A Crise e as Mudanças
Por Nagib Anderáos Neto | 08/04/2009 | CrescimentoA crise como oportunidade de mudança é muito significativa no momento atual. Se devemos ser uma mudança que desejamos ver nos outros, como disse Ghandi certa vez, o que fazer para mudar? O que mudar em nós mesmos?
Na medicina ela significa uma alteração, para melhor ou pior, que sobrevém no curso de uma doença, ou um acidente repentino; pode ser a ruptura de um equilíbrio emocional ou econômico, um momento perigoso, uma tensão. A palavra vem do grego (Krisis) e significa o estado de situações em mudança.
Tudo deve mudar na vida. Se não podemos alterar os desígnios de uma vontade que determina um tempo para ela, a trajetória dos astros, o ritmo do Universo, há um amplo espaço de liberdade para se movimentar, desde os obscuros níveis da ignorância até as alturas do conhecimento.
Por que não mudar a maneira convencional de reagir diante da adversidade? Por que não deixar de ser o que se é para se tornar alguém melhor?
A vida deve ter um significado e um objetivo. Suas grandes metas podem se transformar numa obra pessoal realizável.
Há um equivocado ditado popular que diz que pau que nasce torto morre torto; que as pessoas não mudam.Mas não há crescimento sem mudanças. No mundo é assim: a criança, o adolescente e o adulto; a semente, a planta e a árvore. O ser humano, como entidade potencialmente inteligente, também deve mudar sempre, e para melhor. Talvez seja essa a fonte da eterna juventude. E o primeiro passo é o reconhecimento das limitações e o cultivo do propósito de se transformar.
Pensar por própria conta e ser o artífice do destino desenham-se como um projeto impostergável para o homem, quando pensamentos monstruosos estão levando a humanidade para o extermínio pela ignorância.
A evolução e a inteligência querem a vida e o entendimento humanos; todo o contrário é o mal travestido de justiça e de bem; é a tergiversação farisaica dos que, dando as costas à realidade, perpetuam crimes e aterrorizam as pessoas em nome de um Deus que desconhecem.
O que as tradições ensinaram transformou-se em coisas inservíveis. Dizem que o objetivo da vida é servir. Mas como fazê-lo se não se tem conhecimento? Como ajudar outras pessoas sem antes haver ajudado a si próprio? Como amar sem usar a razão e a inteligência que deveriam significar harmonia? As desinteligências que afastam as pessoas surgem da falta de conhecimento.
Palavras soltas podem soar bem, mas nada significar. Amai-vos uns aos outros, por exemplo, ressoa por aí há séculos. Mas este amor não tem acontecido; na verdade, bem o contrário. A crueldade praticada por Estados e Governos é baseada na mentira, no terror e no medo que andam de mãos dadas; isso é o que tem sido praticado. Só a inteligência, a razão e o conhecimento podem afastar do mundo o temor, a morte em vida, para que um dia a Terra se transforme num lugar digno para a humanidade.
Os antigos despotismos estão aí a punir e castigar em nome de um deus desconhecido e vingativo que joga seus filhos na fogueira que eles próprios criaram com suas tradições inservíveis e sua crueldade indizível.
A crise está aí. Ela não é econômica, ambiental ou cultural. É uma crise humana.
O homem precisa mudar, e mudar para melhor, se quiser sobreviver.
Nagib Anderáos Neto.