A Diplomacia do Irã: Ambivalência ou Silêncio

Por Leôncio de Aguiar Vasconcellos Filho | 03/10/2024 | Política

Há pouco mais de 24 horas, o Irã atacou Israel com cerca de 100 mísseis de cruzeiro, tendo tais artefatos sido interceptados pelo “Domo de Ferro”, consistente numa rede de abate cuja origem remonta à Guerra do Golfo, quando os EUA protegiam o Estado Judeu do Iraque com suas baterias de “mísseis antimísseis” Patriot.

Após a agressão, retaliatória ao fato de Israel estar, praticamente, dizimando a população palestina na Faixa de Gaza, bem como civis libaneses no seu próprio território, e sempre sob a justificativa de que está combatendo o Hamas, a Jihad Islâmica e o Hezbollah, o Irã afirmou que “só atacará se voltar a ser atacado”.

Esse tipo de comunicação é próprio da linguagem diplomática iraniana, que dá sinais ambivalentes de suas intenções ou vence seu adversário pela incógnita do silêncio, como fez com o Brasil quando nosso país tentava costurar um acordo internacional para que o Programa Nuclear Persa fosse aceito pela sociedade internacional. Como não concordaram com os termos propostos pelo Brasil, que teve o silêncio como resposta, as atitudes anteriores, de insistência no enriquecimento de urânio, continuaram. Para o mundo, depois do ataque de ontem, a resposta é a ambivalência.

Digo isso porque precisamos nos ater à questão do que, para o Irã, é ser atacado: é quando os grupos que financia, como o Hamas, a Jihad Islâmica e o Hezbollah, são retaliados, ainda que fora de seu território, ou somente quando há uma ocorrência dentro de seus limites políticos, como o foi a detonação de uma bomba plantada pelo Mossad (o serviço de inteligência de Israel), que matou o líder político do Hamas, Ismail Haniye, há alguns meses em Teerã? Se considerarmos que a repressão bélica a quaisquer destes ou outros grupos financiados pelos aiatolás é uma agressão, temos, nesta negativa por eles emitida, a confirmação de que o Irã vai continuar agredindo Israel, pois só na Faixa de Gaza os israelenses fizeram e continuarão a fazer praticamente uma guerra de conquista, exterminando a população local palestina. É o que vemos nas imagens que nos chegam, de uma terra praticamente em ruínas. E é o que tencionam continuar no Líbano.

Infelizmente, uma aberta e direta guerra persa-israelense se aproxima, com a certeza da catástrofe ao resto de um mundo onde a globalização exporta, também, a morte, com sinais, mais do que nunca, claros do absurdo da condição humana.

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