A EDUCAÇÃO NA SOCIEDADE DO FUTURO
Por marcos soares da silva | 27/07/2010 | EducaçãoA EDUCAÇÃO NA SOCIEDADE DO FUTURO
Marcos Soares da Silva
Pós-Graduado em Docência Universitária pelo Centro Universitário Adventista de São Paulo, UNASP-EC.
Graduado em Teologia na Universidade Adventista de São Paulo, UNASP/SP.
Resumo: Este artigo descreve a educação no futuro da sociedade. Portanto, foi pesquisado sobre a influência do mercado no sistema educacional, numa perspectiva capitalista, observando a dinâmica do ensino no Brasil e analisando as perspectivas do futuro na educação, a questão crucial que gira em torno do futuro da educação e a falta de credibilidade de um ensino obscuro, escasso de tecnologia nas escolas. Por fim, com alguns problemas como a falta de interesse dos próprios professores, descrença da sociedade no nível educacional no Brasil, tecnologia não muito avançada e a ausência de uma equipe interdisciplinar qualificada e, portanto, analisar como o ensino no Brasil e a critica da relação entre a escola e os sistemas estão caminhando em direção opostas. A pesquisa se caracterizou enquanto qualitativa a partir de pesquisa bibliográfica.
Palavras- chave: Educação; Futuro; Educador.
Abstract: This paper makes description of education in the future of the society. So it has been investigate on the market influence in the educational system in a capitalist perspective, observing the dynamic of teaching in Brazil and analyzing future perspectives in education, the crucial issue that revolves around the future of education and lack of credibility of an ambiguous teaching due to insufficient technology in schools. Finally, some problems such as the miss of dedication by the teachers , faithlessness by the society in the Brazilian educational level; lack of new technologies and the absence of an interdisciplinary team skills, and, therefore, to examine how teaching in Brazil and the critical relationship between the school and school systems are moving in the opposite direction. The research has been characterized as long as qualitative from bibliography investigation.
Key words: Education, Future, Educator.
Introdução
Compreendemos que com o passar do tempo a educação será cada vez mais importante para a mudança na sociedade. Alguns educadores têm a consciência de que o objetivo da educação é a formação de educandos livres, autônomos e participantes da vida social, logo, cidadãos responsáveis.
Diante disso, a educação na escola é necessária, pois, se considerarmos o aluno sujeito de direitos, de conhecimentos e aprendizagem, o professor poderá tornar-se um elo importante na construção do desenvolvimento pleno do indivíduo.
O grande problema da educação brasileira, é que caso algum mandatário tente fazer investimentos, o retorno só acontece a longo prazo e eles precisam de resultados nas próximas eleições, então negligenciam a educação para investirem em obras que darão visibilidade imediata, ou quando fazem um projeto para a educação, é algo mirabolante, que enche os olhos, mas não traz resultados. Além disso, há professores que estão atuando e não possuem base para ministrar aulas e outros que ainda não têm curso superior.
Todos sabem que as questões da educação no Brasil, não podem ser resolvidas de imediato, pois é uma situação complexa e necessita de medidas preventivas porque se o aluno tiver uma base educacional sólida, sempre que galgar um degrau em sua vida escolar terá mais confiança em si mesmo. Então para que essas medidas sejam colocadas em práticas contamos com a colaboração do governo, investindo ainda mais no sistema educacional do nosso país.
O educador do futuro é considerado como um mediador do conhecimento, porém para se praticar uma pedagogia de qualidade é necessária priorizar o desenvolvimento humano e o respeito às diferenças, percebendo o quanto o educador é responsável pela formação do individuo, juntamente com a sociedade em que vivem.
Finalmente esclarece como a relação entre educação, economia, mercado e processo produtivo refletem as contradições que são próprias do modelo hegemônico de produção do capital. A educação busca responder satisfatoriamente as necessidades e exigências do mercado do processo produtivo vigente e conseqüentemente, do modo de produção dominante.
Breve histórico da educação no Brasil
A história da educação no Brasil começou em 1549 com a chegada dos primeiros padres jesuítas, inaugurando uma fase que haveria de deixar marcas profundas na cultura e civilização do país. Movidos por intenso sentimento religioso de propagação da fé cristã, durante mais de 200 anos, os jesuítas foram praticamente os únicos educadores do Brasil. Com base em Arcanjo e Hanashiro (2010, p. 27):
Em março de 1549 chega ao Brasil Tomé de Souza com seis padres jesuítas, chefiados pelo padre Manoel de Nóbrega. Aqui o começou o Período que foi até 1759. Os jesuítas fundaram a primeira escola elementar (ensino básico) na cidade de Salvador. Durante todo o Período chegaram inúmeros jesuítas, construindo e formando várias escolas de instrução elementar e colégios; afinal, a educação não era direcionada somente para os índios, mas também para as crianças da terra, sendo elas brasileiras ou portuguesas, pois a religião oficial de Portugal era a católica, e esta deveria prevalecer entre os colonos, pois havia a proibição de outras seitas.
Embora tivessem fundado inúmeras escolas de ler, contar e escrever, a prioridade dos jesuítas foi sempre a escola secundária, grau do ensino onde eles organizaram uma rede de colégios reconhecida por sua qualidade, alguns dos quais chegaram mesmo a oferecer modalidades de estudos equivalentes ao nível superior.
Em 1759, os jesuítas foram expulsos de Portugal e de suas colônias, abrindo um enorme vazio que não foi preenchido nas décadas seguintes. Segundo os autores (2010, p. 35):
O Período Pombalino deu início em meados de 1759 e foi até meados de 1808. Esse nome originou-se quando Marquês de Pombal (Ministro de D. José I) expulsou os jesuítas do Brasil, fechando seus colégios. E expulsão dos jesuítas se deu porque não era tolerada nenhuma interferência à autoridade real. Anteriormente já haviam sido retirado deles o controle dos aldeamentos para serem entregues aos civis. A partir desse momento, Pombal fez uma reforma na educação, substituindo o sistema jesuítico. Essa reforma tinha como objetivo modernizar o reino, suas colônias e principalmente fortalecer o Estado, combatendo todos aqueles que desafiavam a nobreza e os jesuítas.
As medidas tomadas pelo ministro D. José I, o Marquês de Pombal, sobretudo a instituição do Subsídio Literário, imposto criado para financiar o ensino primário, não surtiu nenhum efeito. Ainda para os autores (2010, pp. 36-37):
Os professores, geralmente não tinham preparação para a função, já que eram improvisados e mal pagos. Eram nomeados por indicação ou sob concordância do bispo e se tornavam "proprietários" vitalícios de suas aulas régias. Além do mais, eram mal pagos, pois foi instituído o "subsídio literário", em 1772, para manutenção dos ensinos primários e médio, que era uma taxação ou um imposto, que inicia sobre carne verde, o vinho, o vinagre e a aguardente. Nunca foi cobrado com regularidade e os professores ficavam longos períodos sem receber vencimentos à espera de uma solução de Portugal.
Só no início do século seguinte, em 1808, com a mudança da sede do Reino de Portugal e a vinda da família Real para o Brasil-Colônia, a educação e a cultura tomaram um novo impulso, com o surgimento de instituições culturais e científicas, de ensino técnico e dos primeiros cursos superiores, como os de medicina nos estados do Rio de Janeiro e da Bahia. De acordo com Arcanjo e Hanashiro (2010, pp. 41-42):
O Período Joanino foi de 1808 a 1822. Esse nome originou-se pela vinda de D. João VI ao Brasil com a família Real. Com isso foi necessário separar os valores culturais e estimular a população a obedecer ao novo governo. Para suprir algumas de suas necessidades D. João abriu Academias Militares, Escolas de Direito e Medicina, a Biblioteca Real, o Jardim Botânico e, sua iniciativa mais marcante em termos de mudança, a Imprensa Régia. Na Bahia foi criado o curso de cirurgia, que se instalou no Hospital Militar e os recursos de Anatomia, no ano seguinte, o de medicina, todos visando atender a formação de médico e cirurgiões para o Exército e a Marinha.
Todavia, a obra educacional de D. João VI, importante em muitos aspectos, voltou-se para as necessidades imediatas da corte portuguesa no Brasil. As aulas e cursos criados, em diversos setores, tiveram o objetivo de preencher demandas de formação profissional. Esta característica haveria de ter uma enorme influência na evolução da educação superior brasileira. Acrescenta-se, ainda, que a política educacional de D. João VI, na medida em que procurou, de modo geral, concentrar-se nas demandas da corte, deu continuidade à marginalização do ensino primário. De acordo com Arcanjo e Hanashiro (2010, pp. 41-42):
Com a chegada de D. João, foi fundada também uma escola de educação, onde se ensinavam as línguas portuguesa e francesa, Retórica, Aritmética, Desenho e Pintura. No decorrer dos anos, foram criados cursos de Agricultura, escolas de serralheiros, oficinas de lima e espingardeiros, cursos de química, cursos de desenho com o objetivo de beneficiar muitos ramos da industria. Foram criadas escolas voltadas para melhorar a qualidade da mão de obra. Escola de Comércio e Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios, esta transformou-se na Real Academia de Pintura, Escultura e Arquitetura Civil e por último para Academia de Artes. Quanto ao primário, continuava sendo uma escola de ler e escrever.
Com a independência do país, conquistada em 1822, algumas mudanças no panorama sócio-político e econômico pareciam esboçar-se, inclusive em termos de política educacional. De fato, na Constituinte de 1823, pela primeira vez se associou apoio universal e educação popular uma como base do outro. Também foi debatida a criação de universidades no Brasil, com várias propostas apresentadas. Como resultado desse movimento de idéias, surgiu o compromisso do Império, na Constituição de 1824, em assegurar "instrução primária e gratuita a todos os cidadãos", confirmado logo depois pela lei de 15 de outubro de 1827, que determinaram à criação de escolas de primeiras letras em todas as cidades, vilas e vilarejos, envolvendo as três instâncias do Poder Público. Teria sido a "Lei Áurea" da educação básica, caso tivesse sido implementada. Ainda de acordo com os autores (2010, p. 47):
O Período Imperial deu inicio em 1822 e foi até 1889 e tem esse nome porque D. João VI voltou para Portugal em 1821 e seu filho D. Pedro I ficou em seu lugar, proclamando a Independência do Brasil em 1822, se tornando Imperador. Em 1824 foi outorgada a primeira Constituição Brasileira, e diz no seu artigo 179 que a instrução primária era gratuita a todos os cidadãos. Era gratuita mas não obrigatória. Naquele tempo o país não era dividido em Estados, e sim em Províncias, cada uma era responsável pela administração do ensino primário e secundário (ensino fundamental de hoje), e pela criação de cursos, escolas e faculdades, assim como seus custos. Em 15 de outubro de 1827, que futuramente se tornou o dia do professor, D. Pedro I decreta a primeira lei geral sobre o Ensino Elementar. Estabelece a criação e extinção de escolas de primeiras letras (atualmente ensino fundamental) em inúmeros lugares do território brasileiro, fixa o salário dos professores, de acordo com o lugar que ele leciona.
Da mesma forma, a idéia de fundação de universidades não prosperou, surgindo em seu lugar os cursos jurídicos em São Paulo e Olinda, em 1827, fortalecendo o sentido profissional e utilitário da política iniciada por D. João VI. Além disso, alguns anos depois da promulgação do Ato Adicional de 1834, delegando às províncias a prerrogativa de legislar sobre a educação primária, comprometeram em definitivo o futuro da educação básica, pois possibilitou que o governo central se afastasse da responsabilidade de assegurar educação elementar para todos. Assim, a ausência de um centro de unidade e ação, indispensável, diante das características de formação cultural e política do país, acabaria por comprometer a política imperial de educação.
A educação atualmente
A educação escolar tem como objetivo repassar conhecimentos segundo uma metodologia de ensino que opta pela fragmentação dos conteúdos e considera ser a retenção do aprendizado o objetivo final da atividade escolar, por mais que se insista em negar esse objetivo. O processo educacional relaciona-se com os fins da educação escolar. Quase todos os educadores têm consciência de que o objetivo da educação é a formação de sujeitos livres, autônomos, felizes e participantes da vida social, logo, cidadãos responsáveis. (PARO, 2002)
A educação na escola é necessária, pois, se considerarmos o aluno sujeito de direitos, de conhecimentos e aprendizagem, o professor poderá tornar-se um elo importante na construção do desenvolvimento pleno do humano. Para isso, além de investimentos em cursos de formação e palestras, e preciso que a escola se reorganize internamente, dando espaço para o professor discutir e trabalhar coletivamente novas propostas de intervenção. O professor deve proporcionar ao aluno mais tempo para aprender e demonstrar o que sabe.
Todos sabem que o problema da educação no Brasil, não pode ser resolvido da noite para o dia é uma situação complexa e necessita de medidas preventivas porque se o aluno tiver uma base sólida no início de sua formação educacional, sempre que galgar um degrau em sua vida escolar terá mais confiança em si mesmo. Então para que essas medidas sejam colocadas em práticas é que contamos com a colaboração do governo, embora que nos últimos anos, tenha havido investimentos e conseqüentemente uma melhoria, que resultou na diminuição do índice de analfabetismo e nos esforços em nivelar o ensino médio e superior, contudo ainda há muito por fazer. Como investir ainda mais nas escolas públicas de ensino médio e superior que necessitam de estruturas adequadas, onde as bibliotecas e laboratórios assegurem aos alunos e a própria comunidade, o direito a informação e a estarem aptas às exigências do mercado de trabalho. Outra providência a ser tomada é o estímulo à pesquisa, para que os pesquisadores tenham condições em permanecerem em seu país. Mas este quadro pode ser mudado através do empenho de todos, porque a porta para a sociedade do conhecimento, só poderá ser aberta pela chave da educação. (PARO, 2002)
A problemática da educação no Brasil
O grande problema da educação, é que caso algum mandatário tente fazer investimentos, o retorno só acontece em longo prazo e eles precisam de resultados nas próximas eleições, então negligenciam a educação para investirem em obras que darão visibilidade imediata, ou quando fazem um projeto para a educação, é algo mirabolante, que enche os olhos, mas não dá resultado.
O programa do livro didático para o Ensino Médio é um exemplo disto, se o presidente tivesse gasto todo o dinheiro que gastou neste projeto em pavimentação de estradas, talvez tivesse ganhado a eleição mais facilmente, e pior quem vai colher os frutos, caso o programa seja bem sucedido será o seu sucessor. (DEMO, 2004)
Menos de 10% dos professores das zonas rurais, que atuam nas séries iniciais do Ensino Fundamental, têm formação superior, contra 38% da área urbana. Os piores índices estão nas zonas Norte e Nordeste do Brasil.
Outra situação que requer definição da política pública é a remuneração do salário dos professores. Os dados do IBGE 1991, citados pelo estudo, dizem que, considerando profissões com nível de formação equivalente, o magistério é aquela que oferece os piores salários. Um professor que atua no nível médio ganha, em média, quase a metade da remuneração de um policial civil e um quarto do que ganha um delegado de polícia.
Faltam bibliotecas, laboratórios de ciência e de informática em grande parte das escolas da rede pública da educação básica. Metade dos professores leciona em escolas sem bibliotecas, quatro em cada cinco atuam em escolas sem laboratório de ciências, e três em cada quatro professores estão em escolas que não possuem laboratório de informática. A ausência de recursos didáticos é diferente entre as regiões, e isso dificulta o aprendizado, e ai acontece a decadência da escolaridade, e vem daí o que dizem que escola pública não presta.
Para Demo (2004, p.105) "Os problemas na educação brasileira, também vêm da política feita, pois a professores que nem se quer, tem curso ou base, para dar aulas, e poucos na maioria estão dando aulas sem si quer ter um curso superior para dar uma aula boa."
Outro problema vem também da carga horária dos professores, pois o professor ganha um salário pequeno, tem que fazer mais turnos para ter um salário para alimentar sua família assim tendo que fazer mais turnos, seus alunos aumentos, assim tendo menos tempo para criar, projetar, aulas melhores e dinâmicas, os professores na maior vez, da aquela aula chata, de dar sono, assim o rendimento da sua aula não é qualitativo. (DEMO, 2004)
Também em algumas das vezes o problema não vem somente dos recursos e dos professores, também vem do interesse dos alunos em aprender. Não adianta quase nada um aluno vir para escola não prestar atenção nas aulas e ainda incomodar, ou levar para um mau caminho, seu colega. Situações como estão resta poucas providencias a serem tomada pelos professores.
Educação e desigualdade de renda
Normalmente, o que se observa no mundo intelectual é uma preocupação incessante a favor de uma melhor eqüidade social em todos os sentidos, tendo em vista que as disparidades sociais estão fundamentalmente avolumando-se em favor da concentração de renda e da acumulação de capital que, cada vez mais torna o pobre mais pobre e o rico mais rico. Esta é a luta mais feroz dos cientistas sociais hodiernos, na busca de soluções práticas aos clamores de uma sociedade que pede clemência e pouco tem contribuído pela melhoria da situação de miséria que já se torna insolúvel aos olhos daqueles que, ao invés de lutar contra este estado de coisas, entregam-se ao poder que tem meta de concentrar e acumular mais, em detrimento da humanidade excluída.
Para Bottomore (1988. p. 450) "a concentração gera desigualdade que está refletida em todos os setores da economia mundial capitalista, como por exemplo: na educação, na distribuição de terra e nos ganhos dos trabalhadores de maneira geral."
O problema das desigualdades sociais vem de muito longe, não se pode medir com precisão o tempo do início dessa questão entre as pessoas que têm alguma coisa, e as outras, que não possuem nada. Na verdade, o problema se acentuou no século XIX quando aconteceu a passagem da "Revolução Mercantilista" para a "Revolução Industrial", onde diversos trabalhadores perderam seus empregos, e outros ficaram na lista de serem os próximos a contribuírem para fortificar o exército industrial de reservas, devido ao aparecimento do progresso tecnológico. Este problema incitou as organizações sindicais a si prepararem com as explorações e espoliações, que o sistema capitalista iria impor àquela classe que se achava ameaçada a viver nos pontos marginais da cidade, e fomentar a prostituição, os roubos e saques como maneira de sobrevivência; pois, do contrário, somente o cemitério seria sua última opção no globo terrestre.
Numa digressão histórica, verifica-se que as concentrações, centralizações e acumulações de capital não são epidemias modernas; porém, na história universal, pode-se observar a vontade dos faraós, dos reis, dos burgueses e de muitos outros, que antes do capitalismo se formar como sistema econômico, outros regimes continham em seu ventre, a filosofia do poderio concentrador. Para alguns historiadores as concentrações e acumulações tiveram origem com a passagem de uma economia paleolítica, onde prevalecia o nomadismo, para uma economia onde os seres humanos começaram a se sedentarizar, quer dizer, começou-se a formação de excedentes na economia; ou como colocam alguns autores, foi quando houve a primeira revolução na terra, isto é, a "Revolução Agrícola". Esta fase, também é chamada de estágio neolítico; pois, é nesta fase quando se começa a trabalhar com a terra propriamente dita, já utilizando alguns instrumentos de trabalho até antes não empregados pelo homem. (MARX, 1984)
A concentração e acumulação de capital têm constituído uma ameaça para a humanidade que vive nos países capitalistas, isto colocado por diversos cientistas sociais que trabalham tentando mostrar os efeitos daninhos do poder do capital sobre os trabalhadores e também sobre os consumidores que, na verdade, são os próprios trabalhadores, isto significa dizer que são esses trabalhadores os são explorados e espoliados duplamente pelos tubarões capitalistas que vivem da miséria dos outros, tanto pelo lado da exploração da mão-de-obra, como pelo lado da guerra comercial, frente aos capitalistas menores, conhecidos como pequenos e micros capitalistas. Como se vê, os produtores ou vendedores marginais, como são chamados os micros e pequenos empresários constituem também o outro alvo de ataque, na evolução do capitalismo multinacional; pois, se assim não fora, o poder de monopólio não sobreviveria por muito tempo e a competição seria o ideal para a humanidade. (MARX, 2002)
É nesta visão de capital monopolista que as desigualdades se avolumam e faz se ampliarem as distâncias entre os homens; todavia, as rendas desiguais são resultantes de injeções e vazamentos desiguais. Nota-se uma grande correlação desta desigualdade com o nível educacional de um povo; porém, observa-se que os grupos de renda mais baixa investem mais em sua própria educação, quando deveria ser o contrário; os grupos de renda mais alta deveriam arcar com esses custos formacionais, e isto não acontece, quer dizer, a rentabilidade definitiva extraindo-se os custos de educação deverá ser, pelo menos, tão alta quanto às dos grupos de alta renda. Nesta premissa levantada anteriormente, surge uma questão interessante, é que, como os grupos de renda mais baixa não podem investir em educação, se não existem condições financeiras para tal finalidade, ao considerar que seus vencimentos, ou salários, muito mal lhes proporcionam a reposição de seu capital humano?
O que se observa no mundo capitalista da atualidade é um total desrespeito ao trabalhador que constitui a maioria do povo de uma nação, que aos cinco anos de idade, em média, já procura uma maneira de sobrevivência, indo diretamente ao trabalho de qualquer maneira, pedindo, roubando, prostituindo-se, ou na melhor das hipóteses, indo ao mercado informal ser engraxate, jardineiro, ou quaisquer serviços deste tipo, para ajudar aos pais, que ganham miseravelmente. Nestas condições, como pagar educação, ou mesmo freqüentar uma escola pública, como investimento futuro, na busca de melhores rendimentos, quando adulto? É impossível que isto possa acontecer nas sociedades terceiro mundo, tendo em vista que até mesmo as escolas públicas que deveriam ser próprias para quem não pudesse pagar, são freqüentadas por pessoas com condições de financiar seus estudos, e os que não têm condições permanecem fora dos bancos escolares. (MARX, 2002)
Nos países desenvolvidos, ou como se chama normalmente, países centrais, em sua maioria, a subvenção à educação está baseada numa regra geral e simples, de que toda pessoa possui igualdade de direito à mesma quantia de subvenção do Estado para um grau e tipo determinados de educação. Isto significa dizer que, a educação deve ser subvencionada e seu custo se fixa involuntariamente das rendas individuais. Esta premissa é verdadeira ao considerar que a educação deve ser pública e gratuita, e para o caso onde a educação é privada, os valores pagos não devem cobrir os custos totais, na hipótese em que o Estado deve financiar a educação, mesmo para aqueles que estudam em colégios ou universidade estritamente privadas; pois, a educação é um dever do Estado e para tanto, a população deve ter o apoio financeiro da União para que se possa adquirir educação e melhorar a produção nacional em todos os níveis. (GRAMSCI, 1978 in BOTTOMORE, 1998. p. 48)
Ao comentar as subvenções implementadas pelo Estado, não é necessário dizer que este tipo de ajuda tem, no melhor dos casos, um efeito neutro sobre as rendas; porém, na realidade, isto não é verdade, é provável que tenha um efeito adverso, porque os grupos de rendimentos elevados tendem a permanecer mais tempo no sistema educativo público que os grupos de rendimentos baixos e recebem, portanto, maiores subvenções públicas. Para esta assertiva, isto pode ser particularmente correto, em muitos países em desenvolvimento, onde a distribuição de oportunidades em educação e de subvenção é muito dispersa, conduzindo benefícios na área da educação, a um grupo minoritário que tem condições e não aqueles que na verdade, precisam. A questão da subvenção educacional é um ponto polêmico, fundamentalmente quando se trata de países capitalistas, onde o poder econômico determina o que o povo quer; pois, a própria educação também vai participar daquela estrutura de exploração direta ao trabalhador que não consegue educação pública.
Como o Estado pode subvencionar a educação num país? É uma pergunta que deve levar em consideração as receitas da nação; pois, os gastos do governo nunca devem ultrapassar as receitas que ele arrecada durante um período orçamentário e, neste sentido, as subvenções devem acompanhar essa arrecadação para que possa proporcionar aos menos favorecidos, educação pelo menos primária e secundária, já que não há condições de se ter uma educação como investimento que faça incrementar a renda nacional. As subvenções públicas deverão ser relacionadas inversamente proporcionais às rendas para equilibrar a mais elevada capacidade de pagamento pela educação que alguns têm em termos de comparação com os outros, quer dizer, o princípio adotado pelos países desenvolvidos deveria ser o ideal; mas, já que este sistema não é possível nos países periféricos, ou subdesenvolvidos, o jeito é o governo subvencionar educação para aqueles de rendas inferiores. (GRAMSCI, 1978 in BOTTOMORE, 1998. p. 49)
Muitos economistas têm lutado por um maior investimento na área de educação, sabendo-se a princípio, que somente um aprimoramento intelectual nas técnicas avançadas de produção, é que fará melhorar a situação de um povo, isto significa dizer, aumentar o bem-estar da população como um todo. Este tipo de raciocínio só será implementado efetivamente, quando se passar pela fase de uma melhor distribuição de renda, tanto de maneira regional como nacional; pois, não adianta concertar uma parte, deixando as demais defeituosas. O que se precisa é uma política de emprego e salário mais equânime, onde todos que queiram trabalhar tenham trabalho; mas, com uma remuneração condigna com o seu desprendimento e de acordo com a realidade nacional para que os ganhos de tais trabalhadores não reponham a sua força de trabalho, e proporcionem um lazer necessário para ajudar na sobrevivência do ser humano-trabalhador. (LESSA, 1998, s/p)
Como se nota, os governos terceiro mundistas não têm dado uma atenção à educação de seu povo, isto porque a estrutura de poder econômico; porque especificamente, os oligopólios multinacionais determinam o tipo de política a ser empreendida em todo o setor de uma nação, elastecendo as desigualdades de renda e deixando a classe trabalhadora sem a educação necessária para o seu intelecto e melhorar a sua produtividade. Somente uma mobilização nacional para um melhoramento do nível educacional do país, assim como, uma luta contra o poder dos oligopólios fará com que haja uma minoração das desigualdades educacionais, de renda e de alocação da terra nacional, que se encontram nas mãos de poucos, em detrimento de uma maioria que passa fome, e todo tipo de miséria própria de países periféricos. Portanto, essa luta deve perdurar, mas não se devem cruzar os braços para deixar que o capital monopolista maltrate mais, um povo sofrido ao longo da história.
A educação do futuro: o caminho para a sociedade do conhecimento
Ao ignorarmos o presente, fechamos os olhos para o futuro, assim temos feito quando negamos a qualquer criança o direito à educação. Quando a natureza acolhe em seu solo, uma sementinha oferece cuidados especial tais como: ar, água, solo, luz e calor. E são tais cuidados, que possibilitam o crescimento de uma árvore com raízes profundas e frutos doces. Esse deve ser o papel da sociedade, Pais, Educadores e Governo, cada um com sua responsabilidade no que diz respeito à educação.
Se os pais transmitem aos seus filhos valores imprescindíveis como: a tolerância, o respeito e a paciência, a criança desde cedo aprende que o mundo está repleto de diferenças, sejam raciais, sociais, religiosas ou até mesmas ideológicas e graças a tantas diferenças que a vida é um constante aprendizado. E cada ser humano tem o seu valor por ser único e sendo assim, a tolerância deve andar de mãos dadas com o respeito. E aprende também que ter paciência é necessário porque nem sempre o caminho mais fácil é o do sucesso. Já educador tem um papel fundamental no desenvolvimento de qualquer indivíduo. Ele será responsável por um adulto formador de opiniões, consciente de seus direitos e deveres. Desse modo, deve ter em mente que não é suficiente apenas, transmitir os conhecimentos adquiridos ao longo de seus estudos, é preciso fazer a diferença, ir além, levar o cotidiano para a sala de aula e despertar em cada um o gosto pelo conhecimento.
Todos sabem que o problema da educação no Brasil, não pode ser resolvido da noite para o dia é uma situação complexa e necessita de medidas preventivas porque se o aluno tiver uma base sólida no início de sua formação educacional, sempre que galgar um degrau em sua vida escolar terá mais confiança em si mesmo. Então para que essas medidas sejam colocadas em práticas é que contamos com a colaboração do governo, embora que nos últimos anos, tenha havido investimentos e conseqüentemente uma melhoria, que resultou na diminuição do índice de analfabetismo e nos esforços em nivelar o ensino médio e superior, contudo ainda há muito por fazer. Como investir ainda mais nas escolas públicas de ensino médio e superior que necessitam de estruturas adequadas, onde as bibliotecas e laboratórios assegurem aos alunos e a própria comunidade, o direito a informação e a estarem aptos as exigências do mercado de trabalho. Uma outra providência a ser tomada é o estímulo à pesquisa, para que os pesquisadores tenham condições em permanecerem em seu país. Mas este quadro pode ser mudado através do empenho de todos, porque a porta para a sociedade do conhecimento, só poderá ser aberta pela chave da educação.
O processo de aprender será mais personalizado. De acordo com Litto (2002, s/p) diz que:
A educação será mais personalizada, mais feita sob medida para cada aluno. Este tem que tomar muitas decisões do que aprender, onde e como, principalmente na fase mais adulta. Há respeito pelos estilos individuais de aprendizagem de cada aluno, sem nenhuma tentativa de forçar os alunos a demonstrar o mesmo desempenho em todas as áreas acadêmicas.
Braga (2003) nos destaca que:
O foco na aprendizagem será predominante. O aluno se transformará no protagonista da sua própria formação. A aprendizagem será realizada não pela ?decoreba?, mas sim pela participação em projetos organizados em torno de problemas e que levem a ?descobertas? pelos alunos de conhecimentos novos. Buscar-se-á mais o equilíbrio entre a aquisição de competências necessárias para sobrevivência no mundo moderno (identificar problemas, achar informação, filtrar informação, tomar decisões, comunicar com eficácia) e a compreensão profunda de certos domínios de conhecimento estudados. O estudo será mais transdisciplinar, focado em experiências, projetos, pesquisas on-line, interatividade, orientação individual e grupal. Os alunos mais ativos, o professor mais orientador de aprendizagem. Embora as tendências globalizantes sejam difíceis de determinar em educação, porque há uma forte resistência local e nacional a outras formas de ensinar, haverá com certeza muita facilidade de acessar cursos no exterior com grandes especialistas, principalmente cursos de pós-graduação, cursos de alta especialização, sem ter que se deslocar durante anos ao estrangeiro. Haverá sempre alguns critérios de validação desses cursos para fins de profissionalização local, principalmente na área de saúde, mas se superará a rigidez do processo de certificação a que estamos acostumados nos países latinos.
Há setores que crescerão mais rapidamente, que precisarão de mais formação contínua para atender à demanda. O setor educacional é um deles, em todos os níveis, com ênfase para a educação corporativa, para o terceiro setor. Outras áreas de crescimento de demanda educacional: Informática, Saúde, Meio Ambiente, Turismo, lazer e entretenimento, Biotecnologia, Administração e Tecnologia da Informação.
O professor do futuro próximo
Em virtude da busca de um maior desenvolvimento econômico e da necessidade de planejar e racionalizar os investimentos na área da educação e visando uma maior adequação entre as demandas dos sistemas ocupacionais e do sistema educacional.
O educador ou professor é considerado como um mediador do conhecimento, porém para se praticar uma pedagogia de qualidade é necessária priorizar o desenvolvimento humano e o respeito às diferenças.
Braga (2003, s/p.) nos descreve que:
Professor do futuro como alguém que poderá estar vinculado a uma instituição predominantemente, mas não exclusivamente. Participará de inúmeros momentos de cursos em outras organizações, de orientação de pesquisas em diferentes lugares e níveis. Desde qualquer lugar poderá conectar-se com seus alunos, vê-los e falar com eles. Haverá programas que facilitem a gestão de grupos grandes e de grupos menores à distância. As conexões serão com fio e sem fio.
O educador do futuro, além de desempenhar no âmbito da sua profissão suas habilidades interpessoais, competências e seu controle emocional, deve proporcionar ao seu alunado não só o aprendizado, mas o gosto em adquirir o conhecimento.
O educador deve estar sempre voltado para a questão emocional do ser em relação à questão emocional do seu alunado, visto que de nada adianta adquirir conhecimento e quando se deparar com o mundo lá fora ser um indivíduo agressivo e desumano. Considerado como transmissor de conhecimento, o educador também deve se preparar para o exercício da cidadania.
De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) é esclarecida a importância do ensino e da aprendizagem dos valores na educação escolar. A formação de valores juntamente com a cidadania é a principal meta de uma escola realmente democrática e popular.
De acordo Brzezinski (2003, pp. 95-98):
A democratização e universalização do conhecimento básico, a obrigatoriedade de uma educação pública de qualidade têm sua presença fortemente expressa nesse alargamento da concepção de educação básica. Parte desta conquista já fora obtida com a Constituição de 1988, no seu artigo 208, hoje parcialmente reformulado pela Emenda Constitucional n° 14 (regulamentada pela Lei n° 9.424/96). O artigo 208 da Constituição define que o ensino fundamental público será obrigatório e gratuito, condições estas serem implantadas progressivamente no desenvolvimento do ensino médio, ainda que hoje, com redação reformulada pela referida emenda, a "obrigatoriedade" tenha sido substituída por "universalização". Neste artigo ficou explicado o direito da criança e o dever do Estado com relação à educação infantil de zero a seis anos. O artigo 7° desta mesma Constituição, ao falar dos direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, deixou claramente definido que o Estado deverá dar assistência obrigatória aos seus filhos e dependentes, de zero a seis anos, em creches e pré-escolas, acrescidas do artigo 227, que deu base legal mais eficaz para a elaboração do estatuto da criança e do adolescente. Em geral, os dispositivos que versam sobre princípios e concepções da educação básica, assim como grande parte daqueles referentes a sua organização, sobre os quais já discorremos ao longo deste texto, apresentam um cunho democrático à medida que ampliam a responsabilidade do Estado com a área social da educação, importando fortalecimento progressivo da escola pública, que de fato se constitui, para maioria dos brasileiros, na única via possível de acesso à educação de qualidade. É necessário reiterar que essa perspectiva traduz a intencionalidade das organizações da sociedade civil, que contribuíram com suas propostas desde a fase inicial do processo de elaboração da LDB.
Ressalta-se que a cidadania inicia desde o início da Educação Infantil e segue até o Ensino Superior, tendo sempre como objetivo qualificar o educando para que ele evolua no campo profissional.
Percebe-se o quanto o educador é responsável pela formação do indivíduo, juntamente com a escola que deve desempenhar o papel de favorecer a solidariedade humana e principalmente a tolerância recíproca. Essa tolerância recíproca refere-se às diferenças humanas no jeito de ser, de falar de cada educando.
O educador deve ter consciência da importância de cuidar da aprendizagem dos seus alunos, terem domínio dos conteúdos e repassar de forma clara e prazerosa. Não se pode deixar de lado a família, pois ela é considerada como principal aliada no processo ensino-aprendizagem, contribuindo até mesmo para contornar certas situações na sala de aula.
O educador deve participar de forma ativa da proposta pedagógica da instituição de ensino, bem como do processo de elaboração de tal proposta. A pedagogia do futuro é aquela que o educador tem participação ativa nas decisões da escola, tanto na questão administrativa quanto pedagógica.
Capitalismo e a educação
A relação entre educação, economia, mercado e processo produtivo refletem as contradições que são próprias do modelo hegemônico de produção do capital. A educação busca responder satisfatoriamente as necessidades e exigências do mercado do processo produtivo vigente e conseqüentemente, do modo de produção dominante.
Busca-se entender a escola regulada pelo mercado, cujo limite e a formação flexível centrada na qualidade e na perspectiva das habilidades básicas e competências definidas pelo mundo produtivo. Procura-se entender que as relações sociais produtivas por estas praticam são marcadas por uma intensa e violência exclusão aos direitos elementares da vida humana.
O homem, para continuar existindo, precisa estar continuamente produzindo sua própria existência através do trabalho. Marx e Engels (1986, p. 33) consideram que o processo real de produção não e apenas a produção material da vida em si mesma, mas e o conjunto complexo de relações mutua e dependentes entre natureza, trabalho social e organização social.
Podemos afirmar que, a educação se constitui de maneira diferenciada a cada momento histórico existente, determinada pelo modo como os homens produzem e reproduzem seus meios de vida. Portanto, o modo de produção de vida material determina como deve ser a educação, a fim de contribuir para a reprodução das relações existentes. Fica constatado que tanto na comunidade primitiva, como na Antiguidade e na Idade Media a educação desenvolvida suas atribuições de acordo com o modo de produção existente, ou seja, com as condições ali determinadas.
Inicialmente, na comunidade primitiva, a educação era uma função espontânea da sociedade em conjunto, ou seja, os homens produziam sua existência em comum, num modo de produção comunal, e dessa forma educavam as novas gerações. Este conceito de educação correspondia à maneira como se produzia a subsistência, adequada para a comunidade primitiva, onde tudo era feito em comum. Porem, à medida que essa comunidade, lentamente, se transforma numa sociedade dividida em classes, a educação deixa de ter esse caráter espontâneo que se efetiva inteiramente com o próprio processo de trabalho e, começa a ser atrelada aos interesses de classe.
O aparecimento das classes sociais se da na medida em que o homem se fixa a terra, que era o principal meio de produção, surgindo à propriedade privada. Esta apropriação privada da terra ocorre diferentemente entre os homens, os grupos, dividindo-os em classes. Temos na Antiguidade a propriedade da terra, estabelecendo a classe dos proprietários e a classe dos não proprietários, que assume o encargo de manter a si próprio e aos senhores que detinham a terra, enquanto escravos. E a parti do advento da sociedade de classes, com o aparecimento de uma classe que não precisava trabalhar para viver, que surge uma educação diferenciada. Enquanto a classe dominante, a dos proprietários, tinha uma educação que se dava na escola; a educação da maioria se dava no próprio trabalho.
Na sociedade capitalista, os valores de uso do trabalho são também portadores materiais de valor de troca, os quais se distinguem através da distinção estabelecida entre trabalho concreto e trabalho abstrato. Marx (1988) apud Bottomore (1998, p.383) nos retrata que:
De um lado, todo trabalho é um dispêndio de força de trabalho humano, no sentido fisiológico, e é nessa qualidade, de trabalho humano igual, ou abstrato, que ele constitui o valor das mercadorias. Por outro lado, todo trabalho é um dispêndio de força de trabalho humano de uma determinada forma e com um objetivo definido e é nessa qualidade de trabalho concreto útil que produz valores de uso.
Sendo o valor da força de trabalho considerada, no capitalismo, como qualquer outro tipo de mercadoria, o seu valor é determinado pelo tempo de trabalho necessário para a produção e reprodução desta mercadoria, no caso a força de trabalho.
O ensino, no interior desta sociedade, tem cumprido o papel de qualificar a força de trabalho necessária ao atendimento das demandas de produção. Desta forma, a educação caracteriza-se como um processo de qualificação do trabalho em geral, produzindo uma força de trabalho capaz de gerar um valor de troca maior no mesmo tempo utilizado. Enguita (1993, p.191) nos ressalta que:
(...) Para produzir isso, é necessário consumir-se toda uma quantidade de horas de trabalho vivo, como são as jornadas dos educadores e as dos próprios alunos (na realidade, os anos), assim como de trabalho morto, cristalizado em objetos como os materiais que se empregam no processo educativo, os edifícios, etc.
Todo o tempo gasto para a qualificação desta força de trabalho, se utiliza de trabalho vivo ou morto, que se incorpora ao valor da mercadoria força de trabalho a partir do momento em que esta se apresentar ao mercado.
Tendo seus métodos de funcionamento e formas de organização interna alteradas radicalmente durante os séculos XVIII e XIX, a escola passa a ser a instituição fornecedora do espaço e dos limites adequados para a aprendizagem que a indústria exige.
Contudo, fica a cargo das transformações ocorridas no processo de produção, ao longo do avanço do capitalismo (manufatura e a grande indústria), o papel eficaz de diminuir o valor da força de trabalho a partir da desqualificação das tarefas produtivas, dos empregos ou dos postos de trabalho buscando, ao mesmo tempo, também diminuir os custos de formação da mão-de-obra.
Neste sentido, atendendo aos procedimentos de redução dos custos com formação de mão-de-obra visados pelos empregadores, o Estado passa a desenvolver uma função de regulador através de serviços em tempo parcial, além de acordos sobre a formação profissional e ocupacional, isenções fiscais ou da previdência, entre outros.
Ainda, segundo Enguita (1993, p.197):
(...) a educação formal serve para muitas outras coisas além da qualificação da força de trabalho: é um estacionamento onde deixar as crianças, oculta o desemprego real, forma bons cidadãos, educar futuros consumidores, adestra trabalhadores dóceis, facilita a justificação meritocrática da divisão em classes da sociedade capitalista, permite que a propriedade se esconda atrás do emaranhado da administração, oferece uma oportunidade a capitais improdutivos, satisfaz a demanda popular de cultura e distrai a população de outros problemas mais importantes etc.
O mundo da produção acaba por exigir da escola uma massa de força de trabalho social estruturada vertical e horizontalmente, ou seja, que atenda tanto à divisão entre funções de direção e de execução, com toda sua gama intermediária, quanto à divisão em especialidades dentro de um mesmo nível, onde o mercado é o responsável por indicar se a escola obedeceu adequadamente a essas exigências.
A escola também tende a refletir a estrutura do mercado, principalmente quanto à sua forma. Enquita (1993, p.203) nos confirma que:
(...). A sociedade translada para a escola as mesmas exigências de "igualdade de oportunidades", "retribuição do rendimento", etc., que acredita satisfazer ou deveria satisfazer o mercado. O ideal da escola capitalista consiste em que os homens possam escolher livremente entre diferentes profissões e, portanto, entre diferentes tipos de formação ou educação, de acordo com suas supostas capacidades pessoais ou sua vocação particular.
No decorrer de seu estudo, "Trabalho, Escola e Ideologia", Enguita (1993) busca mostrar a possibilidade de análise das relações sociais na educação a partir das relações sociais no processo de trabalho e da existência de um isomorfismo bastante acentuado entre umas e outras. Para tanto, destaca algumas observações históricas.
Quaisquer tipos de relações sociais de dominação e exploração às quais se submetem os homens e as mulheres, não são de modo algum espontâneas. Estas dependem, em menor ou maior escala, da coerção direta, da necessidade material ou da interiorização de tais relações como necessárias, justas ou inevitáveis ou, então, normalmente de uma combinação destes três fatores. A história tem demonstrado diversas formas de integração das pessoas nas relações sociais, bem como são vistas diferentes instituições desempenhar distintos papéis nesse processo.
A particularidade do sistema capitalista frente a outras formas de produção anteriores dá-se pelo fato de o excedente do trabalho no modo de produção capitalista, a mais-valia ser extraído por mecanismos estritamente econômicos. Neste contexto, os mecanismos de dominação política servem indiretamente à extração de mais-valia buscando, por um lado, o consenso majoritário cotidiano em torno das relações sociais existentes e, por outro, servindo como última linha de defesa, mediante a repressão pura e simples, quando estas são questionadas.
No início da formação econômica capitalista a incorporação da população como mão de obra à industrialização nascente foi introduzida neste papel através da recompensa monetária, tanto quanto por meio da compulsão, da força e do temor. Durante o século XVI, na Inglaterra, as enormes massas de camponeses, antigos serventes, diaristas e pequenos meeiros foram extraídos de suas terras apenas com sua única capacidade de trabalho; constituindo assim a futura base humana para a revolução industrial; o futuro proletariado, novo "trabalhadores livres", tão livres quanto de qualquer forma de propriedade a não ser sua força de trabalho.
Conforme Weber (1993) apud Enguita (1993, p.211):
O recrutamento de operários para a nova forma de produção, tal como se desenvolveu na Inglaterra desde o século XVIII, com base na reunião de todos os meios produtivos nas mãos do empresário, realizou-se às vezes utilizando meios coercitivos muito violentos, em particular de caráter indireto. Entre estes figuram antes de tudo a lei de pobres e a lei de aprendizes da rainha Isabel. Tais regulamentos fizeram-se necessários, dado o grande número de vagabundos que existia no país, gente que a revolução agrária tinha transformado em deserdados. A expulsão dos pequenos agricultores pelos grandes arrendatários e a transformação das terras de trabalho em pastagens (embora se tenha exagerado a importância deste último fenômeno) determinou que o número de operários necessários no campo se fizesse cada vez menor, dando lugar a um excedente de população que se viu submetido ao trabalho coercitivo. Quem não se apresentava voluntariamente era conduzido ás oficinas públicas dirigidas com severíssima disciplina. Quem, sem permissão do mestre ou empresário, abandonasse seu posto no trabalho, era tratado como vagabundo; nenhum desocupado recebia ajuda senão mediante seu ingresso nas oficinas coletivas. Por este processo recrutaram-se os primeiros operários para a fábrica, o qual só contrariado conformou-se a essa disciplina.
Nos dias atuais, existem diversos mecanismos que forçam as pessoas a se submeterem às relações de produção capitalista, com maior ou menor intensidade; sendo que a mais elementar destas formas dá-se através da própria generalização em si do trabalho assalariado, onde todas as pessoas ao nosso redor trabalham e, conseqüentemente, sabemos desde crianças que algum dia chegará a nossa vez, ou seja, nos aguarda a função de trabalhador ou trabalhadora, tal como nos espera os papéis de marido ou mulher, pai ou mãe, entre outras. A escola, deste modo, tem um papel primordial na tarefa de aprendizagem e interiorização prévias dessas relações sociais.
Mas, de que forma a escola se consolida enquanto espaço onde se aprendem as relações sociais de produção dominantes na sociedade?
As formas mais comuns de compreendermos isto podem ser voltando nossa atenção ao conteúdo do currículo. Sendo este entendido como o percurso que o aluno faz com a intenção de apreender os conhecimentos científicos selecionados e transmitidos pela escola, a partir da reflexão pedagógica do aluno que lhe permita pensar a realidade social, de acordo com Enguita (1993, p.220) pode perceber que:
(...) a verdadeira aprendizagem das relações sociais de produção não acontece por meio destas mensagens recebidas com maior ou menor credulidade, mas através de uma série de práticas, rituais, formas de interação entre alunos e com os professores, formas de se relacionar com os objetos, etc., enfim, através de certas relações sociais imperantes na escola que prefiguram as relações sociais do mundo da produção. O que o conteúdo do currículo faz é dar sentido a essa série de práticas. Mas são principalmente essas práticas, não explicitamente discutidas nem justificadas, que moldam a cotidianeidade da vida na escola, as que configuram com mais força a consciência da criança. Sua força deriva de sua materialidade (o ser consciente é a expressão consciente do ser real), de sua regularidade e de sua não problematização ? quer dizer, de seu caráter oculto, não explícito, não discursivo.
Apesar de não ser a escola o único lugar onde se efetua a aprendizagem das relações sociais de produção capitalista, a escola torna-se por excelência o lugar fundamental deste tipo de aprendizagem, sobrepondo-se inclusive sobre as demais funções da escola capitalista.
Não deixando de lado que a realidade escolar é um espaço repleto de contradições, entendemos que a escola teve as mais diversas origens, expressando a busca de diversos fins político e ideológico. Sempre teve predomínio uma educação sistemática dos filhos das minorias dominantes, tendo esta nem sempre passado pela escola. Contudo, a origem e evolução da escola das massas tiveram suas particularidades e especificidades, visando responder a fins religiosos, políticos, ou militares, bem como às necessidades do novo modo de produção que emergia.
Neste contexto das atuais formas de relações sociais sob o modo capitalista de produção, apesar de qualquer transformação na estrutura escolar (número de alunos, forma como a sociedade entende as necessidades de produção, pela crescente demanda popular pela educação, entre outras), sempre há um processo ao longo do qual se tende produzir um ajuste entre o que a escola dá e o que a produção pede, principalmente a partir da inserção do futuro trabalhador nas relações sociais de produção capitalistas que se reproduzem no interior da escola.
Ao compreendermos que a ideologia é principalmente a expressão das relações sociais, e particularmente as relações de produção, então afirmamos a primazia do processo material (social) de trabalho na criação e manutenção da ideologia, frente a todas as formas, explícitas ou implícitas, sofridas pelo trabalhador tais como através dos meios de comunicação, instituições etc. Desta forma, também não há motivo para não afirmar o mesmo com a atividade escolar, segundo Enguita, (1993, p.232) que nos retrata que:
(...) Se o ser consciente é a expressão consciente do ser real Marx (1993), a ideologia, também na escola, deve ser examinada como expressão consciente ? ideológica ? das relações sociais reais, neste caso das relações sociais da educação. Assim como o trabalho conforma o homem, assim o faz a educação. Mas, da mesma forma que não é o resultado do trabalho, senão o processo material e social de sua consecução o que conforma o indivíduo, assim consideramos que não são os conhecimentos finais ? o discurso ideológico -, mas seu processo de aquisição/imposição, as relações sociais e materiais nas quais se adquirem, o que constitui a fonte fundamental de ideologia na escola. Neste sentido pode-se falar igualmente das relações sociais da educação.
É preciso considerar a ideologia produzida pela escola, não como algo impessoal de uma estrutura social sem agentes, mas sim como algo derivado da experiência cotidiana dos agentes das relações sociais da educação, da forma como vivem regularmente estas relações sociais, além de existir enquanto uma entidade personificada em sua consciência individual.
Ainda neste sentido, podendo a ideologia também compreender "uma concepção do mundo implicitamente manifesta na arte, no direito, na atividade econômica e em todas as manifestações da vida individual e coletiva" (GRAMSCI in BOTTOMORE, 1998, p.186), ela também se vincula à capacidade de inspirar atitudes concretas e proporcionar orientação para a ação. Deste modo, a ideologia generaliza-se, pois os homens não podem agir sem orientações ou regras de conduta; onde Gramsci (1978) in Bottomore (1998, p. 62) nos declara que:
(...) Na medida em que são historicamente necessárias, as ideologias têm uma validade que é validade "psicológica": elas "organizam" as massas humanas, formam o terreno sobre o qual os homens se movimentam, adquirem consciência de sua posição, lutam, etc. Na medida em que são "arbitrárias", elas não criam senão "movimentos" individuais, polêmicas, etc.
Gramsci (1978, p.62) in Bottomore (1998, p.186) nos diz que:
É, portanto, na ideologia e pela ideologia que uma classe pode assegurar a adesão e o consentimento das grandes massas acerca de um determinado projeto societário, ou seja, exercendo a hegemonia sobre a outra classe, utilizando-se tanto dos intelectuais como dos aparelhos ideológicos (meios de comunicação, educação; etc.)
Buscando aproximar a distância entre a ideologia socialista e a consciência espontânea, entre a consciência "atribuída" e a consciência psicológica da classe, Gramsci (1978) in Bottomore (1998, p.186), encontra uma dupla corrente de determinações entre ambas. Neste caso, afirma que, apesar da ideologia socialista ser desenvolvida pelos intelectuais, não pode haver uma distinção absoluta entre intelectuais e não-intelectuais, ressaltando que a própria classe cria seus intelectuais orgânicos. Assim, a grande tarefa a ser realizada é tornar crítica uma atividade intelectual já existente, descartando a questão de uma ciência que deve vir de fora para introduzir-se na consciência da classe operária.
Ao aborda as relações sociais da educação, nos referimos às relações sociais dos alunos, que envolvem as relações que estes mantêm entre si, com os professores, com o estabelecimento escolar em seu conjunto, bem como com os materiais escolares (espaço físico, objeto, etc.), com o conhecimento escolar e com a instituição educacional em geral.
Destacando, então, algumas especificidades das relações sociais capitalistas, a alienação aparece como uma de suas principais expressões. Neste sentido, a alienação do trabalhador apresenta-se como sua alienação em relação ao produto de seu trabalho, em relação ao processo de trabalho, em relação aos meios de produção, em relação à vida genérica da espécie que seria reconhecida a partir do trabalho social e, também em relação aos demais homens através do trabalho de outros. (GRAMSCI, 1978. in BOTTOMORE, 1998. p. 68).
Para Marx (2002, p.45):
A reprodução desta característica na educação pode ser analisada, por exemplo, através da alienação do trabalhador em relação ao seu produto. Nas relações de produção capitalista o trabalhador, tanto individual como o conjunto dos trabalhadores, perde a capacidade para determinar o que há de produzir, pois são os capitalistas que determinam o que se produz. Ou seja, em nossos dias, tem sido o capital que gera a demanda, bem como modela, as necessidades de satisfazê-las.
Tal situação, ou tipo de relação, dá-se também na escola capitalista. O aluno carece de capacidade para determinar o produto de seu trabalho, ou seja, o objeto do ensino e da aprendizagem; ficando esta função dividida, de forma variada, entre professores, direção das escolas, autoridades educacionais e as empresas fornecedoras de diversos instrumentos que auxiliam no ensino (materiais didáticos em geral, livros texto, etc.). Assim, ao longo de todo esse o processo, os alunos aprendem a aceitar que não é assunto seu a determinação do conteúdo de seu estudo, da mesma forma que amanhã não será assunto seu o conteúdo do seu trabalho. (MARX, 2002)
Quanto à alienação do trabalhador em relação ao processo de trabalho, onde não é ele quem determina como se deve produzir um objeto ou um serviço qualquer, mas sim o capital; esta também pode ser vista na escola. O aluno não determina a forma que deverá adquirir os conhecimentos dispostos para ele, ou seja, sobre a forma da aprendizagem. Novamente, autoridades de vários tipos, juntamente com os ofertantes de mercadorias e os professores, aqueles que decidem aspectos como a prioridade à aprendizagem de memória ou à compreensão geral, aos livros-texto ou às bibliotecas, à recepção de verdades pretensamente absolutas ou à experimentação, etc. Os diversos anos de experiência escolar sob este tipo de imposição ensinam os alunos que o método de aprendizagem não lhe diz respeito, tal como não o será em sua vida adulta no processo de produção. (MARX, 2002)
Para o autor (2002, p.57)
A alienação do trabalhador que se manifesta na alheação dos meios de produção, consiste no fato de os meios de produção não pertencerem ao produtor, nem ao trabalhador produtivo individual nem ao produtor social, o trabalhador coletivo. Da mesma forma, na escola, os instrumentos e meios de aprendizagem não pertencem ao aluno, a não ser parcialmente. Assim, tal como o trabalhador que é impedido de se apropriar do seu produto e dominar o processo de produção, ao aluno que não possui os meios de aprendizagem, ou o possuem parcialmente, coloca-se o impedimento de determinar o produto (conhecimento) e o processo (aprendizagem, pedagogia).
A alienação do ser humano no trabalho, de um modo geral, do trabalho social em relação ao trabalhador, ainda significa a própria alheação da espécie, o não reconhecimento do trabalhador enquanto ser pertencente ao gênero humano. Quanto a um paralelismo deste fato em relação à escola, podemos perceber, por exemplo, que a cultura, enquanto um produto dos serres humanos, apresenta-se na escola como algo já criado e alheio.
Tanto a cultura quanto os conhecimentos escolares são apresentados como algo acabado, retificado, estático, com lógica e vida própria, imutável, sem que seja considerado como produto histórico da atividade social humana; da mesma forma que posteriormente se apresentará à organização social da produção. (MARX, 2002. p. 58)
Outro tipo de alienação encontrada no processo de trabalho capitalista, em relação ao trabalhador, é aquela em relação ao produto e ao processo de trabalho dos demais homens. Ou seja, a alienação do trabalho também se manifesta como alienação em relação dos demais ?homens?, alienação do ?homem? em relação ao ?homem?. Em direção a este aspecto, a escola fomenta a competição destrutiva entre seus membros, ao contrário da cooperação, onde o êxito pessoal é por sua vez o fracasso dos outros e o êxito alheio é percebido como um fracasso próprio. O estímulo à competição e ao individualismo pode ser visto claramente na aplicação de provas, exames e testes, das notas e da seleção. Todos estes aspectos, no interior da escola, fazem parte da preparação para os futuros possuidores individuais da força de trabalho no mercado e futuros competidores a disputar vagas no campo da produção.
Mais uma implicação que ainda pode ser percebida na escola, como conseqüência da alienação em relação ao conteúdo e ao processo no ensino, é o sistema de motivações e recompensas extrínsecas. Tal como o trabalhador, que é incapaz de identificar-se com seu trabalho, a não ser uma minoria destes, avalia-o em torno do salário que recebe, da estabilidade, do tempo livre, féria, etc.; o estudante, não encontrando satisfações intrínsecas tanto no processo como no produto de seu trabalho (nem na aprendizagem, nem nos conhecimentos a adquirir), tornam-se motivado por meio de notas, férias perdidas caso seja reprovado, ou presentes recebidos ao ser aprovado de uma série a outra. Assim, aprende-se a se desinteressar pelo conteúdo de seu trabalho, primeiramente o escolar e depois o produtivo, ajustando-se a um sistema extrínseco de recompensas.
Existem, ainda, outros aspectos que podemos levantar acerca das semelhantes afinidades entre a sociabilidade do capital e a escola. A jornada de aulas diárias da escola, um tempo de transporte considerável e os "deveres de casa", leva a uma jornada similar à dos adultos no trabalho. Desta forma, aprendem, desde cedo, que uma jornada normal geralmente se divide em oito horas para o sono, oito horas para o "trabalho" e as poucas horas restantes para satisfazer suas necessidades vitais e para o ócio. Por este sistema, também perpassa a aprendizagem da criança em relação à disponibilização de seu tempo, e a organização do mesmo, para o outro, no caso o professor, tal como ao empregador quando crescer; tanto como a escola ensinará a criança a aceitar a autoridade externa, imposta, diferente da família. (MARX, 1978)
De forma análoga, também a organização da escola para o aluno já está dada e predisposta, já que este é privado da capacidade de criá-la ou transformá-la. Todo o espaço, a distribuição do tempo, a variedade de materiais utilizáveis, a disposição que pode ser feita dos mesmos, a estrutura hierárquica, a classificação dos estudantes em grupos, e a divisão de incumbências na escola, o que deve ser ensinado, enfim, tudo já está determinado no momento em que o aluno chega à escola.
Para Lessa (1998, s/p) "as notas, ainda ganham outra função que é a de, pelo menos parcialmente, medir a qualidade do trabalho realizado, pois o professor, ao dar notas, mede muitas coisas e entre elas o esforço, ou seja, o tempo de trabalho abstrato."
Mais um correlato na educação que pode ser visualizado, é o da divisão do trabalho. Tal como as inúmeras parcelas em que é dividido o processo de produção, entre os diferentes centros de produção e dentro de cada um deles, os conhecimentos escolares são incessantemente fragmentadas e desarticuladas entre si.
Assim, na divisão do trabalho escolar, pela primeira vez o estudante experimenta, ativa ou passivamente, que a unidade das diferentes parcelas do conhecimento existe somente fora de seu alcance, numa entidade exterior, no sistema escolar ou, então, em sua aplicação no sistema produtivo.
Ainda, na escola, podemos encontrar a primazia de trabalho de execução, apesar de a escola ser geralmente considerada como um local de trabalho intelectual. Isto pode ser comprovado no predomínio, dentro do trabalho escolar, das tarefas de memorização, de processos rotineiros e das tarefas repetitivas.
A escola também tem submetido seus alunos a um processo de legitimação e reforço do papel do professor enquanto a autoridade máxima e central da instituição, com sua capacidade de estruturar a jornada do aluno, definir o que é conhecimento, regular os padrões de interação e distribuir recompensas.
Por outro lado, estimulam-se os alunos a desenvolverem seus trabalhos individualmente, o conformismo social e o respeito para com a autoridade do professor; separa-se a escola completa e arbitrariamente da vida, esta última entrando na escola somente nas suas formas fenomênicas, consolida-se a divisão entre trabalho manual e intelectual, concepção e execução, ressalta-se a crença liberal no individualismo e na igualdade de oportunidades, encharcando-se as pessoas com uma explicação das hierarquias sociais tanto quanto funcionais necessárias e inevitáveis.
Diante deste panorama, confirma-se que o discurso ideológico da educação, bem como o conhecimento tratado na instituição escolar, há bastante tempo anda concomitantemente ao lado do mercado. Assim, preparam-se bons cidadãos que acreditam que a venda de sua força de trabalho, trata-se da mesma operação que a de comprar uma mercadoria qualquer. (LESSA, 1998)
Metodologia
A metodologia utilizada se caracterizou enquanto pesquisa bibliográfica, através de autores que estudam o tema.
De acordo com o tema escolhido, apresentamos alguns autores que tratam deste assunto, tais como Marx, Braga, Litto, Bottomore, entre outros pesquisadores.
Considerações finais
Pode-se afirmar como conclusão que os projetos em grande escala em nível nacional podem contribuir para a inovação educacional, desde que criem um ambiente favorável para os projetos ligados a certo tipo de escola. Mas podem também sufocar qualquer eventual inovação, se forçarem à escola a seguir um rumo de maneira rígida, linear e diretiva.
Em projetos de inovação bem sucedidos, são oferecidas aos professores oportunidades de aprender de forma crítica-reflexiva. A presença de uma liderança estimulante na escola é fundamental. Com isto, levantam-se perspectivas da existência, no âmbito da escola, de espaços possíveis para materialização de hegemonias que se oponham àquela predominante no cerne do sistema capitalista.
Ressaltando, ainda que os educadores devem conhecer a educação no dia de hoje, para que se possa ter uma visão das perspectivas futuras. É preciso ter formação e saber investir nos educadores, a Gestão Democrática, é muito diferente do que pensamos e sim não passa de uma palavra bonita e libertadora, mas por traz de tudo isso, existe educadores que não são ouvidos, não são respeitados e muito menos com uma boa remuneração, ai que podemos afirmar que a educação também é um serviço público nem sempre gratuito.
A lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, é revestida de informações que nem sempre são cumpridos, não verdade essas leis são para favorecimento de alguns, certo que o texto lembra que, anteriormente era muito difícil conseguir financiamento para a rede de ensino que se contava com uma pressão da gestão autoritária. E que hoje a realidade é outra mais se leva em consideração que o tempo passou e que estávamos no tempo de mudança e que hoje o contexto atual está sendo marcado pelo neoliberalismo.
Essa nova ideologia em que os professores têm a inteira responsabilidade pelo projeto pedagógico, e a participação das comunidades escolares, isso é de imensa importante e difícil de ser praticado. Hoje a sociedade estar tentando jogar a responsabilidade de educação de crianças e adolescentes para as salas de aulas. A percepção do educador tem que ser global se não falhas cometidas serão vista de forma repressora. Lembrando que o papel do educador vai além da sala de aula, na verdade a escola estar articulada com o meio social.
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