A educação como preparadora da soberania popular na concepção de Rousseau
Por Thiago Silva Rodrigues | 16/12/2012 | FilosofiaIntrodução
A intenção desse trabalho é fazer uma analise filosófica da pedagogia de Rousseau dando ênfase para as contribuições que seu pensamento pode dar a educação na função de formadora de cidadãos livres e gerenciadores de suas próprias vidas. Para isso vou me basear na obra Emilio do autor já mencionado. Ele mostra o modelo ideal de educação a um jovem, que extremado, pode ser utopico, mas se moderado acredito que seria o que nossa educação estaria precisando. O livro é divido em cinco partes, mas eu vou apenas me utilizar do primeiro capitulo, por ver que a base é a parte fundamental para a formação do cidadão. É na infância o ponto crucial de formação de mentalidade critica. Nesse primeiro capitulo do livro Rousseau chama de idade da natureza, é essa a fase que jugo ser a mais importante por isso a escolha desse ponto do livro, vamos saber no decorrer do trabalho por que ele chama essa primeira fase da vida com essa expressão.
Na primeira parte do trabalho vamos ver qual era o papel da educação antes da concepção de Rousseau, como era entendido o papel da criança para a sociedade, sendo essa repleta de muitas falhas. Será se a educação não tinha mesmo nenhum papel na vida dessas pessoas? A educação era para formar padres e aristocráticos na visão de Rousseau, a escola não tinha uma preocupação em criar um pensamento critico da época, ela tinha era outros interesses por traz daquele tipo de formação, além do mais denuncia Rousseau que a educação era serva das politicas dos burgueses. Essa é discussão dessa primeira parte.
Na segunda parte do trabalho vamos dar uma breve ideia de como era o ideal de educação iluminista, vendo por que ela era contra os métodos que foram implementando na época, vendo um pouco de Kant um dos principais representantes e suas contribuições, pelas palavras de Hegel Kant fez uma “revolução copernicana” na filosofia, sendo Kant o responsável pela a introdução da critica no sistema de pensamento educacional, um aspecto importante e foi bem visto pela sociedade da época. Politica e educação que sempre foi vista na história como duas coisas completamente distintas, Rousseau tenta mostrar que elas parecem não esta uma tão distante da outra, como sempre foi colocado.
Na terceira e ultima parte vamos entrar mesmo no tema proposto a educação como preparadora da soberania popular na concepção de Rousseau, as perguntas fundamentais desse capitulo que deve ser respondida é: será que a educação pode mesmo fazer isso?, Pode preparar alguém a algo? O que Rousseau entende por pedagogia naturalista? Sendo que esse foi o seu método de uso para educar o jovem fictício de Emilio. E hoje? Qual é a importância dada à educação? Por que o autor no primeiro capitulo começa pela educação de uma criança, o que ele nos quer mostrar com isso.
- 1. Qual era o papel da educação da criança no século XVII.
Hoje nós temos uma visão bem diferente de educação do que na época de nossos pais. A educação é muito importante e essencial na vida de todas as pessoas, mas nem sempre foi assim, no inicio a educação não tinha o papel de formadora para a vida publica no inicio ela no mínimo era um fator de status social, somente os nobres tinham o privilegio de tê-la, os mais humildes não tinham acesso a ela. A educação era um mero instrumento para dar cultura aos senhores nobres de idade já adulta, enquanto a criança era marginalizada. A prioridade era somente o adolescente e ao homem de idade adulta, assim aborda Dewey;
“Só no final do século XVII, na origem das grandes transformações dos costumes entre a idade média e os tempos modernos que a educação começa a privilegiar crianças e adolescentes. Foram homens detentores da autoridade, da razão e do saber que compreenderam a particularidade da infância e a importância tanto moral como social da educação; e da formação das crianças em instituições especiais adaptadas a esta finalidade”. (Dewey. 2000).
Na Grécia e em Roma eles tinham as suas preferencias educacionais. Ensinavam-se apenas alguns poucos, com o objetivo de prepara-los para um dia governar. Um dos motivos era porque se repasse a todos o conhecimento, talvez apontasse para uma democracia e é claro, esse não era a intenção do povo dessa época. É bastante conhecido o sistema educativo da Grécia clássica. No século V a.C., ocorreu uma verdadeira revolução, quando o trabalho dos sofistas começou a se difundir. Baseado no método dialético, o ceticismo e a análise crítica das matérias em que os jovens atenienses eram educados. Sócrates transformou-se, para sempre, num modelo de educador, mas ainda assim era a uma minoria, Becker nos esclarece:
“a civilização clássica greco-romana deve sua importância histórica a um sistema educativo que, mesmo sendo privilégio de uma minoria, favorecia o pensamento crítico individual e se distanciava do modelo de casta fechada, orientado para a manutenção do saber como algo secreto, oferecido pelos deuses, que havia caracterizado as civilizações anteriores. Seria difícil determinar qual foi à causa e qual o efeito; mas a implantação do sistema educativo liberal e o florescimento do pensamento e das artes são historicamente coincidentes. A educação renascentista não ficou muito atrás disso, atentou-se a formação do homem burguês, o que justifica a educação não ter chegado às massas populares e caracterizou-se pelo o elitismo, aristocracia e individualismo liberal”. (Becker. 1998.)
A Idade Média começou assim que se arruinou o sistema político, econômico, social e cultural que havia unificado o mundo mediterrâneo e a Europa ocidental sob o domínio de Roma. Embora o cristianismo, já dominante no decadente Império Romano, tenha se imposto finalmente aos diversos povos bárbaros que dominaram a Europa, os mecanismos de transmissão de conhecimento foram interrompidos, em grande parte, ao se desorganizar a vida intelectual. Apenas a igreja, e dentro dela as ordens monásticas, conseguiram preservar a cultura do mundo antigo, ainda que de forma parcial e com significados e conteúdos frequentemente distorcidos. Boa parte da herança cultural greco-romana caiu no esquecimento ou desapareceu. Dessa maneira, perdeu-se o vínculo com a tradição cultural mais rica que até então a humanidade havia produzido, o que representou um retrocesso, mais uma vez a educação da criança foi esquecida, assim diz Cassirer;
“admite-se que, nas sociedades primitivas, formadas pelos remotos antepassados do homem contemporâneo, o processo educativo seria muito semelhante ao que os antropólogos de campo puderam estudar nas sociedades isoladas do mundo contemporâneo. A educação consistia, muito provavelmente, num processo sem solução de continuidade que, iniciado no interior do núcleo familiar, prosseguia nas atividades desempenhadas pelo grupo social, conforme as potencialidades físicas e intelectuais da criança fossem se desenvolvendo”. (Cassirer, 1999)
Como podemos ver a educação teve um papel não libertário do cidadão, ela não tinha um objetivo de emancipar culturalmente e racionalmente o homem, ela era muito presa a certos tipos de regras morais da época e das estruturas que deveriam ser mantidas, diante disso nós podemos ver a importância de Rousseau para educação nos final do século XIX na qual estamos contextualizando. Ele foi considerado o marco inicial do processo de mudança, diz até que ele fez uma revolução copernicana na educação, assim como Nicolau Copérnico tirou o sol e colocou a terra no centro, Rousseau colocou a criança no centro, a criança que era vista como um “adulto em miniatura” passou a ter sua especificidade típica de suas estruturas.
Como vimos na idade media a educação do individuo era na idade adulta e ainda por cima não era formar o homem para a vida publica, mas era para formar os filhos dos nobres como governar ou educa-los aos mosteiros. Nunca era formado para uma emancipação racional. Daí como já podemos perceber a importância do pensamento pedagógico de Rousseau onde ele mesmo afirma:
“Viver é o que eu desejo ensinar-lhe, ele não será magistrado, soldado ou um sacerdote, ele será, antes de tudo, um homem” (...) Toda a nossa sabedoria consiste em preconceitos servis; todos os nossos usos são apenas sujeição, coação e constrangimento. O homem nasce, vive e morre na escravidão: ao nascer cosem-no numa malha; na sua morte pregam-no num caixão: enquanto tem figura humana é encadeado pelas nossas instituições”. (Emilio, 2001)
Com Rousseau acontece uma reviravolta no modo de ver e de como educar, enquanto nos séculos anteriores a educação era formadora de ministros e sacerdotes, com o nosso filosofo, toma-se uma postura de formar para a vida, no Emilio Rousseau faz um ensaio pedagógico sob a forma de romance e nele procura traçar as linhas gerais que deveriam ser seguidas. O objetivo era fazer da criança um adulto bom, mas principalmente, trata dos princípios para evitar que a criança se torne mal, já que o pressuposto básico do autor é a crença na bondade natural do homem. A respeito do natural será mais na frente mais esclarecido. Como foi dito, evitando que a criança se torne má, isso é, que ela não use sua racionalidade de maneira errada, destarte denunciando que o esquecimento da educação da criança é um dos fatores da corrupção da sociedade, pois mal formadas, elas [crianças] se tornaram más cidadãs.
Seguindo o raciocínio do autor, podemos ver o quando a educação foi modificada e quanto foi importante à contribuição de Rousseau para esse processo de mudança, graças as suas ideias e sonhos, a educação tomou novas molduras, que se consolidariam ainda mais no movimento que eclodiu na França, com ideias de liberdade, fraternidade e igualdade, veremos o quando o pensamento de educar evoluiu e consolida a tentativa de emancipação de pensamento racional, por meio da educação, que agora assume um caráter reflexivo e libertador.
- 2. A educação iluminista
Com esse ideal de se fazer uma educação reflexiva e libertadora, assim que ficou o século das luzes, com o movimento muito conhecido, o iluminismo, por que dessa denominação? Por que eles achavam que a razão era a luz para tirá-los das trevas da idade medieval onde a fé era a grande guia do cidadão, deram super poderes a razão a ponto de achar que ela faria uma reorganização do mundo, esse pensamento não era tão novo assim, já desde o renascimento se já pensava assim que no processo de “secularização da consciência” em detrimento a religiosidade medieval, já se dava asas à razão sendo assim apenas mais desenvolvida.
O iluminismo, período muito rico em reflexões pedagógicas, teve um de seus aspectos marcantes na politica educacional focada no esforço para tornar a escola leiga e fundação do Estado, no espirito do iluminismo, os filósofos Diderot, D’ Alembert, Voltaire, Rousseau não eram propriamente educadores, mas encaravam a educação como veiculo importante das luzes da razão e no combate à obscuridade religiosa, embora algum mantivesse a visão antiga de educação, um viés aristocrático, isto é, acreditavam na capacidade de bem usar a razão como atributo de uma elite intelectual, como era o caso de Voltaire. Talvez tais posições possam ser compreendidas como expressão do ideal liberal, mas voltado para os interesses da burguesia, como podemos ver, mesmo com as denuncias de Rousseau sobre esse tipo de posição ela ainda não tinha sido totalmente desvanecida.
Kant que foi um dos maiores pensadores do iluminismo diz:
“mandamos primeiro as crianças para a escola, não na intenção que nela aprendam alguma coisa, mas afim de que se habitue a observar pontualmente o que se lhe ordena” (Kant. 2001).
Para Kant, a educação, ao desenvolver a faculdade da razão, forma o caráter moral, ele não busca desenvolver na criança uma obediência à passividade, mais uma “obediência voluntaria”, fruto do reconhecimento pessoal e com esse reconhecimento se ter uma educação reflexiva e critica totalmente diferente do ideal proposto por uma escola tradicional da época.
Outro pensador iluminista influenciado por Rousseau foi Pestalozzi, ele sempre se preocupou com a educação elementar, sobretudo de crianças pobres, é considerado um dos defensores da educação popular extensiva a todas como assim como Rousseau, reconhecia firmemente a função social do ensino, não como simples instrução, mas como formação completa, pela qual cada um é levado à plenitude do seu ser, como bom discípulo de Rousseau também acreditava na bondade humana, bastando apenas estimular o desenvolvimento espontâneo do aluno, assim diz Maria Lucia sobre Pestalozzi;
“Para Pestalozzi, a criança tinha potencialidades inatas, que serão desenvolvidas até a maturidade, tal como a semente que se transforma em arvore. Semelhante a um jardineiro, o professor não pode forçar o aluo, mas ministrar e instruir conforme o grau crescente da criança”. (Lucia, 2007).
Como já observamos tanto no pensamento de Kant e de Pestalozzi, vem a reforçar o que Rousseau já havia dito no Emilio a formação de cidadão e já começando pela criança, mas sem obriga-la a uma obediência a passividade como diz Kant, mas a uma obediência que o ajude a se formar dentre um conforma de educação que deve ter o ideal de formá-lo para a vida.
Podemos fazer uma síntese de todo o pensamento iluminista da educação na passagem do livro Emilio, onde diz Rousseau;
“O espírito do meu sistema não é o de ensinar à criança muitas coisas, mas o de não deixar entrar no seu cérebro senão ideias justas e claras. Mesmo quando não saiba nada, pouco importa desde que não se engane, e se lhe incuto verdades é apenas para garantir dos erros que poderia aprender em seu lugar. A razão, o juízo vem lentamente; os preconceitos acorrem em multidão: é deles que é necessário preservar a criança”. (ibidem).
- 3. A educação como preparadora da soberania popular
O Emílio é um ensaio pedagógico sob a forma de romance e nele Rousseau procura traçar as linhas gerais que deveriam ser seguidas com o objetivo de fazer da criança um adulto bom. Mais exatamente, trata dos princípios para evitar que a criança se torne maus, já que o pressuposto básico do autor é a crença na bondade natural do homem. Outro pressuposto de seu pensamento consiste em atribuir à civilização a responsabilidade pela origem do mal. Consequentemente, os objetivos da educação, para Rousseau, comportam dois aspectos: o desenvolvimento das potencialidades naturais da criança e seu afastamento dos males sociais.
O pensamento do autor esta em torno de uma defesa de uma educação preparadora para a vida assim diz o autor;
“O problema não é ensinar-lhe as ciências, mas dar-lhe o prazer de amá-las e os métodos para aprendê-las, quando esse gosto estiver já bem mais desenvolvido. É este o princípio fundamental de toda boa educação”. (ibidem).
Rousseau tenta nos mostrar o verdadeiro fundamento da educação não de formar para ser um aristocrata, mais sim para ser um ser capaz de si mesmo ter uma capacidade racional autossuficiente de analisar a realidade que ele esta inserido, assim retomando a natureza do homem, que na concepção de Rousseau é retornar ao seu estado natural, mais o que mesmo essa pedagogia natural de Rousseau? De maneira bem direta seria uma educação livre do artificialismo, das convenções sociais.
A emancipação racional, ou seja, uma reflexão sem preconceitos para Rousseau seria a guia para uma soberania popular, assim ele diz; “O cidadão é ativo e soberano, capaz de autonomia, na qual a liberdade e a obediência são polos complementares na vida do sujeito social e politico”. (Emilio, pág.; 29), ou seja, a pessoa no seu estado natural tem essa capacidade de se organizar soberanamente sem oprimir o seu próximo, o intelectualismo do ensino tradicional foi quem desvirtuou o cidadão o distanciando do seu estado de “supremacia racional”.
Algo interessante que podemos encontrar ao se ler a obra é que não há escola em Emílio, mas a descrição, em forma vaga de romance, dos primeiros anos de vida de um personagem fictício, filho de um homem rico, entregue a um preceptor para que obtenha uma educação ideal. O jovem Emílio é educado no convívio com a natureza, resguardado ao máximo das coerções sociais, que para ele [Rousseau] era muito importante para se ter uma maior capacidade racional longe de normas, que inibem e põem em risco a emancipação de um raciocínio natural. O objetivo de Rousseau, revolucionário para seu tempo, é não só planejar uma educação com vistas à formação futura, na idade adulta, mas também com a intenção de propiciar felicidade à criança enquanto ela ainda é criança.
Rousseau sofreu diversa criticas a sua pedagogia filosófica, uns o consideravam elitista, já que Emilio é acompanhado por um preceptor, outros o rejeitavam por defender uma educação individualista, já que separava o aluno do convivo social. Mesmo admitindo o procedimento dessas criticas, é importante não esquecer que Rousseau recorre a uma abstração metodológica de uma relação ideal, hipotética, semelhante à outra obra sua do contrato social, a fim de formular a teoria pedagógica, ou seja, perguntar como seria possível a educação natural em Emilio em uma sociedade sem soberania popular e corrupta significa tratar do mesmo problema da politica, quando nos perguntamos: como é possível estabelecer a vontade geral em uma sociedade que não é ainda democrática? Esse era a resposta de Rousseau àqueles que o haviam criticado.
Em suma o filosofo considera que seria possível se chegar a uma soberania popular, se a educação fosse feita de forma natural, ou seja, o homem deveria se afastar das convenções já estabelecidas socialmente, que segundo ele, estão mal formuladas por causa da corrupção do homem bom, se o homem é bem mais difícil de modelar, nos dois capítulos de sua obra que aqui foi escolhida para essa analise filosófica, ele recorre à educação da criança, tendo em vista que ela nasce com seu estado natural intacta, e completamente sem nenhuma convenção social, sendo por isso a melhor fase de vida, para sua educação que também já vimos é hipotética, mas nem por isso é invalidade, pelo contrario, seria muito útil se fosse seguida a risca, com certeza a iniciativa foi muito boa, embora a tentativa de alguns filósofos de implanta-la como tentou Pestalozzi, ela não foi adiante, pois sabemos que a educação não é neutra da politica, sabemos que ela recebe muita influencia de ideologias, que de maneira alguma querem pessoas pensando, ou questionando, suas táticas já tão bem conhecidas mais ainda eficazes de eleição.
- 4. Conclusão
Dos muitos escritos de Rousseau tratou-se aqui de seu tratado sobre educação, o Emílio, especificamente dos conteúdos do Livro I que versa sobre “A idade da natureza”. A obra Emílio, ou da Educação data de 1762 sendo, portanto, contemporânea do Contrato Social. Ambas foram extremamente polêmicas e causadoras de diversos problemas para Rousseau. O Emílio é uma obra com singularidade especial, pois já em seu tempo evoca a democratização da educação rompendo com o modelo das escolas monacais e palacianas tuteladas pela Igreja e pela monarquia, por isso de sua importância, o que seria de nossa sociedade se esses modelos se mantivessem, se democráticas, a sociedade é do jeito que é, agora imagina se fosse aos moldes medievais.
Um dos objetivos do livro era criticar a educação elitista de seu tempo- e como já o vimos mesmo foi vitima desse argumento, mas ele mesmo se defende depois com o exemplo da politica do seu tempo- que tinha nos padres jesuítas os expoentes. Rousseau condenava em bloco os métodos de ensino utilizados até ali, por se escorarem basicamente na repetição e memorização de conteúdos, e pregava sua substituição pela experiência direta por parte da primeira parte da educação da criança, a quem caberia conduzir pelo próprio interesse o aprendizado. Mais do que instruir, no entanto, a educação deveria, para Rousseau, se preocupar com a formação moral e política, principalmente.
Havia mais desacordo do que harmonia entre Rousseau e os outros pensadores iluministas que inspiraram os ideais da Revolução Francesa. Voltaire, Denis Diderot e seus pares exaltavam a razão e a cultura acumulada ao longo da história da humanidade, mas Rousseau defendia a primazia da emoção e afirmava que a civilização havia afastado o ser humano da felicidade.
Sabemos que essa mudança muito foi dada a Rousseau e seus escritos que de muito contribuíram, a formar para a vida e não para outras especialidades do qual a educação era tida, ele abre um novo caminho para recuperar as forças originais da infância o que faz o precursor não só das pedagogias do final do século XIX que valorizam as atividades da criança, mais a muitos ramos e campos de estudos como também a filosofia que ganhou um novo encorpamento com seu pensamento. Portanto o que define o gênero humano é o povo, onde as diferenças naturais entre os homens não os colocam em situação de desigualdade ou de inferioridade. O homem é a própria sociedade e suas convenções. Segundo Rousseau, quando a formação do homem não é corrompida pelos mecanismos da sociedade, mas sim marcada por valores naturais, ele é capaz de manter sua vida social conduzida por sua própria razão.
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
ARANHA, Maria Lucia. Filosofia da educação. 3ª ed. São Paulo: Moderna, 2006.
BECKER, Fernando. A epistemologia do professor: o cotidiano na escola. 10ª ed. Petrópolis, Vozes, 2002.
CASSIRER, Ernst. Antropologia Filosófica. México, Fondo, 2000.
DEWEY, John. Democracia e Educação: introdução à Filosofia da Educação. 4ª ed. São Paulo, Nacional, 1979.
KANT, Immanuel. Critica da Razão Pura. São Paulo, 1998.
ROUSSEAU, Jean Jacques. Emilio. São Paulo: Martim Fontes, 1996.