A constante busca pelo êxito- um breve ensaio

Por Rafael Felipe Medeiros da Costa | 07/10/2012 | Crescimento

 

“Onde se conhece o homem de luta é precisamente na maneira de encontrar uma solução acertada para as dificuldades, sempre mantendo a sua fibra, o seu entusiasmo, a confiança em si mesmo, o espírito de luta”.

( Prof. Alberto Montalvão, 1983, p.29)

 

Este breve ensaio discorre a respeito do êxito, objetivo buscado por cada individuo de nossa sociedade. Embora a noção de êxito (sucesso) seja subjetiva (Individual-Existem profissionais de ponta como médicos, engenheiros e advogados frustrados, e alguns faxineiros, manicures, pedreiros semiletrados felizes com o que fazem), e de como podemos busca-lo sem lançar mão de valores individuais, mesmo sabendo que estes mesmos valores são temporais, levando-se em consideração que a nossa sociedade não é estática.

Devemos lutar pelos nossos objetivos, e que para isso aconteça, precisamos mudar de concepção, quebrar paradigmas, romper com velhos pensamentos. Todas as ações nascem no mudo das ideias, o pensamento, com relação à sua ligação a ação, entre o que é real e o idealizado, assim o Prof. Alberto Montalvão (1983, p.25) afirma:

“O pensamento e a imaginação estão estreitamente ligados, estreitamente relacionados. Na ação enfrentamos o mundo de maneira direta; no pensamento e na imaginação, nos ocupamos do mundo indiretamente. Fechamos os olhos e vemos nossas experiências passadas (recordações, lembranças), ou ideamos experiências futuras”

 Todavia, o pensamento em sí não é suficiente, daí a importância da vontade; Podemos mudar começando pelo fato de se ter vontade, pois este é o “móvel da ação”, é o que faz com que o que foi imaginado e planejado, saia do papel. segundo Montalvão (1983,p.25) “A volição é o desejo, a resolução, a tentativa de por em ação algum plano. É empregada como sinônimo de vontade”.

Nitzsche (1888, em Crepúsculo dos ídolos) dizia que “aquele que não sabe pôr a sua vontade nas coisas quer ao menos atribuir-lhes um sentido”, sim, tudo o que fazemos tem um sentido, um por que, por isso se fazemos algo que não tem sentido, logo se diz que perde a “razão”, isto é, sua finalidade prática e por isso devemos abandonar tal ação.

Com relação ao móvel do desejo Leguizamon (2007, p.20) indaga:

“Por que desejamos um bem de última geração? Por acaso necessitamos daquelas novidades que nem sabíamos que existiam algumas semanas antes e tampouco esperávamos que fossem inventadas? Temos que distinguir entre ter a opção de aproveitar essa novidade e considerar esse desejo como necessário”.

Por isso que devemos refletir sobre o que queremos e porque o queremos, se de fato é necessidade ou desejo; a necessidade tem respaldo fisiológico, já o desejo tem somente ligação com a psique, com a alma, o lado muitas vezes instintivo do homem.

O enfoque deste é a necessidade de realização, de ter um objetivo, traçar metas e alcança-lo, o que falta para isso é às vezes iniciativa. Damos desculpas a nossa falta de sorte, às vezes, simplesmente não tentamos pelo medo do fracasso, ou de errarmos, de não saber proceder, em vez disto, podemos canalizar nossas ações, gerando algo produtivo, não simplesmente inventarmos desculpas para não tentarmos.

Muita gente acredita que o motivo pelo qual as coisas estão do jeito que estão é por algum fator natural, ou simplesmente projetam o seu fracasso a outrem, e até atribuem-no a fatores paranormais, mas não buscam o real sentido das coisas, Augusto cury ( 2010, em Mentes brilhantes, mentes treinadas) afirma que “devemos pensar como adultos, sentir, ser curiosos e nos aventurar como crianças”, se os europeus não se aventurassem não tinham descoberto o novo mundo.

Buscar novos conhecimentos acumulados pelas gerações através do acesso a educação é uma das formas de se alcançar o êxito. Segundo Oliveira (2007, p.18) “Assim, são os objetivos da educação: a transmissão da cultura, a adaptação dos indivíduos à sociedade, o desenvolvimento de suas potencialidades e, como consequência, o desenvolvimento da personalidade e da própria sociedade”, assim a educação permite o desenvolvimento individual, este desenvolvimento com outros fatores o levará ao êxito.

 Outro fator é que ninguém vence sozinho, às vezes precisamos de ajuda, infelizmente o orgulho nos impede de assim proceder, Sêneca (em A clemência) afirmava que “o espírito humano é refratário. Ele se volta contra o obstáculo e dificuldade, fazendo enfrentamento já que prefere caminhar por si e não ser conduzido”, felizmente, não somos autossuficientes, precisamos uns dos outros, sabendo que trabalhar com o ser humano não é nada fácil, por isso nos afirma Drucker (1975, p.439) “O ser humano é um recurso sui generis, único, que exige determinadas qualidades de qualquer um que tente trabalhar com ele.”. Para que isto aconteça devemos ser sociáveis, saber conviver, respeitando as diferenças individuais, Oliveira (2007, p.4) afirma que “o indivíduo se socializa quando participa da vida em sociedade, assimila suas normas, valores e costumes e passa a se comportar segundo esses valores, normas e costumes. Assim, quanto mais adequada for a sua socialização, mais sociável ele tenderá a se tornar.”

E por fim, tem-se a questão dos valores, a respeito do que é permitido e do que não o é, não adianta tentar ascender socialmente desrespeitando valores, Maquiavel acreditava que “os fins justificam os meios”, todavia, são os meios que justificam os fins, outro fator é que a sociedade não é um organismo estático, ela muda, e rapidamente,  segundo oliveira (2007, p.4) “uma das características mais marcantes da sociedade moderna, tem sido a capacidade de produzir e absorver mudanças sociais.”, sendo assim o que é “errado” hoje não o pode ser amanhã, um exemplo é com relação ao divórcio que era crime no passado, sendo considerado até normal nos dias de hoje.

Existem indivíduos que anseiam crescer no mundo da ciência, estes devem estar atentos aos limites. Há pessoas que acreditam que podem fazer tudo em prol do avanço científico, segundo Leguizamon (2007, p.58) “Pode acabar sendo preocupante não pôr limites às experiências com seres vivos. Mas ao mesmo tempo temos de admitir que é o que permite à medicina progredir. Os cientistas sempre têm de lutar contra críticas baseadas em crenças religiosas ou em princípios éticos”. Já Rotterdam criticando as ciências (em Elogio a loucura, p.61) afirma que “Conclui-se que as ciências que oferecem melhores vantagens são aquelas que mais se aproximam da loucura. De igual modo, os homens mais felizes são aqueles que puderam se distanciar o mais possível das ciências, e refugiar-se, junto da sua única mestra a natureza”.

Para finalizar, sabemos que vivemos numa sociedade de massa (com cultura, produtos, laser, e tudo o mais padronizado) possuidora de normas para a regular e organiza-la e sanções sociais para quem descumpri-las. Em que desempenhamos um papel social, em virtude disso, vivemos às vezes como nossos tataravôs viviam, sem refletirmos sobre nossos hábitos e costumes, somente para mantemos certo status. Vivemos numa sociedade que tem uma estrutura e organização social, em que cada um ocupa um nível hierárquico, assim, um indivíduo que aspira mudar de classe (sendo esse o seu êxito, objetivo perseguido durante a vida) terá de se esforçar pra superar os obstáculos, isto é possível, ele pode chegar aonde deseja; o presidente americano Obama em sua primeira campanha tinha como bordão: “yes, we can”, ele conseguiu, foi o primeiro presidente negro da história dos E.U.A, utilizemos esse bordão todas as vezes que sentimo-nos desestimulados, e sigamos em frente, pois novos objetivos e metas virão.

 

Referências bibliográficas

 

  • CÍCERO. Os deveres- tomo 1. Ed. Escala. SP
  • CURY, augusto. Mentes brilhantes, mentes treinadas- Desvendando o fascinante mundo da mente humana. Ed. Academia da inteligência, SP, 2010.
  • DRUCKER. Peter F. Administração, tarefas, responsabilidades, práticas. SP. Ed Pioneira, 1975.
  • LEGUIZAMON, Hector. Filosofia: origens, conceitos, escolas e pensadores. 2007 SP. Ed. Escala
  • MONTALVÃO, Prof. Alberto. Psicologia- os fundamentos da higiene mental, Novo Brasil Editora Brasileira LTDA. SP, 1983
  • MONTALVÃO, Prof. Alberto. Relações Humanas- psicologia do sucesso. Novo Brasil Editora Brasileira LTDA. SP, 1983
  • NITZSHE, Friedrich. Crepúsculo dos ídolos - ou como filosofar a marteladas. 2ͣ edição. Ed. Escala
  • OLIVEIRA, Pérsio Santos de. Sociologia. Sistema de ensino ser. 1ͣ edição. SP. (Apostila) 1° ano
  • OLIVEIRA, Pérsio Santos de. Sociologia. Sistema de ensino ser. 1ͣ edição. SP. (Apostila) 2° ano
  • ROTTERDAM, Erasmo de. Elogio da loucura, SP, Ed. pioneira
  • SÊNECA. A clemência. Ed. Escala. SP