A CONTRIBUIÇÃO DO LÚDICO PARA O DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES PSICOMOTORAS

Por Josemary Ferreira Costa | 27/07/2019 | Educação

RESUMO

A pesquisa aqui delineada busca fazer uma análise dos dados bibliográficos de autores comoWallon (1984), Fonseca (2008), Vygotsky (2005), Montessori (1983, 2003), Piaget (1982, 2005), entre outros. Faz-se uma explanação dos dados obtidos utilizado o método descritivo, dialético explicativo enfatizando o lúdico comoum instrumento que possibilita o desenvolvimento de habilidades motoras. Sabe-se que o ser humano, quando criança precisa de muito movimento, o seu corpo está se desenvolvendo e suas perspectivas de construções mentais estão amadurecendo. Dai as brincadeiras da infância veem contribuir com aquisições importantes para sua vida social e escola. Com resultado dessa pesquisa evidenciou-se que as habilidades essenciais para o desenvolvimento mental, social e emocional são desenvolvidas com maior precisão quando o lúdico se torna uma prática educativa.

Palavras Chave: Contribuição. Lúdico. Habilidades Psicomotoras

1 INTRODUÇÃO

                 A educação brasileira tem intensificado suas bases legais na busca da qualidade no ensino de maneira que a formação acadêmica evolua no sentido de ampliar conhecimentos básicos sobre o desenvolvimento humano. Atualmente, muitos profissionais estão buscando ampliar seus estudosem torno da psicomotricidade. Isto por que o movimento corporal é indispensável ao sujeito em desenvolvimento de habilidades. Diante disso, o lúdico surge favorecendo as aquisições necessárias, pois junto ao movimento realizado pela criança, inicia-se o processo de amadurecimento das células neurais.

                 Esse artigo vem tratar sobre as contribuições do lúdico para o desenvolvimento psicomotor. Sabe-se que o uso do lúdico é importante para aquisições de habilidades como equilíbrio, noção espacial e temporal,e ainda,  ajuda na organização mental e no raciocínio lógico o que facilita o processo de aprendizagem. Portanto objetiva-se com esse estudo analisar as teorias sobre o assunto para ponderar essas contribuições e ao mesmo tempo ampliar conhecimentos sobre o assunto em pauta.

                 Utiliza-se como metodologia a pesquisa bibliográfica e pauta-se em observações vivenciadas em sala de aula. Utiliza-se também a pesquisa descritiva dialética e a interpretação para explicar os dados observados. Busca-se apoio em estudiosos como: Wallon (1984), Fonseca (2008), Vygotsky (2005), Montessori (1983, 2003), Piaget (1982, 2005), entre outros.Espera-se com essa pesquisa fornecer informações que possam contribuir para a aprendizagem de outros profissionais e acadêmicos.

 

2A CONTRIBUIÇÃO DO LÚDICO PARA O DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES PSICOMOTORAS

                 Ainda no ventre da mãe, o bebê inicia seus movimentos, que permite seus primeiros gestos de interação com o meio externo, seus movimentos tornam-se uma necessidade vital. A teoria Walloniana (1984) deixa claro que o desenvolvimento psicomotor é uma essência humana desde a gestação a criança busca comunicar-se com o meio externo. É pelos movimentos que o bebê mostra seu bem-estar ou mal-estar e esse comportamento é impregnado de afetividade e de sociabilidade que vai acompanhar o sujeito ao longo de sua existência.

                  O desenvolvimento psicomotor é intensificado a partir do nascimento é fortemente e se edifica e visivelmente pela realização de movimentos sincréticos que são impulsionados pela necessidade de sobrevivência. São os movimentos que ajudam na adaptação do indivíduo ao ambiente. “Não há separação possível entre o indivíduo e o ambiente (sociedade, ecossistemas), isto é, não há oposição entre o desenvolvimento psicobiológico e as condições sociais que justificam e motivam” (FONSECA, 2008, p. 15). Após o nascimento a criança utiliza movimentos puramente reflexos que vão aos poucos evoluindo.

                 Fonseca (2008, p. 83) aborda, que:

É com base nesta perspectiva evolutiva e construtivista que a noção de objeto e a noção do real virão, entretanto, a estruturar-se. A criança só poderá ter a noção de um objeto quando esse mesmo objeto for por ela utilizado significativamente. Aqui a função de utilização é sinônima de função de conhecimento. Ambas são conseqüência das ações que a criança pode realizar e produzir com o objeto. A assimilação do objeto pela criança só poderá existir perante um sistema de trocas (sensoriais e motoras) entre o objeto e a criança.

 

                      Existe uma concordância das teorias vygotskyana, Montessoriana e Piagetiana, pois os estudiosos afirmam a necessidade da relação entre o sujeito e o objeto para que se estabeleça a construção do conhecimento.  Sobre o assunto, observa-se que para Piaget; Inhelder (1993) o sujeito precisa formular esquemas sobre sua ação no objeto a ser conhecido as informações são retiradas pela manipulação, isto a conduzirá a interpretação, significação e construção do conhecimento; Vygotsky (2005) visualiza o sujeito agindo em seu ambiente sócio-histórico e cultural, em uma Zona de conhecimento real, e que precisa agir sobre o objeto para construir um novo potencial, esse exige dele esforço mental para construir hipóteses e elaborar conceitos; o mesmo se verifica nos estudos de Montessori (1965 ) pois ela afirma que o movimento exploratório do ambiente é essencial para que a criança desenvolva suas habilidades sendo portanto, um ponto de partida para aprender.

                 Pelo movimento, a criança interage com o mundo e experimenta sensações de prazer, mesmo que inicialmente seja só um reflexo de seus músculos. O lúdico provoca a sensação de prazer e bem estar produzido pela brincadeira, sendo um instrumento motivador para o desenvolvimento do ser humano. Quando movimenta seu corpo, o bebê o tem como seu primeiro brinquedo e realiza num jogo sensorial ao exercitar seus dedos, mãos, pés, braços e pernas, numa ação que é produzida pela necessidade dos seus reflexos. Sobre o assunto, Santos (1999, p. 19) reforça que: “Criança é sinônimo de movimentos. Desde que nasce ela está em ação; primeiramente de forma reflexiva e desordenada, que aos poucos vai se estruturando”.

                 Os exercícios motores reflexos realizados pela criança recém-nascida, aos poucos vai se tornando mais coordenado e adquire segurança e confiança, saindo dos movimentos desordenados para se apropriar do domínio do corpo, aos poucos consegue sentar, engatinhar, fica em pé e começa andar, mesmo que inicialmente, seja com pequenos passos inseguros. Segundo aborda, Santos (1999, p. 21): Os primeiros jogos são puramente funcionais, queErickson chama de  “autocósmicos”, que significa o jogo centrado no próprio corpo, que ajudam na exploração das percepções sensoriais e das sensações cinestésicas, próprias do autoconhecimento.

                      Os reflexos possibilitam para criança, as primeiras interações com o conhecimento e é possível afirmar que o autoconhecimento com o movimento do bebê ao explorar seu corpo. Esta preferência pelo próprio corpo como objeto de brincadeiras permanece até os seis meses a criança. Quando seu controle muscular se estabiliza ela passa ao jogo de imitação das atitudes dos adultos, utiliza as mãos para bater palmas e brincar esconde-esconde ou puxando objetos que lhe chama atenção. Nesse momento o adulto precisa intensificar os cuidados com os enfeites ou objetos pequenos que pode provocar o interesse do bebê, pois ele tentará alcançá-lo e arrancá-lo, como uma ação lúdica. Existem alguns brinquedos que chama mais atenção do bebê e inspiram mais cuidados são: argolas, brincos com bolas, óculos, colares, chocalhos, objetos de borracha, entre outros. Ressalta-se todo brinquedo que lhe é oferecido, será olhado e, em seguida conduzido para boca, tal experiência poderá se repetir até que compreenda a utilização do objeto.

                 Até os doze meses a criança adquire uma posição corporal mais ereta, seus dedos são usados como pinça para pegar objetos, mostram preferência por ambientes espaçosos, aumenta seu interesse pelos objetosdo ambiente e intensifica sua curiosidade pelas descobertas.  Com a evolução de sua habilidade muscular começa a locomover-se sozinho e utiliza a exploração de forma mais intensa. Santos (1999, p. 46) reforça que: “ a sensação de liberdade é bem marcada. Ele tende a rejeitar o cercado, o berço ou mesmo o ambiente de seu quarto, gosta de grandes espaços para suas experiências e conquistas”.

                 Com seus movimentos intensificados e mais coordenados, aos doze meses ele mesmo busca suas conquistas, pois, já consegue dominar seus passos e pegar objetos de acordo com suas preferências. Santos (1999, p. 49) aborda, que: “À medida que o bebê fica mais móvel, podendo deslocar-se no ambiente, sai à procura de seus brinquedos, domina o espaço”. Aprende a jogar objetos no chão e se diverte com o barulho ao cair, além disso, brinca de pegar e largar coisas e gosta das brincadeiras de empilhar e jogar bola, essas atividades lúdicas lhe proporcionam prazer.

                 São muitas as mudanças que criança passa, por isto elanecessita de movimento para desenvolver suas habilidades. Os três primeiros anos de vida, essas transformações são muito mais notadas, pois refletem no seu desenvolvimento físico no seu, biológico, cognitivo e emocional.  A presença do adulto como mediador de suas brincadeiras ajuda na sua evolução e apropriação de saberes que são essenciais para sua vida social.

                 Dos três aos seis anos, a criança intensifica sua aprendizagem sobre o mundo, passa a vivenciar experiências escolares, inicia o mundo das letras e começa a ser inserida na compreensão de uma lógica alfabética e, isto exige muito mais esforço mental. Seu crescimento físico evolui e seus músculos adquirem uma consistência firme fazendo com que seus movimentos sejam mais complexos e controlados. Assim ela corre, pula, ultrapassa obstáculos sem se machucar ou tropeçar, e o movimento é uma das suas brincadeiras preferida.

Conforme, reitera Montessori (1965, p. 79) sobre o assunto:

A criança, como podemos constatar, é habitualmente presa de incessante movimentação: a necessidade de movimento, nela irresistível, vai aparentemente atenuando-se; é que os poderes inibidores, desenvolvendo-se, harmonizando-se com os impulsos motores possibilitando a obediência à vontade.

                 Omo se observa a evolução motora se amplia com o domínio do equilíbrio, ela movimenta-se mesmo sem sentir vontade, tem necessidade de arrastar-se pelo chão, correr, experimentar o mundo, por essa razão costuma pegar tudo o que vê. Seu corpo se transforma simultaneamente com o seu desenvolvimento intelectual e na puberdade, já tem domínio de todo os seus movimentos e seus esforços são direcionados pelo pensamento. [...]

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