A CONTRIBUIÇÃO DAS BANDAS E FANFARRAS NA FORMAÇÃO DE ALUNOS EM ESCOLAS REGULARES DE PERNAMBUCO

Por UBALDO NUNES PASSOS | 22/11/2013 | Arte

 

UBALDO NUNES PASSOS

 

 

 

 

 

A CONTRIBUIÇÃO DAS BANDAS E FANFARRAS NA FORMAÇÃO DE ALUNOS EM ESCOLAS REGULARES DE PERNAMBUCO

 

 

 

 

 

 

 

 

RECIFE

 

2011


UBALDO NUNES PASSOS

 

 

 

A CONTRIBUIÇÃO DAS BANDAS E FANFARRAS NA FORMAÇÃO DE ALUNOS EM ESCOLAS REGULARES DE PERNAMBUCO

 

 

 

 

Artigo Científico apresentado como requisito parcial à obtenção do grau de Especialista em Metodologia do Ensino da Música, Curso de Pós-Graduação em Metodologia do Ensino da Música, IBPEX – Instituto Brasileiro de Pós Graduação e Extensão S/S Ltda.

Orientador (a): Profª. Drª. Cristiane Maria Galdino de Almeida.

RECIFE

 

2011

DEDICATÓRIA

 

 

Aos meus familiares, pelo incentivo.

Às minhas filhas Évelin e Jamile.

À minha mulher Aline Rodrigues, pelo apoio e incentivo durante toda pesquisa.

Aos colegas e professores da segunda turma do Curso de Metodologia do ensino da Música em recife, que juntos galgamos esta conquista.

 

 

 

 

 

 

 

 

AGRADECIMENTOS

 

 

 

Em primeiro lugar ao nosso bom Deus, pelo dom da vida.

Aos meus familiares.

Aos amigos que tanto me ajudaram nesta pesquisa.

A Aline, pela companhia, incentivo e contribuição constantes.

Ao Mestre Ten. Batista (trombonista), pelo correto direcionamento, neste trabalho.

A José Roque da Silva Neto, pela sua contribuição na minha pesquisa.

A todos os entrevistados.

Ao IBPEX a FACINTER e todos os professores, funcionários e colegas da segunda turma do curso de Metodologia do Ensino da Música em Recife.

 

 

 

 

 

A CONTRIBUIÇÃO DAS BANDAS E FANFARRAS NA FORMAÇÃO DE ALUNOS EM ESCOLAS REGULARES DE PERNAMBUCO

 

           

Autor: Ubaldo Nunes Passos1

Orientador (a): Profª. Cristiane Maria Galdino de Almeida2

Resumo

A presente monografia visa valorizar o papel social que as bandas e fanfarras desempenham em escolas regulares no estado de Pernambuco, estimando a valorosa contribuição que a prática musical nas escolas proporciona na formação educacional, social e musical na vida dos jovens que participam destas atividades. Este trabalho trata-se de uma pesquisa descritiva de caráter qualitativo onde todo material coletado para a sua construção se desenvolveu por meio de livros, internet, entrevistas e pesquisas de campo que se concentraram nas escolas: Paulo VI, Dom Bosco e Virgem Imaculada. Todo conteúdo reunido neste trabalho enfatiza e ressalta a importância de mantermos uma estrutura digna para o bom funcionamento das bandas e fanfarras existentes nas escolas regulares do estado de Pernambuco e ainda incentiva a criação de novas bandas em escolas que não oferecem este rico recurso didático como instrumento de inclusão social e educacional aos seus alunos demonstrando os  vários benefícios causados nas diversas áreas em suas formações.

Palavras-chave: Formação. Social. Educação. Música.

 

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1 Graduado em Licenciatura em Música pela UFPE e aluno do curso de pós graduação de Metodologia do Ensino da Música –IBPEX

2 Doutora em Música pela UFRS. Chefe do Departamento de Música da UFPE e professora orientadora da segunda turma do curso de Metodologia do Ensino da Música em Recife – IBPEX

Abstract

 

This monograph aims to enhance the social role that the bands and brass bands play in regular schools in the state of Pernambuco, estimating the valuable contribution that musical practice in schools in providing educational, social and musical life of young people who participate in these activities. This work is a qualitative descriptive study where all material collected for its construction was developed through books, internet, interviews and field research that focused on schools: Paulo VI, Dom Bosco and Virgem Imaculada. All contents collected in this study emphasizes and underscores the importance of maintaining a structure worthy for the proper functioning of the existing bands and fanfare in mainstream schools in the state of Pernambuco and also encourages the creation of new bands in schools that do not offer this rich teaching resource as a tool social inclusion and education to students demonstrating the many benefits caused in various areas in their formations.

 

 

 

Keywords: Training. Social. Education. Music.

 

 

1INTRODUÇÃO                                                   

As bandas musicais escolares proporcionam, na grande maioria dos casos, o primeiro contato formal que crianças e adolescentes têm com a música e com a prática instrumental. Levados pelo entusiasmo e incentivo de colegas que já participam da corporação musical, os novos integrantes começam sua jornada, não raro, sem se dar conta que ingressaram no “mundo da música”.   

            Muitos participantes identificam-se com a arte musical e vão à procura de escolas específicas de música com a finalidade de desenvolver técnicas e aprofundar conhecimentos objetivando uma formação profissional. Enquanto outros, mesmo sem demonstrar muito interesse em perspectivas profissionais, são musicalizados e com orgulho ostentam o estandarte da escola querida.

 Participar de atividades em grupo é fator primordial na formação individual de crianças e adolescentes, a coletividade proporciona a interação e troca de conhecimentos e valores que são um estímulo ao respeito e à disciplina, valores que são bem explorados nas bandas escolares.

            A música quando aprendida e utilizada como linguagem, oferece aos alunos o acesso a uma educação para a vida que inclui o desenvolvimento da sensibilidade a partir da aquisição de um vasto vocabulário de efeitos de sentido associados a configurações musicais detalhadas e precisas, num processo de construção de conhecimento que integra os dois recursos que o homem dispõe para isso: pensamento e sentimento. “Música como linguagem não é algo apenas para quem busca formação profissional, não depende de talento ou dom e está ao alcance de todos”. 3

           

 

3 Disponível em: <http://wisdom-of-wind.blogspot.com/2010/11/o-papel-da-musica-na-formacao-de-um.html>. Acesso em: 05  de abr. 2011.

                              

“As bandas musicais, além de permitirem uma profissionalização musical, possibilitam aos jovens reconhecerem-se como sujeitos que atuam no mundo, dando-lhes condições de criarem novos projetos de vida” (DAYREL, 2002).

Descreve ainda Dayrell, no mesmo livro:

Acreditamos que a socialização dos jovens pode ser compreendida com os processos por meio dos quais os sujeitos se apropriam do social, de seus valores, de suas normas e de seus papéis, a partir de determinada posição e da representação das próprias necessidades e interesses... (DAYRELL, 2002, p. 4)

                              

                               O emprego das bandas escolares pode ser entendido tanto como elemento de educação musical como um elemento sócio-cultural a serviço daqueles que integram o grupo musical bem como aqueles que participam da sua vida social.

                               Muitas são as questões relacionadas à importância da música com os desafios na prática doscente, conteúdos e metodologias, que são basilares na atuação do educador musical. Porém na maioria das vezes o que encontramos são monitores,músicos sem formação acadêmica, que atuam na musicalização dos jovens podendo satisfazer ou não as expectavas relacionadas ao aprendizado musical e valores sociais. Faz-se necessário salientar ainda que é raro encontrar nas instituições de ensino, estruras que favoreçam o desenvolvimento das bandas escolares. Mesmo com todas estas deficiências, tais agremiações são, contudo, um modo eficiente e célere de aprendizado, apresentando condições de musicalizar jovens, bem como possibilitar um repensar do ensino formal da música nas escolas.

                               De fato, quando assumida como linguagem que incorpora os fundamentos que a torrnam arte, a música nos permite integrar competências linguisticas, corporais, espaciais, raciocínio lógico, percepção de si próprio e percepção do outro, além das musicais. Dificilmente outra disciplina da grade curricular nas escolas, possa oferecer tamanha  integração entre as mais variadas áreas do conhecimento, algo vital para a formação de indivíduos capazes de perceber mais profundamente o mundo em que vivem e de usar com sensibilidade e sabedoria os conhecimentos adiquiridos ao longo de toda a sua formação.

                               A participação facultativa dos alunos nas bandas e/ou fanfarras escolares, demonstra um interesse real pela música e pelo ciclo de amizade e companheirismo que são desenvolvidos entre eles no decorrer das aulas e ensaios dos grupos, fator importante no desenvolvimento de perspectivas de relacionamentos sociais na formação da individualidade.

                               Por sua vez, a escola que incentiva e mantém uma banda no seu quadro de atividades, seja em relação ao corpo discente ou à própria instituição, visa alguns retornos, tais como: manter os alunos em uma ocupação sadia, cultural e educativa, afastando-os, em alguns casos, de ambientes não propícios à sua formação como cidadãos ao mesmo tempo em que representam a escola, por meio de eventos cívicos e culturais que sempre são realizados como: concursos, desfiles e encontros de bandas e outras atividades sociais. “O ensino de música na escola, assim como toda atividade social, ‘serve’ a várias funções e pode ser diversamente interpretada” (TOURINHO, 1993, p.92).

            Sobre os termos: bandas e fanfarras vale ressaltar a distinção existente entre os dois conjuntos musicais que se diferenciam basicamente pelo instrumental que as compõe. O primeiro subdivide-se em: bandas musicais e bandas marciais. As fanfarras, por sua vez, classificam-se em: fanfarras simples ou lisas e fanfarras com 01 (um) pisto.

            No decorrer do presente trabalho de pesquisa serão observadas crianças e adolescentes que integram a fanfarra da Escola Paulo VI, a banda marcial da Escola Dom Bosco, ambas, escolas regulares da rede pública de ensino, e a banda musical do Colégio Virgem imaculada, escola regular da rede privada de ensino, com a finalidade de adquirir conhecimentos a respeito do desempenho escolar, inclusão social e comportamento ético dos alunos participantes destas bandas escolares.

            Investigar os métodos utilizados pelos professores( instrutores/regentes de banda) no aprendizado dos alunos e os objetivos a serem alcançados pelas bandas e fanfarras ( como conjunto) no âmbito escolar, enfatizando os benefícios e a representatividade adiquiridos pelas escolas que mantém uma banda de música ou fanfarra no seu quadro de atividades.

            Os efeitos causados pela prática musical nos alunos das escolas anteriormente citadas, por meio das bandas e fanfarras, serão analisados de acordo com a situação sócio-econômica a qual cada escola está inserida, uma vez que as escolas escolhidas para o campo de pesquisa pertencem como já mencionado, às redes de ensino pública e privada.

            A orientação na formação profissional dos alunos participantes das bandas e fanfarras, também é alvo de pesquisa neste trabalho, levando em consideração que muitos profissionais tiveram sua iniciação musical nestas atividades oferecidas pelas escolas e posteriormente procuram aperfeiçoamentos técnicos em conservatórios ou em escolas específicas de músicas, possibilitando-os a ingressarem no curso de licenciatura em música da Universidade Federal de Pernambuco e posteriormente integrarem o mercado formal de trabalho no campo da música.

 

2 A TRADIÇÃO DAS BANDAS DE MÚSICA NO BRASIL         

 

            Vários foram os aspectos que contribuíram para a formação atual das nossas bandas de música que atuam praticamente em todo o território nacional. Sejam municipais, associações, escolares ou militares, as bandas estão em toda a parte levando cultura, beleza e entretenimento ao mais variado público, em suas apresentações.

            Além da imprescindível influência das bandas militares desde o Brasil colônia até a atualidade, não poderia deixar de citar a importante contribuição do povo africano que trazidos como escravos para esta terra eram forçados a formar conjuntos, por determinação dos senhores de engenho, para que animassem as festividades realizadas em suas propriedades. Algumas vezes, ainda formavam grupos de corais com negros que cantavam em cerimônias de cunho religioso. “Esse costume de se ter uma orquestra na propriedade vem da nobreza europeia” (Grout, 1994, p.12).

            O estado de Pernambuco, particularmente, teve, ainda, a participação significativa do povo holandês, que deixou um grande legado cultural contribuindo sem dúvida para esta tradição de bandas. Consistia na participação de grupos instrumentais que se apresentavam ao público no palácio do então governador Maurício de Nassau.

            Já em São Paulo, podemos observar a influência dos imigrantes italianos, que atraídos pela grande produção de café no final do séc. XIX e a promessa de ganhar muito dinheiro nessa atividade agrícola vieram ao Brasil e dentre eles havia um número considerável de músicos que começaram a ingressar nas atividades musicais do país. Alguns assumiram funções de destaque não apenas como instrumentistas, mas também como professores e regentes de instituições musicais, provocando mudanças consideráveis nos hábitos e repertórios da época.

            No estado do Rio de Janeiro, durante o Séc. XIX, conjuntos de músicos alemães podiam ser vistos em toda  parte, segundo os jornais da época. Entretanto, na ocasião da primeira grande guerra, esses grupos desapareceram.    “Porém, nas colônias alemãs existentes no Brasil, a divulgação de sua música se mostra muito presente até os dias atuais” (Granja, 1984, p.24).

            No campo militar, onde houve a mais forte motivação para a formação das bandas atuais, no início do Séc. XIX foi determinado que em cada quartel do Exército, em todo território nacional, fosse constituída uma banda de música com efetivo diferenciado, composto de músicos militares executantes de instrumentos de sopro e percussão, com objetivo de motivar a tropa na execução de hinos, canções e marchas militares, a exemplo de outros exércitos do mundo. Tendo atingido o objetivo inicial o efetivo das bandas foi aumentado e variado com mais instrumentos de sopro e percussão.

            Por volta de 1850, surge o carnaval carioca no Rio de janeiro que passou a manifestar-se utilizando bandinhas que animavam a brincadeira. Assim naquela época, os foliões dançavam ao som das bandas marciais que se apresentavam nos coretos nos dias de domingo. Paralelo a isto, outro evento que se tornou comum nos carnavais foi o baile de máscaras, que inicialmente eram realizados nos teatros, tendo a participação de um público mais seleto e com a execução das músicas atribuídas às bandas militares, cujo repertório era composto por: polcas, quadrilhas e por vezes até valsas.

            Ainda nesta época, surgiram outras formações musicais que se apresentavam no subúrbio da cidade do Rio de Janeiro proporcionando animação aos menos favorecidos economicamente. Estes grupos, chamados de choro, eram geralmente formados por músicos das bandas militares e funcionários de repartições públicas.

Todo este contexto histórico que contribuiu para a evolução das bandas de música até os dias atuais é muito significativo uma vez que as tendências evolutivas tomaram rumos diferentes ocasionando variações no segmento onde passaram a receber denominações de acordo com a formação instrumental. Desta forma, as bandas escolares, atualmente, subdividem-se em: fanfarra simples, fanfarra com um pisto, banda marcial e banda musical.

 

3 AS BANDAS DE MÚSICA NA ATUALIDADE

Primeiramente, para fins de conceito sobre o termo banda, segue a definição dada pelo Grove Dicionário de Música, que diz:

Conjunto instrumental. Em sua forma mais livre. “banda” é usada para qualquer conjunto maior que um grupo de câmara. A palavra pode ter origem do latim medieval (bandum) “estandarte” bandeira a qual marchavam os soldados. Essa origem parece se refletir em seu uso para um grupo de músicos militares, tocando metais, madeiras e percussão, que vão de alguns pífaros (sic) e tambores até uma banda militar de grande escala. (SADIE, 1994, p. 71).

            O Grove ainda apresenta outra definição sendo mais parecida com as bandas dos dias atuais. Menciona que:

Banda de instrumentos de sopro, consistindo unicamente da família dos metais e, às vezes, percussão, que teve origem nos anos 1820. Uma banda típica consistiria de uma corneta em sib; um flugelhorn em sib; três fliscornes em mib; dois saxhorns tenor emsib; dois eufônios em mib; três trombones e quatro baixos de tuba, dois em mib e dois em sib (sic). O crescimento das bandas de metais esteve intimamente ligado ao desenvolvimento da indústria, e o sucesso foi consolidado através de competições. (SADIE, 1994, p. 71).

Podemos verificar que esta última definição se aproxima mais das nossas bandas e fanfarras escolares, tendo em vista a evolução e surgimento de novos instrumentos de soproe percussão que aumentaram significativamente seus recursos sonoros. Além disto, a inclusão de instrumentos eletrônicos que antes eram utilizados em bandas e conjuntos como a guitarra, teclado e baixo elétrico, já podem ser vistos em algumas bandas e outros instrumentos, que antes eram empregados apenas em orquestras, como: cordas (violinos e violas, por exemplo) e palheta dupla como: oboé e fagote, já podem ser contemplados em certas formações de banda. E assim, com estas inovações e variações foram surgindo novas modalidades de bandas de música.

Esta evolução é citada por Muggiat (2006), em seu livro Improvisando Soluções, onde relata que:

A partir da segunda metade do século XIX, os instrumentos de sopro começaram a se popularizar nos Estados Unidos. Na Guerra de Secessão (1861-65) as bandas marciais tiveram importante papel na elevação do moral das tropas, e sua criação foi grandemente estimulada. Ao mesmo tempo, a tecnologia dos instrumentos, em decorrência dos progressos da Revolução Industrial, era aperfeiçoada com a introdução dos pistões nos metais, hoje peça fundamental como instrumento que compõe a formação da banda marcial. (MUGGIATI, 2006, p. 13).

Em geral, nota-se que a prática da música sempre se mostrou presente em diversidades e contextos que acompanham a evolução tecnológica e social da humanidade. “A música como sempre, esteve presente na vida dos seres humanos, ela também sempre está presente na escola para dar vida ao ambiente escolar e favorecer a socialização dos alunos, além de despertar neles o senso de criação e recreação”. (FARIA, 2001, p. 24),

            As bandas e fanfarras consistem em um valoroso instrumento de musicalização e “podem ser analisadas como derivações do ensino de música na escola”. (CAMPOS, 2008, p.103). O emprego da banda de música na unidade escolar deve ser encarado como um meio que auxilia na educação e desenvolvimento de todos os envolvidos.

            O que se pode constatar, com tudo isto, é que a formação das bandas e fanfarras escolares passa pela iniciativa do poder público local. O desejo do diretor da instituição de ensino em formar uma banda na sua escola aparece como condição importante, porém no que se refere à viabilização de recursos para a efetivação de um grupo instrumental na escola, sempre dependerá do poder público.           

Diferentemente das escolas públicas é de vital importância que compreendamos que escolas particulares possuem recursos financeiros com o qual conseguem com maior facilidade manter suas bandas assumindo a responsabilidade de suprir as necessidades da banda, resultando numa dependência entre banda e diretoria. (CAMPOS, 2008, p.106).

            É de suma importância que consideremos estes aspectos ligados à prática instrumental, no entanto é mais importante ainda que consideremos o desenvolvimento que resulta desta relação música - escola como relação social.

Acreditamos que a socialização dos jovens pode ser compreendida como os processos por meio dos quais os sujeitos se apropriam do social, de seus valores, de suas normas e de seus papéis, a partir de determinada posição e da representação das próprias necessidades e interesses... (DAYRELL, 2002, p. 4).

Com isso, no que se refere à socialização por meio das bandas escolares, podem-se constatar mudanças no comportamento escolar dos alunos. Como afirma o regente Ricardo Teodoro Filho, da Banda Marcial Universidade Infantil, em página do site Diário do Nordeste: “a introdução da música na vida dos jovens, fez diminuir os índices de violência na Escola, de evasão escolar, também afastou os adolescentes das drogas e ainda acolheu as minorias marginalizadas”4.  

           

 

 

 

 

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4 Disponível em: <http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=892899 . Bandas e fanfarras na Copa N/NE >. Acesso em: 05 de abr. 2011.

A prática da ordem unida é outro aspecto muito importante que também é observado nas bandas e fanfarras escolares. Consiste em movimentos sincronizados e enérgicos, copiados das tropas militares, que são realizados por toda corporação musical.“O desdobramento da palavra resume os principais objetivos do termo: ORDEM= Ordem e Disciplina / UNIDA= União e Conjunto” (MANUAL DE CAMPANHA, 2000, P. 1.4). Como complementa o blog da Fanfarra do instituto Euclides Dantas, o termo significa: “todas as ordens que forem dadas ao grupo devem ser executadas uniformemente, ou seja, ao mesmo tempo, por todos”. 5

 O treinamento da ordem unida, além da obtenção do objetivo comum por parte do conjunto, proporciona o desenvolvimento de habilidades como a coordenação motora, senso rítmico, disciplina e coesão. Como menciona o Manual de Campanha, C 22-5, Exército Brasileiro que constata bem esta definição, quando diz que:

 

A ordem unida não tem somente por finalidade fazer com que a tropa se apresente em público com aspecto marcial e enérgico, despertando entusiasmo e civismo nos espectadores, mas, principalmente, a de constituir uma verdadeira escola de disciplina e coesão. (MANUAL DE CAMPANHA, 2000, p. 4).

           

 

 

 

 

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5  Disponível em: <http://fan-ieed.blogspot.com/2011/03/ordem-unida.html. Ordem unida> . Acesso em: 05 de abr. 2011.

4 AS MODALIDADES DAS BANDAS ESCOLARES

Como mencionado anteriormente, as bandas de música, de acordo com a formação instrumental, possuem basicamente quatro subdivisões. Desta forma, atualmente, seguindo uma “escala hierárquica” de acordo com as possibilidades técnicas oferecidas e a variação e riqueza timbrística em virtude da variedade instrumental, as bandas, seguindo estes critérios, subdividem-se em: fanfarra simples, fanfarra com pisto, banda marcial e banda musical.

4.1 FANFARRAS SIMPLES

 

            Composta de instrumentos de percussão,tais como: bombos, caixas de guerra, tarol, surdos, pratos e atabaque além de outros que dependendo da exigência da música a ser executada, podem ser introduzidos de forma esporádica. Caracteriza-se ainda por possuir um número grande na composição da percussão que geralmente supera, em quantidade, os instrumentos de sopro. Já o naipe de sopro é composto por cornetas lisas de calibres graves e agudos, sem qualquer recurso de pistões, válvula ou registro que venham a modificar as suas respectivas afinações.

            As cornetas lisas são limitadas a reproduzir as notas que estão contidas em sua série harmônica que corresponde às afinações que variam em: Si bemol, Fá, Mi bemol, Dó, Ré bemol e Sol.

            Uma formação básica, utilizando estes instrumentos, para compor uma fanfarra simples, pode variar bastante de acordo com as necessidades e recursos disponíveis pela escola, porém podemos observar o modelo a seguir como guia:  05 cornetas em Si bemol,05 cornetões em Si bemol, 05 cornetas em Fá,04 cornetas em Mi bemol,02 cornetas em Dó, 02 cornetas em Ré bemol e 02cornetas em Sol. Para os instrumentos de percussão: 04 bombos, 04 surdos, 04 atabaques, 04 pares de prato (03 pares 14” e 01 par de 16”) e 04 caixas ou tarois.

            Os arranjos das músicas são diferenciados e distintos uma vez que devido à limitação dos instrumentos, não é possível explorar todas as tonalidades. As melodias são como um mosaico, onde muitas vezes é necessária a participação de uma corneta de determinada afinação para preencher com uma única nota, um determinado trecho ou frase da música.

            As evoluções em marcha são de extrema importância para as fanfarras. A marcialidade a postura e o garbo presentes na ordem unida das bandas militares são copiados e praticados por estas corporações escolares que além do seu efetivo de músicos de sopro e percussão contam no seu quadro, com a participação de alunos que formam uma comissão de frente com bandeiras, bandeirolas e outros adereços. Esta comissão, aqui no estado de Pernambuco é denominada de corpo coreográfico, devido às coreografias que são executadas com precisão, harmonia e vibração nas marchas e evoluções durante a apresentação musical da fanfarra, que por sinal é um brilhantismo a parte.

4.2 FANFARRAS COM PISTO

            Não muito diferentes das fanfarras lisas, as fanfarras com pisto possuem em sua formação instrumental cornetas, porém, estas dispõem de um pistão que modificam a tonalidade do instrumento. Podem ainda, estes instrumentos, serem modificados com a inclusão de uma vara (gatilho) por um luthier, que consiste na expansão da pompa de afinação como se fosse uma vara de trombone.

            Os calibres dos instrumentos de sopro variam do grave ao agudo e são constituídas de campos tonais aos quais estas cornetas são armadas que variam do: Si bemol, Sol, Fá, Mi bemol e Dó.

            Em relação ao número de instrumentos que devem compor uma fanfarra com pisto, seguindo uma formação básica e observando o equilíbrio sonoro e a disponibilidade de recursos, podemos constituí-la da seguinte maneira: 05 cornetas em Si bemol (com gatilho), 05 cornetões em Si bemol (com gatilho), 02 cornetas em sol, 01 flugh horn com um pisto e 01 tuba com um pisto. Para a percussão: 04 bombos (podendo ser de afinações diferentes), 04 pares de pratos (sendo um par de 16”), 01 quadritom, 02 caixas de guerra e 02 caixas tenores.

            Os alunos das fanfarras com pisto além de desenvolverem a percepção melódica e a disciplina no que se refere ao momento certo de tocar sua corneta, devido à tonalidade, devem ter a prática de executar seu instrumento utilizando pisto e gatilho simultaneamente, originando, desta forma, uma nova modalidade de instrumento de sopro: pisto com gatilho.

            A percussão, geralmente expressiva em número, porém não muito rica em diversidade, limita-se aos instrumentos que marcam a cadência tais como: caixa de guerra, caixa tenor, tarol, surdo, bombo, pratos e alguns outros que vazem variações rítmicas como o quadritom.

            As evoluções em marcha também são muito exploradas nesta modalidade de fanfarra que na maioria das vezes, igualmente às fanfarras lisas e bandas marciais, são comandadas por um elemento destinado a este fim denominado de Mor. Com um bastão de comando o Mor coordena o início de todos os movimentos do grande grupo através de gestos elegantes e coreografados que são previamente ensaiados para que todos possam compreender e responder prontamente aos comandos.

            Faz parte ainda deste conjunto, um pelotão de dançarinas aqui denominadas balizas, onde uma destas, a que se destaca em solo, é a baliza principal e nos concursos de bandas e fanfarras é julgada em uma acirrada disputa entre as balizas das diversas bandas onde envolve precisão de movimentos e muita graciosidade.

           

4.3 BANDAS MARCIAIS

 

            Nesta modalidade de banda escolar, podemos observar uma constituição instrumental mais variada e completa no que se refere aos recursos de extensão das notas musicais e tonalidades. Instrumentos como: trompetes (em Si bemol, Dó e Mi bemol), trompetes picollo, bombardinos, trombones de vara, trompas de harmonia, flugh horn, Souza fone (tuba) em fim, todo universo de instrumentos de sopro de metal com bocal são permitidos ficando desta forma excluídos os de palheta simples e dupla e os de embocadura livre e todos os outros instrumentos melódicos  que não sejam de sopro. Sendo assim, uma banda marcial pode ser constituída da seguinte forma: 04 bombos (podendo ser de afinações diferentes), 01 par de pratos16”, 01 quadritom, 02 caixas de guerra, 02 caixas tenores e 01 bateria (opcional). No naipe de sopro podemos contar com: 10 trompetes (06 Si bemol,02 Dó e 02 Mi bemol), 01 trompetes picollo ,02 bombardinos,06 trombones de vara,04 trompas de harmonia,01 flugh horn, 02 Souza fone(tuba) .

            Como vimos, os instrumentos de percussão são os mesmos das fanfarras antes citados, podendo, porém, serem introduzidos ainda uma lira( instrumento melódico percutido) e uma bateria.

O corpo coreográfico, incluindo as balizas, mantém as mesmas características de postura garbo e indumentárias da modalidade anterior. as cores dos uniformes dão um destaque especial aos movimentos sincronizados das evoluções nas apresentações e nos concursos.

4.4 BANDAS MUSICAIS

            Agora podemos observar uma maior diversidade instrumental na composição desta modalidade de banda. Qualquer instrumento que utilize o sopro como princípio de produção do som é permitido. A riqueza na variação dos timbres é um fator que de certa forma diferencia as bandas musicais das demais modalidades. Instrumentos tais como: oboé, fagote, corne inglês (instrumentos de palheta dupla) e clarinetes, saxofones (instrumentos de palheta simples). Além dos instrumentos de embocadura livre como as flautas também são utilizados.

            A quantidade de instrumentos de percussão é inferior em relação às outras modalidades já vistas anteriormente. Isto porque os instrumentos de palheta e os de embocadura livre apresentam uma sonoridade suave e de intensidade fraca por natureza em relação aos de metais, então para que haja um equilíbrio sonoro, obedecendo a uma dinâmica equilibrada, além da percussão outros naipes são reduzidos a exemplo: os trompetes e os trombones. Desta maneira, uma formação básica de instrumentos para compor uma banda musical resume-se ao que se segue:

Sopro: 04 trompetes, 04 trombones, 01 bombardino, 03 trompas de harmonia, 01 tuba, 02 sax alto, 02 sax tenores, 01 sax barítono, 08 clarinetes, 02 flautas e 01 flautim. Percussão: 01 bateria, 01 par de congas, 01 par de tímpanos, 01 bombo e outros instrumentos de efeito sonoro de acordo com a exigência da composição a ser executada.

            Algumas bandas musicais fazem uso de instrumentos de corda tais como: violas, violinos e violoncelos. Estas recebem, por parte de alguns maestros, a denominação de bandas sinfônicas, devido ao emprego de instrumentos utilizados em orquestras sinfônicas e repertório de cunho mais erudito, além de não executarem movimentos de ordem unida ou marcha. Por outro lado, outras bandas musicais introduziram em sua formação, instrumentos eletrônicos do tipo: guitarra, teclado e baixo. Como também a utilização de cantores, tanto masculino quanto feminino, na interpretação de suas peças musicais. Caracterizando mais uma vertente da banda musical, esta última formação, por sua vez, recebe o nome de banda show.

             O corpo coreográfico, o pelotão de balizas e o Mor, não se tratando de banda sinfônica nem banda show, na maioria das vezes continuam atuando sem modificações em relação às fanfarras e banda marcial. Todavia, algumas bandas musicais reduzem o número de alunos que desempenham estas funções de linha de frente e focam mais as atividades no que se refere ao aspecto musical.

5 AS BANDAS DE MÚSICA NAS ESCOLAS

Devido ao constante convívio e à prática de uma atividade comum, um elo muito forte de afetividade pode ser observado entre os alunos integrantes das bandas e fanfarras, ligação esta que, muitas vezes, se mantém mesmo quando se afastam dos grupos, caracterizando, então, um vínculo de amizade pra toda vida.

Segundo Pereira (2003), “a banda de música é um dos locais que os jovens podem desenvolver e concretizar uma convivência sociocultural mais afetiva, com vínculos de amizade mais fortes além das atividades musicais que geralmente são gratuitas”.

A banda de música é, para minha vida, um grupo de referência; uma experiência da qual até hoje retiro ensinamentos e lições de vida. Nela convive boa parte da minha adolescência e juventude. Passava, constantemente, mais tempo na sede da banda do que no convívio de minha casa. A banda era a outra família, uma segunda família. Ali aprendi a respeitar regras; acompartilhar problemas e soluções; a construir novas aspirações, opiniões, atitudes, ou seja, adquiri outra visão de mundo. (LIMA, 2005, p.12).

Notamos com estes depoimentos, a valorosa influência social, que têm as bandas e fanfarras, na formação da conduta e valores morais de quem dedica boa parte do seu tempo a este convívio salutar, desenvolvendo atributos não só musicais, mais éticos, que são proporcionados pela atividade musical e guardados para toda a vida.

As bandas escolares desempenham essa função fundamental na formação e no crescimento social, educacional e artístico dos alunos. Além de ofertar oportunidades aos indivíduos de participar de maneira que produzam e criem conceitos relacionados à sua criatividade. Ao mesmo tempo em que contribui, de forma relevante, na formação de sua identidade social respeitando-o como membro de uma sociedade no mundo ao qual está inserido. As bandas com suas regras e disciplina, inerentes a uma conduta marcial, atua na educação, socialização e contribui com grande importância no aspecto artístico musical. Independente de ter escolhido a música como profissão, quem já participou de uma banda escolar reconhece a contribuição que essa atividade teve para sua formação como um ser social e afetivo. “Quem nunca ouviu ou viu uma banda passar ao menos de longe? – para não se emocionar ou lembrar através das batidas da percussão e dos sons das cornetas algo peculiar jamais esquecido” (ROQUE, 2011, p.26).

As atividades realizadas pelas corporações musicais das escolas, durante um ano letivo, variam em função dos objetivos em questão, tais como: desfiles cívicos, concursos e encontros, que são promovidos em várias cidades ou fora do estado, ou apresentações e comemorações variadas como: festividades religiosas, apresentação em teatros ou em qualquer outro lugar que a banda seja convidada.

É natural no ser humano a busca constante do aprendizado. Estamos sempre procurando melhores conhecimentos e embasamento para o desempenho de nossas atividades. Desta forma, as bandas escolares também se esforçam para aprimorar, em todos os aspectos, a sua performance, principalmente no que se refere ao aprendizado musical. Seja com a inclusão de novos instrumentos, com a substituição dos uniformes ou a incrementação de novas evoluções.

Infelizmente, como podemos observar, a grande maioria dos alunos que participam das bandas escolares no nosso estado, pertencem a uma classe social com poder aquisitivo baixo, pois as escolas que possuem banda são, na sua grande maioria, pertencentes à rede pública de ensino. Raramente uma escola particular oferece este serviço e quando o oferta, é comum cobrar taxas extras para que o aluno participe desta atividade. Vale salientar, entretanto, que, hoje em dia, até mesmo as escolas particulares que mantêm algum tipo de banda em seu quadro de atividades, estão localizadas em bairros menos favorecidos economicamente ou em subúrbios, confirmando, portanto, a observação relacionada ao baixo poder aquisitivo dos alunos participantes das bandas escolares.

Devido a estas dificuldades, o poder público torna-se imprescindível no incentivo e execução de ações que contribuam para a arte como veículo atuante na educação dos jovens alunos. Desta maneira, atualmente, o governo do estado e o município do Recife merecem destaque positivo no tocante a este aspecto, pois vêm realizando programas de aquisição de novos instrumentos, manutenção dos instrumentos já existentes e compra de uniformes. Permitindo, assim, que as apresentações das bandas retratem o esforço e a dedicação que os alunos empregam para representar com satisfação a sua instituição de ensino, como relata a matéria do Portal Pernambuco de 2009 “A Secretaria de Educação investiu mais de R$ 2,2 milhões que foram utilizados na aquisição de novos instrumentos, em material de reposição e manutenção dos fardamentos”.6

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Disponível em: <http://www.nacaocultural.pe.gov.br> . Acesso em: 10 de abr. 2011.

A grande maioria das escolas particulares, hoje, no nosso estado, preocupa-se apenas com o ensino formal em sala de aula, onde a quantidade de informações que o aluno precisa adquirir para passar em um vestibular está em primeiro plano, negligenciando a prática da música através de bandas e fanfarras, que para os alunos tem um papel transformador, inclusivo e acolhedor, em todos os sentidos, como disse o ex- secretário de Educação do estado de Pernambuco, Danilo Cabral em entrevista à Secretaria Especial de Imprensa:

As fanfarras e bandas escolares contribuem para o desenvolvimento psíquico e social dos estudantes, favorecendo a interação entre o grupo e a inclusão social de crianças e jovens das escolas públicas. Estas corporações têm papel fundamental e positivo na vida escolar dos estudantes. A formação musical auxilia no aprendizado das disciplinas curriculares, aumenta a autoestima e significa a possibilidade de inserção social para a maioria dos alunos. 7

As bandas marciais, mais especificamente as militares, foram as grandes responsáveis pelo surgimento do frevo, um dos elementos mais importantes da identidade cultural do estado de Pernambuco. Hoje em dia, o frevo, vem se mantendo devido à participação dos alunos das bandas escolares que durante o carnaval ou em apresentações culturais, se reúnem e formam as orquestras de frevo, compostas por instrumentos de metais (bocal; palheta) e percussão. É o que bem descreve Cláudia Lima, em relação ao surgimento do frevo, quando diz:

Sua criação é fruto de um processo que é iniciado através das bandas marciais, comuns nos festejos públicos e religiosos de todo o Brasil. Em meados do século XIX, quando da proibição dos capoeiras à frente das bandas marciais, as agremiações carnavalescas populares, foi o espaço que abrigou esse grupo popular.

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7 Disponível em: <http://www.nacaocultural.pe.gov.br> . Acesso em: 10 de abr. 2011.

 Entretanto, os mesmos músicos que compunham as bandas marciais, também faziam parte das “fanfarras” que acompanhavam as agremiações carnavalescas populares como os clubes pedestres. Assim, em decorrência desse processo de migração dos capoeiras das bandas marciais para os clubes pedestres, acontece onascimento de um conjunto coreográfico e rítmico que desse suporte as manobras dos capoeiras, que também seguiam a frente dessas agremiações, na guarda de seus símbolos, como o estandarte.(LIMA, 2007, p. 3).

As bandas escolares escolhidas como foco desta pesquisa, digo: A fanfarra Paulo VI, a banda marcial Dom Bosco e a banda musical Virgem Imaculada são exemplos do que foi exposto anteriormente. Estas instituições contribuem de forma significativa, através da participação dos seus alunos, principalmente os que tocam instrumentos de sopro, no período carnavalesco.       

Observando estas corporações musicais, podemos verificar o que acontece em praticamente todas as bandas escolares do nosso estado que é a participação de grande parte dos alunos no carnaval do Recife, Olinda e demais cidades da região metropolitana e interior do estado nas orquestras de frevo.

Percebemos, com isto, que os alunos que desenvolvem a prática de um instrumento musical na banda de sua escola são a garantia de que a nossa cultura permanecerá viva e contínua, tendo em vista muitos alunos já atuarem ao lado de músicos profissionais durante as apresentações de carnaval.

O apoio dos familiares é um aspecto muito importante na permanência e sucesso dos alunos que participam destas atividades na escola. Em alguns casos os pais ou responsáveis utilizam, erroneamente, a banda como instrumento de barganha com seus dependentes, afirmando que se eles não atingirem os objetivos escolares (comportamento em sala de aula e boas notas) os afastaram das atividades da banda. Esta atitude de punição, na realidade, caracteriza a falta de conhecimento pedagógico, por parte de quem as aplica, uma vez que no desempenho das atividades musicais e marciais os alunos tendem a corrigir atitudes de indisciplina, falta de concentração, individualismo entre outros atributos da área afetiva e escolar. É o que relata o aluno Antônio Rodrigues, da fanfarra Paulo VI, em tom de lamentação:

A banda da escola significa muito pra mim e meus pais sabem disso. Hoje, acho que eles endenderam que não tem nada haver a banda com minhas aulas. Eles diziam que atrapalhava meus estudos. Eles me tiraram da banda três vezes, logo quando comecei a tocar. Por qualquer motivo que não agradasse a eles de coisas que eu fisesse eles me tiravam da banda. Hoje eu acho até que eles têm orgulho que eu participe da banda (...) 8

Por outro lado, notamos o incentivo contínuo de pais e familiares que sempre apoiaram a participação dos filhos nas bandas de suas escolas. Seja acompanhando os desfiles, apresentações, concursos e até mesmo nos ensaios coletivos, podemos observar a participação dos responsáveis caracterizando, inclusive, uma interação com a comunidade onde membros da família ou até amigos dos alunos do seu convívio social, participam de forma indireta da corporação, seja através de opiniões ou até mesmo engajados em movimentos para arrecadar recursos financeiros para atingir determinado objetivo em prol da banda. É o que diz o regente ademir pereira, da fanfarra Paulo VI, em depoimento:

É muito importante a participação dos pais dos nossos alunos nas atividades da nossa banda. Eles podem inclusive sentir na pele como é difícil este trabalho que envolve tanta coisa. Desde a preparação dos alunos ensinando-os a tocar para que, só assim depois, possamos preparar um repertório com as evoluções. (...) A confecção dos uniformes e tudo que envolve uma logística é onde eles participam. Seria muito difícil administrar tudo se não fosse a presença deles. 9

 

 

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8 Depoimento realizado em entrevista a este autor, em 10 de maio de 2011.

9 Depoimento realizado em entrevista a este autor, em 10 de maio de 2011.

5.1 FANFARRA COM PISTO PAULO VI

 

A Escola Municipal Paulo Vl está localizada na Rua Guairás, S/N- Linha do Tiro, Recife –PE.

Sua Fanfarra foi fundada em 1997 pelos regentes Edvaldo e Jadiel Gomes. Atualmente tem como regente o músico Ademir Pereira, renomado tubista no cenário musical pernambucano.

Os principais títulos obtidos, pela fanfarra, em concursos de banda são: 1997 campeão Norte-Nordeste; 1998 vice-campeão Norte/Nordeste; 2009 vice-campeão Norte-Nordeste.

              De acordo com as palalavras do seu atual regente Ademir Pereira, em relação aos objetivos das atividades praticadas pela fanfarra, em entrevista realizada por este autor, diz: "Temos como principal interesse musicalisar as crianças e os jovens e toda a comunidade"10. Notamos que o pensamento do regente, encontra-se em perfeita consonância com as idéias anteriormente apresentadas neste trabalho, onde há uma relação do aprendizado da música com a sociedade ao qual o aluno pertence, de modo que esta interação (comunidade-banda) desenvolva um senso de responsabilidade e valores morais necessários para formação do aluno como cidadão.

              Isto está explícito na resposta da aluna Raquel Barbosa, quando perguntei a respeito do ciclo de amizades existente na banda:

Aqui tenho muitos amigos. Amigos que posso confiar mesmo, tenho certeza! Além disso, posso dizer que conheço a família de muita gente da banda por causa dos meus amigos da banda. A gente frequenta muito a casa um do outro e sempre saímos juntos em grupos, é muito legal e divertido. 11

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Depoimento realizado em entrevista a este autor, em 10 de maio de 2011.

Depoimento realizado em entrevista a este autor, em 10 de maio de 2011.

A fanfarra Paulo VI conta hoje com um efetivo de 60 integrantes que variam das funções musicais (sopro e percussão) e do corpo coreográfico que são as balizas e os porta estandartes. Os ensaios realizados pela fanfarra Paulo VI, são geralmente voltados aos concursos que são realizados por instituições que apoiam e incentivam estes eventos. Como é o caso da ABANFARE - PE (Associação de Bandas Fanfarras e Regentes do Estado de Pernambuco) que vem realizando campeonatos, denominados de copa pernambucana de bandas e fanfarras, durante todo o ano.

Estas competições classificam as bandas melhores colocadas para competições de nível regional e até nacional, como é o caso da Fanfarra Paulo VI que obteve 03 títulos regionais, anteriormente citados. Em relação aos alunos, os campeonatos servem de estímulo para aprimorarem suas técnicas e conhecimentos musicais, uma vez que serão julgados por uma comissão composta por músicos e maestros conceituados, os participantes das corporações procuram sempre mostrar o melhor que podem. Segundo o regente da Fanfarra Paulo VI:

Estas competições oferecem um objetivo em comum. Todos participam: a linha de frente, as balizas o coreógrafo em fim, todos almejam a conquista da vitória. Os alunos sentem vontade de estudar seu instrumento porque serão avaliados e isso é muito bom. Só engrandece o nosso trabalho. Estas competições são muito estimulantes e é uma disputa sadia uma troca de experiência entre as bandas. 12

           

Outra figura importante, na maioria das bandas, é o coreógrafo. Na Fanfarra Paulo VI não é diferente. Trata-se de um instrutor que ensaia coreografias que são realizadas pelo corpo coreográfico durante as apresentações das bandas, principalmente nos concursos onde geralmente são julgadas pelos seus movimentos precisos e evoluções uniformes e harmônicas.

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12 Depoimento realizado em entrevista a este autor, em 10 de maio de 2011.

“A concorrência nos concursos está muito grande e difícil, isso porque o nível das coreografias das bandas está cada vez mais próximo umas das outras.”13 Disse Marlon, coreógrafo da Fanfarra Paulo VI, em entrevista.

            Os alunos que participam da atividade coreográfica de uma banda, não muito raro, procuram aprender um instrumento e fazer parte do conjunto musical. Todavia, nem todos demonstram esta vontade de aprender um instrumento musical e continuam se dedicando e  aprimorando suas atividades nas evoluções e com o passar do tempo e ganho de experiência nesta área, podem assumir uma função de coreógrafo de bandas.

            Podemos notar claramente o orgulho que a escola Paulo VI sente de sua corporação musical. Logo na recepção da secretaria desta instituição, onde o público em geral é atendido, encontram-se expostos vários troféus e honrarias conquistados por esta banda, retratando um trabalho sério e coroado de êxitos. O local onde se desenvolvem os ensaios é na quadra poliesportiva da escola por oferecer um ambiente espaçoso e ideal para as evoluçoes em marcha e acústica satisfatória. Estes ensaios realizados com a banda completa ocorrem duas vezes por semana nos períodos em que não há nenhuma apresentação ou concurso previstos. Caso contrário, os ensaios passam a ser mais frequentes chegando a quatro por semana. Além dos ensaios gerais, existem os ensaios de naipes ou grupos, realizados em sala de aula, e que têm como objetivo verificar os detalhes e minuciosidades de cada instrumento em particular, nas peças musicais, preparando-os para o conjunto. Os horários dos ensaios de grupos são, geralmente, nos intervalos dos turnos de aula sendo o ensaio geral nos finais de semana para que a atividade sonora não desconcentre os demais alunos da escola que estão em outras atividades.

Algumas responsabilidades a mais são atribuídas a certos alunos da Fanfarra Paulo VI. Estes  passam a exercer funções de controle e coordenação sobre determinadas áreas específicas da fanfarra. É o caso do responsável pela sala da banda, local destinado a guardar os instrumentos musicais, estandartes e todos os ornamentos e adereços que compõe o corpo coreográfico.

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13 Depoimento realizado em entrevista a este autor, em 10 de maio de 2011

 O aluno designado responsável para esta função tem por missão preservar o ambiente bem conservado bem como relatar qualquer irregularidade no material devolvido após o ensaio. Para isso, conta com o apoio de mais dois alunos a ele subordinado, mas quando é preciso de uma grande manutenção na sala vários alunos são escalados para ajudarem nas tarefas que forem necessárias. É o que diz a aluna Raquel , responsável pela sala da banda, em depoimento :

Sou a responsável pela sala da banda, mas todos têm que me ajudar a manter a sala organizada e limpa porque todo mundo entra lá pra pegar seu instrumento ou guardar alguma coisa. A sala é de todos então todo mundo tem que cooperar. 14

Muitos alunos desta fanfarra, a exemplo de outras bandas escolares, buscam especialização técnica em conservatórios e escolas de música onde encontram estrutura física e suporte específico para o aprendizado da música. Considero que uma escola de ensino normal que dispõe de uma banda de música de alunos cumpre muito bem sua função que a iniciação musical. Ora! Os alunos estudam, por fazer parte da grade curricular, dentre outras matérias: física e química. Mas sabemos que não sairão formados  físicos ou químicos, respectivamente, da escola. Da mesma forma, as aulas de música ou a prática instrumental na banda da escola não é suficiente para que esperemos uma completa formação profissional dos alunos nesta área tão peculiar.

 

 

 

 

 

 

 

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14  Depoimento realizado em entrevista a este autor, em 10 de maio de 2011

 

.5.2 BANDA MARCIAL DOM BOSCO

 

A Escola Municipal Dom Bosco, localizada na Rua Alvenópoles em Recife no bairro de Jardim São Paulo, mantém com muito êxito a sua banda marcial que além da valoroza e incontestável contribuição social e cultural que proporciona aos alunos e à comunidade, representa a instituição de ensino em diversos eventos como: Concursos, desfiles cívicos e apresentações dentro e fora do estado de Pernambuco.

            Atualmente conta com um efetivo de 70 alunos distribuidos nos instrumentos de sopro tais como: trompetes, trombones, bombardinos, trompas, flugh horns e tubas. Em instrumentos de percussão, executando: bombos, quadritons, caixas, pratos e instrumentos de percussão para efeitos sonoros e na linha de frente desempenhando as funções de: porta estandarte, corpo coreográfico, mor e balizas. O seu atual regente, Edvaldo Mequíades, conta ainda com um auxiliar, ex-aluno de banda marcial, que o apóia no ensino e ensaios da banda no que se refere ao aspecto musical.

            Com o atual lema: “Uns querem, mas Não podem, outros podem, mas não querem, nós queremos e podemos, pois somos a Banda Marcial Dom Bosco”15. Esta corporação sintetiza a vontade e a determinação que este grupo tem em bem representar a sua escola nas atividades em geral que participa.

            Localizada em um bairro de classe média, todavia, por se tratar de uma escola pública, atende a uma parcela menos favorecido economicamente desta comunidade. Os alunos nesta instituição precisam de apoio, bons exemplos e uma ocupação sadia que os afaste de possíveis atividades ilícitas tão comuns nos dias de hoje e simultaneamente colabore na sua formação como um todo. A banda marcial desempenha satisfatoriamente este papel, principalmente nos fins de semana onde os alunos teriam horas de ócio.  

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15 Disponível em: <http://www.orkut.com/Main#Main$Community?cmm=22341934&hl=pt-BR> . Acesso em: 12 de abr. 2011

As escolas do município do Recife que possuem suas bandas, como é o caso da escola Dom Bosco, contam com o apoio da Gerência de Animação Cultural do Recife (GAC). Trata-se de um departamento da prefeitura que organiza, coordena e mantém as bandas das escolas do município, embora de forma precária. A GAC é a responsável pela aquisição de novos instrumentos e fardamentos, pela manutenção dos instrumentos já existentes e pela contratação dos regentes das bandas por ela denominados de animadores culturais. Os regentes ou animadores culturais, como denominados pela GAC, são contratados temporariamente na função de estagiários onde não se cria nenhum vínculo empregatício e nem recebem a remuneração que corresponda ao valor do seu trabalho. Para conseguir um desses estágios o candidato deve comprovar matrícula regular em um curso de nível médio em música.

Como toda escola da rede municipal, que possui banda, tem o direito de receber um estagiário para desempenhar as funções de animador cultural (regente da banda) na Escola Dom Bosco não poderia ser diferente. Porém, particularmente nesta unidade de ensino além do animador cultural atualmente contratado, existe um professor concursado em outra área que devido aos seus atributos e conhecimentos musicais, resolveu em 2003, com apoio da direção da escola, reativar a banda marcial. O professor Edvaldo Melquíades, desta forma, afastou-se das salas de aula e assumiu o comando da corporação musical e hoje é o regente de fato da banda Dom Bosco.

Dificilmente uma atividade escolar possa reunir um público tão variado em idade, digo: crianças, adolescentes e adultos como acontece nas bandas escolares. Na Banda Dom Bosco a variação na faixa etária dos componentes é bem visível tanto nos ensaios, apresentações e até mesmo nos concursos. Isto porque a sua modalidade para fins de concurso (Banda Marcial Máster), permite a participação dos alunos independente da idade. Contudo, existe, do ponto de vista pedagógico, uma grande barreira quando se trata de uma turma tão irregular em faixa etária. Essa dificuldade é sentida e descrita pelo regente, quando me falou em entrevista:

Trabalhar com alunos de faixa etária tão variada para a obtenção do mesmo objetivo não é uma tarefa fácil. Muitas vezes tenho que utilizar metodologias diferentes para conseguir o que quero. Então utilizo o solfejo ou a percepção em alguns casos. Já com outros alunos fazemos o estudo da partitura de forma individual e em seguida nos naipes até atingirmos a prática no conjunto. 16

           

Os títulos conquistados pela Banda Marcial Dom Bosco, desde a sua reativação foram: 2006: 3º Lugar Banda Marcial 2006 e 3º Lugar Banda Marcial Máster no concurso realizado pelo GP na quadra do I.E. P no dia 12/10/2006; 2007: 3º Lugar Banda Marcial Máster no concurso realizado pela ABANFARE na Vila Olímpica em Olinda no dia 25/11/2007. 2008: 3º Lugar Corpo Coreográfico no concurso realizado pela ABANFARE na quadra do Colégio 3 de Agosto no dia 21/09/2008; 3º Lugar Banda Marcial Master no concurso realizado pela ASSOMUCA no SESI de Camaragibe no dia 28/09/2008; 2009: 3º Lugar Regente na 1ª etapa da I Copa Pernambucana de Bandas e Fanfarras realizada em Altinho no dia 23/08/2009; 2º Lugar Mor na 1ª etapa da I Copa Pernambucana de Bandas e Fanfarras realizada em Altinho no dia 23/08/2009 e 2º Lugar Mor na 3ª etapa da I Copa Pernambucana de Bandas Fanfarras realiza em Paulista no dia 13/09/2009.  2010: 2º Lugar Banda Marcial Master na 3ª etapa da II Copa Pernambucana de Bandas e Fanfarras realizada em Altinho no dia 30/05/2010; 2º Lugar Corpo Coreográfico na 3ª etapa da II Copa Pernambucana de Bandas e Fanfarras realizada em Altinho no dia 30/05/2010; 2º Lugar Regente na 3ª etapa da II Copa Pernambucana de Bandas e Fanfarras realizada em Altinho no dia 30/05/2010;

2º Lugar Banda Marcial Master na 4ª etapa da II Copa Pernambucana de Bandas e Fanfarras realizada em Flores no dia 13/06/2010; 2º Lugar Corpo Coreográfico na 4ª etapa da II Copa Pernambucana de Bandas e Fanfarras realizada em  Flores.

2º Lugar Baliza (Balizador) na 4ª etapa da II Copa Pernambucana de Bandas e Fanfarras realizada em Flores no dia 13/06/2010; 3º Lugar Regente na 4ª etapa da II Copa Pernambucana de Bandas e Fanfarras realizada em Flores no dia 13/06/2010.

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16 Depoimento realizado em entrevista a este autor, em 10 de maio de 2011.

3º Lugar Banda Marcial Master na 5ª Etapa da II Copa Pernambucana das Bandas e Fanfarras realizada em Itaquitinga no dia 25/07/2010; 1º Lugar Corpo Coreográfico na 5ª Etapa da II Copa Pernambucana das Bandas e Fanfarras realizada em Itaquitinga no dia 25/07/2010; 3º Lugar Mor na 5ª Etapa da II Copa Pernambucana das Bandas e Fanfarras realizada em Itaquitinga no dia 25/07/2010; 3º Lugar Baliza (Balizador) na 5ª Etapa da II Copa Pernambucana das Bandas e Fanfarras realizada em Itaquitinga no dia 25/07/2010; 2º Lugar Banda Marcial Master na 6ª Etapa da II Copa Pernambucana das Bandas e Fanfarras realizada em Itamaracá no dia 21/08/2010; 2º Lugar Mor na 6ª Etapa da II Copa Pernambucana das Bandas e Fanfarras realizada em Itamaracá no dia 21/08/2010 e 3º Lugar Baliza (Balizador) na 6ª Etapa da II Copa Pernambucana da Bandas e Fanfarras realizada em Itamaracá no dia 21/08/2010;

            A profissionalização dos alunos na área musical não é a principal preocupação da banda marcial Dom Bosco. Todavia, alguns alunos que por ali passaram e se identificaram com a atividade da música, hoje realizam trabalhos seja no mercado informal tocando em orquestras de baile ou conjuntos ou no mercado formal, particularmente em bandas militares. Observamos também o interesse, por parte de outros alunos, em uma especialização mais profunda como é o caso dos que se matriculam nas escolas específicas de música da região metropolitana e aspiram por uma vaga na graduação em música da Universidade Federal de Pernambuco.   

            De uma forma ou de outra, quem já participou um dia da banda de música da sua escola, independente de seguir a carreira artística ou não, sempre tece bons comentários e tem boas recordações dos ensinamentos que ficaram pra toda vida.

5.3 BANDA MUSICAL VIRGEM IMACULADA

            O Colégio Virgem Imaculada, carinhosamente chamado pelos alunos e comunidade de CVI, fica localizado no bairro do Janga no município do Paulista. Pertencente à rede privada de ensino, oferece além da educação infantil ao ensino médio, atividades esportivas e culturais aos seus alunos como é o exemplo a banda de música da escola que está sempre presente nas festividades internas dando todo um brilhantismo aos diversos eventos que são realizados no âmbito desta instituição de ensino.

            Logo após sua fundação em 1982, o CVI instituiu a sua, então, fanfarra simples (modalidade de fanfarra já descrita anteriormente neste trabalho), passando alguns anos depois à modalidade de fanfarra com pisto. Com o aprimoramento dos alunos e a aquisição de instrumentos profissionais, a fanfarra mudou para a categoria de banda marcial e durante vários anos participou de encontros, desfiles e concursos de bandas que eram organizados no estado de Pernambuco.

            Em 1997 devido a alguns fatores internos e administrativos, a banda marcial foi desativada. Contudo, devido às reivindicações dos alunos para que a banda voltasse a funcionar, após dois longos anos de inatividade, a direção do colégio, que sempre foi favorável a existência da corporação musical, conseguiu finalmente, em 1999, reativar a banda marcial, tendo a cooperação profissional pela experiência no universo das bandas e fanfarras escolares, deste autor, onde me encontro engajado até os dias atuais, como regente da mesma, no ensino da teoria musical, prática instrumental e ordem unida.

            A reativação da banda não foi fácil porque os alunos que nos últimos anos a integravam não pertenciam à escola, eis um dos fortes motivos que fez com que a direção do colégio extinguisse a banda naquela época, isto porque o antigo regente não fazia nenhum esforço em preparar uma banda com os alunos do próprio colégio e sim, como ensinava em outras escolas e tinha alunos adiantados na prática instrumental, trazia-os, emprestavam-lhes os uniformes e a banda estava formada, porém com um efetivo que não tinham vínculo algum com a instituição. E para que estes alunos, de outras escolas, participassem da banda do CVI, tinham que receber uma ajuda de custo para as despesas com transporte e alimentação. Existia ainda a preocupação, por parte da administração do colégio,

em possíveis problemas disciplinares, que poderiam ocorrer envolvendo esses alunos uma vez que nunca tiveram ligação formal com a escola.

            Todo processo de reativação foi posto em prática. Então foram realizadas visitas nas salas de aula explicando a nova atividade que o colégio iria oferecer aos alunos e em seguida formalizou-se um convite onde não haveria nenhum custo adicional às mensalidades e que o único critério para participar da banda seria a ordem de inscrição, isso devido ao número de vagas limitadas por conta da quantidade de instrumentos disponibilizados pelo colégio. O trabalho de iniciação musical, teoria, ordem unida e iniciação ao instrumento foram feitos de forma intensiva e sistemática de modo que com três meses de aulas e ensaios os alunos realizaram a sua primeira apresentação na abertura dos jogos internos do colégio tocando: Asa Branca, tema do filme Carruagem de Fogo (trecho), fragmento da IX Sinfonia de Beethoven (Ode à alegria) e marchas e cadências com os instrumentos de percussão. Esta apresentação causou grande admiração e orgulho nos demais alunos da escola isso porque agora tinham uma banda marcial formada por colegas de classe e não por pessoas desconhecidas, como era antes.

            Após alguns anos em atividade, após a reativação, com a sua formação composta por instrumentos de metais e percussão, caracterizando uma banda marcial, foram introduzidos instrumentos de palhetas tais como: clarinetes e saxofones mudando desta forma a sua modalidade de marcial para banda musical a qual permanece até os dias atuais. Este tipo de modalidade de banda escolar, por oferecer uma maior diversidade instrumental, proporciona aos alunos uma maior perspectiva profissionalizante uma vez que os instrumentos que a compõe são encontrados nas formações de bandas militares, municipais e em naipes das orquestras sinfônicas. É o que bem descreve, em depoimento a este autor, o ex-aluno do colégio, porém ainda componente da banda, Diógenes Filgueira quando disse:

Lembro-me bem quando comecei a estudar música no colégio. Eu cursava a sétima série do ensino fundamental, foi quando resolvi entrar na banda. Comecei tocando trombone de pistos junto com meu irmão. A banda ainda era marcial, foi depois de algum tempo que eu já participava que a banda mudou para categoria musical e aí comecei a estudar clarinete. Logo depois passei a estudar sax tenor e o meu irmão trombone de vara que toca até hoje. Procuramos além dos ensinamentos da banda da escola nos especializar, então nos matriculamos do Centro de Educação Musical de Olinda o (CEMO) foi quando nós nos aprofundamos mais na parte teórica porque na banda da escola é bem superficial. Aí então prestei concurso pra banda do Exército e hoje sou músico militar, mas continuo participando da banda do CVI onde tenho muitos amigos. Meu irmão passou no vestibular para música da UFPE, só que não pode cursar porque também na mesma época passou pra marinha em outra área sem ser música e teve que ir pro Rio de Janeiro. 17

            Os critérios para participar da banda do colégio são os seguintes: em primeiro lugar tem que estar matriculado regularmente no ensino fundamental II ou ensino médio. Os alunos de menor idade não participam da banda em virtude dos instrumentos não serem compatíveis às suas estaturas podendo causar algum tipo de dano à sua saúde. Alunos que concluíram o ensino médio na instituição, caso já participem da corporação, também podem continuar na atividade musical. Alunos componentes da banda do CVI não pagam taxas extras, além das mensalidades contratuais dos seus respectivos cursos, para participar das atividades da banda de música. Contudo, os componentes da banda, comprometem-se em demonstrar um bom rendimento escolar no que se refere às disciplinas da grade curricular. Esta satisfação de ter uma banda composta pelos próprios alunos da escola está explícita no site oficial do colégio que diz: “O Colégio Virgem Imaculada mantém sua tradição e responsabilidade cultural, mantendo sua Linda e Harmônica Banda Musical, sendo composta pelos seus próprios Alunos”18.

O colégio Virgem Imaculada buscando valorizar os laços de afetividade e camaradagem que foram desenvolvidos durante a permanência dos alunos ao longo de suas passagens por esta casa de ensino, oportuniza sempre que possível, a contratação de ex-alunos que estão cursando licenciaturas em diversas faculdades, para os cargos de professores estagiários nas funções compatíveis às suas áreas. Desta forma, devido à Lei 11.769 de 2008, da Lei de Diretrizes e Bases na Educação (LDB), que determina a obrigatoriedade do ensino da música como

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17  Depoimento realizado em entrevista a este autor, em 11 de maio de 2011

18 Disponível em: http://colegiovirgemimaculada.com.br/ . Acesso em: 16 de maio de 2011.

disciplina em sala de aula, tanto nas escolas públicas quanto nas particulares, o CVI contratou um ex- aluno da banda, Anderson Galindo, atualmente estudante de licenciatura em música na UFPE, para lecionar nas salas de aula, como manda a lei. Isso certamente será muito útil para o desenvolvimento cognitivo dos alunos e para entenderem melhor as atividades da banda e das artes em geral. Porém, como já percebemos, esta preocupação com o ensino musical sempre esteve presente nas atividades do Colégio Virgem imaculada retratada em sua banda. E é o que está exposto, mais uma vez, no site do colégio:

20 ANOS. Esse é o período em que o C.V.I. tem a noção de que a música faz parte das manifestações culturais. Contribui para a formação humanística, para que as pessoas participem da interação social e compreendam as manifestações sociais. Também há os benefícios cognitivos, melhorando o desempenho em outras áreas do conhecimento, além de todos os benefícios sociais. 19

Em entrevista a este autor, Anderson Galindo ex-aluno da banda C.V.I e atual professor da disciplina música , na ocasião que perguntei se existia algum objetivo profissional quando ele participava da banda ou  se era apenas uma atividade de lazer. Respondeu que:

Sempre gostei muito de música. Antes de começar na banda inclusive eu já tocava violão. Mas não tinha muito interesse em participar da banda. Até que um dia você me fez um convite pessoal quando me viu tocando violão, achando que eu tinha jeito pra coisa. Então comecei nas aulas de teoria. Com instrumento iniciei no clarinete e logo após saxofone. Depois fui tomando gosto pela atividade musical e me matriculei no CEMO (Centro de Educação Musica de Olinda) para estudar saxofone. E assim fui me envolvendo e agora estou praticamente no final do curso de licenciatura e inserido no mercado de trabalho tanto lecionando como tocando em conjuntos e orquestras profissionais. Infelizmente devido a tantas outras atividades não consegui conciliar o tempo e tive que me afastar da banda do colégio. 20

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19 Disponível em: http://colegiovirgemimaculada.com.br/ . Acesso em: 16 de maio de 2011.

20 Depoimento realizado em entrevista a este autor, em 20 de maio de 2011.

Diferente das outras duas corporações musicais mencionadas anteriormente neste trabalho de pesquisa, a banda musical do Colégio Virgem Imaculada, não participa de concursos de bandas escolares, focando seus objetivos, como grupo musical, nas atividades internas tais como: abertura dos jogos, abertura da feira de ciências, datas comemorativas e festivas e eventos cívicos como: desfile do dia da independência, desfile da cidade do Paulista dentre outros.

Atualmente a banda musical do C.V.I conta com a participação de quarenta alunos instrumentistas distribuídos entre sopro e percussão. Possui ainda seis balizas e dez componentes da linha de frente que portam bandeiras e estandartes. Dentre esses integrantes da banda, destaco a participação de cinco ex-alunos do colégio, sendo que dois, atualmente, são funcionários desta instituição, outros dois são universitários do curso de música e um outro é músico militar do exército.

A diferença de idade entre os alunos é notória no conjunto reafirmando o que foi dito anteriormente em relação à atividade musical como uma forma de aproximação e interação entre os alunos das diversas séries e turmas existentes na escola.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

6 CONCLUSÃO

As oportunidades na educação deveriam ser iguais para todos, cabendo ao aluno decidir se quer ou não participar da banda de música da sua escola. Entretanto, toda escola teria que oferecer esta alternativa, ou seja, deveria haver uma banda ou fanfarra, no seu quadro de atividades, que disponibilizasse esta escolha aos alunos. Contudo, observamos que atualmente poucas são as unidades de ensino da rede pública que possuem banda e raras são as escolas da rede particular que investem nessa ferramenta tão construtiva na socialização, educação, disciplina e cultura, que são as bandas e fanfarras, referente à formação dos alunos.                                              Os valores morais responsáveis pela formação de um cidadão ético e participativo da sociedade estão intrinsecamente ligados às influências sofridas do meio social ao qual está inserido. Isto ocorre por meio de exemplos  e prática de ações em conjunto. Seja na família ou na escola, o elemento ao interagir com os demais integrantes do grupo, constrói sua identidade, seus conceitos pessoais bem como os valores morais que o acompanharão em sua trajetória de vida. 

Cada indivíduo encarna as relações sociais configurando uma identidade     individual, que é uma construção social e política. Assim, identidade é construída em meio às relações sociais que o sujeito estabelece. Ao mesmo tempo, que nos integra a certo grupo, a identidade permite que nos diferenciemos deste pela identidade pessoal ou subjetividade. A identidade grupal, por sua vez, torna os membros do grupo iguais entre si, e o grupo em questão, distinto, diferente de outro grupo. A identidade de cada um vai se construindo no decorrer da construção da história pessoal e da construção da história coletiva, a partir dos papéis que assumimos e em função das atividades que exercemos. A construção da identidade desses músicos assim como em outras etapas de sua vida e profissão vai sendo tecida em meio aos referenciais por eles assumidos. (CIAMPA, 1994, p. 12).

A contribuição da escola é muito importante neste contexto uma vez que além de oferecer as informações previstas nos conteúdos das diversas disciplinas, proporciona condições para que o indivíduo interaja e faça parte desse processo construtivo do ser como um todo. A banda de música da escola retrata de forma fiel estas afirmações. É o local onde se desenvolve laços de afetividade, respeito e disciplina, além de objetivos profissionais que podem surgir em alguns participantes, como verificamos na resposta do aluno Alexandre Tavares, quando fiz a pergunta: Qual o seu objetivo em participar da banda da sua escola?

Acho muito bom participar da banda. Aqui tenho muitos amigos, me divirto muito e ainda aprendo música. Quem sabe?! Posso até ser músico! Um profissional e ganhar dinheiro (risos)... Mas falando sério, nos dias de hoje é sempre bom saber algo a mais, mesmo que eu não seja um músico profissional sempre vou querer tocar meu instrumento. 21

 

Porém, como já mencionado, não é toda escola que pode contar com uma banda no seu quadro de atividades. Os motivos variam desde os custos com a aquisição e manutenção dos instrumentos e figurino até a contratação de um professor especializado nesta função. Todo esse custo foge à realidade econômica das escolas públicas. Por outro lado, as escolas particulares, principalmente as de grande porte que poderiam ter sua banda, não demonstram interesse em explorar os benefícios proporcionados em dispor de uma corporação musical na sua estrutura organizacional, que além de contribuir na educação e formação do aluno, como já descrito neste trabalho, representa a escola nos diversos eventos pertinentes a área e dá uma identidade à instituição de ensino a que pertence.

Contrário à realidade da rede privada, o colégio Virgem maculada, um dos alvos desta pesquisa, é uma das poucas escolas da rede particular de ensino que tem esta preocupação sócio-cultural e mantém há mais de vinte anos uma banda escolar no seu quadro de atividades permanentes, proporcionando, além dos conhecimentos formais, experiência de vida e laços de afetividade entre seus participantes, como relatou uma ex-aluna da banda a este autor:

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21 Depoimento realizado em entrevista a este autor, em 25 de maio de 2011.

Na época que participei da banda tocava pratos e gostava muito das apresentações principalmente quando eram longe e tínhamos que viajar. Acho que de certa forma, analisando os fatos hoje, a banda contribuiu muito pra que eu desenvolvesse responsabilidade desde a adolescência, sem falar nas amizades que tenho até hoje. Hoje é minha filha que participa da banda e apesar de eu ter incentivado ela a participar da banda sinto que ela está gostando muito. Fica ansiosa para que cheguem os dias de ensaio. 22  

            Já no universo do ensino público, no que se refere às bandas escolares, o governo do estado de Pernambuco e a prefeitura da cidade do Recife criaram, respectivamente, departamentos específicos, um na secretaria de educação do estado voltado diretamente às bandas e fanfarras da rede pública estadual e o outro é um departamento de cultura do município, que além de apoiar outras áreas, dá assistência às bandas das escolas municipais.  Ambas, já há alguns anos, estão atuando neste sentido, estabelecendo condições que mantêm as bandas e fanfarras da rede pública, destas duas administrações, em funcionamento.

As informações contidas neste trabalho de pesquisa foram frutos de observações em situações reais, estudos literários, depoimentos e entrevistas com pessoas que estão diretamente envolvidas no movimento das bandas e fanfarras em Pernambuco, especificamente nas escolas: Paulo VI, Dom Bosco e Colégio Virgem Imaculada. Com base na estratégia de amostragem, foram ignoradas as quantidades de informações e valorizada a qualidade e veracidade dos conteúdos, que foram levantados, para utilização no processo da construção do conhecimento.

            Desta forma, podemos constatar, através das observações realizadas em campo, que o movimento de todo este processo, que envolve as bandas escolares, se dá por conta da persistência, amor e dedicação de alunos e professores que lutam para que esta tradição brasileira, que tem suas raízes desde o período da nossa colonização, mantenha-se viva proporcionando os benefícios bilaterais (aluno-escola) tão salutares para educação e a formação dos alunos.

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22  Depoimento realizado em entrevista a este autor, em 25 de maio de 2011.

REFERÊNCIAS

 

 

CAMPOS, Nilcéia Protásio. Revista da ABEM, v. 19; p.103-111. Porto Alegre, RS: mar. 2008.

CIAMPA, Antonio da Costa. A estória do Severino e a historia da Severina: um ensaio de psicologia social. 4 ed. São Paulo: Brasiliense, 1994.

                                    

DAYRELL, Juarez. O rap e o funk na socialização da juventude. Educação e Pesquisa, Jun. 2002, vol.28, no. 1, p.117-136.               

 

FARIA, Márcia Nunes. A música, fator importante na aprendizagem. Assis chateaubriand – PR, 2001. 40f. Monografia (Especialização em Psicopedagogia) - Centro Técnico-Educacional Superior do Oeste Paranaense - CTESOP/CAEDRHS.

GRANJA, Maria de Fátima Duarte. A Banda: Som & Magia. Rio de Janeiro. Dissertação de Mestrado, Escola de comunicação da UFRJ, 1984.

                                    

GROUT, Donald et PALISCA, Claude. História da Música Ocidental. São Paulo: Editora Gradiva, 1994.

LIMA. Disponível em: <WWW.claudialima.com.br/.../Um% 20movimento %20 popular%20chamado%20FREVO. pdf>.Acesso em 08 jul. 2010.

 

LIMA, Ronaldo Ferreira de. Bandas de música, escolas de vida. Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais)–Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2005.

MANUAL DE CAMPANHA, C 22-5 Ordem Unida, Exército Brasileiro. 2000, p.1.4

MEIRA, Antonio Gonçalves; SCHIRMER, Pedro. Música Militar e Bandas Militares. Origem e Desenvolvimento. Rio de Janeiro: Ombro a Ombro, 2000, 136p.

MUGGIATI, Roberto. Improvisando soluções: O jazz como exemplo para alcançar o sucesso. Rio de Janeiro: Best Seller, 2006.

 

NETO, José Roque da Silva. O papel da Banda Marcial Maria Sampaio de Lucena no Contexto Social, Educacional e Artístico em Recife.

Monografia (Especialização em Metodologia do ensino da Música)- FACINTER – FATEC, Recife, 2011.

 

NETSCHER, P. M. Os holandeses no Brasil. Traduzido do francês por Mário Sette São Paulo: Cia. Editora Nacional, 1942 apud Bandas Musicais de Pernambuco –Origens e Repertório, 1998, p. 10.

 

PEREIRA, José Antônio. A banda de música: Retratos Sonoros Brasileiros. Dissertação. (Mestrado em Artes)–Programa de Pós-Graduação em Artes, Universidade Estadual Paulista, São Paulo, 1999.

SADIE, Stanley (Ed.). Dicionário Grove de Música. Rio de Janeiro: Zahar, 1994.

TOURINHO, Irene. Usos e funções da música na escola pública de 1o grau. Fundamentos da Educação Musical, n. 1, p. 91-133, Porto Alegre, RS: 1993.

WISDOM-OF-WIND.Disponível em:<http://wisdom-of-wind.blogspot.com/2010/

11/o-papel-da-musica-na-formacao-de-um.html>. Acesso em: 05 de abr. 2011.

 

 

                 

APÊNDICE  A – Roteiro das Entrevistas

 

 

 

 

  1. O que o levou a participar da banda e quais as vantagens de integrar este grupo musical?
  1. Existe incentivo por parte da família?
  1. Quais os benefícios oferecidos pela banda para os alunos e para a escola?
  1. Quais as principais dificuldades encontradas para manter a banda ativa em uma escola?
  1. As atividades musicais, relacionadas à banda, têm ajudado ou não no rendimento escolar nas outras matérias?
  1. Fale a respeito do ciclo de amizades, que você faz parte ou observa existente na banda.
  1. Houve alguma mudança de comportamento em você ou outro aluno após o ingresso na banda?
  1. Existe algum objetivo profissional em participar da banda ou esta atividade é encarada apenas como lazer?

ANEXO  A  - ESCOLA PAULO VI (FOTOS DA MOSTRA DE BANDAS E FANFARRAS DAS ESCOLAS MUNICIPAIS DO RECIFE NO SÍTIO DA TRINDADE NO BAIRRO DE CASA AMARELA).

ESCOLA MUNICIPAL PULO VI

 

 

 

 

 

 

Evento reuniu 700 estudantes das diversas escolas.

 

 

 

ESCOLA MUNICIPAL PULO VI

 
 

Mostra aconteceu no dia 07 de novembro de 2008.

 

ANEXO B – ESCOLA MUNICIPAL DOM BOSCO ( FOTOS DE APRESENTAÇÕES).

ESCOLA MUNICIPAL DOM BOSCO

Apresentação em concurso da copa pernambucana de bandas e fanfarras.

Pelotão de balizas da escola Dom Bosco.

Banda da escola Dom Bosco na área de concentração, antes da apresentação em concurso.

Estandarte da banda marcial Dom Bosco.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

ANEXO C – COLÉGIO VIRGEM IMACULADA (FOTOS DE APRESENTAÇÕES. RECORTE DE AGENDA E SITE OFICIAL DO COLÉGIO).

 

 

 

 

 


O Colégio Virgem Imaculada mantém sua tradição e responsabilidade cultural, mantendo sua Linda e Harmônica Banda Musical, sendo composta pelos seus próprios Alunos.

20 ANOS. Esse e o período em que o C.V.I. tem a noção de que a música faz parte das manifestações culturais. Contribui para a formação humanística, para que as pessoas participem da interação social e compreendam as manifestações sociais. Também ha os benefícios cognitivos, melhorando o desempenho em outras áreas do conhecimento, além de todos os benefícios sociais.23

 

 

 

                                                                                   

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23  Disponível em: http://colegiovirgemimaculada.com.br/ . Acesso em: 16 de maio de 2011.

ABERTURA DOS JOGOS INTERNOS EM 2011.

Estandarte da banda C.V.I

 

Apresentação na quadra do colégio

 

 

 

Fotos de 2011

 

 

 

 CONTRA CAPA DA AGENDA DIÁRIA DOS ALUNOS DO C.V.I. EM 2011