A DESVIRTUALIAZAÇÃO DA ESCOLA BRASILEIRA
Por Ademir Rafael da Silva | 13/05/2015 | EducaçãoA DESVIRTUALIAZAÇÃO DA ESCOLA BRASILEIRA Comparar a educação brasileira com modelos de países desenvolvidos é uma tarefa, senão descabida, injusta, visto os fatores sociais que separam aqueles de nós. Preocupante mesmo é quando essa comparação se faz entre nossos pares e constatamos que ainda assim estamos atrás. Os problemas são importantes e diversificados , mas podemos encontrar um ponto de estudo exatamente na função da escola, que passa por um processo em que seus objetivos tendem a atender demandas das quais a sala de aula não fora criada para atender. O mundo muda. E essa dinâmica é, às vezes, mais rápida do que possamos ver e entender. Com essas mudanças vêm também as novas demandas que por origem a escola deveria estar preparando seu ator principal o aluno para as atender. Neste sentido, mais do que um problema de função temos um problema curricular. Nossas escolas preparam alunos para solucionar uma demanda criada pelo estado que na maioria das vezes não atendem a real necessidade de mercado existente. São muitas disciplinas curriculares e obrigatórias que cansam a mente doa estudantes por não conseguirem entender a serventia do que estudam e não conseguem desenvolver suas habilidades natas e vocacionais barrados pela morosidade do processo. Em países desenvolvidos como os EUA, os alunos do Ensino Médio tem apenas três disciplinas obrigatórias Inglês, Matemática e História enquanto pode escolher por outras áreas que desenvolverão suas aptidões individuais. Enquanto isso no Brasil os alunos são preparados (sem fazer aqui discussão sobre as disparidades público- privada) de maneira menos específica para passarem em um vestibular. A preocupação é maior no conhecer, do que no ser e fazer . A desvirtualização envolve também o aspecto das políticas públicas sociais. O Estado tem sido ineficiente em produzir políticas públicas de igualdade de oportunidades, desenvolvimento cultural e combate a violência e tem encontrado na escola um refúgio tipo bunker para proteger jovens da própria ausência estatal. Desta forma a instituição pública deixa sua função original de formar cidadãos preparados para o convívio em sociedade para agregar trabalho de creche de educação básica. Obviamente que, o agregando, também perde em qualidade de seu papel original. Aí um agravante claro tem se criado com o modelo de escolas integrais, onde o currículo tem crescido em detrimento de práticas esportivas, culturais que poderiam desenvolver habilidades individuais. Por outro lado a crescente demanda de aumento de renda que tem feto casais se ausentarem de casa, além do crescente risco da ociosidade geradora de delinquência, têm contribuído para que a escola também se tornasse uma zona de conforto para pais impossibilitados de fazer um acompanhamento mais próximo de seus filhos. Como consequência os pais impedidos também se ausentam da escola e deixam de ser parceiros. E ainda podemos evidenciar o despreparo da escola para receber essa demanda. Muito por conta do próprio investimento público para educação que insiste em vetores superiores causadores de uma discrepância lógica os recursos gastos no Ensino Superior, na mais otimista reflexão, fazem falta para educação básica, onde estrutura e valorização de profissionais são decadentes. Sendo o ensino público da educação básica inferior, em qualidade ao mesmo nível do setor privado (que atende uma clientela mais elitista) as vagas das universidades públicas (melhores) são ocupadas por essa elite fazendo com que se dobrem os recursos para o Ensino Superior com programas de inclusão. Desta maneira o resultado da educação brasileira está relacionado com uma demanda que não contempla o que temos de melhor individualmente, tampouco atende as reais necessidades de mercado. A equação é simples e resulta dela o desemprego e o prejuízo do crescimento do Produto Interno Bruto PIB e, paralelo e consequentemente, a minoração da evolução da renda per capita. Fica claro aqui que a educação tem sido tema de discursos, mote de parolas, justificativa de gastos, mas em quase nenhum setor da sociedade tem sido uma verdadeira prioridade.