A Cura é Possível Fora dos Consultórios

A Cura é Possível Fora dos Consultórios 1 JUSTIFICATIVA Esta etapa deve conter parágrafos que falem sobre a importância do tema escolhido, sua relevância e aplicabilidade. A "formação" do analista tem sido objeto de questionamento desde que Freud deu lugar a primeira instituição com tal finalidade. Dentre as perguntas existentes podemos encontrar a seguintes: Quem forma? Quem se forma? De que vem a autorização? Como alguém se autoriza? "Ninguém é uma ilha". O homem não pode renunciar a sua natureza de ser social. Todos nós temos necessidade de nos integrar com os outros para dialogar, construir e participar ativamente da vida. Quando Lacan enfatiza que as únicas formações são as do inconsciente, ele o faz tomando em conta que, tratando-se da psicanálise, é a posição inconsciente que define o analista e não a aquisição de um saber sobre a técnica e/ou procedimentos normativos que possam habilitar este ou aquele candidato. Sem dúvida um analista deverá dispor de um saber, contudo é muito importante que ele possa sustentar o questionamento a respeito do lugar que este saber ocupa em sua prática. Quando saber e verdade estão unidos, o que está em jogo é uma posição teórica, a mesma dos cientistas que não querem sofrer os efeitos de um questionamento a respeito de seu ato. Portanto, a relação entre saber e verdade é um ponto importante a respeito das. perguntas sobre quem forma e quem se forma ou quem se autoriza e e quem vem essa autorização. Lacan faz um corte nesta questão. No discurso da psicanálise o saber é inconsciente e somente em uma análise ou no " espaço terapêutico" - ET o sujeito poderá encontrar-se com este saber, um saber que se apresenta como "insabido" - como o que surpreende - ou, ainda, como equívoco. Deste modo será pelo reconhecimento da primazia do significante como ponto crucial de sua relação ao outro que o "analisante" se encontrará com uma verdade singular - que é a sua, portanto nenhuma verdade - do sujeito/analisante - poderá ser enunciada antes que do inconsciente - como enunciação - possa emergir suas forma/ações em seus efeitos de transformação. A autorização virá, para cada um, por "si mesmo e com o Outro", a respeito da singularidade de um desejo - o desejo da máxima diferença. Pelo humano ser atravessado pela linguagem, existimos antes mesmo de nascer, existimos no desejo e no discurso do Outro (outro materno e outro da linguagem). "O se humano fisicamente é um mamífero, e, psiquicamente é um ser de filiação linguística, e, portanto de adoção ..." O desejo de saber do analista não é para encontrar certezas, mas para situar a falta, onde ela está, como consequência da linguagem, a falta está no discurso. O desejo é o motor, é o que produz, o que faz o sujeito andar, buscar realizações e é acionado pela castração simbólica e esta pode ser restituída pela análise através do atravessamento de seu fantasma, criado para responder a questão trazida pela castração: " O que querem de mim?" De posse desse saber, o sujeito analisado pode se posicionar de outra forma em relação ao seu desejo, que no neurótico e sempre desejo do Outro. Assim é possível que haja espaço entre duas pessoas, que delimitado e havendo desejo, percepção e escuta surgirá o espaço terapêutico-ET, promovendo a mudança, isto é, o insight. 2 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA O Espaço Terapêutico - ET, que acreditamos ser possível ocorrer fora do setting terapêutico, propiciará uma "bolha mágica", num espaço de tempo definido entre quem fala e quem escuta, podendo ocorrer entre pessoas sem a posição estrutural analista e analisando. Para isto, devem preencher os requisitos de escuta no dar e receber feedback. Será uma experiência de análise onde cada sujeito receberá a transmissão do saber inconsciente - este saber sobre o qual nenhum mestre tem lugar. 3 HIPÓTESES A capacidade de sucesso interpessoal e de transformação de uma pessoa está pautada em 2 processos: Autoconhecimento e Capacidade de dar e receber Feedback através da Escuta ativa. Se estes processos forem garantidos, poder-se-á fazer desse cenário de aprendizagem cognitiva e de pensamento, um espaço emocional ativo propício à auto-percepção, análise e cura. Mais do que o vínculo, o membro de um grupo estará ampliando seu autoconhecimento, permitindo-se viver a "mudança emocional" fora do setting terapêutico. Definimos como: Autoconhecimento: Reconhecer seus próprios sentimentos, sempre que aparecerem; ter consciência de si mesmo, conhecer a própria vida afetiva. Dar e receber feedback: Fazer da escuta ativa um esforço de compreensão do outro, proporcionando a interação e mudança. 4 OBJETIVOS • Demonstrar que a comunicação entre inconscientes pode acontecer fora do setting terapêutico, possibilitando a escuta analítica proporcionando insight. • Esta pesquisa procurará definir o que chamaremos de Espaço Terapêutica (ET), mecanismo que garante o Feedback efetivo, podendo transformar a relação ou relações grupais em relações terapêuticas. • Definir quais os critérios para estabelecimento deste Espaço, podendo ser controlado. 5 ASPECTOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA Metodologia Qualitativa: A aplicação de métodos Qualitativos toma possível evidenciar rapidamente as diversas interações a que estão submetidos os objetos de estudo; tais técnicas permitem aprofundar as variáveis em estudo, explorando e trazendo à tona um grande leque de possibilidades sobre os temas tratados; daí este tipo de pesquisa, também ser chamado de Pesquisa Exploratória. As modalidades da Pesquisa Qualitativa / Exploratória que utilizaremos são:  Pesquisas em Profundidade individuais → inestruturadas, semi- estruturadas e estruturadas;  Discussões em Grupo → tradicionais, clínicas e indutivas;  Mini-Grupos → tradicionais e orientados;  Método Observacional → os comportamentos serão observados de forma qualitativa, considerando-se aqui estudo de casos. REFERENCIAS ANZIER, Didier. A auto-análise de Freud e a descoberta da psicanálise, [L'Auto-analise de Freud. Presses Universitaires de France, 1959] Porto Alegre, Ed. Artes Médica, 1989 CURLEY, Edwin. Introduction to Hobbes' Leviathan in Leviathan - with selected variants from the Latin edition 1668, ed. Hackett Publishing Company Inc.1994. DOR, Joél. O Pai e sua Função em Psicanálise. [Le père et safonction en psychanalyse. Ed. Point Hors Ligne. Paris. 1989}. Coleção Transmissão da Psicanálise N° 23. Rio de Janeiro, Ed. Jorge Zahar Editor. 1995 FREUD & BREUER, Sigmund & Joseph. 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