A Doença Da Desatenção

Por Nagib Anderáos Neto | 15/02/2008 | Saúde

A Doença da Desatenção

A cura da chamada doença da distração ou da desatenção não é tarefa simples e não depende da intervenção de médicos ou da ingestão de remédios. A verdadeira causa desta falha psicológica não será eliminada com o aconselhamento profissional de quem padece do mesmo mal e não sabe como combatê-lo em si mesmo. Essa é uma das contradições da pedagogia e da psicologia moderna: o instrutor ou o aconselhador pretende ajudar a outros no enfrentamento de dificuldades pessoais sem antes tê-las superado em sua própria vida.

A desatenção é uma propensão mental proveniente do ócio e de abstrações estéreis. A rotina e o automatismo mental tornaram o ser humano distraído e desatento. A distração torna as pessoas ingênuas e inseguras; joguetes nas mãos de espertalhões. Talvez por isso, a cultura atual seja tão voltada para as distrações de todo gênero, o ócio e a inatividade mental.

A atenção em tudo o que se faz sem o concurso da consciência é inoperante. No entanto, a consciência humana anda muito inativa, escondida, deprimida. Num mundo onde grandes mentiras são tidas como verdades, a ampliação da consciência fica impossibilitada, e a síndrome da distração alastra-se em proporções assustadoras.

Tempo é dinheiro. Ter é poder. Onde falta dinheiro, falta felicidade. Essas são algumas das inúmeras faces da Grande Mentira que comprou a alma humana para sacrificá-la como o diabo descrito por Goethe. O mecanismo da atenção deve ser regido pela consciência e não por remédios, tratamentos ou aconselhamento espiritual duvidoso.

O que significa ser inteligente?

A inteligência pressupõe o exercício de diversas funções mentais que podem se complementar em mútua colaboração: recordar, observar, refletir, pensar, julgar, raciocinar, imaginar, combinar. A inteligência é a faculdade maior que se resume no funcionamento harmônico das mencionadas para o bem e superação do indivíduo, o que, em geral, não acontece.

A cultura convencional que recebemos de nossos antepassados está voltada, quase que exclusivamente, para a utilização da memória e da imaginação. Nas escolas as crianças são massacradas com uma infinidade de informações que devem ser memorizadas em detrimento das outras funções. Essa memorização absurda será necessária para o vestibular que exigirá do jovem um enciclopedismo inútil.

O entendimento não desenvolvido faz com que a pessoa aceite, passiva e ingenuamente, versões absurdas sobre a realidade, fantasias de toda a índole que se opõem à verdade, acorrentando o espírito - potencialmente inteligente - no claustro de crenças absurdas. O desenvolvimento da inteligência exige o adestramento da observação, do juízo, da razão, do entendimento, do pensar. O ser humano não pode se transformar num papagaio repetidor de falas criadas por outros, nem num ser que vive a imaginar coisas que nunca realiza. A inteligência deve ser desenvolvida na realização das principais tarefas de sua vida: evoluir e colaborar com as outras pessoas nesse sentido. Ser inteligente implica ser humano, saber conviver com as pessoas, buscar e ir encontrando a felicidade através da vida.

A inteligência é um dom divino que todos recebemos ao nascer para este mundo e pode ser desenvolvida. Máquina alguma haverá de substituir essa capacidade cognoscitiva e criativa que todos têm e que, aliada ao sentir, poderá levá-los a condições cada vez mais humanas.

Para conhecer e se aproximar do Criador é lógico e necessário que se conheça a parte da Criação que mais está ao nosso alcance, ou seja, nós mesmos, e que se experimente as alternativas evolutivas que nos foram concedidas através de um processo conscientemente realizado.

Ser mais inteligente significa ser mais humano, interessar-se pelo próprio futuro e o dos demais, estar atento a quanto ocorre na própria vida, no dia-a-dia, com o intuito de aperfeiçoar a conduta e facilitar a convivência com as outras pessoas.

Nagib Anderáos Neto
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