A concepção do homem em Karl Marx

Por Daniel Leite da Silva Justino | 30/11/2011 | Filosofia

O homem na concepção de Karl Marx

 

 

 

  1. 1.    A influência do materialismo histórico na concepção do homem

 

A concepção marxista do homem foi influenciada pela filosofia historicista de Hegel e pela antropologia materialista de Feuerbach. Este compreende o homem como ser sensível e aquele compreende a história da filosofia como manifestação do espírito absoluto que acontece na própria história e cuja consciência do mesmo se dá no homem.

 

Marx é materialista porque considera a matéria como única realidade que existe de fato. Os objetos supra-sensíveis tratados pela metafísica são inexistentes. Ele rompe como já havia feito seus antecessores com a concepção medieval do homem, ou seja, com a idéia da origem do homem de uma fonte transcendental. O fenômeno Deus inexiste na filosofia marxista, pois, ele é imaterial.

 

O homem é compreendido a partir das relações sociais. Estas ocorrem ao longo da história por influência das relações de produção. Marx estabelece o conceito de materialismo histórico a fim de compreender essas relações de produção.  Ele explica a historia das sociedades partindo das relações materiais que é marcada pelo antagonismo de classes.

 

  1. 2.    Concepção da natureza humana

 

Marx ao tratar sobre a natureza humana retoma a concepção feuerbariana que concebia o homem como ser de carência.

 

A diferença entre o homem e os animais no aspecto da necessidade é que estes “atuam de forma inconsciente, não-cumulativa, somente em resposta às suas privações imediatas, e tendo como limite as condições naturais” (Um toque de clássicos, pag. 32). Ou seja, os animais são seres de necessidades que tem como limite as condições naturais, o homem, porém é capaz de superá-las a partir da interação e transformação da natureza.

 

Essa transformação acontece mediante o trabalho. Esta segundo Marx, nos países capitalistas é a principal causa de coisificação do trabalhador, isso se dá por meio de mecanismos criados pelos detentores dos meios de produção (burgueses).

 

A desumanização do trabalhador acontece mediante um processo que Marx, intitula de alienação que se dá por meio de três etapas:

 

“1) o trabalhador relaciona-se com o produto do seu trabalho como algo alheio a ele, que o domina e lhe é adverso; 2) a atividade do trabalhador tampouco está sob seu domínio, ele a percebe como estranha a si própria; 3) a vida genérica ou produtiva do ser humano torna-se apenas meio de vida para o trabalhador...” (um toque de clássicos, pag. 52)

 

O salário na concepção marxista tem por finalidade apenas garantir a subsistência básica do trabalhador, porém o produto ele torna-se inacessível ao trabalhador pelo fato deste não ter condições financeira de usufruir.  

 

  1. 3.    Luta de classes como produto da estrutura econômica

 

A antropologia marxista entende o homem como ser de relações. Estas como já foram apresentadas é produto das relações de produção que ao longo da história se mostraram como luta de classes.

 

O manifesto comunista inicia-se com a afirmativa de que as classes sociais sempre se enfrentaram. Marx afirma que “a história de todas as sociedades que existiram até hoje é a história da luta de classes” (manifesto comunista, pag. 45). Luta que terminou sempre com a transformação revolucionaria de toda a sociedade ou pelo colapso das classes em luta.

 

É importante perceber que esta luta não é natural porque não provém da natureza humana como defendia Hobbes no leviatã quando tratava sobre a natureza egoísta do homem. O conflito social origina-se da estrutura econômica que é marcado pelo antagonismo entre burgueses (proprietários dos meios de produção) e proletariado (desprovidos de posse dos meios de produção). O estado em Hobbes tinha como função garantir a ordem social, já em Marx é dele que surge as desigualdades sociais.

 

Marx não se preocupou em demonstrar se o homem era por natureza bom ou mal, como havia feito outros filósofos a exemplo de Rousseau, mas, expôs de maneira histórica o conflito inevitável entre a burguesia moderna e o proletariado. Na qual esta por meio do processo revolucionário destruiria a burguesia inaugurando uma sociedade sem classes, pondo fim as desigualdades sociais.

 

  1. Referencias bibliográficas

 

VAZ, Henrique. Antropologia filosófica. 7º ed. São Paulo: Loyola, 2004. p. 115-122.

QUINTANEIRO, Tania. Um toque de clássicos. 2º ed. Belo Horizonte: UFMG, 2003. p. 27-59.

REALE, Giovanni. História da filosofia do romantismo até nossos dias. Vol III. São Paulo: Paulus, 2007, p. 197-199.  

MARX e ENGELS. Manifesto do partido comunista. 2º ed. São Paulo: Martin claret, 2008. p. 45.