A DEEP WEB COMO FERRAMENTA DO JORNALISMO INTERNACIONAL

Por Marcus Vinícius Félix de Souza | 08/09/2016 | Política

RESUMO

O crescimento das tecnologias de comunicação mediadas por computadores e o aumento da velocidade da internet ampliou as possibilidades de ação dos jornalistas que trabalham como correspondentes ou como enviados especiais em outros países. Como se dá a comunicação destes com suas respectivas redações em países onde há limitações à liberdade de imprensa e onde a internet é controlada? Ao final de uma pesquisa exploratória, pode-se constatar que a Deep Web é livre e deve ser utilizada por jornalistas do mundo inteiro a enviar para suas respectivas redações as principais notícias na cobertura internacional, principalmente quando o país em cobertura é um aliado em potencial a censura. Fazer com que a notícia verídica chegue ao conhecimento da sociedade é dever do jornalista e a Deep Web vem como um veículo para cumprir tal procedência. Afinal, a máquina é apenas uma ferramenta capaz de ajudar a humanidade a progredir mais depressa, livrando-a de alguns dos encargos decorrentes de cálculos e interpretações. “A tarefa do cérebro humano continua a ser o que sempre foi: descobrir novos dados a serem analisados e inventar novos conceitos a serem experimentados”. (ASIMOV. 1976, p.13)

1 INTRODUÇÃO

O avanço das tecnologias de computação e a consequente criação da internet como espaço de interatividade comunicacional trouxe diversos benefícios ao mundo globalizado, mas também inúmeras preocupações consideráveis. Dentre elas trouxe a censura na rede, o fim da privacidade e as práticas invasivas de e-mails, redes sociais e entre outros.
Tecnologia é uma dimensão fundamental da mudança social. As sociedades evoluem e transformam-se através de uma complexa interação de fatores culturais, econômicos, políticos e tecnológicos. Por isso, a tecnologia precisa ser entendida dentro dessa matriz multidimensional. No entanto, a tecnologia tem sua própria dinâmica. O tipo de tecnologia desenvolvida e difundida numa sociedade configura decisivamente sua estrutura material. (CASTELLS,1999, p.137).
A Deep Web (DW) então surgiu para ampliar os diversos caminhos do usuário final, entre eles, ajudar o correspondente internacional, em um país aliado à censura, a comunicar com sua respectiva redação. A DW, por muitos anos, foi considerada ferramenta ilícita do mundo virtual. Segundo GREENWALD (2014, p.10) “a fama veio através de empresas capitalistas que lutam e tentam formar essa ideia nas pessoas mundo afora para não perderem seu espaço no mercado lucrativo da Surface (internet convencional)”.
Fato é que ela pode ser usada por jornalistas internacionais para comunicar às suas respectivas redações longe da visão do governo do país em trabalho. Nesse caso, usar a Deep Web é um jeito de “quebrar” a censura e pode ser uma solução eficaz para ajudar os jornalistas. Segundo GREENWALD (2014, p.14), “sem dúvidas ela veio para ficar, modificar o futuro quando o assunto é acesso à internet e derrubar a Surface que por sua vez é cada vez mais censurada mundo a fora”.
A necessidade do computador e da internet vem crescendo a cada dia em todas as faixas etárias e camadas sociais da população. Não existe mais o antigo pensamento de que o uso desta tecnologia é algo exclusivo de adolescentes aficionados por jogos virtuais que perdem seu tempo no ciberespaço ao invés de estudar ou realizar programas culturais.
Conhecer a fundo o problema da censura, os exemplos de superação e luta contra essa prática é dever de todo jornalista internacional. Fazer de fato com que a sociedade fique bem informada é papel de um bom profissional.
Após realizar uma pesquisa explicativa que, conforme GIL (2002, p.36) “é aquela que identifica os fatores que determinam ou contribuem para a ocorrência dos fenômenos”, esse trabalho de conclusão surge em três plausíveis divisórias.
Na primeira parte, a análise é sobre como deve ser um profissional do jornalismo em sua atuação internacional e discussão da censura e sua procedência desde os tempos do telégrafo ou dos jornais que surgiam em meio à burguesia da Europa.
No segundo, a pesquisa explora sobre o mais novo tema da computação mundial, a Deep Web ou DW. É apresentada toda a sua história, funcionamento e como ela pode ajudar os profissionais de comunicação.
No terceiro e último tempo, a pesquisa apresenta os casos que mais intrigam os leigos em computação e demostra o caso que abalou o mundo, o processo e história de vazamento das informações da NSA, o caso Edward Snowden.
Por fim, de acordo com MACHADO (2007, p.18), a pesquisa “promove ao pesquisador o maior conhecimento sobre o tema ou problema de pesquisa em perspectiva”. Nesse caso, o trabalho visa uma pesquisa bibliográfica junto a autores e obras que tratam do assunto, bem como em fontes seguras da internet, mostra pessoas que tentam a todo o momento se libertar da censura mundial e apresenta aos leitores a mais nova internet da atualidade e de um futuro próximo.


2. O JORNALISMO INTERNACIONAL

Alimentada pela globalização, ajuda internacional e os esforços dos grupos de jornalismo, a prática mundial de enviados especiais para estreitar a comunicação e notícia entre países tem crescido desde a queda do comunismo em 1989. A ênfase de campo sobre a responsabilidade pública e direcionamento das pautas de crime e corrupção tem atraído milhões de dólares em mídia, que vem como uma força importante no promover o Estado de Direito e da democratização no acesso a informação.

2.1 O que é o jornalismo internacional

Vislumbrado por diversos jornalistas, a prática de jornalismo internacional vem sendo cada vez mais desejada. Incumbido de informar as notícias internacionais, essa vertente vem ganhando alto espaço no meio da imprensa. Como qualquer outra prática social, ele não pode agora ser completamente entendido como parte da globalização.
Segundo PUTSATA (2007, s.p.), este processo “refere-se à intensificação das interconexões sociais, que permite apreender o mundo como um único lugar, criando uma consciência da própria existência e sua posição dentro da faixa de experiência do mundo”. Como parte de uma maior plataforma de meios de comunicação, o jornalismo contribui para esta experiência e representa um componente fundamental nessas transformações sociais, tanto como causa e tanto como resultado mundo a fora.
Assim, o avanço do capitalismo e a revolução industrial trouxeram consequências que incentivaram o avanço do jornalismo e as pesquisas na área de comunicação. Invenções como eletricidade, máquina a vapor, o telégrafo e o telefone no final do século XIX beneficiaram a urbanização e a existência de um público letrado, interessado em consumir novos bens, ampliando assim os investimentos em jornais e agências de publicidade.
Diante de um cenário de desenvolvimento industrial e consequente necessidade de venda de produtos e investimento em publicidade, começaram a surgir as primeiras pesquisas em comunicação. Mas ainda é forte no pensamento geral que a crença do jornalismo no mundo teria nascido primeiro voltado para a informação local e só depois, expandido para além das fronteiras a partir de recursos tecnológicos advindos da Revolução Industrial. Esta concepção situa as origens do noticiário sobre fatos estrangeiros num estágio secundário do desenvolvimento da imprensa, como desdobramento do processo de industrialização capitalista.
De acordo com esta visão, o jornalismo internacional é um fenômeno da atividade intelectual e econômica que data do segundo quartel do século XIX, porque sua história estaria, segundo ESPINOSA (1998, p.36) “ligada ao desenvolvimento da escrita, à imprensa, à indústria editorial, às tecnologias de comunicação e ao transporte”.
Os acontecimentos sobre o exterior entraram nas páginas dos jornais tardiamente, porque não havia formas de compilação de fatos ou porque o interesse não transcendia fronteiras. Assim foi, em geral, a história da imprensa no mundo. O jornalismo nasceu como uma atividade de comunicação local, com uma vocação comunitária. A primeira agência de notícias internacionais é organizada no segundo quartel do século XIX. As notícias sobre o exterior ganham seu espaço na imprensa diária quase um século depois da Revolução Industrial. (ESPINOSA, 1998, p. 40).

O jornalismo internacional, de fato, é praticado desde o início da história da imprensa. Os veículos pioneiros criados pela burguesia da Europa já utilizavam essa prática para informar leitores locais sobre fatos acontecidos no exterior nos séculos XVII e XVIII.
Assim, na realidade, surgiu então o jornalismo internacional que tem como objetivo informar à redação do país local questões de política, economia, cultura, acidentes, natureza e todos os assuntos que acontecem no país em cobertura.
Portanto, segundo NATALI (2004, p. 19) seria um equívoco acreditar que “o jornalismo internacional teria nascido apenas no século XIX quando, em Londres (Inglaterra), os periódicos impressos ampliavam sua área geográfica de interesse e de cobertura em razão da expansão do império colonial britânico”. Nos EUA, o noticiário internacional tomava corpo porque imigrantes enriquecidos tinham uma visão mais metropolitana do mundo e criavam uma demanda específica por informações, sobretudo as que tinham origem na Europa.

[...]

Artigo completo: