A democracia e o poder imaterial
Por Emanuel Delgado Magalhães | 10/01/2011 | PolíticaA ascensão de um novo regime de acumulação de capital, apoiado pela tecnologia da informação, está transformando as relações de poder. Com a revolução na tecnologia da informação, o conhecimento finalmente passou a liderar a força e o dinheiro na equação do poder. Nesta dimensão estão em crise o Estado-Nação e a democracia representativa.
Através de acordos multilaterais, novas relações de poder são institucionalizadas e implementadas por agências multilaterais, sob as regras de mecanismos supranacionais, que se colocam por cima da institucionalidade dos Estados-Nações, em representação dos interesses de atores transnacionais com ambições expansionistas.
As regras nacionais dos Estados-Nações são redefinidas como "barreiras" a serem derrubadas, abrindo caminho às regras supranacionais do capitalismo corporativo transnacional.
As redes eletrônicas criam um tipo de poder imaterial que não respeita nem necessita de fronteiras nacionais; ao contrário, estas se transformaram em inconveniências para os interesses transnacionais.
O poder político, para formular políticas e tomar decisões relevantes está, hoje, institucionalmente localizado em mecanismos supranacionais. De forma deliberada, a ideologia do Estado é substituída pela ideologia do mercado, que exige a debilitação do setor público e privilégios para o setor privado.
Também há uma tendência para a globalização do poder da sociedade civil, que se está organizando em redes de poder social e institucional, para exercer sua influência sobre questões geradas a partir da revolução sociocultural: com relação aos direitos humanos, a conservação dos recursos naturais, a justiça global, etc.
Entretanto, no nível do sistema político nacional (formal), a sensação generalizada é de que a democracia representativa já não é suficiente para a prática democrática porque, no mundo corporativo globalizado, os que são eleitos não decidem e os que decidem não são eleitos. Na atualidade, os atores individuais mais capitalistas do Planeta são corporações transnacionais, que representam hoje a versão moderna da monarquia absolutista.