 26/08/2010 | EducaçãoA ESCOLA SOB O CONTEXTO ATUAL
ALESSANDRO VICELI
GUAPIRAMA - PR
1 A ESCOLA
A escola é uma importante instituição humana, cuja função é de preparar o indivíduo para viver na sociedade. É por meio da escola que são transmitidos valores culturais, morais e sociais.
Aos poucos a criança deixa de imitar os adultos e passa a absorver estes valores transmitidos pela escola, aumentando assim a sua autonomia frente ao seu grupo social. A escola é uma criação do homem, mas de início as crianças acompanhavam as atividades dos adultos como: caça, coleta, plantio e criação de instrumentos de trabalho. Aos poucos elas interiorizavam estes ensinamentos que eram transmitidos por qualquer pessoa que pertencia ao grupo. Esta forma de educação é conhecida como difusa.
Na Idade Média, a educação se tornou um produto da escola. Frequentar a escola era um privilégio apenas para os nobres e posteriormente para os burgueses. Nesta época o conteúdo ensinado era de cunho cultural e religioso.
Com as revoluções do século 19, a escola também passou por grandes transformações. Com o processo de industrialização, houve uma mudança significava na instituição chamada família. Esta, não deu mais conta de preparar os seus filhos para o mundo do trabalho, uma vez que anteriormente o trabalho era feito em casa e posteriormente passou a ser realizado nas fábricas. Através disso a escola acabou se transformando em uma instituição especializada em preparar a demanda de mão-de-obra para as industrias que estavam se desenvolvendo.
Um outro fator que fez com que a escola se universalizasse, foi a luta das classes trabalhadoras pelo direito de ter seus filhos frequentando esta instituição e absorvendo todo o conhecimento por ela transmitido. Então devido a esta pressão do proletariado, que a escola acabou abrindo as suas portas para a sociedade, se tornando assim universal.
2 PROBLEMAS DA ESCOLA
2.1 Clausura escolar
As teorias pedagógicas tratam a escola como uma instituição isolada da sociedade, e isto se torna um grande problema. A escola que tem a função de mediação, acaba assumindo o papel de protetora do indivíduo contra a sociedade.
De forma ilusória, as teorias pedagógicas acreditam que é possível preparar uma criança para viver na sociedade, sem que a mesma esteja em contato com este mundo exterior. Cria-se com isso conceitos e conhecimentos que estão totalmente fora da realidade do aluno. Enfim, a escola ergue enormes barreiras para evitar que o cotidiano da sociedade penetre no ambiente escolar. Este fato é conhecido como clausura escolar.
Vale destacar que esta clausura não impede que a realidade social entre na escola. A realidade se infiltra no ambiente escolar através dos livros, valores ensinados e atividades desenvolvidas. Contudo, este distanciamento escola/sociedade, compromete e muito os conhecimentos transmitidos, fazendo com que aquilo que é ensinado, esteja sem ligação alguma com o cotidiano do aluno. Isto gera graves consequências como: desinteresse por parte dos alunos e surgimento de indivíduos passivos, que não têm a capacidade de questionar algo que julga por si estar errado.
2.2 Saber é um instrumento básico na escola
O problema na escola é como conceder a lida com o saber. Um assunto tão simples pode virar um problema. A função da escola, é tornar um indivíduo, em um transmissor de conhecimento, para que as pessoas possam cumprir funções sociais, importantes na sociedade, onde mais conhecimento pode gerar um sucesso profissional.
Um indivíduo, tem que ocupar um lugar na sociedade, mas ocupar com o esforço adquirido, para que ele possa exercer essas funções. Um outro problema, está relacionado com o ensinar respostas sem que o aluno tenha feito a pergunta, ou estimular as perguntas e menosprezar a importância de se obter a resposta.
Na atualidade são usados vários recursos para estimular o aluno a fazer perguntas sobre variados assuntos. O importante é perguntar. A escola deve ensinar e estimular os alunos não só a perguntar, mas também a valorizar as respostas. Saber é perguntar, saber é conhecer as respostas. Esta instituição deve saber articular estas duas atividades.
3 A ESCOLA COMO MEIO QUE PREPARA PARA A VIDA
Nas teorias pedagógicas e no cotidiano escolar, a escola também é definida como um meio que prepara a vida. Na verdade, a escola, como instituição social, estabelece um vínculo ambíguo com a sociedade.
Acredita que "cultivar" o indivíduo, é estar lhe ensinando uma cultura acumulada pela humanidade, onde através disso, ele conseguirá desenvolver o seu melhor. No entanto, é tarefa da escola zelar pelo desenvolvimento da sociedade e, para isso precisa criar indivíduos capazes de produzir riquezas, de criar, inventar, inovar, transformar. Perante esse desafio, a escola não pode ficar presa ao passado, à tradição. Esta brecha abre a possibilidade para o surgimento de uma escola crítica e inovadora.
É preciso ter clareza desta ambiguidade da escola no trabalho educacional, pois esta ambiguidade ao mesmo tempo nos coloca a necessidade de estarmos presos a realidade social e de sermos críticos e inovadores. A vida escolar deve estar articulada com a vida social.
A importância das brincadeiras, ao riso, ao lúdico, na sala de aula pode desenvolver melhor o trabalho pedagógico com os alunos, mantendo a autoridade, é uma possibilidade do aluno ser feliz na escola.
A realidade da vida no cotidiano é preciso ser apresentada na escola, para ampliar o conhecimento que temos do mundo, para uma possibilidade de transformação, de uma vida melhor.
Acordos sociais tem sido infiltradas nas escolas, para melhor relação entre professor e alunos, ou seja, as regras. Na verdade as regras não podem ser ensinadas como verdades absolutas. Os professores tem que saber ordenar, punir os alunos cabe escutar e obedecer.
A educação para crianças e jovens de classe média e alta tem sida uma continuidade de suas vidas, como viajar, conhecer lugares, outras línguas, um conhecimento muito amplo, enquanto as crianças pobres são "evadidas" da escola, pois as dificuldades, fracassos, reprovação que acaba os afastando da escola. Ignorar as
Mas se a escola é tão ruim assim, por que mantê-la? Nos anos 60, autores como Ivan Illich, Bourdieu e Passeron pregaram o fim da escola. Alegavam ser tal instituição um aparelho ideológico do estado com a finalidade de reproduzir a mão de obra submissa e a ideologia dominante. Hoje, há argumentos convincentes para mantermos a credibilidade da escola e enveredarmos esforços para transfoma- la.
A escola constitui um importante local de troca, de obtenção de informação e de aprendizado da investigação. É na escola que formulamos grande parte das respostas e das perguntas necessárias á compreensão de nossas vidas, é o espaço no qual podemos adquirir a idéia do tempo histórico e da transformação que a humanidade produziu. Na escola podemos aprender que nem todas as pessoas pensam e agem da mesma forma. A escola precisa ser transformada e a busca por tal transformação constitui um desafio que não pode ser confundido com a defesa do fim desta instituição.
Valores básicos da sociedade capitalista, como liberdade individual, autonomia, criatividade e capacidade de tomar decisões, exigirão da escola uma abertura em seu conservadorismo e autoritarismo.
Segundo argumento: entendemos a escola como uma das varias instituições existentes na sociedade. Portanto, ela não pode ser considerada a única responsável pela criação da mão de obra submissa e pela produção dos valores dominantes. A escola participa desse jogo social, mas as transformações sociais ocorrem de forma mais ampla, abrangendo outras instituições sociais, como a família, os meios de comunicações de massa, o congresso nacional e as leis. Os educadores progressistas reivindicam para a escola o direito de participar deste jogo social e contribuir para transformação da sociedade.
Terceiro e último argumento: necessitamos da escola que, como já dissemos, faz a medição entre as crianças e os modelos sociais. A escola pode e deve ensiná-los de maneira crítica. Deve ensinar as crianças às crianças a historicidade dos modelos e como eles foram se modificando no tempo, conforme os homens foram transformando suas formas de vida e suas necessidades.
Como você pôde perceber, se por um lado a escola apresenta problemas - não são poucos! -, por outro lado não faltam propostas para solucioná-las.
Colocamos, como estimulo para debate, algumas considerações:
A escola precisa ser articulada com a vida.
O conhecimento acumulado pela humanidade não é intocável, ou seja, deve estar sempre se renovando e se reconstituindo. Afinal, fazemos parte da humanidade que produz conhecimento, o qual deve ser aprendido como respostas as perguntas feitas pelos homens no momento em que o produziam. Que perguntas os homens já se fizeram? A que perguntas os conhecimentos que estamos aprendendo hoje respondem?
Quais são as principais regras que conduzem nossos comportamentos? Que modelos nossa sociedade valoriza e nos ensina? Por que tais modelos e regras? É importante perceber as regras e como formas que os homens encontram de melhorar a convivência. Elas são necessárias, o que não nos impede de compreender a que necessidades sociais procuram atender.
Alunos e professores devem ser parceiros no dialogo com o conhecimento. Precisamos ver o trabalho escolar com um dialogo com conhecimento já acumulado. Dialogar é perguntar, ousar respostas, tentar compreender por que algo é assim e não de outro modo. É preciso dialogar com conhecimento mediado pelo professor, que deve ser visto como parceiro no processo educacional.
Escola para quê? É importante trabalhar esta pergunta. Não é preciso encontrar uma resposta, mas "ensaiar" encontrá-la. O mesmo procedimento deve ser adotado a cada conteúdo introduzido. Para que este conhecimento? Deve-se ressaltar aqui que nem todos os conhecimentos têm aplicação imediata. São úteis porque desenvolvem a possibilidade da reflexão e aumenta nossa compreensão sobre a realidade que nos cerca.
Nossa ultima consideração: a realidade que nos cerca, esta sim, é a finalidade da escola. Todo o trabalho dessa instituição social está e deve estar voltado para a realidade, da qual buscamos melhorar nossa compreensão para transformá-la permanentemente. Os homens criaram a escola com essa finalidade, aperfeiçoaram-na para isso e sucatearam-na para impedir a compreensão e a transformação da realidade. Cabe retomar a finalidade primeira da escola.
4 RELAÇÃO DO ALUNO E PROFESSORES
Hoje o Professor e o aluno, devem ter uma relação de respeito mútuo, pois isto é a base para um bom ensino. Um sempre precisará do outro, criando assim um laço de educação onde haja sempre o diálogo.
Se o aluno já vem com uma vontade de aprender, ao longo do tempo o professor e o aluno podem progredir, tendo um laço afetivo e é claro sempre com limites. Com um bom diálogo e comunicação, o educador e o educando podem progredir bastante neste processo de ensino aprendizagem.
ESQUEMA DE DIÁLOGO E COMUNICAÇÃO.
A = Professor B = Aluno
A com B = Comunicação
( )
B com A = Intercomunicação
( )
Interação de respeito entre os pólos, em busca de algo (aprendizagem).
5 ENSINO PÚBLICO X ENSINO PRIVADO
Segundo a autora Adriana Flávia de Oliveira Lima, em ambas as redes de ensino não há o domínio dos conteúdos na formulação dos instrumentos de avaliação e também não se têm o conhecimento dos processos de desenvolvimento das estruturas cognitivas das crianças e adolescentes. Para a autora, sob este ponto de vista, não há diferenças sobre as características de ambas as redes de ensino.
Mas se há a mudança de ponto de vista, se dirigindo sobre o aluno, a referida autora sita algumas diferenças com relação a estes dois ensinos:
alguns conteúdos dependem da origem social do aluno. Um exemplo é que na rede privada o conteúdo de ciências refere-se a conceitos sobre o universo, espaço e tempo, já na rede pública dá se ênfase a uma visão de higiene e saúde, uma intenção de assepsia das classes populares percebidas como sujas.
Na rede pública não há um aprofundamento nos conteúdos, tudo é visto de maneira bastante reduzida, há um nítido enxugamento da matéria. Diferente do ensino privado que se aprofunda nos conteúdos dados.
O domínio da escrita é sem sombra de dúvidas dos alunos da rede privada. Estes sabem como se redige um texto, expressando-se muito bem. Já os alunos da escola pública não conseguem elaborar uma frase que tenha coerência textual.
6 CONCLUSÃO
Concluímos que a escola é uma instituição criada pelo homem, onde esta tem a função de preparar a criança para viver em sociedade. Esta instituição também serve para treinar a futura mão-de-obra a ser empregada nos vários seguimentos da economia capitalista. No contexto histórico, a escola no decorrer do tempo, teve de passar por várias transformações para se adequar ao modelo de sociedade vigente.
Observamos através das bibliografias pesquisadas que, a escola tenta criar uma certa barreira para com o cotidiano da sociedade, onde isto muitas vezes, interfere nos conteúdos transmitidos para os alunos. De maneira errônea, acha-se que a clausura escolar irá ajudar no desenvolvimento do aluno, mas isso causa um desinteresse do aluno para com a instituição escola, resultando em insatisfação, repetência e evasão.
Por fim, vimos a opinião da autora Adriana Flávia de Oliveira Lima, que demonstra de forma bastante convincente, as diferenças entre o Ensino Público e o Privado, onde o principal eixo de desequilíbrio é o aluno.
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. História da educação e da pedagogia: geral e Brasil. São Paulo: Moderna, 2006.
BOCK, Ana Macês Bahia. Psicologias: uma introdução ao estudo de psicologia. São Paulo: Saraiva, 2002.
CAMBI, Franco. História da pedagogia ; tradução de Álvaro Lorencini. São Paulo: Unesp, 1999.
LIMA, Adriana de Oliveira. Avaliação escolar: julgamento ou construção? - Petrópolis, RJ: Vozes, 1994.