A CONTRIBUIÇÃO DA ESCOLA PARA A FORMAÇÃO DE BONS HÁBITOS ALIMENTARES
Por VAMILSON SOUZA D`ESPÍNDOLA | 25/05/2009 | EducaçãoINTRODUÇÃO
A escola desenvolve um papel fundamental na formação de qualquer ser humano, tanto cultural quanto intelectualmente, além de interferir positivamente na construção do caráter e dos valores éticos que levam à constituição da cidadania. Algumas instituições de ensino vêm ultrapassando esse papel primário, preocupando-se, entre outros aspectos, com a saúde e a qualidade de vida de seus educandos e, por isso têm aberto espaço para a atuação de profissionais de diferentes áreas da saúde, entre os quais, os nutricionistas. Dentro de uma escola, o papel do nutricionista é colaborar com seus conhecimentos para que se garanta uma alimentação saudável, da maneira a prevenir problemas nutricionais, além de melhorar e recuperar a saúde das pessoas.
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1 - Trabalho apresentado ao Curso de Pedagogia da UNIASSELVI, na disciplina de Nutrição, Higiene e Saúde no ano de 2008.
2- Graduado em Educação Física pela Universidade do Sul de Santa Catarina no ano de 2009.
O papel que a escola desempenha na formação de hábitos alimentares é muito importante, visto que é nesse ambiente que substancial proporção de crianças e adolescentes permanecem por expressivo período de tempo diário. Contudo, os programas de educação nutricional devem ir além das atividades em sala de aula. É fundamental que a escola propicie condições de concretização dos conceitos relativos ao tema, apresentados aos alunos.
O ambiente escolar é um importante local para a formação de bons hábitos alimentares e a educação nutricional, é também fundamental na formação dos hábitos de vida e da personalidade das crianças. Por proporcionar um ambiente favorável à vivência de saberes e sabores, o educador pode/deve favorecer a construção de uma relação saudável da criança com o alimento, através de atividades recreativas, incluindo canções, desenhos, histórias, teatro de fantoches e brincadeiras, propõe-se que, o conhecimento sobre o processo de saúde seja construído por cada aluno pela ação compartilhada com outros.
Como aprendizado, percebemos que informações básicas sobre saúde e nutrição transmitidas de maneira simples e atraente para a criança, afetam a sua própria maneira de viver, e as faz também portadora e transmissora dessas informações para seus pais e para a comunidade onde está inserida.
Os hábitos alimentares, adequados ou não, são formados até os 2 anos de idade, e serãoos mesmos por toda a vida do indivíduo, se não houver preocupação em mudá-los, "a família, e aescola, devem ser orientadas sobre as diferentes fases do comportamento alimentar da criança, bem como observar as mudanças no apetite."(MARCONDES, 2002.p.179).
Tendo em vista a reeducação alimentar, os hábitos inadequados devem ser revertidos e os bons hábitos incentivados, pois os conflitos alimentares podem persistir se alguma atitude não for tomada. Esta tarefa não é apenas dos pais, uma vez que a criança vai crescendo, ganhando espaço e formando sua opinião sobre muitos fatos e entre eles, a sua alimentação, mas também da escola, professores, amigos e meios de comunicação.
Pela falta da educação nutricional, a criança deixa de ingerir certos alimentos importantes para a sua saúde e crescimento, não tendo consciência da gravidade desta ação, preferindo comer alimentos como doces, que além de serem de valor nutricional questionável, ainda são grandes causadores de cáries. A educação nutricional tem grande importância no esclarecimento tanto da população, quanto da criança em suas escolhas alimentares, mas principalmente na orientação dos pais.
A má alimentação pode ter sérias conseqüências para a criança em idade escolar. Por exemplo, a criança pode ficar facilmente fatigada (cansada), incapaz de participar completamente das experiências de aprendizagem e perder aulas por estar freqüentemente doente. Vários estudos têmdocumentado o efeito negativo da má alimentação no desenvolvimento intelectual da criança, outros identificaram que a criança que vai para a aula sem tomar café da manhã, tende a ser mais inativa e irritável.
Krause (apud CHAVES, 1978, p. 4) define nutrição como "A combinação de processos através dos quais o organismo vivo recebe e utiliza os materiais (alimentos) necessários à manutenção de suas funções e ao crescimento e renovação dos seus constituintes." Exatamente por seus nutrientes, os alimentos são indispensáveis ao desenvolvimento dos seres humanos.
NUTRIÇÃO NA INFÂNCIA
As necessidades nutricionais de uma criança são definidas com base em seu metabolismo basal, taxa de crescimento e atividades desenvolvidas. A energia da dieta deve ser o suficiente para assegurar o crescimento e evitar que a proteína de reserva seja usada para energia, mas sua ingestão não deve ser excessiva de maneira que resulte em obesidade. A proporção sugerida é de 50 a 60% de carboidratos, 25 a 35% como gorduras, e de 10 a 15%, como proteínas (KRAUSE, 1998), em relação às calorias totais. Segundo as recomendações nutricionais (RDA – Recommended dietary allowances,) as crianças de 1 a 3 anos, necessitam de 1300 calorias e 16g de proteínas, de 4 a 6 anos, de 1800 calorias e 24g de proteínas, e 7–10 anos, de 2000 calorias e 28g de proteínas (KRAUSE, 1998). Crianças que vivem com baixa ingestão de calorias e proteínas podem vir a desenvolver um quadro de desnutrição.
A desnutrição protéico-energética refere-se a um conjunto de distúrbios clínicos que tem como causa a deficiência de proteínas e de energia na alimentação e se manifesta principalmente
na infância (KRAUSE, 1998). As carências nutricionais, em especial a desnutrição energético-protéíca, a anemia e a deficiência de vitamina A, aliadas as doenças infecciosas, representam um dos principais problemas de saúde para crianças de 0 a 5 anos de idade e têm alta prevalência no Nordeste do país (ASSIS, et al. 2000). O baixo consumo de minerais e vitaminas interfere de forma marcante na saúde da criança.
Os minerais e as vitaminas são essenciais para o crescimento e o desenvolvimento normal de uma criança. A ingestão insuficiente desses elementos pode resultar em atraso de crescimento e em doenças como o raquitismo, anemia, infecções, depressão, entre outras. As crianças em idade pré-escolar e escolar estão sob o alto risco de anemia por deficiência em ferro. Estudos apontam que, no Brasil, 40% a 50% das crianças menores que cinco anos são portadoras de anemia e que, nos últimos anos (1982 a 1991), elevou-se, de 19% para 36%, (FILHO, 2004).
Segundo Assis e outros (2000), o consumo de alimentos ricos em vitamina A, complexo B, minerais, cálcio, ferro e zinco é inadequado para todas as faixas etárias.
Assim como as necessidades de cálcio para a mineralização adequada e a manutenção do crescimento ósseo, a vitamina D é necessária para absorção do cálcio, da proteína e do fósforo. As crianças com idade entre 2 e 8 anos precisam de duas a quatro vezes mais cálcio por quilograma. Por serem o leite e seus derivados fontes primárias de cálcio, as crianças que não consomem nenhuma quantidade ou consomem quantidades limitadas desses alimentos estão em risco de deficiência de cálcio quando adultos (citado por KRAUSE, 1998), suscetíveis ao desenvolvimento da osteoporose, entre outras doenças quando adultas. Um conjunto de fatores que interagem entre si para contribuir com a saúde e o desenvolvimento da criança, e a alimentação tem um papel fundamental no seu processo.
COMO PREPARAR UM LANCHE SAUDÁVEL E EQUILIBRADO
Uma alimentação correta e equilibrada busca suprir as necessidades de nutrientes que o organismo precisa para Ter uma boa condição de saúde. Lima (2003, p. 43) afirma: "Dize-me o que comes, e eu te direi como é a tua saúde".
Nutrientes são substâncias químicas encontradas em todos os alimentos. Possuem funções específicas e funcionam associadamente. São: Proteínas, Carboidratos, Lipídios, Água, Vitaminas (A,B,C,D,E,K, etc.), Elementos Minerais (ferro, cálcio, potássio, selênio, etc.) e Fibras.
O que acostuma acontecer, é a criança trazer para o lanche na escola, alimentos pobres em nutrientes por serem estes os mais práticos, como por exemplo: refrigerantes, salgadinhos, doces, etc. Aqui algumas sugestões para tornar o lanche mais saudável, gostoso e prazeroso:
·Sanduíches, pães, bolos,tortas e doces assados;
·Produtos a base de fibras: barras de cereais, cereais matinais, pães e biscoitos;
·Sucos de polpa de frutas ou natural;
·Bebidas lácteas, vitaminas de frutas;
·Frutas, as mais práticas que podem ser consumidas com casca, ou cuja casca possa serretirada com facilidade (maça, banana, pêra, etc.).
CONCLUSÃO
Promover a capacitação dos educadores e profissionais responsáveis pelo preparo da alimentação escolar e incentivar a pesquisa de materiais e métodos educativos, são ações importantes para formação de bons hábitos alimentares. A manutenção de uma alimentação saudável é importante desde a infância, justamente por formar melhores hábitos alimentares. Os familiares e a escola são muito importantes nessa idade, pois é por meio deles que a criança passa a conhecer novos alimentos. A alimentação escolar requer consciência e responsabilidade.
Desde cedo, as crianças estão atentas ao mundo em seu redor. Aprendem tudo com facilidade. Suas primeiras refeições são determinantes para formar seus futuros hábitos alimentares, além de garantirem condições de saúde para crescerem e se tornarem adultos que saberão fazer escolhas mais saudáveis.
REFERÊNCIAS
ALVES, Regina Coeli de Carvalho; GALEAZZI, Maria Antonia Martins. Controle de qualidade e planejamento de cardápios. Brasília: FNDE, 2001.
ASSIS, A. M. O. et al. Condições de vida, saúde e nutrição na infância em Salvador. Brasília, DF: INAN, Salvador:UFBA/Escola de Nutrição/Instituto de Saúde Coletiva, 2000.163 p.
CHAVES, Nelson. Nutrição básica e aplicada. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1978.
FILHO, M. B. O controle das anemias no Brasil. Revista Brasileira Saúde Maternal Infantil. Recife, v. 4, n. 2, p. 121-123, abr./jun. 2004.
KRAUSE, M. V. Alimentos, nutrição e dietoterapia. 7. ed. São Paulo: Roca. 1998. 981 p.
LIMA, Joseni França O. Você é o que come. Vida e Saúde. São Paulo: Casa Publicadora Brasileira, ano 65, n. 10, p. 42 e 43, out. 2003. ISSN 1413-0882.
MARCONDES, A. Pediatria Básica. São Paulo: Sarvier,2002.p. 179.