A CULTURA LÚDICA NA NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Por Gracieli Alves De Souza Tedesco | 09/10/2024 | EducaçãoUNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL
LICENCIATURA EM PEDAGOGIA
POLO DE ÁGUA BOA
A CULTURA LÚDICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Gracieli Alves de Souza Tedesco [1]
Ester Assalin[2]
RESUMO
O artigo relata as experiências vivenciadas e desenvolvidas nas atividades da disciplina de Licenciatura em Pedagogia. Na proposta do Estágio das Práticas Educativas e Seminário Temático III “A Cultura Lúdica nos Espaços das Creches e Pré-Escolas, da instituição o “Centro Municipal de Educação Básica “Dona Delice Farias Santos”. As experiências tratam-se das práticas pedagógica do professor na Educação Infantil. Enfatizando a importância da ludicidade para promover a interação e aprendizagem dos alunos, assim como a do estágio na formação do pedagogo, sendo este o elemento que nos possibilita uma interação mais próxima com o cotidiano e as realidades da escola infantil.
PALAVRAS-CHAVE: Relatos de experiências; Ludicidade; Práticas pedagógicas.
INTRODUÇÃO
Neste artigo apresento através de relatos as observações e experiências vividas na Educação Infantil no Centro Municipal de Educação Básica “Dona Delice Farias Santos”. As observações foram voltadas ao universo lúdico, jogos, brinquedos e brincadeiras no cotidiano de pré-escola, da turma do Pré I. A partir dos estudos realizados na disciplina de Pedagogia da Infância III Educação e Ludicidade. A partir do Estágio das Práticas Educativas e Seminário Temático III “A Cultura Lúdica nos Espaços das Creches e Pré-Escolas. Durante as vivencias participei de todas as atividades proposta pela professora, inclusive das brincadeiras, das apresentações dentro e fora da sala de aula. Sabemos que as brincadeiras são vitais para o desenvolvimento infantil e cabe aos adultos estimularem a imaginação dos pequeninos, questionando-os e incentivando-os. Nas observações pude perceber que a professora introduzia
o lúdico nas atividades de ensino e aprendizagem, entretanto, havia uma problemática, não havia brinquedos disponíveis em quantidades suficientes para as crianças brincarem. Na maioria das situações, após a intervenção da professora, acontecia a troca de brinquedos entre as crianças de modo que todos pudessem brincar um pouco.
Um dos aspectos importantes a ser considerado do relato de experiências, é quando se faz uma reflexão sobre a importância do lúdico na educação infantil. Considerando a importância do lúdico na vida das crianças, a infância é a fase em que se inicia o processo de desenvolvimento do sujeito, é nessa fase que a criança constrói sua personalidade, descobre os sentidos e encontra significados para o mundo. Nesse processo, o lúdico se torna uma excelente ferramenta, atua como uma atividade significativa que desenvolve capacidades de atenção, memória, percepção, sensação e todos os aspectos básicos referentes à aprendizagem. Portanto, o ambiente lúdico se torna o espaço ideal para o desenvolvimento, produzindo efeitos significativos na aprendizagem. Segundo Andrade (2013) ela apresenta várias abordagens sobre o brincar:
Cultural: Analisa-se o brincar como atividade humana, produzindo uma relação interpessoal entre as pessoas, brincar não é uma atividade que nasce com individualidade. Quando o mesmo brinca, ele está inserindo em uma cultura cultural. Psicológica: Vê o jogo como forma de compreender melhor o funcionamento das emoções e da personalidade dos indivíduos.
Educacional: Que estuda a compreensão do jogo para a educação, o desenvolvimento e a aprendizagem da criança. Existem farias possibilidades culturais que as crianças podem participar, as brincadeiras são as principais atividades mais voltadas ao seu mundo infantil. O Brincar é patrimônio cultural porque forma elos de integração social, na medida em que perpetua o jogo social dos futuros indivíduos. A educação é algo lúdico e estético, pelos sentidos e expressões do olhar sobre o que é vivido e o que é simbolizado pela criança dentro de sua cultura. (ANDRADE, 2013, p. 65 e 66, grifo meu)
Pude perceber durante as leituras de Andrade (2013), segundo ela afirma que:
Esse exercício se dá através do ato de representar a vida cotidiana através dos brinquedos e do brincar. Assim, a criança expressa o seu entendimento do universo adulto e, ao mesmo tempo, entra em contato com a cultura de uma época, seus valores, costumes e manifestações artístico-religiosas. Nessa perspectiva, a brincadeira pode ser vista como uma conduta do ser humano que se configura a partir dos processos sociais que operam no sentido de gerar modos de viver e pensar (ANDRADE, 2013, p.26).
Conforme Kishimoto (1994), o lúdico é um instrumento de desenvolvimento da linguagem e do imaginário, como um meio de expressão de qualidades espontâneas ou naturais da criança, um momento para observar a criança que expressa através dele sua natureza psicológica e suas inclinações. Momento, esse, de aprender valores importantes, socialização e a internalização de conceitos de maneira significativa. Dessa forma, faz-se necessário estimular
e trabalhar os jogos educativos como facilitadores no processo de ensino aprendizagem, já que através desse tipo de atividade a criança consegue através de hipóteses e solução de problemas o desenvolvimento do raciocínio. Com isso, para que os jogos e brincadeiras tenham sucesso na sua aplicação é necessária a mediação do professor que precisa planejar suas atividades com objetivos pré-estabelecidos a serem alcançados. Durante as experiências vividas tive a oportunidade fazer parte desse mundo do educador juntamente com as crianças, foram momentos agradáveis de total afeto por parte dos pequenos e de toda comunidade escolar.
Outro objetivo deste relatório é fundamentar os conhecimentos teóricos à luz da prática docente aproximando o estudante a realidade em que está inserido. Com isso, o presente relatório retrata as experiências profissionais e aprendizagens indispensáveis para a construção de um educador, contribuindo para a prática pedagógica e formação inicial do discente estagiário, bem como mostrar o vivenciado no estágio das Práticas Educativas e Seminário Temático III e na trajetória do curso de Pedagogia. Para Pimenta e Lima (2004):
O estágio sempre foi identificado como parte prática dos cursos de formação de:
Profissionais em geral, em contraposição à teoria. Não é raro ouvir-se dos alunos que concluem seus cursos se referirem a estes como “teóricos”, que a profissão se aprende na “prática, que certos professores e disciplinas são por demais “teóricas”. Que na “prática” a teoria é outra. (PIM ENTA; LIMA, 2004, p.06).
Dessa forma, o período de experiência em estágio é um momento relevante na vida do estudante, pois propicia a interação da teoria e da prática, possibilitando ao graduando refletir enquanto vivencia situações em sala de aula. Além demonstrar realmente que enquanto educadores e futuros educadores é fundamentalmente necessário assumir e se comprometer com a educação como todo, visando superar os desafios existentes.
RELATO DAS PRÁTICAS REALIZADAS
Optei por relatar minhas experiências vivenciadas nas Práticas Educativas e Seminário Temático III “A Cultura Lúdica nos Espaços das Creches e Pré-Escolas.
Minhas vivencias foram na instituição o Centro Municipal de Educação Básica “Dona Delice Farias Santos”, situada na zona urbana, na Rua Cristóvão de Jesus s/n, no Bairro São José, Barra do Garças –MT. Na turma do Pré I “A” matutino, crianças de 5 anos da professora Rosana F. Da Silva. Foram cinco dias de experiências e durante, esses dias, participei de todas as atividades proposta pela professora: Ajudei corrigir as atividades, organizar relatório, participei das brincadeiras, das apresentações dentro e fora da sala de aula e até fora da escola.
No primeiro dia, ao chegar à sala tive uma boa impressão, a professora foi bem receptiva, me senti à vontade, e as crianças foram muito amorosas comigo, me abraçaram demonstrando carinho e afeto. A professora ficou esperando os alunos em frente à sala de aula, muitos alunos faltaram neste dia devido à chuva.
A professora começou a aula lendo um livro de historinha, que falava sobre as diversidades de animais. Logo após a leitura, distribuímos massinhas de modelar coloridas para os alunos. Enquanto as crianças brincavam com as massinhas fui ajudar a professora a separar as atividades realizadas anteriormente, e as atuais. Depois fomos ao refeitório já era hora do lanche das crianças (Salada de frutas), notei que as crianças não podiam repetir o lanche. Após as crianças lancharem, fomos para recreação, pude notar que no pátio só tinha um escorregador para atender todas as crianças, não existia outro brinquedo grande além do escorregador. O pátio para a recreação era espaçoso, no chão tinha vários desenhos educativos, (amarelinhas, números, letras, formas geográficas). Ainda na recreação distribuímos giz para as crianças desenhar no chão, eu ajudei-as a desenharem enquanto a professora vigiava para que elas não se machucassem. Logo o sino bateu para o recreio então a professora foi descansar e eu fiquei acompanhando as crianças nas brincadeiras de amarelinha, tudo estava muito divertido. Logo o sino bateu e voltamos para sala de aula, ainda era hora de recreação, mas agora dentro da sala. Pegamos os brinquedos que tinha disponível e esparramou no chão, eram poucos brinquedos, entre eles, bonecas danificadas, carrinhos, blocos de montar, bichinhos de pelúcia. Algumas crianças se sentavam em grupos, meninas com meninas e meninos com meninos, por vontade própria, observei que somente uma menina brincava junto com os meninos, outras ficaram separadas brincando sozinhas, não queria se socializar, a professora deixava todos bem à vontade. Havia poucos brinquedos educativos, a carência de brinquedos era grande as crianças tinham que revezar, e com isso, causava a maior confusão entre elas, era preciso a intervenção da professora e eu para ajudar a conter a situação. Perguntei a professora a respeito de ter poucos brinquedos, fiquei chateada com a situação, segundo ela, a creche é municipal, e no começo do ano letivo foram distribuídos brinquedos e teriam que durar até o ano letivo acabar, se os brinquedos estragassem os alunos ficariam sem para brincar. Como era poucos brinquedos, dava muita confusão entre as crianças, elas ficavam disputando os melhores brinquedos, e ainda os brinquedos eram também para a turma da tarde, a professora precisava ter o maior cuidado para não deixar as crianças estragarem, recordo que fiquei muito triste diante daquela situação.
Havia outra problemática que foi dito é que a creche não tinha recurso suficiente para auxiliar os professores, pois, faltava até materiais escolares básicos: (Lápis de escrever, lápis
de cor, apontador, borracha), alguns pais não compravam e na escola não tinha para fornecer para as crianças e na hora de realizarem as atividades as crianças pediam emprestado aos colegas. A professora falou que por várias vezes que comprou com recurso próprio dela para fornecer para as crianças que não tinham materiais, mas nem sempre ela podia comprar e por isso se viravam como podiam.
Após a recreação, a professora passou uma atividade para as crianças (Alfabeto e números de 0 até 10) enquanto as crianças faziam as atividades, ela me pediu para ajudá-la organizar as tarefas que os alunos haviam feito anteriormente. Logo os pais começaram a buscar as crianças, a aula já estava terminando, fui ajudar a professora organizar as carteiras, tocou o sino e fui para casa.
Durante os cincos dias que vivenciei em sala de aula, as rotinas eram praticamente iguais, mas tiveram alguns momentos que me chamaram mais a atenção e me comoveram muito. Entre eles, um momento que tive com um aluno que ajudei a desenvolver uma atividade, era uma criança que tinha dificuldades no aprendizado e apresentava algumas deficiências físicas e intelectuais. Fiquei ao lado dessa criança ajudando fazer uma atividade que a professora passou, era para fazer a letra “J” em pontilhado e depois pintar um Jacaré.
Segundo a professora, havia um aluno que tinha dificuldade de realizar as atividades, então sempre deixava que ele realizasse a atividades no tempo dele, o que me deu entender que ela não se esforçava muito em ajudá-lo! Mas eu fui acompanhar o aluno assim mesmo, fiquei ao lado conversando com ele, peguei em sua mão explicando como poderia fazer, e vi que ele entendeu, começando em seguida a fazer bem devagar e eu sempre o incentivando. Para minha alegria ele conseguiu realizar a atividade toda, fez tudo certinho, pintou o desenho muito bem, no tempo dele, mas comigo ali do seu lado. Ele ficou muito feliz e eu ainda mais por estar sendo útil e por vê-lo tão alegre por ter realizado aquela atividade. Em seguida, correu mostrar a tarefa para a professora, essa quando viu, até se impressionou e perguntou se ele havia feito sozinho. Eu respondi que sim! Mas expliquei que ajudei dando atenção e incentivo para ele. Foi muito gratificante, foi a melhor parte das minhas vivências.
Como estava perto do dia 12 de outubro, data que se comemora o dia das crianças, aquela semana foi planejada voltada para o lúdico. Foi programado um passeio ao parque das Águas Quentes, em comemoração. A prefeitura que organizou a festa liberou alguns ônibus para transportar as crianças. Da sala que eu estava vivenciando somente os pais de cinco crianças permitiram a ida ao passeio. Foi o último dia da minha vivência na Creche, um dia bem agitado. Organizamos as crianças em fila para entrar no ônibus, colocamos sentadas juntas para não se machucarem durante o percurso. Ao chegar ao parque, tivemos de redobrar a atenção, pois
estava lotado, e não poderíamos deixar os alunos se perder. Levamos os alunos para a fila para pegar algodão doce, pipoca, cachorro-quente e refrigerante. Tinha muitas brincadeiras, palhaços, brinquedos para serem distribuídos. As crianças estavam muito felizes! Para mim era tudo especial, pois era momento de aprender e compartilhar conhecimentos e sentir o quanto é importante à presença de um adulto nas brincadeiras também, fui surpreendida com muitos abraços de crianças que pareciam me conhecer a muito tempo, fiquei emocionada com tanto carinho.
Em seguida a professora e eu fomos para piscina juntos com a meninada, enquanto elas se divertiam, estávamos acompanhando-as e tomando os devidos cuidados para não acontecer nada além do esperado. Ficamos no parque das Águas Quentes durante o período da manhã conforme a programação, já era hora de voltar, fomos instruídas a organizar as crianças da nossa turma em fila para pegar os brinquedos. A prefeitura estava distribuindo brinquedos para as crianças, cada uma tinha direito a um presente. Depois ficamos esperando o ônibus para voltarmos a escola entregar as crianças para os pais. Foi muito divertido esse dia, pois eu pude perceber o quando é importante a comemoração ao dia das crianças, sem dúvidas elas ficaram muito satisfeitas. Tudo estava perfeito, o azul do céu, o calor do sol, o brilho da água compôs o cenário maravilhoso em meio a natureza que é o parque das Águas Quentes em Barra do Garças – MT.
A convivência e a interação foram muitas enriquecedoras, pois, pude vivenciar a realidade do cotidiano escolar com uma equipe eficiente e acolhedora. As situações que ocorreram na sala de aula, me proporcionaram um novo olhar, de como resolver os problemas e agir no ambiente escolar. Alguns alunos dependem de um olhar especial, devemos sempre criar alternativas e proporcionar estratégias de aprendizagens, para que eles possam atingir os objetivos, que é acima de tudo se desenvolverem integralmente. Não tive dificuldades para realizar minha vivência, todos foram receptivos, direção, coordenação, professores, alunos, pais e funcionários. Em seguida segue algumas fotos relacionadas ao relato:
Figura 1 - Recursos para história
Fonte: Tedesco, 2021.
Figura 2 - Confeccionando recursos para contação de história
Fonte: Tedesco, 2021.
Figura 3 - Crianças participando das atividades
Fonte: Tedesco, 2021
Figura 4 - Início das apresentações
Fonte: Tedesco, 2021.
DISCUSSÃO
Para um dia se tornar um bom professor (a) com capacidades para ensinar, precisamos aprender as habilidades que essa profissão exige, e sabemos que ser professor não é tarefa fácil. Paulo Freire (1996, p. 12) coloca-nos que “ensinar não é transferir conhecimento, mas criar possibilidades para a sua produção ou construção” e “ensinar inexiste sem aprender e viceversa”. Para tal, se faz necessário “As vivências (ou prática de ensino) como elemento formador, tanto que esteve sempre presente com denominações variadas nos currículos dos cursos” (PIMENTA, 1995, p.40). Ao longo da minha trajetória como formando, em todas as disciplinas, práticas pedagógicas e convívio com professores, orientadoras e colegas, me proporcionaram muitos aprendizados que poderei pôr em prática futuramente.
Podemos considerar que as vivências nos estágios são os primeiros contatos do futuro educador entre teoria e prática com a realidade escolar. Foi através das vivencias nos estágios que me proporcionaram a oportunidade de conhecer as realidades do cotidiano escolar por alguns dias. Durante as observações no estágio III, participei de todas as atividades planejadas pela professora. Diante das realidades, vivenciei também os problemas que um profissional da educação enfrenta alguns impactos negativos no dia a dia dos professores, que, em casos extremos, precisam pagar com seus próprios recursos por materiais e equipamentos que possam ajudá-los a ministrar suas aulas.
São comuns que as salas de aula de colégios públicos não tenham materiais básicos, equipamentos eletrônicos para ajudá-los nas aulas. No caso da turma que acompanhei, a professora relatou que não tinha aparelho para trabalhar com vídeo aulas, o aparelho multimídia estava quebrado. Com isso, o professor se não buscar novas alternativas, acaba usando como recursos tradicionais a sua voz e o livro didático para organizar todo o processo de ensino e aprendizagem.
Segundo a Professora, a creche não tinha muito recurso para auxiliar os professores, que faltava materiais escolares (Lápis de escrever, lápis de cor, apontador, borracha), alguns pais não compravam e na escola não tinha para fornecer para as crianças e na hora de realizar as atividades as crianças pediam emprestadas aos colegas, a professora falou que comprou do próprio bolso várias vezes, porém nem sempre podia comprar, se virava da maneira que podia.
Haja vista que o educador precisa estar preparado para lidar e sobressair nessas situações, do dia a dia. Para tal, é fundamental que o professor elabore seus planejamentos de aula de acordo com a realidade de seus alunos. De acordo com as autoras Jesus e Germano embasadas em Bassedas, Huguet e Solé (1999) citam que o planejar docente constitui em uma
parte importante do trabalho do professor, uma vez que a tomada de decisões compõe o seu plano de atuação. Dessa forma, o planejamento possibilita a programação de atividades ao qual o professor pretende aplicar, estabelecendo uma caracterização detalhada de suas ideias, que possivelmente irão se concretizar no cotidiano em sala de aulas. Para Ostetto (2012, p.177), o planejamento educativo deve ser assumido no cotidiano como um processo reflexivo, logo, envolve ações e situações do educador no cotidiano do seu trabalho pedagógico. Sendo assim, o planejamento ajuda o professor a programar suas aulas, facilitando para lidar com diversas situações de seu dia a dia, com os alunos, estejam previstas os não.
Diante da situação, o formando entra em contato com a realidade profissional com todas as suas implicações, em que irá atuar, para conhecê-la e para desenvolver suas competências e habilidades necessárias à aplicação dos conhecimentos teóricos e metodológicos trabalhados ao longo do curso, tendo oportunidade de compartilhar construções de aprendizagem, bem como a aplicação do aprendizado teórico na prática como educador. Pimenta e Lima (2008, p. 68) afirmam que “o Estágio, ao promover a presença do aluno estagiário no cotidiano da escola, abre espaço para a realidade e para a vida e o trabalho do professor na sociedade. ” Dessa forma, a aproximação do formando com o cotidiano da sala de aula promove o contato real com a sua futura profissão e sua construção docente.
Durante as minhas vivências relatadas anteriormente, consta que participei das brincadeiras, das apresentações dentro e fora da sala de aula. Através dessas práticas pude perceber a importância do lúdico na vida das crianças, como aprendem brincando. Dessa forma, a criança desde muito cedo se comunica por meio de gestos, sons e mais tarde busca representar determinado papel na brincadeira fazendo com que ela desenvolva sua imaginação. “Nas brincadeiras as crianças podem desenvolver algumas capacidades importantes, tais como a atenção, a imitação, a memória, a imaginação. Amadurecem também algumas capacidades de socialização, por meio da interação e da utilização e experimentação de regras e papéis sociais” (BRASIL, 1998, p. 22).
Sendo assim, o brincar está diretamente ligado à criança e ao lúdico. E as teorias que embasam esta atividade simples, prazerosa e tão fundamental para o desenvolvimento infantil, mostram que faz parte do cotidiano humano como uma necessidade. O brincar é importante porque incentiva à utilização de brincadeiras e jogos. As brincadeiras, os brinquedos, a música e os jogos trazem o mundo para a realidade infantil, desenvolvendo assim inúmeras habilidades das crianças, a criança poderá imaginar, criar, recriar, associar e se descobrir nesse novo mundo. Conforme Weiss (1997), as atividades das crianças são essencialmente lúdicas (e não competitivas) e têm como função primordial a descoberta do mundo que as rodeia. Sendo assim,
as crianças se desenvolvem brincando, se relaciona com outras crianças, sendo capaz de aprender a trabalhar individualmente e em grupo, “na vivência em sala de aula pude presenciar esse momento ao ver algumas crianças criando grupos e outras brincando sozinhas”. Segundo Menezes (2018), enquanto brinca a criança se desenvolve física, psíquica e socialmente, a brincadeira poderá ainda auxiliar no controle da agressividade e organizar a rotina e suas convivências diárias.
Diante disso, o papel do professor à frente ao brincar e aprendizagens dos alunos é de fundamental importância. Somente um profissional bem preparado saberá da importância desse período em que as crianças passam em suas vidas para o seu processo de aprendizagem e crescimento. Em seus primeiros anos de vida, as crianças fatalmente vivem experiências que marcarão o seu perfil emocional e educacional pelo resto da vida. Todo o perfil da pessoa adulta, todo esse momento de construção de caráter, dependerá também do papel desempenhado pelo professor. Certamente as primeiras habilidades, boas competências e até deficiências das crianças já poderão ser notados e, se o caso, aprimorados ou tratados desde já.
Assim sendo, além desse perfil profissional, o professor também precisa, pessoalmente, ter um grande carinho pelo seu trabalho e, sobretudo, gostar muito de crianças para ter a dimensão e a capacidade de se inserir no mundo delas e conseguir extrair as melhores práticas e ações.
Quando optei por escolher o curso de pedagogia não imaginava sua dimensão, mas durante meu percurso, fui conhecendo e me encantando cada vez mais por essa carreira, mesmo sabendo que não é uma profissão fácil, todavia, vejo o poder de transformação que o educador tem em suas mãos, ele transforma vidas todos os dias. Acredito que essa carreira é uma das funções mais importantes na nossa sociedade, tendo consciência que todas as áreas são fundamentais. Eu sei que a cada dia está mais difícil ser professor, mais o desafio me instiga, me sinto entusiasmada, é um curso que se identificar muito comigo. Acredito que com os aprendizados adquiridos durante a faculdade serei uma boa professora.
As experiências no estágio III me proporcionaram muitos aprendizados conforme citados no relatório. Nesse sentido, o estágio torna-se importante no processo de formação docente, pois proporciona aos futuros professores, em especial aos alunos da graduação, um contato imediato com o ambiente que envolve o cotidiano de um educador. “A partir desta experiência os alunos começaram a se perceberem como futuros professores, ou seja, pela primeira vez enfrentando o desafio de conviver, falar e ouvir, com linguagens e saberes diferentes daqueles de seus campos específicos”. (PIMENTA, op. cit. p. 40).
As contribuições de Pimenta (1994), sobre a discussão de práxis, entre teoria e prática, concluem que o estágio, ao contrário do que se propugnava, não é atividade prática, mas atividade teórica, instrumentalizadora das práxis docentes, entendida esta como a atividade de transformação da realidade. Nesse sentido, o estágio atividade curricular é atividade teórica de conhecimento, fundamentação, diálogo e intervenção na realidade, este sim objeto das práxis. Ou seja, a práxis se dá no trabalho docente no contexto da sala de aula, da escola, do sistema de ensino e na sociedade.
Partindo dos pressupostos de Max, Pimenta (1995, p. 61) explica ainda sobre o conceito da atividade docente como práxis, na qual a indissociação teoria e prática são fundamentais. Segundo Marx, “práxis é a atitude humana de transformação da natureza e da sociedade, não basta conhecer e interpretar o mundo, é preciso transformá-lo”.
Com isso o aprendizado não pode ocorrer somente da teoria e da prática. Aprender significa estar preparado a fazer. Para tal, é necessário que conheça não só os fundamentos, mas que se desenvolvam habilidades necessárias para que aconteça a transformação desses fundamentos em ação no dia a dia, a prática, tendo em vista que as duas ações devem ocorrer juntas constantemente. A Educação é uma prática social, mas a prática não fala por si mesma, ela exige uma relação ou interação com a teoria.
Contudo, a prática não precisa ser dependente da teoria, os saberes adquiridos durante a formação acadêmica são, apenas, os alicerces para a construção desta prática. Nesse sentido, a formação docente é um eterno fazer-se, a prática de ensinar vai preparando o novato e possibilitando que ele vire um bom educador a cada dia no exercício da docência em contínua aprendizagem, além de trocas de saberes entre seus colegas de profissão e entre seus alunos, isso porque como seres humanos estão em constante construção (FREIRE, 1995).
Sendo Assim, as experiências nos estágios preparam o acadêmico do curso de pedagogia para um trabalho docente coletivo, “uma vez que o ensino não é um assunto individual do professor, pois a tarefa escolar é resultado das ações coletivas dos professores e das práticas institucionais, situadas em contextos sociais, históricos e culturais” (PIMENTA 2004, p 56).
Neste sentido o curso de formação deve estar articulado à escola básica, possibilitando um projeto no qual se explicite os conhecimentos e as habilidades que um educador deve possuir para assegurar o ensino de qualidade necessário à educação das crianças.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As experiências vivenciadas no decorrer do curso e durante os estágios são etapas muitos importantes para a vida acadêmica do estudante, especialmente do licenciando, pois é durante esses momentos que vamos ter contato direto com a futura profissão, colocando em prática toda teoria que vimos durante o percurso na universidade.
Foi por intermédio das experiências vivenciadas nas Práticas Educativas e Seminário Temático III “A Cultura Lúdica nos Espaços das Creches e Pré-Escolas, realizado na unidade de ensino Centro Municipal de Educação Básica Dona “Delice Farias Santos” que percebi a relevância do educador para sociedade, visto que a experiência na sala de aula é de fundamental para a formação do profissional trazendo novas percepções no ensino aplicado em sala de aula.
Realizar as vivências na educação infantil foi muito gratificante, a experiência foi ótima, porque ficou a certeza da importância do contato direto com a realidade (rotina) da escola. Tanto como as convivências e a interação com os funcionários e alunos foram muito enriquecedoras, pois pude vivenciar a realidade do cotidiano escolar com uma equipe eficiente e acolhedora. As situações que ocorreram em sala de aula, me proporcionaram um novo olhar, de como resolver problemas e agir no ambiente escolar, pois alguns alunos dependem de um olhar especial e que devemos sempre criar alternativas e proporcionar estratégias de aprendizagens, para que possam atingir os objetivos esperados.
O período de contato direto com o ambiente educativo, e as relações estabelecidas, me possibilitou refletir como se dá a atuação do pedagogo nos diferentes contextos. Destacando para o lúdico na educação infantil, que é muito importante para o desenvolvimento das crianças, compreende-se que o professor precisa estar preparado para realizar as atividades lúdicas no cotidiano. Incluindo em seu planejamento o brinquedo, o jogo e as brincadeiras, porque com certeza são aspectos indispensáveis para o desenvolvimento e o conhecimento das crianças na educação infantil. É por meio dos jogos, das brincadeiras e dos brinquedos que a criança partilha com o outro, isso auxilia na prevenção e diagnóstico de problemas de aprendizagem. Vygotsky (1984) enxergara no brinquedo uma contribuição para o desenvolvimento inclusive da língua escrita, já que nele ocorre uma representação do significado. Essa ludicidade voltada ao ato do aprender e ensinar deve levar em conta as realidades internas e externa da aprendizagem por meio do movimento, da linguagem, do desenvolvimento cognitivo, da afetividade e da socialização.
Nessa perspectiva, as brincadeiras, os brinquedos e os jogos vêm contribuir significativamente para o importante desenvolvimento das estruturas psicológicas e cognitivas
das crianças. A ludicidade é uma necessidade do ser humano em qualquer idade, mas principalmente na infância, na qual ela deve ser vivenciada, não apenas como diversão, mas com objetivo de desenvolver as potencialidades da criança, visto que o conhecimento é construído pelas relações interpessoais e trocas recíprocas que se estabelecem durante toda a formação integral da criança. Enfim, o lúdico é muito importante no desenvolvimento das crianças, mas com certeza precisa da ajuda da família e de todos os envolvidos na educação, e isso eu pude presenciar durante as vivencias no Estágio III, sabendo que o professor tem o papel fundamental nesse processo de desenvolvimento.
Após todas as atividades realizadas posso concluir que as vivências no Estágio III foi uma grande oportunidade de complementar e aperfeiçoar a minha formação acadêmica, como experiências profissionais e pessoais. Além de possibilitar uma primeira experiência profissional. E enquanto acadêmica, tive o momento de identificar minhas aptidões e interesses em relação à escolha profissional, tendo a oportunidade de vivenciar o dia a dia de um educador e adquirir preparação para futura profissão.
Todavia, entendemos que esse processo é apenas um norteamento no caminho a seguir e que precisamos continuar nessa busca por formação, afinal neste momento de pandemia houve muitas mudanças nas atuais práticas pedagógicas, de repente os professores tiveram que se readaptar e criar mecanismos referenciados para continuar com as práticas pedagógicas. Com isso, ficou nítido que as situações mudam inesperadamente e que frequentemente os educadores precisam buscar novos caminhos.
Diante disso posso afirmar que apesar das muitas dificuldades com as quais nos deparamos, fui também privilegiada, pois estamos passando por um processo de formação que muitos professores atualmente gostariam de ter vivenciado em sua preparação acadêmica. Enfim, as experiências vivenciadas no decorrer do curso e nos estágios foram muitas enriquecedoras e contribuíram significantes para o meu desenvolvimento e aprendizado como futura pedagoga.
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