A Construção do aluno/cidadão;

Por Maria Leonor Pereira de Carvalho | 26/01/2017 | Educação

Uma das preocupações mais sérias que ocupam as reflexões dos educadores são as constatações de que a escola não tem sido capaz de encaminhar e cumprir adequadamente sua função de preparar o individuo para a cidadania, ou seja, a compreensão da realidade social, politica e econômica vivenciada, o desenvolvimento de habilidades físicas e intelectuais para uma intervenção nesta realidade; A posse da cultura letrada e os instrumentos básicos para acesso e participação nas formas modernas de trabalho marcado por extraordinárias e rápidas mudanças. Não basta aqui exaltarmos os conceitos de leitura, letramento e alfabetização, é preciso, sobretudo, entender as bases deum processo de ensino e aprendizagem, pautado nas relações entre o aluno e professor, mediatizadas pelo dialogo, pela compreensão do aluno como um ser pleno, com uma bagagem cultural existente mesmo antes de adentrar os portões escolares, e que muitas vezes não é valorizada pela escola. Durante todo o estudo, procurou-se desenvolver conceitos sobre leitura, letramento e alfabetização. Entretanto essa relação acontece, principalmente dentro de ação docente, a partir da prática pedagógica que emerge por novos caminhos. É preciso ter claro que professor e alunos, interagem numa troca de experiências e de interações, numa relação permanente de construção e reconstrução dos conhecimentos, entendendo-se que a posse dos conhecimentos não deve continuar sendo privilegio de uma minoria, pois que todos os conhecimentos resultam de uma construção coletiva, sendo, que participa toda a sociedade. A sistematização desses conhecimentos é que vai exigir metodologias e procedimentos específicos que deverão ser socializados, principalmente pela escola para todos os integrantes da sociedade. O conhecimento, desta forma, está presente no cotidiano de todos, do aluno, da criança, do adulto de qualquer classe social, pois está presente na cultura, na tecnologia, nos modos de pensar e organizar a sociedade. Trabalhar na sala de aula significa, ter presente, os conhecimentos que o aluno já possui, que já constrói no cotidiano, em relação com a natureza e os outros indivíduos através de observações, de coleta de informações, da realização de experiências, de sua inserção na vida desde que foi gerado. Estes conhecimentos devem ser o ponto de partida e de reflexão de toda ação que pretende ser pedagógica e significativa. O avanço de um saber inicialmente mais difuso, fragmentado e constituinte de sendo comum, para avançar no sentido de sua sistematização da construção e reconstrução de teorias, resultando esse processo num encontro do indivíduo consegue mesmo, com o poder de sua criatividade, doc. encontro e respeito pelo caminho andando no processo de aprendizagem do outro, e ainda, o encontro do individuo com o meio natural e social em que vive atuando, resolvendo problemas, encontrando respostas. Todo esse processo é considerado como a realização de uma aprendizagem significativa, contextualizada, que resulta numa inter-relação dialógica entre os atores escolares, lhes possibilita além da organização do conhecimento, o desenvolvimento de outras dimensões do pensamento, de vivencias sociais, compreendendo que cada época apresenta diferentes problemas, e para eles propõe e encontra alternativas de resolução possíveis historicamente e, com certeza diferente entre si. Ao trabalhar em sala de aula temos que considerar o grau de validade e a fundamentação atualizada de nossas concepções de ensino e aprendizagem, de metodologias, e das teorias de conhecimento para encaminhar nosso trabalho pedagógico, nossa práxis. Faz-se necessário, refletir e registrar as observações mais significativas do nosso fazer pedagógico, para não cair na institucional e profissional. Temos sempre ao nosso dispor, a cultura da rotina, pois ao iniciarmos nosso trabalho numa instituição, esta nos informa dos procedimentos padrão, do currículo formal adotado e o que se espera é que nos adaptemos ao quadro e a aparente normalidade. E é assim que se espera que possamos contribuir na formação de nossos alunos para ler o mundo que se torna cada vez mais exigente, mais dinâmico e interativo. Entendemos assim que existe uma enorme distancia entre escola e sociedade, entre o que o aluno aprende e o que ele precisa saber, entre a realidade e a necessidade do mesmo modo afirma-se que a escola está em fragmentos, pois a educação não consegue sanar os problemas de formação dos alunos. É cada vez mais gritante o numero de alunos que saem da escola sem saber sequer interpretar e refletir sobre seus próprios caminhos e iniciativas. O conhecimento sobre as características da nossa profissão certamente nos ajuda a exercê-la com mais competência, a assumir o compromisso com os resultados do próprio trabalho, a crescer profissionalmente. Mas esse é um processo que exige muito de nós. Do mesmo modo afirma-se que a escola está em fragmentos, pois a educação não consegue sanar os problemas de formação dos alunos. É cada vez mais gritante o numero de alunos que saem da escola sem saber sequer interpretar e refletir sobre seus próprios caminhos e iniciativas. O conhecimento sobre as características da nossa profissão certamente nos ajuda a exercê-la com mais competência, a assumir o compromisso com os resultados do próprio trabalho, a crescer profissionalmente. Mas esse é um processo que exige muito de nós. Tivemos quase toda uma formação pautada na concepção empirista de ensino e aprendizagem e a partir dela passamos a desenvolver nossa prática. E acreditávamos que nossos alunos poderiam aprender muito bem com nossas propostas de ensino. Porem, o tempo vem nos mostrando que é preciso romper paradigmas, uma vez que os alunos não aprendiam muito, ou nem sequer aprendiam, muitas vezes. Na verdade, foi reservada a escola todo o poder de repassar o conhecimento. E a escola tem sido interpretada como um espaço físico privilegiado, onde as portas e muros fechados acontecem enfim a educação. Um pensamento que parece compreender o ser como algo pronto, a ser moldado. O então sujeito da aprendizagem seria vazio na sua origem, sendo preenchido pelas experiências que tem com o mundo. Criticando essa ideia de um ensino que se deposita na mente do aluno, Paulo freire usava uma metáfora – ‘’educação bancária’’ – para falar de uma escola em que se pretende ‘’sacar’’ exatamente aquilo que se depositou na cabeça do aluno. Porém esse aluno é algo vivo dinâmico, que além de já possuir uma leitura prévia de mundo, datada pelas intensas experiências que já realizou, ainda participa do processo da própria modernidade, e aliado a ela, toda a parafernália da máquina, da informática, da tecnologia. Esse tem sido o grande contraste. Enquanto o professor despreza esse aprendizado, o aluno já domina um conhecimento que ultrapassa os limites dessa escola congelada, parada no tempo, pautada por um quadro e um giz. Nos pátios, nos arredores, nos momentos de lazer, acontece então a explosão do que a vida tem proporcionado, ou seja, uma alegria que está bastante dissociada do processo da educação. Isso nos possibilita a compreender que a educação vive hoje um grande impasse do seu tempo: tentar adequar-se ás rápidas transformações sociais, cientificas e culturais que ocorrem fora da escola, sem que para isso se tenha transformado internamente. Vivemos, sem dúvida, mudanças profundas que apontam para novos paradigmas educacionais. Isso represente que precisamos ver na escola algo superior que um laboratório de conhecimento, construído a partir de um agente bastante importante: o aluno. Esse construir envolve essencialmente o saber produzido ao longo da práxis do aluno, seja na família, seja na sua comunidade, e que dever ser então respeitado pela escola como fonte importante de referencia. (...) á escola cabe trabalhar para o desenvolvimento das capacidades cognitivas do educando em articulação com todas as habilidades e convicções do viver. Capacidades, como as de analisas, compreender, sintetizar conhecimentos que, ao serem exercitados, produzem habilidades que, por sua vez, se transformam em hábitos. (LUCKESI, 1995, p.120). Lembrando que, o compromisso dos educadores com a melhoria da qualidade do ensino e da escola, terá um papel relevante na conquista da escola democrática e nas mudanças sociais e políticas que todos pleiteamos no país. É preciso conhecer como acontecem os processos de aprendizagem por nossos alunos. Como se caracterizam os conteúdos, que são objeto de conhecimento e como se dá essa relação com a realidade de cada um. No entanto, a construção desses conhecimentos exige muito de nós, porque eles geralmente se opõem ao que aprendemos em nossa formação totalmente empirista de ensino. Muitas vezes até queremos inovar nosso trabalho, sabemos quando não estamos indo bem, mas o medo, a insegurança, a critica dos demais colegas, reforçam nosso comodismo. Temos medo de partilhar conhecimentos, descobertas, interrogações. E acabamos por adiar projetos que poderiam mudar o perfil de nosso trabalho a favor do aluno. A postura de investir na própria formação e estudar – estudo que faz diferença, uma vez que está a favor de alguma coisa e contra tantas outras- mostra que nós, professores, sabemos o quanto temos a ver com o mundo lá fora. Mudar é um desafio- difícil é possível. E principalmente a partir do conhecimento que adquirimos no processo de formação que podemos desenvolver um novo tipo de prática, que é na verdade uma ação politico- pedagógica. A dificuldade da mudança não pode apagar nosso sonho e nem intimidar nossa curiosidade. É ela que nos faz perguntar, conhecer, atuar, reconhecer. A curiosidade convoca à imaginação, a mudança, a intuição, as emoções, a capacidade de conjeturar, de comparar, de buscar conhecer o que precisamos para constatar que a nossa prática em sala de aula vale a pena (FREIRE, 1997, P.25). Essa mudança de concepção de agir dentro da escola provoca uma transformação enorme na oferta de informações aos alunos, onde o professor poderá e deverá criar situações que permitam aos alunos vivenciar os usos sociais sem, no entanto, desprezar suas origens, seu meio e seus costumes. Pois existe na verdade uma grande troca nessa relação que estabelecemos com nossos alunos, onde ao passo que construímos um saber, também somos modificados, na dialética que um processo de envolvimento e integração plena poderá nos conduzir. Quando se acredita que o motor da aprendizagem é o esforço do sujeito para dar sentido á informação que está disponível, tem-se uma situação bastante diferente daquela em que o aprendiz teria de permanecer tranquilo e com os sentidos abertos para introjetar á informação que lhe é oferecida, da maneira como é oferecida. O aprendiz é um sujeito, protagonista do seu próprio processo de aprendizagem, alguém que vai produzir a transformação que converte informação em conhecimento próprio. Essa construção, pelo aprendiz, não se dá por si mesma e no vazio, mas a partir de situações nas quais ela possa agir sobre o que é objeto do seu conhecimento, pensar sobre ele, recebendo ajuda, sendo desafiado a refletir, interagindo com outras pessoas. (VENDRÚSCULO & POSSARI, 1996, p.35). Muitos educadores, no entanto, acreditam que todos os seus alunos possuem as mesmas características, na velha frase ‘’aluno é tudo igual’’, e vão ao longo de sua carreira, patrolando os conhecimentos, generalizando comportamentos e distribuindo um ensino fragmentando, alheio e traumatizante para os alunos. O professor precisa ser o condutor do processo, mas é necessário adquirir a sabedoria da espera, o saber ver no aluno aquilo que nem o próprio aluno havia lido nele mesmo, ou em suas próprias produções, a alegria, o afeto, o aconchego, a troca, próprios de uma relação primal, urobórica não podem pedir demissão da escola; sua ausência poderia criar um mundo sem colorido, sem brinquedo, sem lúdico, sem criança, sem felicidade, sem sabor, sem ousadia, sem genialidade, sem qualidade e sem vida plena. (FAZENDA, 1994, p.45). Quando salientamos as diferenças, fortalece o pressuposto de que a realidade de cada escola é bastante diferente, e mesmo nas salas de aula, temos um novo contexto, pois os seres humanos são diferentes em seu agir e seu pensar. A escola deve ser entendida como o espaço privilegiado da socialização, da transmissão dos conhecimentos sistematizados pela humanidade e da produção do saber á compreensão e intervenção na realidade social, na perspectiva de sua transformação. É preciso ter presente que o saber se constrói, na história dos homens, como resultados de relações organizadas socialmente entre eles, e deles com a natureza, mediada pelo trabalho e pelo próprio conhecimento, veiculado pelas linguagens. Nesse sentido, a história, e as linguagens devem ser balizadoras do fazer pedagógico da escola. A escola não pode ser pensada fora dessa dinâmica. É preciso ter clareza de que ela não é simplesmente veiculadora de conhecimentos neutros, autônimos, independentes da realidade social, complexa e contraditória. Assim, dentro da concepção, busca-se uma educação emancipadora, capaz de definir novas relações dos homens entre si e de buscar uma concepção de sociedade mais justa. Não se pode exigir produção qualitativa de uma escola que se distancia cada vez mais do próprio contexto, no tocante aos avanços da humanidade. O ensino e a aprendizagem assumem características que fogem á logica quando não se identificam com a vida e sua dinâmica histórico-social-cultural. Dinâmica esta que deve abranger os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho e nas instituições de ensino, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil em nas manifestações culturais. Para efetivarem-se estas dinâmicas, tornam-se necessárias ás várias formas de comunicação, de expressão do aluno, que se A escola parece estar esquecida que a modificação da conduta dos educadores é uma tarefa de aprendizado, geralmente lento que envolve compreensão, acompanhamento, paciência e persistência que implicará no desenvolvimento de níveis de consciência. Salientando os ensinamentos de Geraldi, (1985, p.42), é fundamental que o professor modifique o seu foco de preocupações... Sobre o como ensinar, o quando ensinar, o que ensinar... Destaca-se o papel do professor como aquele que tem a função social de possibilitar ao aluno a aquisição dos conteúdos selecionados pela escola e que representam a experiência humana que o aluno deve conhecer. O trabalho docente que é intencional tem, portanto, o caráter de mediação, que é essencial no processo ensino-aprendizagem para que essa aquisição da experiência humana se processe na forma de compreensão do processo humano de produção da realidade. Espera-se que aquele que ensina e ao mesmo tempo, aprende, perceba e conheça a história e o potencial da criança e tenha dinamismo, criatividade, devendo instigar-lhe o raciocínio, propondo questões que o levem á reflexão da realidade que nos cerca, questionando, investigando, junto com as crianças os temas que lhes são propostos, desenvolvendo sua capacidade de compreensão dos fatos humanos produzidos na pratica social. Mas a escola está integrada nos movimentos mais gerais da sociedade. Mesmo cercada de muros, particulares ou publicas, religiosa ou laica, rural ou urbana, a escola dialoga o tempo com os acontecimentos políticos, sociais e econômicos da localidade e do país manifesta frente as diferentes situações a que está sujeito. Os edifícios escolares são pontos de referencia para a comunidade. Pobres e ricos, grandes ou pequenos, da zona ou urbana, refletem divisões de classe, de raça e de etnia. Nunca são neutros, disponíveis, indiferentes: apresentam suas portas estreitas ou largas, seu muro alto ou baixo, emoldurando quem os frequenta. Os educadores também diferem muito: professores e professoras das distintas regiões do país, com graus diversos de escolaridade, e sempre afetados pelos acontecimentos mais amplos, que dizem respeito a qualquer cidadão, enfrentando ao mesmo tempo os desafios do cotidiano do ensino. Como a educação se dá por meio de relações no contexto social, ela reproduz as suas contradições. Assim, entre a intenção e a prática cotidiana, permeiam inúmeras interferências que extrapolam os objetivos educacionais, cujas origens estão nas relações sociais que orientam a pratica pedagógica, por isso, a representação da educação não é única, uma vez que está inserida até as mais modernas, construída através da ressignificação da vulgarização de teorias cientificas no cotidiano. Entre as muitas outras teorias que influenciaram a pratica educacional estão as da psicologia sobre a infância, seu desenvolvimento e suas competências. (GUERRA, 1998, P. 49) A escola pode ser um espaço vivo, de profunda socialização, no qual atuam pessoas concretas, com histórias diversas e com culturas variadas. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS FAZENDA Ivani. Interdisciplinaridade: história, teoria e pesquisa. São Paulo: Paz e Terra, 1999. GERALDI, João Vanderley (Organizador). O texto na Sala de Aula: Leitura & Produção. 2. Ed. Cascavel: ASSOESTE, 1984. GUERRA, Clarissa Terezinha. Implicações das Concepções Psicológicas sobre infância e Desenvolvimento na Educação Escolar, in: Busca e Movimento: formação do professor e exigências educacionais contemporâneas, 1998. LUCKESI, Cipriano Carlos. Avalição da aprendizagem escolar, estudos e proposições. São Paulo: Cortez, 1995.