A Conta Do Tempo
Por Inajá Martins de Almeida | 25/05/2008 | PoesiasA conta do meu tempo,
Quantas vezes, sob pressão, obrigada fui dar conta;
Sem tempo para tanta conta,
Quanta conta fiz, que nem percebi o passar do tempo.
Enquanto fazia a conta do tempo,
Deixava o tempo rolar sem fazer conta;
Esquecendo o tempo, mal pudera supor que o que se conta,
É o que se perde e de volta não trás o tempo.
Por conta de tanta conta, ocupava o tempo,
E da exaustão não me dava conta;
Era-me forçoso apenas dar conta em tempo.
Quando vi então, que buscava tempo sem conta,
Para resgatar o passado, esquecido no tempo,
Percebi a conta do que não fizera, ou pudera fazer conta.
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Se pudesse voltar ao tempo,
E entender o que se conta,
Na certa não gastaria sem conta,
A conta que nos reserva o tempo.
Saberia que a cada qual, fora dado sua conta:
Cada conta com seu tempo;
Conta de passatempo,
Tempo de faz-de-conta.
Início, meio e fim conta o tempo;
A todos, sua conta
Que, a seu tempo, terá de prestar conta.
E, enquanto há roubadores do tempo, sem conta,
Multiplicadores de conta no tempo,
Há quem não faz conta e perde o tempo.
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Não posso, contudo, saber se minha conta,
Inevitável fora ao tempo,
Pois, envolvida no torvelinho do tempo,
Mal tinha tempo para perceber e fazer conta.
Deixava-me levar pela conta do tempo:
Ora prestava conta,
Ora o tempo levava a conta;
E assim, a conta fazia o tempo.
Tempo perdido na conta,
Na conta que não se conta;
Na conta que consumiu o tempo.
Tempo de contratempo,
Conta que subtraiu o tempo;
Tempo apenas que fêz-de-conta.
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Hoje, contudo, o passado tempo,
Faz conta do que se conta;
Espera o futuro sem conta,
Na conta, da contra mão do tempo.
Tempo que a esperança conta,
De um encontro além do tempo,
Com Aquele que é dono do tempo,
E que, de nossas contas, faz tanta conta.
Aquele que deu nova vida ao tempo;
Apagou toda má conta,
Deu início a um novo tempo.
Tempo de renovo que se conta,
Num vaso novo a prova do tempo;
Numa vida eterna, que o tempo não conta.
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E se o tempo ainda me pedir conta,
Do que fiz, do que deixei de fazer a tempo,
Direi que já não tenho mais tempo,
Para perder em fazer conta.
Que um novo sentido encontrei, para o meu tempo,
E isso é o que se conta;
Não me preocupo em prestar tanta conta,
Se agora eterno é meu tempo.
Do futuro não faço mais conta,
Pensar no passado, não sobra tempo;
O presente é o que se conta.
Não vivo ansiosa com a falta de tempo,
Não preciso mais prestar tanta conta;
Jesus me embala nos Seus braços, todo o tempo.
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