A Dama de Vermelho
Por Eliane Maria da Silva Souza | 31/08/2009 | LiteraturaO curioso do dia era que pareceria um banal,
daqueles que o inicio é irritante, quente e agitado. Onde o
suar transpira do corpo ao término do banho. Todavia, os
afazeres diários não foram suficientes ao
controle do destino. Ao sinal do telefone o golpear assustado do
coração ao descansar em seu leito silencioso e
solitário, onde os pensamentos a levavam ao mundo dos
sonhos. Do outro lado da vida um grito alucinado,
desesperançoso e mortal. O descontrole rasgava em prantos o
silenciar do repouso, uma convocação a lutar
contra a guerra, a vencer um inimigo invisível.
Diante
da convocação conferida, os pensamentos a levaram
ao passado das guerras, duelos em que o caminho foi lavado com o
encarnado das derrotas. No impulso aceito o chamamento e as
conseqüências se disseminaram defronte ao bater do
telefone. Investido em dúvidas se enche o
coração palpitante do desesperar insano. As
seqüelas da derrota da batalha encravariam permanentemente na
alma o fracasso na guerra.
Com os ponteiros a conduzir com avidez o
tempo, os pensamentos se acumulando entre a linha do destino a reviver
as recordações do passado a procura das armas a
combater o inimigo. No raciocinar longínquo a jovialidade da
convivência, dos momentos alegres, na festividade da vida. As
lembranças surgiram no piscar dos olhos e o
coração se preenche novamente no desejo da
amizade feliz, fortalecida e viva.
No entanto o desejo nascente
no coração não venceria o duelo e
muito menos traria a vitória na guerra. Fazia
necessária uma arma, uma estratégia que abarcasse
a vitória em uma única derrocada.
Então tomada das memórias a imagem do sorriso e
do galanteio ingênuo na brincadeira da mocidade surgiram aos
olhos no reflexo do espelho. À volta ao tempo aos olhos
escuros refletidos no brilhar do encarnado vibrante de juventude de
passadas saltitantes, provocantes e atrevidas.
A armadura o
cérebro a conduzir o retorno das visões dos
olhos, o uniforme a vestimenta das lembranças e o soldado a
experiência revestida no corpo. Diante do espelho a
estratagema se lança rumo ao encontro, ao combate e as
incertezas.
No outro lado da vida um ser em lamúria,
consumido há dias por uma fatalidade decorrente da alma.
Talvez a insanidade do agora não seja a
conseqüência da fatalidade, apenas uma queda dos
riscos da juventude. Sem temor das ações e fatos
de viver, se entregou completamente ao mundo que desejou provocar com
seus ideais sempre na incitação de incomodar e
sentir incômodo por viver. De sua jovialidade entusiasmou e
ludibriou as conseqüências do agora.
Infelizmente o agora maduro, de profissionalismo de punho
rígido, responsabilidade de vidas de outros, a brigar por
ações de segurança de todos, ver sem
controle nas mãos. Um ato de juventude sem riscos calculados
ao futuro, cega os olhos no causar das dores do agora. A
aflição que engasga e rasga a garganta
há dias atormenta no grito cortante do silêncio da
madrugada, a solidão comum a seres viventes, sobreviventes
dos riscos das criações de seus
próprios mundos não se faz amiga, conselheira e
acolhedora.
As raridades das amizades constituídas no
decorrer da jornada é o conforto da alma. Contudo a natureza
melancólica se mascara a visões estranhas,
provocantes de náuseas e alienadas do viver. A
ausência torna-se mal irreversível ao controle da
verdadeira visão amiga. Um simples não
comparecimento a um encontro físico, de mesma
divisão de espaço acarreta a angustia e acende o
estopim do agora. O ouvir da voz encorajadora, a
designação e a submissão em
telefonemas cotidiano e subseqüente não conforta a
alma.
O grito de guerra se fez diante da
consternação dos riscos, e de
imprecisão dos ideais a se confrontar com o seu eu. Inerte
se colocou a duvidar de si mesmo. A reviver, a balancear a alma ao
retorno do passado e renegar as conquistas do presente e a se perder as
realizações futuras. Um véu a cobrir o
rosto na covardia da vida vivida da criação
modelada do seu próprio mundo. Se nivelando aos vermes dos
quais provocaram as ânsias subseqüentes que combateu
diariamente em surtos de fúrias a visão da
ignorância.
No agora, diante das contagens das perdas
não enxerga os ganhos. Seu ser abatido na nostalgia esquece
o ideal que moveu as engrenagens do corpo, recusando as conquistas e o
conhecimento adquirido. Tanta sabedoria luta e firmeza esparginados ao
chão na recusa da continuidade. No resumo, uma
pusilanimidade a todos os idealistas, conduzindo a uma
ação de infantilidade a provocar a fatalidade, ao
compartilhar em um pedido de presença a
realização da sua obra.
Vestida ao combate
sai rumo ao encontro definido por um chamado da covardia,
não aceito na impulsividade, contudo por seus
próprios ideais nos quais reintegra dia-a-dia na
continuidade do seu respirar. O artifício designado
é a esperança do remover da arma das
mãos do ser, permitindo o acesso ao abraço, na
tentativa do desarme e do sentar a externa a
ação.
O comparecimento da
presença tão solicitada diante dos olhos do ser
reluz no vibrante do encarnado, a ação passa a
ser mera inconseqüência, ocasionada pela intensidade
da cor. As recordações do passado ressurgem
vorazmente, confortando a alma atormentada. Apressadamente em sua
direção é ofertado um
abraço acompanhado do soluçar do retorno das
passadas saltitantes, provocantes e atrevidas. Numa nostalgia da linha
do tempo a voltar às ruas, as
comemorações natalinas e a liberdade do corpo e
da mente. Um reencontro com inicio gerador das mentes de hoje, a
semente plantada da imagem da árvore, a base
sólida das conquistas e dos riscos recorrentes das lutas
constantes na busca da mudança.
Enfim, o encarnado
reluz aos olhos da insanidade e joga ao chão a covardia do
ser. No atrevimento da consternação das palavras
da desilusão dos erros, da fatalidade da jovialidade. A
falta do controle dos impulsos no lançar dos
incômodos dos pensares da ignorância. Ressurgindo
ao agora do destino a remoção dos
obstáculos a vencer a guerra. Dando as armas
cabíveis a batalha do agora.
Nas lembranças do
ontem, no espelho a refletir a alma, ao saudosismo do passado, ao
caminho das conquistas e a vitória do desespero sem causa
refutável, o ser se entrega e revive aos ideais geradores do
júbilo da dedicação do tempo.