A ELEGÂNCIA DA CLARICE LISPECTOR NA LITERATURA BRASILEIRA

Por Gilvan Dias Soares | 02/11/2016 | Literatura

RESUMO,

Com o grande encanto literário e seus grandes escritores, Clarice Lispector se destacou e concatenou esse período literário que foi o modernismo. Uma breve análise do processo criativo de Clarice Lispector, dando ênfase a alguns aspectos metafísicos presentes em sua vida, mostrar que em sua carreira profissional houve um divisor de águas, onde retratou seu lado mulher e seu lado profissional. Contudo a grande escritora teve que se desempenhar para aderir seu lado mulher dona de casa e seu lado mulher profissional, conciliando tudo. Durante sua carreira profissional muitos foram os motivos para que a sociedade em geral tivesse orgulho de ter como escritora a Clarice Lispector, uma mulher de garra e fibra, pois soube trabalhar seu lado brasileiro para conquistar a todos, mesmo com diferentes meios de vida e de estilo, mas essa grande autora soube se valorizar e se aderir à nova escola literária, o modernismo. Este artigo retrata sobre a vida de Clarice, sobre o fluxo de sua carreira, sobre seu lado emocional, uma escrita hermética e autorreflexiva, no plano da narrativa, sem efeitos colocando em cena sua impotência de escrita.

1 INTRODUÇÃO

Entre os meados de 11 de fevereiro aos 17 dias do ano de 1922, no Brasil se destaca mais uma escola literária, a escola que chegou pra fazer um marco na literatura brasileira. Ela que começou com a semana de arte moderna, onde pode se destacar vários escritos e com ele formas diversificadas de escrita. Pois a nova tendência foi quebrar o concreto e diversificar as novas palavras e com isso a nova estrutura de poemas que tinham suas formas exatas.
Essa nova escola que vai se iniciando e progredindo com uma nova marca, um registro de que a literatura realmente deu uma avançada e com ela novos formatos.
Essa literatura foi uma época onde marcou a liberdade de estilo, e com isso tinha uma aproximação da linguagem escrita com a linguagem falada, no inicio não foi fácil por que a sociedade em si não tinha uma nova visão de como seria essa escola literária, mas com o tempo tudo foi se ajeitando e tomando seu rumo.
Pensando em tudo isso, me advém classificar a literatura e seu gênero junto com Jobim (1987), onde esclarece esse fato e descreve, dizendo que:
A classificação da Literatura em gêneros, como toda classificação, é feita a partir de determinados critérios ou pontos de referência. Como na atualidade geralmente se admitem duas classificações para gêneros literários, isto significa que podem ser tomadas dois critérios distintos como base para a determinação de gênero a que pertence uma obra (JOBIM, 1987, p. 21).
Ao longo dessa nova escola literária, o modernismo que iniciou em 1922 foi dividido em três fases, mostrando e diferenciando cada uma delas, a primeira fase foi concretizada por ser mais radical e fortemente oposta a tudo que foi anterior, cheia de irreverência e escândalo, a segunda já foi mais amena, onde formaram grandes romancistas e poetas, a terceira fase seria a Pós - Modernista, como era conhecida por muitos autores, fizeram ao longo dessa escola um vai e vem, pois alguns autores se opunham de certo modo a primeira fase e com isso ridicularizava a escola em si, onde tinha ate um apelido de neoparnasianismo.
Diante de tanta diferença, a nova escola veio como um salto ao ar livre com vaias generalizadas e nesse aspecto Andrade (1974), retrata e descreve:
Mas como tive coragem pra dizer versos diante duma vaia tão bulhenta que eu não escutava no palco o que Paulo Prado me gritava da primeira fila das poltronas?...
Como pude fazer uma conferência sobre artes plásticas, na escadaria do Teatro, cercado de anônimos que me caçoavam e ofendiam a valer...
(ANDRADE, 1974, p. 231-255).
Durante essa fase do Modernismo, houve vários históricos e alguns deles foram: o início do século XX; o apogeu da Belle Époque. O burguês comportado, tranquilo, contando seu lucro. Capitalismo monetário. Industrialização e o Neocolonialismo.
Em outro momento teve a abolição de todas as regras, onde o passado é responsável. O passado, sem perfil, impessoal, ou seja, a eliminação do passado.
Vale ressaltar sobre a Arte Moderna. Inquietação. Nada de modelos a seguir.
Recomeçar. Rever. Reeducar. Chocar. Buscar o novo: multiplicidade e velocidade, originalidade e incompreensão, autenticidade e novidade. E por fim a Vanguarda - estar á frente, repudiar o passado e sua arte. Abaixo o padrão cultural vigente.
Esses acontecimentos são importantes por que caracteriza uma nova escola e com ela seus atropelos durante sua passagem pelo ramo da literatura.
Dentre autores, escritores, poetas, romancistas vale ressaltar que no âmbito poético, surgiram uma geração de poetas que se concentraram às conquistas e inovações dos modernistas de 22. O maior passo dado, ou seja, a nova proposta foi defendida, inicialmente, pela revista Orfeu (1947). Assim, negando a liberdade formal, as ironias, as sátiras e outras brincadeiras modernistas, por que os poetas da geração 45 buscaram uma poesia mais equilibrada e séria.
Nesse assunto Cândido e Castello (1972), descreveram que:
Os poetas tiveram safra a princípio mais compacta e brilhante, constituindo a ala viva da "geração de 45", que tem em comum o desejo de renovar a forma poética, tratando-a por vezes com um apreço formalista que levou a falar em neoparnasianismo. Tanto mais quanto adotaram frequentemente, em relação aos modernistas, uma atitude polêmica de negação, mesmo quanto lhes deviam como herança (CÂNDIDO; CASTELLO, 1972, p. 31).
A prosa tanto no romance quanto nos contos busca uma literatura intimista, de sondagem psicológica, introspectiva, com destaque para Clarice Lispector, onde a mesma abandona quase que completamente a noção de trama e detém - se no registro de incidentes do cotidiano ou no mergulho para dentro dos personagens.
Clarice Lispector é uma das autoras da terceira fase da geração 45, com uma das principais expressões da ficção brasileira, uma mulher que desde cedo já começa a fazer sucesso, sua primeira obra foi Perto do coração selvagem quando tinha seus 17 anos de idade, com essa obra fez com que a crítica estabelecesse novos critérios de avaliação, ou seja, a estrutura de seus textos subverte a estrutura de gêneros tradicionais narrativos.
Nesse mesmo pensamento a própria escritora Lispector (1992), adverte:
(...) basta eu saber que estou escrevendo para jornal, isto é, para algo aberto facilmente por todo mundo, e não para um livro, que só é aberto por quem realmente quer, para que, sem mesmo sentir, o modo de escrever se transforme (LISPECTOR, 1992, p. 112).
Quando se fala de obras Clariceanas, observa-se que a autora sempre quebra a sequência: começo, meio e fim, nos textos nota se a ausência de ordem cronológica.
Em seus trabalhos encontra se constantemente a figura de linguagem entre elas a metáfora, antítese, paradoxos, símbolos e sonoridade. Se falando em Clarice Lispector e observando seu fluxo de consciência mostra se que é mais radical que a introspecção psicológica, onde procura desvendar o universo mental da personagem de forma linear, com espaços determinados e com marcadores temporais nítidos, ou seja, esse fluxo quebra os limites de espaço - temporais que tornam a obra verossímil. Por meio disso, presente e passado, realidade e desejo se misturam, os vários planos narrativos se cruzam sem preocupação com a lógica ou com a ordem narrativa.
Quando se esmiúça escritos das obras Clariceanas nota se que entre os descritos se encontra: conflito de consciência, uma literatura intimista, um mergulho no mundo mental e sentimental das personagens, sondando lhes os pensamentos, sensações e fantasias, com tudo isso observa - se que Clarice Lispector teve uma enorme participação no âmbito literário modernista.
Sobre todos esses assuntos Cândido (1970), ressalta que:
É dessa maneira que Clarice Lispector procura situar o seu romance. O seu ritmo é um ritmo de procura, de penetração que permite uma tensão psicológica poucas vezes alcançada em nossa literatura contemporânea.
Os vocábulos são obrigados a perder o seu sentido corrente, para se amoldarem as necessidades de uma expressão sutil e tensa, de tal modo que a língua adquire o mesmo caráter dramático que o entrecho (CÂNDIDO, 1970, p. 129).
Com os elementos citados anteriormente, justifica-se que Clarice Lispector fez um grande papel na literatura Brasileira, levando em conta sua vida particular, ou seja, sua vida de mulher, esposa e mãe, e ao mesmo tempo uma escritora cheia de vigor e de energia, onde pode desenvolver grandes trabalhos e conciliar com a vida intima.
Para Lispector escrever é viver e com isso a autora de cujas obras magníficas iamse desenvolvendo e a população foi conhecendo a escritora e suas obras, com isso, seus escritos foram se destacando e ganhando um publico alvo, ou seja, muitas pessoas já iam a livrarias especificamente para comprar seus livros.

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