A CONTINUIDADE DO SER E O ALÉM VIDA

Por Irene Dóres N. Britto | 17/06/2011 | Religião


"O ignorante afirma...
o sábio duvida...
e o sensato reflete"!
Aristóteles

Qual a sua idéia sobre o que acontece no momento em desencarnamos? O que você acha que acontece quando é chegada a nossa, hora quando ultrapassamos do mundo material para o invisível? Você saberia descrever o que significa o além?

No dicionário Aurélio há vários significados para a palavra além, como: "o que vem depois da morte; o outro mundo, a eternidade, o além túmulo; a ultravida". Esses significados são utilizados em outras palavras por Leon Denis para falar sobre a sobrevivência da alma no livro "O além e a sobrevivência do ser". Denis faz um relato sobre a comunicação dos espíritos e as suas atuações nas nossas vidas, sejam elas para ajudar ou para assombrar, através das energias positivas emitidas que ajudam os encarnados em muitos campos da vida, ou das aparições repentinas ou intermitentes que transformam determinados lugares em mal assombrados. O livro de Denis também nos induz a ter certos cuidados com algumas comunicações. O estudo foi baseado no trabalho dos pesquisadores que buscavam a cientificação do espiritismo com vistas a comprovar que a vida não termina com a morte do corpo.

Se alguém de repente perguntasse: o que somos nós? A resposta é simples, nós somos seres humanos que emitimos fluidos que poderão agir sobre outras pessoas de acordo com a energia enviada através do pensamento. Essas energias podem funcionar para o bem e para o mal, assim como também produzem os fenômenos mediúnicos muitas vezes entre vivos, por exemplo, eu quero falar com alguém, me concentro nele, lhe envio a energia da necessidade de lhe falar, e de repente essa pessoa sente a mesma necessidade e me telefona. Outras manifestações de fenômenos produzidos por nós, os encarnados acontecem como resultado da energia desprendida por nós durante o dia e que se transforma em encontros com espíritos da mesma faixa vibratória durante a noite, seja para trabalhar ou simplesmente para assombrar. Quando a energia emitida é negativa o resultado é o encontro com espíritos obscuros que produzem a sensação de pesadelo, só que esse encontro pode ter sido produzido pelas energias desprendidas por nós durante o dia, pelo comportamento natural, é isso que atrai os espíritos de energias boas ou pesadas para junto de nós.

Segundo os estudos realizados por Leon Denis: "o duplo fluídico de pessoas vivas se destaca, em certas condições, do corpo material para se mostrar e manifestar à distância". Esse fenômeno é conhecido no mundo inteiro como telepatia, que é a mesma coisa de atrair através do pensamento. Quanto às aparições ou influências dos mortos, estas podem ocorrer de várias formas, a pessoa pode ficar com o pensamento fixado no espírito e a partir dali provocar a aparição dele; pode também através da influência do espírito, realizar alguma ação para o bem ou para o mal, isso vai depender da energia do espírito com o qual a pessoa se encontra conectada; essa interação pode ocorrer durante o sono, através do sonho para avisar sobre algo interessante; pode ocorrer que o médium ouça vozes lhe aconselhando a agir de determinada maneira; que tenha a intuição de fazer algo e depois perceba que aquilo tinha que ser feito e que sua atitude foi importante para o bem estar de alguém ou de uma comunidade.

Conta Leon Denis, em um de seus relatos comprobatórios de comunicação de desencarnados que certa vez um senhor ao se deitar, avistou ao pé de sua cama um amigo que se encontrava muito distante olhando para ele com tristeza, ele então feliz gritou, meu amigo você está aqui, e o amigo desapareceu. Em seguida ele narrou o acontecido para a sua esposa e no dia seguinte recebeu um telegrama avisando-o que o seu amigo falecera no momento em que havia aparecido para ele. A pessoa que recebeu esse aviso não era espírita, tampouco tinha qualquer conhecimento acerca da comunicabilidade dos espíritos, mas recebeu a visita de seu amigo no momento do desencarne. Esse episódio nos faz perceber que o ser humano não perde sua consciência ao desencarnar, e que é possível a utilização desta consciência para avisar os entes queridos do próprio desenlace logo após este aconteça. É claro que isso não é regra, mas é possível.

Outro relato feito por Denis conta a história de um senhor que recorreu ao Estado pedindo a diminuição da taxa de IPTU de uma residência que possuía para aluguel, alegando que após a morte por assassinato de uma jovem senhora no imóvel, a casa passou a ser mal assombrada e nenhum inquilino conseguiu se estabelecer no imóvel, pois os gritos e gemidos diários incomodavam os moradores que se mudavam com grande freqüência, lhe causando prejuízo financeiro. Após a comprovação da existência dos fantasmas na casa por uma comissão, o IPTU foi reduzido consideravelmente e os fantasmas existentes na casa foram reconhecidos. O filme "os outros" relata uma situação semelhante, onde os mortos ficam presos à esfera terrestre e passam a assombrar os moradores de uma casa fazendo-os se mudarem para que aquele lar permaneça sendo deles.

Eu falo aqui de ciência e não de crença popular, quando alguém fala que um lugar é mal assombrado os incrédulos duvidam, mas nós não podemos esquecer que somos espíritos e que deixar o corpo carnal não nos impede de tomar decisões e de executar essas decisões, se não, não haveria obsessão, nem espíritos nas salas mediúnicas ameaçando fazer e acontecer com o seu pseudo inimigo. A morte do corpo não impede que o espírito desencarnado continue com sua forma de comportamento, assim após o desencarne, quem pratica o bem continua seu caminho, quem está no mal, às vezes fica pior, e quem não se conforma pode ficar preso à esfera terrestre e principalmente povoando o seu antigo ambiente e o transformando em mal assombrado, nem sempre por querer ser assombrador, mas por falta de consciência de que não pode mais retornar ao seu corpo recém separado. Há espíritos que ao desencarnarem por assassinato só conseguem se libertar depois de encontrados seus corpos ou de ver punido seu assassino, por isso também passam a figurar na galeria dos mal assombrados, mas quando conseguem seu objetivo finalmente seguem seu caminho. (o filme um olhar do paraíso e ghost).

Os espíritos têm várias formas de se comunicarem e o que os torna visíveis de alguma forma para os vivos são ações, e uma das formas deles se fazerem presentes junto aos encarnados é a indução, ou seja, através do pensamento eles muitas vezes fazem com que o encarnado tome decisões. Quanto ao seu estado moral este pode ser descrito pela forma como ele age para com os encarnados; a assombração, por exemplo, é uma forma de comunicação que chama a atenção para a necessidade de tratamento para o espírito que se encontra desajustado, mas de forma geral é por meio da comunicação que se pode distinguir a ordem do espírito que fala. Para uma pessoa atenta e estudiosa do assunto é possível perceber até quando um espírito está querendo se passar por outro na tentativa de enganar o receptor da mensagem.

Numa manifestação de fenômeno físico, por exemplo, segundo Leon Denis, a presença mais comum é a dos espíritos inferiores, primeiro porque eles não se preocupam em se melhorar moralmente então praticam todo tipo de evento, depois porque eles precisam agir de maneira grosseira para que os encarnados possam lhes reconhecer, e por último porque eles estão à nossa volta em maior quantidade. É claro que isso não nos afasta dos espíritos bons, mas estes atuam sobre nós através da energia do bem que nos conduz às boas ações enquanto os inferiores se dedicam a todos os tipos de manifestações vulgares e ao comportamento desajustado. Mas como nada que Deus faz é falho, a comunicação dos espíritos inferiores é que fortalece as afirmações dos cientistas da doutrina espírita sobre a existência dos espíritos, por que eles fazem revelações grosseiras, triviais, que levam os receptores a identificá-los como a pessoa que conviveu com eles.

De que maneira o espírito que se encontra numa faixa vibratória inferior age para com o encarnado? Através da dominação intelectual. Pensemos que João receba um espírito que dite as regras de como seus familiares devem se comportar dê palpite em suas vidas, decida por eles que caminho tomar, apareça de repente para resolver questões surgidas cotidianamente e atende a chamados de alguém a qualquer momento. Essas são características de um espírito desocupado e sem compromisso com as leis de Deus, por que se Deus nos deu o livre arbítrio não seria um espírito que poderia nos controlar. Afinal de contas quem é o espírito? Uma pessoa desencarnada! Então que sabedoria ou poder essa pessoa teria para nos conduzir? Mas isso acontece, e as vítimas pensam estarem bem assessoradas, desenvolvendo um bom trabalho, quando na verdade estão sendo enganadas, induzidas e até certo ponto obsidiadas. Por que o espírito do bem não controla, não dirige, não dita regras, ele apenas emana boas energias para ajudar a pessoa a agir sempre para o bem. É preciso ficar atento porque quando a intromissão do além acontece de forma maléfica o resultado é a obsessão, às vezes a depressão e o declínio da vítima.

De que forma podemos nos conectar com o além? Através do pensamento, o pensamento aqui também significa ações que atraem espíritos de diversas ordens na faixa vibratória, e o que os seleciona é exatamente a forma comportamental à qual nós estamos fixados. Uma pessoa que vive para fazer o bem, que consegue ajudar indiscriminadamente a quem precise, dentro de suas condições é claro, dificilmente vai ter dificuldades quando precisar de ajuda, o socorro vai chegar de lados que ela jamais pensaria. Isso significa a participação efetiva dos espíritos para com a permissão de Jesus, retribuir o bem que foi feito pelo encarnado e que atua sobre ele próprio na hora da necessidade. As ações benéficas são sempre realizadas pelos bons espíritos através da energia do bem. Em uma comunicação mostrada no estudo de Denis, o espírito diz ao dirigente da reunião "foi o vosso pensamento que me atraiu para junto de vossa medium". Essa é mais uma comprovação científica de que o nosso pensamento é capaz de atrair qualquer espírito. Resta a nós os encarnados, fazermos a triagem daquilo que pode ser verdadeiramente melhor para o nosso crescimento interior. Não digo aqui que devamos ser ortodoxos, pensar que ser espírita é ser bobo e aceitar todas as formas de "desaforo", não é isso, ser espírita é antes de tudo, procurar analisar os nossos atos todos os dias, e tentar melhorá-los sempre.

É possível que um encarnado tenha experiências no além e retorne para normalidade sem sequelas? Claro que sim. Cito aqui como exemplo uma mulher dessa cidade que há algum tempo atrás, ao dar à luz a uma de suas filhas sofreu de eclampsia e entrou em coma. Ela me relatou que ao perder a consciência se viu no teto da sala de cirurgia olhando para o seu corpo, no momento em que os médicos falaram que as possibilidades d?ela voltar eram ínfimas, ela foi sugada por alguém e foi jogada em uma sala com muitas pessoas calmas, em orações constantes e em estado de felicidade. Ela permaneceu naquele lugar com aquelas pessoas por quinze dias, nesse espaço de tempo ela não teve contato com nenhum familiar e quando lhe disseram que deveria voltar, ela não queria mais retornar ao corpo, porque segundo ela o lugar era tão bom, ela se sentia tão feliz, que não desejava mais sair de lá. A resposta dos espíritos foi que ela teria que retornar e assim da mesma forma como foi retirada da sala de cirurgia ela foi remetida de volta para o corpo e acordou toda entubada. Seu desejo era retornar para o lugar onde estava, mas não deixaram, os médicos disseram que um milagre havia acontecido, e como ela estava muito agitada, sedaram-na novamente por 24 horas. Após, ela acordou ficou curada e criou o bebê que nascera com 06 meses de gestação e hoje se encontra em nossa sociedade forte, bonita e inteligente. Esse episódio se passou há pouco mais de 20 anos, aqui na cidade. Essa pessoa é evangélica, é muito conhecida na cidade, e não sabe que eu sou militante espírita. Para mim não resta nenhuma dúvida sobre a continuidade da vida espiritual após a morte, mas é bom a gente estar sempre comprovando de maneira espontânea que o além está perto de nós e que nós fazemos parte dele.

Quando se pensa em reencarnação e comum para nós os espíritas dizer: "eu quero reencarnar bem longe dessa cidade ou em um país bem distante". Segundo Denis, isso não é a regra, pois mesmo após o desencarne o espírito continua ligado ao seu ambiente de convivência através do pensamento. A prova disso é que vários espíritos mais desenvolvidos retornam para desenvolver trabalhos nas casas espíritas das quais faziam parte enquanto encarnados. Quanto ao momento do retorno ao corpo físico, também segundo Denis, o espírito é atraído sempre para o lugar de sua última existência, afirmação bastante razoável, até porque o espírito ao desencarnar deixa alguns compromissos morais pendentes e o retorno possibilita a oportunidade da reabilitação moral e o crescimento espiritual, porque é para isso que nós reencarnamos, para aprender, para melhorar, para crescer até não precisar mais voltar à terra.

Na comunicação entre o além e o mundo material existe uma figura muito importante. O médium. O médium é o portal de comunicação entre o encarnado e o desencarnado, através dele o espírito revela particularidades que só ele e as pessoas mais chegadas têm conhecimento. Chico Xavier aqui no Brasil, foi o portador de muitos recados importantes, chegando até livrar pessoas de condenação judicial através da recepção de recados dos espíritos que inocentavam os réus dos crimes apontados com toda clareza. Desde a descoberta oficial da sobrevivência do espírito por Allan Kardec, o médium sempre foi o portal para a passagem da informação, e esse reconhecimento aconteceu com atuação das irmãs Fox que com suas mediunidades se comunicaram com o espírito de um homem enterrado na parede da adega de sua casa em Hydesville na Inglaterra e essa prática permanece valendo até a atualidade, pois é comum e usual se ver nas salas mediúnicas espíritos se comunicando sempre. Seja para dar bons conselhos ou para assombrar.

Os fenômenos mediúnicos não foram disseminados ou ratificados por teorias criadas na antiguidade nem reescrita por uma única pessoa, a certificação do fenômeno mediúnico foi realizada ao redor do mundo e por estudiosos conhecidos e respeitados como o filosofo russo Alexandre Aksakof, o quimico e fisico inglês William Crookes, e o geografo, antropolooogo e ebiólogo Alfred Russel Wallace (pesquisador e colaborador de Charles Darwin) que chegou a conclusão qeu seleção natural, não justificaria os dons trazidos pelas pessas ao nascerem. Os fenômenos mediunicos foram certificados por cientistas com formação direcionada ao comportamento humano e sem nenhuma crença na vida após a morte. Talvez por isso a sociedade desse mais credibilidade às manifestações espíritas, por se tratarem de estudos científicos, isso porque no século XIX os cientistas desenvolveram pesquisas sobre o comportamento humano baseados na filosofia e na psicologia, esses métodos de estudo puderam garantir que determinados comportamentos e descrições de fatos pertenciam às pessoas já falecidas, esse inclusive foi o foco da pesquisa de Russel Wallace que analisando o fenômeno das mesas girantes, conculiu o seguinte: "as comunicações com espíritos ?são inteiramente comprovadas tão bem como quaisquer fatos que são provados em outras ciências?".

A existência do além e a sobrevivência da alma que veio a se chamar de doutrina dos espíritos, se deveu às incontáveis mensagens recebidas por médiuns escreventes, dos espíritos desconhecidos, em sua maioria pertencentes às igrejas. Esses espíritos convencidos de que viveriam no paraíso ou iriam para o inferno, após a morte se chocaram com a nova realidade e ficaram perdidos buscando ajuda com os encarnandos. Enquanto isso o seus irmãos nas religiões ainda encarnados buscavam desqualificar suas manifestações e a doutrina espírita através da lavagem cerebral e da fixação da salvação atravaés do medo.

Finalizando, Leon Denis buscou entender em seu estudo a complexidade do ser humano imbricada (acoplada) nos três elementos que nos forma que são "corpo físico, corpo fluídico e perispirito, ou a alma como nós conhecemos. E o que a psicologia chama de inconsciente, nós os espíritas reconhecemos como conhecimentos de existências anteriores as quais nos possibilita o desenvolvimento de valores já conhecidos e escondidos e que nos impulsionam ao progresso moral e à compreensão de que não estamos na terra a passeio, estamos aqui para evoluir, porque "o homem não procura elevar-se acima do homem, mas acima de si mesmo, aperfeiçoando-se", afirmou Allan Kardec.