A criança e o movimento

Por Glésia Pereira Santos da Cruz | 29/03/2011 | Educação

De acordo com Maria Luiza Silveira Teles (2001, p.108, 109), em relação a importância do primeiro ano de vida da criança, de um modo geral as pessoas apresentam grande preocupação com os cuidados gerais com o bebê, com sua alimentação e higiene, e desconhecem, por completo, quais são as suas necessidades psicológicas e a importância de sua satisfação.
Teles enfoca que ao nascer, o bebê humano apresenta estrema dependência e vulnerabilidade, sendo que o seu sistema nervoso está ainda inacabado e o cérebro não está pronto para funcionar no controle do comportamento.
Um suprimento mais constante e adequado de oxigênio é uma exigência importante para o desenvolvimento do cérebro, sendo que a criança terá conseguido a independência respiratória apenas quando balbuciar as primeiras sílabas.
Os progressos do bebê se devem a maturação de seu sistema nervoso e só se realizam perfeitamente em condições familiares favoráveis. A primeira demonstração de sua confiança será a facilidade de sua alimentação, a profundeza de seu sono e a relaxação de seus intestinos.
Teles (2001, p.110) enfatiza que na relação pessoal mãe - filho baseia-se os subseqüentes ajustamentos emocionais e sociais da criança. Todos os impulsos iniciais do bebê giram em torno da mãe, para quem ele se volta com uma necessidade que nunca deve ser negligenciada.
Num processo natural, é a resposta adequada a sua intensa busca desperta no bebê a capacidade para o reconhecimento e a necessidade de saber e amor, forças estas que podem se tornar tão fortes como o anseio que as trouxe á vida.
O bebê deve, desde os primeiros instantes, serem tratado pela mãe. O bebê tratado impessoalmente, por mais bem alimentado e limpo que esteja, e poderá ser prejudicado no desenvolvimento da sua personalidade e na sua capacidade inicial de confiar e corresponder a outras pessoas. Uma atitude impessoal, no princípio da vida, prepara o caminho para uma série de problemas futuros de comportamento.
Outro fator comprometedor é a separação entre mãe e filho, nessa época, poderá provoca um trauma psicológico. A evolução gradual das atividades de ambos, conjuntamente, de maneira cômoda e agradável, favorece o crescimento, do sistema nervoso e dar tempo para que o cérebro se desenvolva sem tensão.
Quando o relacionamento mãe-filho se apresenta sadio, o comportamento normal se desenvolve e prossegue tão suavemente e integrado que é difícil perceber os delicados fatores interpessoais nele desenvolvidos.
Através de Teles (2001, p.110, 111), Margaret Ribble fala que "para a mulher moderna pode parecer que esse quadro de relacionamento mãe-filho não leva em conta os direitos da mãe, que uma pessoa com seus próprios interesses fora de casa" (...), pois hoje muitas mulheres se ocupam tão intensamente de negócios ou deveres profissionais com tanto sucesso como os homens. Entretanto, ambos podem ser pais adequados se puserem em prática suas idéias, capacidades de compreensão e planejamento.
Muitas vezes, a convivência com mulheres bem femininas que desfrutaram a experiência de dar à luz e criar um bebê poderá ajudar quaisquer atitudes artificiais e a viver a experiência única que consiste no contato com o despertar da vida. Se existe uma "pedra de toque da verdade" para a mulher, é provável que seja a experiência do parto e do cuidado psicológico materno.
Nesta fase, predomina a dimensão subjetiva do movimento, pois são as emoções o canal privilegiado da interação do bebê com o adulto e mesmo com as outras crianças. O diálogo afetivo que se estabelece com o adulto, caracterizado com o toque corporal, pelas modulações da voz, por expressões cada vez mais cheias de sentidos, constitui-se em espaços privilegiado de aprendizagem. A criança imita o parceiro e cria suas próprias reações: balança o corpo, bate palmas, vira ou levanta a cabeça etc.
Segundo o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, (1998 p.21) ao lado dessas capacidades expressivas, o bebê realiza importantes conquistas no plano de sustentação do próprio corpo, representados em ações como se virar, rolar, sentar-se etc. Essas conquistas antecedem e prepara o aprendizado da locomoção, o que amplia muito a possibilidade de ações independentes. Vale ressaltar que, antes de aprender a andar, as crianças podem desenvolver formas alternativas de locomoção, como se arrastar e engatinhar.
Se observarmos bem, um bebê pode constatar que ele se esforça bastante para explorar o seu próprio corpo exemplo: fica olhando as mãos paradas ou mexendo-as diante dos olhos, pega os pés e diverte-se em mantê-los sobre o controle das mãos. Permitindo assim descobrir os limites e a unidade do próprio corpo, conquistas importantes no plano da consciência corporal. As ações em que procura descobrir o efeito de seus gestos sobre os objetos propiciam a coordenação sensório-motora, a partir de quando seus atos se tornam instrumentos para atingir fins situados no mundo exterior.
Entende-se que, há algum tempo atrás, protegia-se por demasiado o bebê, de forma que não dava ao mesmo, a oportunidade de manifestar suas ações naturais e infantis, fazendo com que dessa maneira, o bebê se torna-se uma criança frustrada e escravizada pelos super cuidados da mãe, a qual não via como um ser pensante e com sentimentos e sim como um boneco de louça delicado e frágil