A Criação do Universo pelo Próprio Universo.
Por Edjar Dias de Vasconcelos | 30/07/2013 | ArteA História de um Seminarista Estudioso.
Senhor Nicomedes de fato fui estudar em um seminário, para ser padre, tinha o tempo todo para dedicar aos estudos e ainda professores particulares, mas para ser um padre estuda muito senhor Edjar.
Exatamente, quem vai cursar o curso de medicina estuda apenas seis anos, advocacia no máximo cinco anos, ser padre de uma ordem religiosa tem que estudar dez anos de ensino superior.
Ser formado em Filosofia e Teologia ainda dois anos de noviciado, entre Filosofia e Teologia, portanto, são dez anos. Foi o que estudei senhor Nicomedes, sem contar o ensino fundamental e médio, cansei de viver dentro de um convento.
Imagino respondeu Nicomedes, era obrigado a rezar, como tinha que rezar o terço e outras orações, pedia os padres doutores para rezar com a minha pessoa em outros idiomas, era forma que encontrei para não perder tanto tempo rezando, fazia da oração um caminho para minha aprendizagem, com essa estratégia aprendi muitas coisas e desenvolvi a inteligência.
Após terminar o segundo grau, a vida no convento era muito dura, tinha que fazer diversas coisas, gostava apenas de estudar e estudava tudo, todas as disciplinas que achava interessante.
Os fundamentos da Biologia, da Física, Filosofia e Filologia, História, Economia e Bíblia, estudava quase tudo, por fim apaixonei pela Astrofísica. Mas tudo era estranho ao mundo de um seminarista.
Em média os seminaristas estudavam de oito e nove horas por dia, eu estudava às vezes doze horas, finais de semana um pouco mais, quando o seminarista estuda muito ele é tratado como se fosse um príncipe.
O motivo de estudar tanto desejava saber a verdadeira origem do mundo, por outro lado, porque queria evitar de conversar com os seminaristas e com alguns padres, tudo o que eles falavam não significa absolutamente nada para mim, refiro do ponto de vista da lógica das Ciências.
O que aconteceu ao estudar os fundamentos da Física, da Biologia, como também da Filosofia e Teologia, com a colaboração da História e Astrofísica.
Hoje sou completamente ateu, foi exatamente isso que aconteceu senhor Nicomedes, tenho a mais absoluta certeza da não existência de Deus.
Não existe o céu, muito menos a alma, a ressurreição é um mito, do mesmo modo a reencarnação, existe apenas o universo definido pelas suas complexidades, e todas as formas de vida vieram de uma célula mater que teve origem exatamente da terra, possivelmente provenientes da água.
Do mesmo modo todas as formas da matéria, suas complexidades originaram de um átomo mater, mas se não existe Deus perguntou Nicomedes, como tudo que existe teve suas origens, a Biologia, muito menos a Física não sabem explicar essas coisas nas suas complexidades, então respondeu Edjar o senso comum que saberá? Achou graça o senhor Nicomedes.
As Ciências Explicam tudo isso, apenas em parte, nesse aspecto o senhor tem razão Nicomedes, se o mundo não foi criado por Deus, essa possibilidade não existe então o mundo teria que ser criado por ele mesmo. Exatamente essa é a resposta correta, o próprio mundo criou o mundo.
Mas como o mundo o criou, perguntou Nicomedes, se antes o que existia era tão somente o nada, a resposta mais intrigante possível, demorei trinta anos para compreender essa possibilidade que para mim é absolutamente certa.
Antes de o mundo ser, era apenas o nada, o mais absoluto vazio, um grande vácuo compunha o infinito inteiro, para existir essa realidade como descrição não seria necessário Deus, essa é a primeira explicação senhor Nicomedes. A ausência de tudo.
Você aprendeu essas coisas senhor Edjar no convento, no seu conjunto naturalmente que não, mas lá estudei alguns elementos que me levaram a essa conclusão.
Após deixar o convento continuei estudando muito, quase à mesma média de quando era seminarista, passei ter a mais absoluta certeza que Deus não existia abandonei o convento, montei a minha própria biblioteca muito diversificada e queimei mais de mil livros inúteis que antes tinha adquirido.
Estudei mais trinta anos por minha conta, após esse tempo, com um grande processo de síntese adquirido, formulei a minha tese, que significa no seguinte princípio.
Antes da existência de tudo, existia apenas o infinito vazio, o mais terrível deserto, que por natureza estava perdido na escuridão, com a ausência de qualquer forma de energia, a não ser uma supertemperatura negativa.
Era essa a realidade, esses elementos constituíam-se em suas essências o nada, não precisaria de Deus, para ter suas existências, pelo fato de serem de certo modo não existências, não teriam nenhum significado real no próprio infinito.
A supertemperatura negativa senhor Nicomedes, começou a produzir gelo pelo infinito todo, desenvolvendo revoluções químicas, que posteriormente através de concentração de energias diversas, implodindo criou bilhões de galáxias os chamados universo contínuos.
Mas o que é interessante, não existe a alma, muito menos o céu, o universo inicia a acaba constantemente dentro de trilhões e trilhões anos, isso com o esgotamento das energias produzidas pelos sóis, que são milhões pelo infinito afora.
Quando tudo termina ao acabar o hidrogênio dos sóis, os universos contínuos voltam se ao estado inicial do nada, iniciando a escuridão, muito frio e novas produções de gelo, e, concentrações de energias, efetivando a lógica inicial do começo de tudo, que sempre foi à inexistência, sendo que a mesma é preservada para as reconstruções dos universos.
Exatamente por essa explicação nada tem sentido, o mundo resultou de um princípio que de certo modo não teve causa, o princípio da incausabilidade, repetirá eternamente, até preencher os vácuos do universo, acabando definitivamente um dia com o próprio universo e suas leis gravitacionais. Mas isso vai demorar muito tempo, quase ao infinito em relação ao conceito do tempo.
Edjar Dias de Vasconcelos.