A educação democrática de Robert Dewey

Por Rabim Saize Chiria | 04/12/2017 | Educação

Dr. Rabim Saize Chiria

Licenciado em Filosofia pela Universidade Eduardo Mondlane; Moçambique

 

 

2. Educação democrática

Segundo Branco (2010-607), Dewey descreve a concepção maximalista de democracia, defendendo que esta é mais do que uma forma de governo ou de governança, é, acima de tudo, uma forma de vida associativa, de experiencia humana construída em conjunto. E enquanto forma de vida é simultaneamente, individual e social a pelando a participação de cada ser humano maduro na formação dos valores que regulam a vida dos homens em conjunto.

O objectivo de um político democrático é, criar um ambiente social que tenda a enriquecer a experiência de todos, e trazer ao ser instituições que continuamente impulsionem o desenvolvimento da personalidade de cada um (Ibidem: 607).

A liberdade individual é entendida pelo autor como a liberdade de espírito traduzidas em quatro liberdades fundamentais: a liberdade de consciência, a liberdade de expressão, a liberdade de reunião para o diálogo e discussão e a liberdade de imprensa (Ibidem: 608).    Pois, sem assegurar destas não há lugar para a libertação de inteligência. Por seu turno, a igualdade de oportunidade implicada no entendimento da democracia como experiencia cooperativa assenta no princípio de que cada indivíduo pode contribuir para o todo social, independentemente de sua posição ou função na sociedade.

Resumindo: de acordo com Dewey (2010), as sociedades democráticas assentam, por um lado, na possibilidade de libertação das capacidades individuais e, por outro na diversidade de inquietação comuns compartilhadas. O ideal democrático alimenta-se, simultaneamente da importância do desenvolvimento das capacidades individuais aliadas ao desenvolvimento da consciência de que estas devem ser colocadas a serviço de projectos comuns.

Portanto, para o autor, o interesse particular das sociedades democráticas na educação decorre das seguintes características: “a confiança no reconhecimento de interesses mútuos como factor de controlo social, isto é, o perspectivar da possibilidade de mudança e reajustamento contínuo de hábitos, fruto da interacção livre entre os vários grupos sociais, é um aspecto crucial de vivência democrática” (Ibidem: 608).

E por fim o autor faz referência “a promoção da acção conjunta com derrubadas das várias barreiras sociais, étnicos, e de nacionalidade, e em última analise (…) potenciar a compreensão plena do significado da actividade individual, e de assegurar a aplicação ou potenciação dos princípios da comunidade e da interacção”. (Ibidem: 608).  

De acordo com Kosnoki apud Branco (2010), o desenvolvimento da inteligência requer, desse modo, ambientes da (…) integridade moral e da interacção cooperativa, marcas da educação progressiva, promovendo o crescimento dos interesses pessoas no sentido de um interesse no público em geral e uma maior simpatia pelos concidadãos.

Assim como as estruturas democráticas possibilitam uma experiência humana mais rica do que as aristocracias, também a educação, sobretudo a progressiva, está orientada para ampliação da experiência humana. Portanto, a educação progressiva é, na sua essência uma educação democrática. Embora no sentido lato, todas instituições sociais são educativas na medida em que influenciam a formação de hábitos.

Entretanto, pode-se inferir que a doação de métodos democráticos é fundamental na construção de uma sociedade alicerçada em hábitos democráticos de pensamentos e acção (…) a não doação de métodos democráticos equivale a um desperdício educacional. Pois, um espírito de livre comunicação, de troca de ideias, sugestões, resultado de experiência anterior bem ou mal sucedidadas, torna-se a nota dominante das aulas. Assiste-se assim a uma renovação da escola que passa a estar organizada numa verdadeira base social, proporcionando os estudantes vivencias democráticas.