A Culpa é da Sandra Annenberg!

Por Eliete Mozer | 30/10/2013 | Crônicas

A culpa é da Sandra Annenberg!

 

Será que precisaremos auxiliar o Governo Federal para que encontre a nascente de todo desequilíbrio comportamental que tem assolado a nação brasileira? Será que a “inteligente” segurança nacional não assiste o telejornalismo? Caso o fizesse rapidamente teria detectado e contido a incipiente revolta popular e poupado nossos dirigentes políticos de se verem “obrigados”, um constrangimento sem dúvida, a prestarem satisfação de suas ações de desgoverno.

A culpa nitidamente é da Sandra Annemberg!

Acompanhem meu raciocínio.

Em minha casa o primeiro assediado foi meu esposo. Com síndrome de pânico em decorrência da vida e do perfil de uma sociedade violenta e violentamente explorada com deleite pelas mídias impressas, irradiadas ou televisionadas, ele determinou uma abstenção profilática do que estava sendo despejado em nossa casa.

Sem telejornal. Censura coerente em vista da linguagem e imagens impróprias para todas as idades de um ser com um mínimo de “humanidade” residual.

Bem, havia uma exceção, do que eu deveria ter desconfiado, mas em minha inocência fiquei diante de Sandra Annemberg todo início de tarde. Acostumei-me com seus brilhantes olhos e sua expressiva face sorridente. A notícia era ruim, nós já sabíamos por seu soturno ou condoído “boa tarde”. Gente, um lamento ao vivo. Pronto, estávamos alertados! Seu ar de horror, desprezo, desgosto, simpatia ou solidariedade ia se derramando em nossa casa nos curando diariamente da imparcialidade jornalística secular ante a miséria humana.

Outrora, ao noticiar um escândalo de corrupção política que nos horrorizava, a impávida feição do jornalista revelava indiferença. Com Sandrinha, não! Estava lá, exposto o constrangimento em nos contar que mais uma vez havíamos falhado em creditar nosso voto a alguém que nos furtava a confiança depositada nas urnas.  Conectada, dialogava conosco, colocando em palavras, adjetivando nosso sentimento de revolta. Explodia incontido um “inacreditável”, “ vergonhoso”, “constrangedor”, “reprovável”, “inaceitável”, e por fim, o suave “deselegante”.

Agora, nós não podíamos mais ser indiferentes também!

Annemberg. Acreditávamos nela e a ouvíamos. Comum lá em casa era “Annemberg disse” algo. Passamos a ter conhecimento, pois as revelações se sucediam.

Não podíamos mais alegar ignorância!

Seus olhos revelando expressivamente sua postura séria diante da sociedade, a qual pertence. Solidária, Sandrinha esclarece publicamente que não estamos órfãos em nossa indignação.

Ufa! Enfim não podíamos mais alegar estarmos sozinhos!

Bem, se não somos indiferentes ou ignorantes e nem estamos sozinhos, alguma ação resulta.

Ana Paula Araújo arrasta para a telinha, além de suas belas pernas cruzadas, um jornalismo socialmente responsável que permite a interferência ruidosa do clamor social. Ana Paula, com o Edmilson, Vandrei e outros, forma uma equipe afinada que ouve a população e proclama abertamente sua incredulidade nas desculpas esfarrapadas das “autoridades” pressionadas contra a parede da voz popular.

Susana Naspolini, esta extremista, com total intimidade come a feijoada das soluções nas ruas e persegue, microfone em punho, o “secretário” de algum governo que se nega a “esclarecer detalhes técnicos complexos demais” para a agitada gentalha reunida com cartazes numa rua alagada, até que ele fuja num “carrão” para seu apartamento luxuoso, distante do “problema social” que ele é muito bem pago para resolver.

Quando a promessa é alcançada, Susana sempre diz “parabéns, vocês conseguiram!” e partilha do pão, digo, do bolo comemorativo.

Verdade, Susana, conseguimos. O sumiço do Amarildo na favela do Rio é cobrado até em passeata na Avenida Paulista. Agora somos mosqueteiros: um por todos e todos por um!

Ouvimos a bronca do Boechart e da Ana Paula Padrão!

Queridos, nós não somos indiferentes ou ignorantes e sabemos que não estamos sozinhos. Não mais.

“Ouviram... de um povo heróico o brado retumbante”?

Há uma nova geração na rua que não tem idade, mas tem rosto, é o povo.

Eliete D. R. Mozer, professora.