A difícil arte de educar: e a formação do professor

Por Lidia Grusegoch | 24/10/2017 | Educação

           Este texto busca refletir sobre a prática docente na Educação Infantil e nos anos iniciais com o objetivo de nos levar a pensar a prática docente e o processo de ensino e aprendizagem através das leituras e interpretações dos textos e que deverá ser apresentado:

A elaboração desse artigo tomará como base uma breve reflexão os três textos estudados em sala de aula: CAMPOS, (2008); FRANCO, (2008); KISHIMOTO, (2007).

            Esses textos têm em comum a educação infantil e a formação do professor da educação infantil. A constituição desse processo ainda está em construção essa concepção de educação infantil.

            Instabilidade na definição de profissional para essa educação, reconhecimento da clareza que o professor atende um grupo diferenciado e precisa ter uma formação diferenciada.

Alguns apontamentos segundo CAMPOS, (2008) no final do século XIX, no entusiasmo de se construir uma nação moderna, a elite da época trouxe para o Brasil o jardim-de-infância, um produto estrangeiro, que acarretou muitas controvérsias entre os políticos e a sociedade civil. Essas controvérsias ocorriam pelo simples fato de alguns criticarem as salas de aulas dos jardins-de-infância por identificá-las como salas de asilos entendidos como depósitos de crianças. A partir da década de 80, muitos questionamentos foram levantados á respeito da educação infantil, assim com os primeiros questionamentos em relação à proposta foram estabelecidos novos projetos. A partir da constituição de 1988 as creches e pré-escolas passaram a ser reconhecidas como direito da criança e dever do estado. Já na década de 90 entra em vigor a nova Lei 9.394/96 que garante a educação infantil como etapa inicial da educação básica. Uma conquista histórica que tira as crianças pobres desse confinamento em instituições vinculadas a órgãos de assistência social.

A nova Lei atribui flexibilidade e funcionamento da creche e da pré-escola, permitindo a adoção de diferentes formas de organização e práticas pedagógicas.

A formação é necessária não apenas para aprimorar a ação profissional ou melhorar a prática pedagógica. A formação é direito de todos os professores, é conquista e direito da população, por uma escola pública de qualidade. (Kramer, 2005, P.224, apud. CAMPOS, Educar crianças pequenas em busca de um novo perfil de professor, p.128, 2008).

            Segundo CAMPOS, (2008) houve uma expansão de acesso de vagas na educação infantil, mas não se dá ao mesmo tempo uma educação de qualidade.

            O profissional da educação infantil vem, ao longo da sua trajetória, experimentando diferentes exigências em relação à sua atuação. Tais exigências vêm sendo feitas em função da origem e determinação social das instituições de atendimento infantil e das transformações históricas nas sociedades que, por sua vez, provocaram mudanças nas concepções de infância e de Educação Infantil. A concepção de criança e a forma de atendimento a ela dispensado também vêm sofrendo mudanças significativas desde o início da Idade Moderna.

            A partir da leitura feita do texto, KISHIMOTO, (2007) refere-se sobre uma pesquisa e análise feita por uma professora da educação infantil, na escola da rede pública de São Paulo, com crianças de quatro anos de idade, sobre a prática de contar histórias em um ambiente que estimula a cooperação, o lúdico e as narrativas, em um processo de inovação e ruptura com a concepção tradicional. A aprendizagem da criança se dá por descobertas que dependem da mediação de um adulto, a criança é agente de seu processo de aprendizagem, através das narrativas ela descreve fatos em sequência, dando sentido ao mundo e tornando essencial sua inclusão no cotidiano infantil.

Embora a maioria dos estudos sobre projetos utilizam-se concepções de Bruner, ainda pouco divulgadas, mas de grande relevância para a condução de projetos que incluam narrativas infantis. As concepções brunerianas foram utilizadas para compreensão das ações das crianças que, após ouvir histórias sobre bruxas, constroem narrativas com diferentes linguagens. (BRUNER, apud, KISHIMOTO, 2007)

            No entender de BRUNER, (2007) pedagogias que estimulam narrativas infantis garantem a integração de formas de representação do mundo pela criança, propiciando aprendizagens por descobertas, solução de problemas e desenvolvimento de mentes narrativas. A abordagem desse projeto incorpora as concepções dessas pedagogias ao ouvir a criança ampliar seu conhecimento, dar espaço pro seu protagonismo.

            O estudo aponta o papel da formação em contexto na profissionalização docente que, combinada a investigação, cria oportunidades para implementar de forma  consciente, mudanças nas práticas com vistas a uma educação de melhor qualidade (KISHIMOTO, 2007, p. 430 - 440).

            Segundo FRANCO, (2008) há momentos em que é priorizada a lógica em outros a prática que forma, informa e transforma saberes pedagógicos docentes. [...] “a prática pode se situar no plano das elaborações primárias do pensamento, a práxis não. Ela pressupõe um coletivo articulado, nunca massificado ou aglutinado” [...]. (FRANCO, 2008, p.74).

            A autora foca para a formação do futuro professor para o exercício de sua prática profissional, direcionada para a concretização do processo ensino-aprendizagem e contextualizada e para diferentes níveis de escolaridade. [...] “há que se reforçar que o docente não se define a prática, mas sim o papel que ai ocupa” [...]. (FRANCO, 2008, p. 113).

Ao realizar um trabalho na tentativa de observar as possibilidades de diálogo entre os saberes da prática e os saberes da formação, afirma que percebeu a existência de duas lógicas que, ao longo do processo vivido no grupo de aprendizagem, ora se aproximaram, ora se distanciaram: a lógica das práticas e a lógica da formação. Enquanto a lógica das práticas era pautada pelas necessidades de conhecer para atuar, isto é, para ensinar no contexto das demandas e urgências da prática, a lógica da formação era regidas por questões conhecimento, nem sempre vinculadas às demandas imediatas do exercício da profissão de ensinar. (FRANCO, 2008, p.119).

Segundo a autora uma preocupação que está sempre presente nos formadores de docentes é como formar os futuros professores que saibam construir, no processo da prática saberes docentes e, e mais que isso como formar docentes que saibam mobilizar os conhecimentos pedagógicos na transformação de sua prática e dos próprios saberes que vão sendo percebidos como ultrapassados ou inadequados para algumas situações. Esses saberes devem conter [...] “um saber do saber fazer, um saber para o saber fazer, um saber a partir do saber fazer” [...] (FRANCO, 2008).

A partir dos textos estudados conclui que a docência é um constante aprendizado e sendo aperfeiçoado diariamente. Todas as disciplinas estudadas contribuíram e estão contribuindo para apurar o meu olhar, influenciam na reflexão de minha prática cotidiana, porém as disciplinas relacionadas como educar crianças pequenas recebem maior enfoque devido à relevância direta que estar atuando em sala de aula do ensino infantil.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CAMPOS, Maria Malta; Educar crianças pequenas: em busca de um perfil de Professor. Revista Retratos da Escola, Brasília, 2008, p. 121-130

 FRANCO, Maria Amélia Santoro; Entre a lógica da formação e a lógica das práticas: a mediação dos saberes pedagógicos, educação e Pesquisa, São Paulo, 2008, p.109-126. 

KISHIMOTO, Tizuko Morchida; Narrativas infantis: um estudo de caso em uma instituição infantil. Educação e Pesquisa, São Paulo 2007, p.427-444.

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