A Comunicação na Liderança em Enfermagem

Por Ana Barrios | 06/05/2009 | Saúde

Ana Lucia Pereira Barrios;
Carla Albino Cantuária;
Jardel Alves Campos.
Profª Orientadora: Ms. Ângela Maria Lima Santos
Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas
Curso de Graduação em Enfermagem

1. INTRODUÇÃO

Este trabalho enfatiza a importância da comunicação no processo de liderança concernente ao trabalho na Enfermagem. Diante da avaliação das propostas teóricas, acreditamos que o material subsidie a estruturação de conceitos que atribuem eficácia do processo de comunicação, legitimando a importância extrema e necessária para as interações humanas e desempenho profissional. Observamos que a enfermagem como um todo necessita realizar atos administrativos durante sua jornada de trabalho diária. Administrar implica planejar, dirigir, controlar e organizar. Como define Bergamini CW. apud Lourenço et al (2005), o administrador ocupa um posto de direção atuando sobre os processos através dos quais uma organização funciona alocando recursos e utilizando seu pessoal da melhor forma possível. No entanto, além de administradores eficazes e eficientes é de extrema importância que o administrador seja líder, o que se traduz que ele influencie e oriente o rumo e o curso das ações dos liderados.

Segundo Lourenço e Trevisan (2001) liderança é um processo de influência grupal com visão voltada para seus objetivos, sendo que o espaço para os líderes não inovadores está cada vez menor.

Existem vários estilos de liderança a serem adotados na prática, que são aplicados de acordo com as tarefas, as pessoas e a situação. Essas são variáveis norteadoras do processo de liderança.

Concordamos com Balsanelli e Cunha (2006) que "a comunicação constitui-se num elemento de suma importância no processo de liderar do enfermeiro e a maneira como se dá a transmissão de mensagens interferirá no resultado desejado".

A comunicação é intrínseca ao ser humano, deve ser clara para que não haja fracasso na transmissão e na recepção da mensagem. É uma habilidade que pode ser desenvolvida. Pode ser ainda definida como uma necessidade humana básica e de acordo com Cianciarullo (2000), um instrumento básico utilizado pela enfermagem para o ato de liderar.

Durante o período de formação acadêmica observamos que a comunicação é um instrumento fundamental no processo de liderança. Dentro da experiência profissional na enfermagem, vivenciada pelos componentes do grupo, percebemos a necessidade na melhoria da comunicação para um resultado eficaz no cumprimento de tarefas e relacionamento interpessoal entre líderes e liderados.

De acordo com Simões e Fávero (2006), a literatura sinaliza um crescente consenso a respeito de atributos identificáveis em líderes eficazes e sendo assim observamos dados em estudos de pesquisa que evidenciam que possuir a habilidade em comunicação foi o aspecto mais lembrado em um líder.

A relevância da comunicação na liderança pode ser observada em qualquer equipe, seja em grandes organizações, seja em uma equipe de uma micro - empresa.. Portanto, quando se trata da área da enfermagem percebemos a verdadeira importância dessa ferramenta para o ato de liderar e a necessidade de melhoria da capacidade de liderar através de uma comunicação efetiva e com qualidade.

Observamos que estamos na era do conhecimento e da informação e evidencia-se um grande avanço na produção científica sobre a temática Comunicação. Dois exemplos a serem citados é a promoção do Simpósio Brasileiro de Comunicação em Enfermagem (SIBRACEn) iniciado em 1998, realizado por um grupo de pesquisadores da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da USP(EERP-USP) a cada dois anos e a realização do I Encontro de Comunicação em Saúdeno dia 20/O9/2007 , eventoorganizado pelo Grupo de Estudo e Pesquisa de Comunicação em Saúde da Escola de Enfermagem (EE) da USP.

No entanto, segundo Campos e Melo (2002) foi encontrada nos estudos uma abordagem dos aspectos administrativos mais ligados ao cliente/paciente, confirmando que a comunicação administrativa na enfermagem constitui-se de uma área ampla para pesquisa e necessita ser mais bem explorada.

Valendo-se dessas informações objetivamos identificar a importância da comunicação na liderança praticada pelo enfermeiro e analisar os aspectos envolvidos na comunicação frente à liderança praticada pelo enfermeiro.

Para a elaboração deste trabalho foi realizada uma pesquisa bibliográfica, na qual foi feita busca on-line de literatura científica através da principal biblioteca virtual BIREME, nos bancos de dados SCIELO, LILACS, BDENF. Foram consultados também livros e revistas científicas especializadas no tema proposto, além de sites da Internet voltados para pesquisa e exploração deste assunto.

Utilizamos como descritores: Liderança, Comunicação e Enfermagem.

O recorte temporal foi de 2000 a 2007, período estabelecido em razão de fornecer bases mais atualizadas sobre o tema em estudo.

2. LIDERANÇA

Ao tratarmos do papel central que a liderança exerce no âmago das organizações, podemos sem receio citar a evolução desse processo, através de diversos estudos científicos com o passar dos tempos, comprovados por diversas correntes e abordagens administrativas.Sendo um tema sempre abordado nos dias atuais, podemos afirmar que o conceito de liderança que antes tinha uma conotação de intransigência e autoritarismo, hoje é sinônimo de qualidade, exemplo e credibilidade.

Vários estudos trazem fatores que caracterizam a liderança, dentre os quais destacamos a situação, a influência, os objetivos de comunicação e os objetivos a alcançar.

Liderança é a capacidade de influenciar pessoas para o alcance de objetivos e também a arte de coordenar o trabalho.

De acordo com Trevisan et al (1998) apud Corniani et al (2000), liderança consiste em relacionamento interpessoal, no qual o líder influencia os liderados para mudanças.

Liderança é importante na prática profissional porque é através dela que se consegue atingir metas, facilitando o desenvolvimento do trabalho em equipe.

Segundo Kron (1978) apud Corniani et al (2000), "o desafio para o exercício eficaz da liderança pelo enfermeiro consiste em assegurar a qualidade da assistência prestada ao cliente, somada a qualidade do trabalho e ao respeito por cada membro da equipe como pessoa".

Ao exercer a liderança deve-se ter competência para o relacionamento interpessoal, saber ouvir e receber conselhos, muitas vezes abrir mão de seus argumentos e seguir alguém. Também deverá desenvolver a confiança e o respeito pelos outros, do contrário não conseguirá liderar.

A liderança é aprendida a partir de experiências vividas no dia-a-dia.

De acordo com Chiavenato (2000), existem três principais teorias sobre a liderança: traços de personalidade, situações de liderança e estilos de liderança.

2.1 OS DIFERENTES ESTILOS DE LIDERANÇA

Os estilos de liderança são formas diferentes de exercer influência nos grupos.

O líder autocrático explora as necessidades evidenciadas pelo grupo de liderados, o líder democrático desenvolve a determinação, a responsabilidade e a criatividade dos membros do grupo.

Segundo Maximiano (2000), os líderes organizacionais cujo objetivo é o seu poder, adotarão a liderança autocrática como a mais adequada para os seus objetivos.Esse tipo de liderança centraliza o poder, promove comportamento submisso e dependente. A qualidade do trabalho é inferior, mas a quantidade pode ser superior.

De acordo com Spagnuolo e Pereira (2006) estudos indicaram que os enfermeiros em sua trajetória têm utilizado um estilo de liderança mais autoritário e centralizador, porém devido a uma utilização mais freqüente de novas abordagens comunicacionais, esse cenário está mudando.

Concordamos com Kurcgant (2005), que a liderança democrática é a mais adequada quando o líder tem por objetivo a autodeterminação do grupo, o desenvolvimento, a capacidade, desempenho e a interação dos indivíduos do grupo.

O grande problema desse estilo é que ocorre a transferência de poder, sendo ameaçadora para chefes que são inseguros. Esse estilo de liderança exige segurança técnica e profissional daqueles que dirigem e o compromisso com os direitos humanos dos membros dos grupos, com a qualidade das realizações em lugar da preocupação com o status ou com o próprio poder dentro da organização.

Há diferentes estudos que investigam os diferentes estilos de liderança. Nos estudos de Tannenbaun, analisou-se o estilo autoritário considerado como aquele que pressupõe o homem um ser preguiçoso e pouco merecedor de confiança (Teoria X), e o democrático como aquele que admite ser o homem autodiretivo e criativo no trabalho (Teoria Y). (Teoria X e Y de Douglas Mcgregor).

Entre os dois estilos há uma diferença de comportamento dos líderes. Os líderes autoritários são orientados às tarefas e determinam o caminho dos seus seguidores, enquanto os líderes democráticos tendem a ser orientados pelo grupo, dando liberdade ao trabalho.

Maximiano (2000) aborda que as lideranças autocráticas e democráticas foram consideradas estilos em oposição. À medida que a pesquisa sobre liderança avançou, verificou-se que não são pólos opostos da mesma dimensão, mas trata-se do mesmo território. Essa é a visão bidimensional da liderança, segundo a qual o líder pode combinar os dois estilos em seu comportamento ou esses dois estilos sejam enfatizados simultaneamente.

Essa visão bidimensional da liderança permite conciliar a eficácia do líder com as duas orientações.

Para a liderança ser eficaz é necessário ajustar-se a situação.Este é o princípio da Liderança Situacional, que se baseia na combinação de estilos de liderança aplicados aos níveis de maturidade dos subordinados, mas sempre considerando cada situação, cada tarefa específica.

2.2 AS CARACTERÍSTICAS DO LÍDER

Liderança é uma habilidade que pode ser desenvolvida.

Uma das formas de estudar a liderança consiste em focalizar a personalidade dos líderes.

Sabe-se que os líderes têm determinados traços de personalidade, no entanto há pessoas que têm o mesmo traço e não são e nem se tornam líderes necessariamente. Alguns são bem-humorados outros são rabugentos, outros extrovertidos.

Os líderes não são diferentes de outras pessoas. Alguns dos traços de personalidade mais característicos do líder são o senso da identidade pessoal e a iniciativa nas relações pessoais.

Conforme Maximiano (2000), algumas pessoas são líderes não por causa de sua habilidade, mas porque gostam de serem líderes.

David McClelland, psicólogo e estudioso da Teoria Comportamental realizou diversos estudos no campo motivacional dentro os quais se destacou a Teoria das Três Necessidades Específicas (realização, afiliação e poder). Cada indivíduo apresenta níveis diferentes destas necessidades, mas uma delas sempre predomina denotando um padrão de comportamento. Concordamos com Maximiano (2000) e entendemos que aqueles motivados pelo poder apreciam exercer influência sobre as decisões e comportamentos dos outros, fazendo com que as pessoas atuem de uma maneira diferente do convencional, utilizando-se da dominação (poder institucional) ou do carisma (poder pessoal). Gostam de competir e vencer e de estar no controle das situações, sendo essa uma característica marcante de muitos líderes.

A habilidade da comunicação oferece um dos melhores argumentos para demonstrar que certas características dos líderes podem ser de fato desenvolvidas. A comunicação é o alicerce da liderança, sendo que o requisito básico de um líder é a capacidade de transmitir sua mensagem de modo a persuadir, inspirar ou motivar seus seguidores; isso não significa apenas habilidade em palavras, mas capacidade em transformar idéias em mensagem concreta. Habilidades podem ser desenvolvidas a partir de aptidões. A liderança não é um atributo inato, mas uma qualidade que qualquer pessoa possa desenvolver.

Quando nos remetemos à denominação do conceito de 'Dominação de caráter carismático', de Max Weber apud Maximiano (2000), que se baseia nas qualidades pessoais do líder e depende dos seguidores admirarem tais qualidades do líder, implica que este tem consigo a capacidade de comunicar e se fazer entender. Weber afirmou que as mudanças políticas são muitas vezes decorrentes de líderes excepcionais.

3. COMUNICAÇÃO

"A palavra comunicação vem do latim cummunis que traz a idéia de comunhão" (PEREZ e BAIRON, 2002).

Segundo Castiglia e Malschitzky (2004) "a comunicação em sentido lato abrange não somente a verbalização, mas qualquer transmissão, como a escrita, o silêncio, a música, a arte, a pintura, os gestos, a postura entre outros".

Servo e Correia (2001) nos reportam que "a comunicação significa compartilhar, intercambiar pensamentos e opiniões, portanto deve ser recíproca, clara, correta, completa e concisa para todo o pessoal".

Chitly (2001) apud Marquis e Huston (2005) ainda define comunicação como "a troca complexa de pensamentos, idéias ou informações em, pelo menos, dois níveis: verbal e não verbal".

A comunicação tem dois propostos principais: a informação e compreensão necessária para que as pessoas possam conduzir suas tarefas e atitudes necessárias que promovam a motivação, cooperação e satisfação nos cargos.

Concordamos com Marquis e Huston (2005), que no processo de comunicação há vários modelos teóricos que explicam os elementos da comunicação.Três elementos são comuns à maioria dos modelos: Emissor, Mensagem e Receptor.

*Emissor: O emissor é a pessoa (ou organização) que quer comunicar algo, quem emite a mensagem. 

O emissor precisa saber que público quer atingir e que reações pretendem gerar neste público. Desta forma, o primeiro passo para desenvolvermos um sistema de comunicação eficiente é eleger o público para o qual esta comunicação será dirigida, ou seja, quem é o receptor.

*Receptor: Pessoa (ou organização) que  recebe, decodifica a mensagem.

*Mensagem: Conjunto de informações transmitidas. A compreensão da mensagem pode ficar prejudicada se ela não levar em conta todo o sistema de crenças e valores do receptor.

Quanto mais simples, clara e direta for a mensagem, maior a probabilidade de que o receptor a compreenda corretamente, sem distorcer a informação recebida.

O emissor e o receptor da mensagem precisam ser sensíveis ao clima interno e externo que segundo definição de Marquis e Huston (2005), "clima interno inclui valores, sentimentos, temperamento e níveis de estresse do emissor e do receptor e clima externo são: condições atmosféricas, temperatura, momento certo, ambiente da organização, status, poder, autoridade, barreiras à comunicação entre administrador e subordinado".

Existem também outros elementos e variáveis que influenciam na comunicação. Outro elemento de extrema importância é o feedback quecorresponde à informação que o emissor consegue obter e pela qual sabe se a sua mensagem foi captada pelo receptor.

A percepção da mensagem é muito alterada dependendo do clima existente em que é enviada ou recebida.

Nos dias atuais muitos autores têm destacado a necessidade do desenvolvimento de competências gerenciais do enfermeiro. Tais competências profissionais, segundo Cunha e Neto (2006), devem ser desenvolvidas e discutidas. Dentre as principais competências destaca-se a comunicação.

Entendemos o processo comunicacional como uma forma complexa, que depende de uma série de fatores, e torna-se necessário entender a complexidade que envolve a informação e os processos comunicacionais na gestão estratégica das organizações na qual estamos inseridos.

3.1 CANAIS DE COMUNICAÇÃO

Verificamos que a comunicação interna nas organizações é formada por canais formais e informais. A comunicação informal distingue-se da formal porque, enquanto esta é estruturada e imposta, a informal é espontânea, criada livremente, a partir da proximidade, afetividade e interdependência, coexistindo com o sistema formal, no sentido de satisfazer uma necessidade à qual este não responde.

Os primeiros são compostos pela estrutura da organização, níveis, divisões, departamentos, assim como as responsabilidades específicas, posições e descrição das atividades de trabalho.

Há um consenso entre os autores na classificação dos canais de comunicação. Subdividem-se em três tipos: comunicação descendente, comunicação ascendente e comunicação horizontal. O primeiro tipo comunicação descendente é o básico, onde as informações fluem da alta direção aos níveis mais inferiores da hierarquia. Torna-se uma ferramenta que facilita o controle sobre o desempenho dos trabalhadores ao cumprir suas tarefas. Pode-se dizer que este modelo envia ordens às hierarquias inferiores, proporcionando informação relacionada com o trabalho e uma análise do desempenho das atividades. Além disso, orienta os sujeitos a reconhecerem e internalizarem as metas organizacionais.

A comunicação ascendente flui dos empregados dos níveis inferiores para as categorias altas da organização, geralmente à direção. É o caminho inverso da anterior. Proporciona a retroalimentação aos diretores sobre os problemas atuais, informa sobre as operações cotidianas e orienta os diretores com relação às decisões que precisam ser tomadas. É uma fonte primária de feedback da direção para determinar a efetividade de suas comunicações descendentes. Chama a atenção que este modelo, também, libera as tensões dos trabalhadores ao permitir que os sujeitos dos níveis baixos da organização compartilhem importantes informações com seus superiores, alimentando a participação dos indivíduos, aumentando, assim, a coesão na organização.

Por fim, a comunicação horizontal flui entre os indivíduos que se encontram no mesmo nível hierárquico, sendo, basicamente, a comunicação entre companheiros de setor. Desempenha funções importantes para a organização, como por exemplo: facilita a coordenação de tarefas ao permitir que os indivíduos estabeleçam relações interpessoais efetivas por meio do desenvolvimento de contratos implícitos; proporciona um meio para compartilhar informações relevantes entre companheiros de trabalho; é um canal de comunicação formal para a resolução de problemas e conflitos entre companheiros; e permite que os sujeitos organizacionais desenvolvam uma espécie de apoio mútuo.

Os canais de comunicação informais não estão estruturados ou planificados e, geralmente, não seguem a estrutura formal da organização, pois emergem da interação social natural entre os indivíduos da organização. Segundo Marquis e Huston (2005), essa rede informal de comunicação costuma ser denominada parreira e no contexto brasileiro é conhecida como boato, fofoca ou radiocorredor; flui de forma espontânea entre as pessoas de todos os níveis hierárquicos e está sujeita às distorções e erros devidos a sua velocidade e pouca responsabilidade formal do emissor sobre a mensagem.

Robbins (2002) apud Lima (2003) afirma que "o conteúdo das redes de rumores geralmente são consideradas mais verdadeiras pelos funcionários, do que as informações formais advindas das cúpulas das organizações".

De acordo com Marquis e Huston (2005) ao enfermeiro enquanto líder e administrador cabe a necessidade e a habilidade em compreender melhor a freqüência desse canal de comunicação, além de identificar quais funcionários estão contribuindo para que ela ocorra.

Todos os canais, tantos formais quanto informais, precisam ser levados em consideração pelo líder enfermeiro.

3.2 FORMAS DE COMUNICAÇÃO

Quando pensamos em formas de comunicação nos referimos à maneira como a mensagem é transmitida. Segundo Marquis e Huston (2005), o administrador precisa avaliar cada circunstância individualmente para determinar a forma ou a combinação de forma que melhor se adapte a cada situação, pois a clareza de uma mensagem é muito afetada de acordo com a forma de comunicação escolhida.

As formas de comunicação utilizadas como maior freqüência são a comunicação escrita, a comunicação face a face, a comunicação não verbal e a comunicação por telefone.

De acordo com Marquis e Huston (2005) "a comunicação escrita é usada com mais freqüência em grandes organizações", dessa forma é necessário que os administradores sejam capazes de escrever de maneira profissional e utilizarem linguagem compreensível.

A eficácia maior ou menor de cada um desses tipos de comunicação depende de cada situação, sendo, em geral, mais eficaz a redundância, ou seja, repetir a mensagem.

A comunicação não-verbal também é uma das formas mais utilizadas, devendo haver coerência entre a mensagem verbal e não-verbal; pois se forem incoerentes, o receptor acreditará na não-verbal.

3.3 VARIÁVEIS QUE AFETAM A COMUNICAÇÃO

Muitos fatores de várias naturezas podem intervir no processo comunicacional.

Lima (2003) afirma que "nem sempre é fácil estabelecer uma comunicação completa e eficaz devido às inúmeras variáveis que influenciam no processo de compreensão e transmissão de informações".

Concordamos com Cardoso (2006), que o processo de comunicação é complexo ao contrário do que se supõe, sendo cheio de imprevistos, sutilezas e recursividade entre o emissor e o receptor.

É necessário ao líder saber prever as falhas da comunicação para preveni-las. Acreditar que a mensagem será distorcida ou haverá muitas barreiras à comunicação. Podemos reduzir os lapsos se prevermos suas causas.

Os fatores que intervêm na comunicação podem ser sintetizados basicamente em três: o psicológico, o sociológico (cultural) e o técnico.

De acordo com Castelo (2000), "não se pode compreender a comunicação independente do processo psicológico do qual depende fundamentalmente". Segundo estudos do mesmo autor, a comunicação é um processo pessoal na qual fonte e recebedor da comunicação são pessoas e diversos mecanismos psicológicos intervêm na comunicação. Ao transmitir ou receber alguma mensagem, o indivíduo procede de acordo com suas características pessoais selecionando a mensagem, interpretando-a, modificando-a, acrescentando e/ou suprimindo aspectos, em suma colorindo-a de acordo com o próprio subjetivismo. A percepção é o elemento, essencial para a comunicação. Funciona como uma central de informações onde os elementos são processados. O que complica consideravelmente, em prejuízo da objetividade da comunicação, é que, na sua elaboração, a percepção é influenciada por muitos fatores que formam a lente pessoal, tais como: as experiências vividas, os valores adotados, as emoções, as atitudes, os interesses e a motivação. Levando em conta todos esses elementos psicológicos que influenciam na transmissão e percepção de uma mensagem, pode-se concluir como é difícil comunicar de maneira objetiva.

Comunicar não significa simplesmente informar, como se pode pensar. A comunicação envolve compreensão e persuasão. Só existe comunicação se a mensagem for compreendida.   O fator sociológico é outra variável fundamental que influencia a comunicação. Não se pode entender o significado da mensagem fora do contexto cultural em que ela é mantida. É a cultura que dá o sentido das palavras, dos sinais e dos gestos. Como na percepção individual, os valores culturais condicionam a comunicação grupal.
O processo de comunicação, além das características individuais, depende das normas, padrões e valores dos grupos, das relações intergrupais tais como a competição, e das características organizacionais propriamente ditas. A organização, por sua vez, como sistema aberto, sofre as influências da cultura em que está inserida. Embora distintas estas diversas realidades interdependam entre si, tornando a comunicação mais complexa. Quanto mais alta a sua função, mais ela vai depender da sua capacidade de saber lidar com as pessoas e tomar decisões.

Ainda sob o ponto de vista sociológico, o gerente não pode esquecer alguns fatores decisivos para a comunicação, tais como as diferenças de classe e de cultura, as diversidades de papel e status, os níveis hierárquicos da empresa, os grupos formais e informais e o papel desempenhado pela comunicação informal.

O terceiro fator determinante da comunicação na empresa é o técnico. Como fator técnico deve-se entender tanto a natureza dos assuntos tratados como a escolha dos canais adequados.

Na enfermagem, o enfermeiro como líder deve estar preparado para se deparar com todas essas situações e aspectos desses fatores das variáveis que afetam a comunicação.

4. LIDERANÇA E COMUNICAÇÃO NA ENFERMAGEM

Para compreendermos melhor a liderança na enfermagem é necessário saber o significado do que é atribuído a liderança enquanto processo social. A concepção de liderança destina-se às características pessoais de um líder. A liderança aparece na literatura com três significados de mais importância: como o atributo de uma posição, como categoria de conduta e para outros estudiosos, liderança é um conceito relativo a um agente influenciador e pessoas influenciadas.

Dessa forma, a comunicação é fundamental para o exercício da influência e para a coordenação das atividades grupais e, portanto para tornar eficaz o processo de liderança.

Segundo Galvão (1990) apud Corniani et al (2000), o enfermeiro através da liderança tenta conciliar os objetivos da organização com os objetivos da equipe da enfermagem, buscando a melhoria da prática profissional e da assistência da enfermagem prestada.

Concordamos com Simões (1997) apud Corniani et al (2000) ao 'afirmar que a enfermagem é uma área propícia ao desenvolvimento da liderança, pois o trabalho é desenvolvido por um grupo de pessoas com formação diversificada, ou seja, desde o nível elementar até o nível superior, cabe ao enfermeiro a responsabilidade em coordenar as atividades exercidas pelos demais membros da equipe da enfermagem. Dessa forma, compete ao enfermeiro liderar o pessoal'.

Segundo Galvão et al (2000), a reflexão de que a liderança pode e deve ser aprendida pelo profissional enfermeiro, denota que a aquisição de habilidades para liderar seja essencial para a prática laboral. A busca de meios que viabilizem o desenvolvimento dessas habilidades é fundamental, dentre as quais se salientam o embasamento teórico e a comunicação.

De acordo com Fávero e Ferraz apud Galvão et al (2000), o embasamento teórico é o eixo norteador do processo de capacitação do enfermeiro-líder, sendo a comunicação um recurso que permite ao líder aproximar-se dos liderados com o intuito de compreender as atividades de cada indivíduo. Nota-se eficácia em compartilhar idéias e visões, bem como criar interdependências para o desenvolvimento do trabalho através de equipes.

Estudos sobre o processo e a dinâmica organizacionais, especificamente sobre o comportamento humano, nos trazem a liderança como um processo coletivo compartilhado entre membros de um grupo. A liderança é fundamentada na aceitação do líder pelo grupo e grande parte do poder do líder situa-se no próprio grupo. O líder é a pessoa capaz de dar atenção às idéias do grupo e dirigi-las para ideais comuns, empenhar-se no sentido de aproximar e ajustar interesses grupais e individuais em consonância com os objetivos da organização.

Para o líder ter êxito necessita comunicar-se com os outros e dessa forma, o líder do futuro perguntará, aprenderá, acompanhará, e crescerá de forma consistente e efetiva.

A comunicação provoca mudanças, estando no núcleo da liderança, ou seja, os líderes influenciam pessoas para mudanças via processo comunicativo.

Concordamos com Stefanelli (1993) apud Corniani et al (2000) que na comunicação, o modo como se dá o intercâmbio das mensagens, influenciará no comportamento das pessoas envolvidas a curto, médio ou em longo prazo.

Liderar e Comunicar com eficácia são duas das principais áreas de desenvolvimento no processo de trabalho em todas as áreas, porém quando nos reportamos à área da enfermagem, que lida com seres humanos e busca sempre a qualidade da assistência, acreditamos que a ferramenta da comunicação seja de suma importância.

Líderes com o domínio da arte da comunicação serão capazes de implementar estratégias inovadoras, de suportar a sua força de trabalho e de atingir os resultados esperados.

Observamos que a comunicação competente deve ser sempre uma preocupação ética do enfermeiro perante sua equipe, como afirma Castro (2007).

5.O PAPEL DA COMUNICAÇÃO NO EXERCÍCIO DA LIDERANÇA PELO ENFERMEIRO

Entendemos o líder como elemento essencial de comunicação nos sistemas de organização da assistência de enfermagem.

Segundo Paula e Castro (2002), diante do mercado de trabalho competitivo dos dias atuais, os enfermeiros devem considerar a comunicação com a 'a arma do negócio'.

O líder é centro da informação em sua organização, sendo o melhor informado sobre ocorrências e eventos dentro de seu ambiente organizacional. O enfermeiro líder é a fonte central da comunicação.

O líder atua como monitor, como disseminador e como porta-voz.

Como monitor, o líder busca e recebe informações do que ocorre na sua organização, com base nas informações recebidas, ele identificará problemas, mudanças que possam estar acontecendo ou a necessidade de mudanças a serem implementadas e tomará decisões.

Como disseminador ele transfere informação, proveniente do ambiente externo para o interno da organização, transmitindo informações de um subordinado para outro. Se a informação envolve execução de tarefas, o líder deverá ter em mente duas possibilidades: se a tarefa estiver relacionada com uma função específica, será facilmente disseminada e delegada ao encarregado da função, porém se a tarefa envolver diversas especificidades, a situação requer uma atuação específica do líder na disseminação da informação. Como foco central da comunicação, o líder é o melhor para transmitir informações a vários grupos envolvidos no desempenho de uma tarefa específica já que ele é fonte relevante de informação e de valor na organização. É importante salientar que se o funcionário não desempenha corretamente essa tarefa, o líder falhou em seu papel de disseminador.

O líder como porta-voz transfere informação de sua organização para o ambiente externo. Investido de autoridade formal, ele representa sua organização, sendo assim ele é possuidor de informações necessárias para um desempenho efetivo deste papel. Ele influencia outros representantes com vistas à obtenção de medidas favoráveis à sua organização.

Para Stoner apud Melo e Campos (2002), a comunicação eficaz é importante para os administradores por dois motivos; por ser através da qual os administradores realizam todas as funções administrativas e por ser a comunicação uma atividade da qual os líderes dedicam um grande tempo, pois os líderes /administradores raramente estão sozinhos, ou seja, nesse processo sempre observamos um alto nível de interação social com os subordinados.

Reafirmamos que a comunicação consiste no processo de transmissão de mensagem e informações entre emissor e receptor direta ou indiretamente, seja no plano filosófico, teórico ou prático, mas que implica no desenvolvimento deste serviço.

Observamos nos dias atuais a Comunicação gerencial ou organizacional que abrange todas as formas de comunicação utilizadas pela organização para relacionar-se e interagir com seus públicos (interno ou externo).

6.OS DESAFIOS DA COMUNICAÇÃO NA ENFERMAGEM

A dificuldade em se comunicar é uma deficiência que prejudica a liderança e verificamos muitas dificuldades percorridas pelo enfermeiro nessa área.

A clareza e exatidão da comunicação afetam o comportamento e o desempenho dos liderados. A comunicação necessita de resposta para se realizar, pois a mensagem sem retorno não é comunicação, é apenas um comunicado, pura transmissão de dados, segundo dados de Rosso (2007).

Nessas últimas décadas, novos desafios são enfrentados pelas organizações, pela rápida difusão dos meios de comunicação e tecnologias da informação, como o advento da internet e intranet.

Falta de feedback, ausência de diálogo, muita transmissão de informação e pouca comunicação face a face, pessoa a pessoa, ou seja, muitas palavras e pouco diálogo. Há um consenso entre os estudiosos desta temática de que uma das causas principais dos insucessos nas organizações é a falta de feedback, que torna as comunicações deficientes, geradoras de conflitos e improdutivas.

Segundo Castelo (2000) é o próprio sistema de comunicação da empresa que, em geral, é deficiente. E mais grave do que as deficiências da comunicação descendente são as deficiências da comunicação ascendente. Para o mesmo autor, as barreiras existentes na comunicação ascendente são muito maiores e esta é tão importante para a eficácia organizacional quanto à comunicação descendente. No entanto, a maioria dos líderes, quando falam dos problemas de comunicação na empresa, pensam somente na comunicação descendente. Essa mentalidade advém segundo Likert apud Castelo (2000), da influência das teorias clássicas de administração, que colocaram em primeiro plano o controle, a cadeia de comando e o fluxo descendente de ordens e de influência, não deram o destaque correspondente à comunicação ascendente adequada e exata.

Em estudo de Trevisan et al (2002), a comunicação entre os integrantes da enfermagem e destes com os pacientes no ambiente hospitalar é restrita ao fazer, ou seja, ao cumprimento de tarefas e das ordens médicas, portanto entendemos ser um desafio a mudança desse paradigma.

Segundo Paula e Castro (2002), na atualidade a enfermagem lida com uma dura realidade nas instituições, especialmente nas públicas quanto ao número de funcionários que na maioria das vezes é bem menor que a necessidade, interferindo na liderança do enfermeiro.Sendo esse um desafio para os profissionais que devem reconhecer essa realidade, buscando renovação e aperfeiçoamento da prática da comunicação, para desenvolver um exercício de excelência na sua área de competência.

Observamos em dados de uma pesquisa elaborada por Simões e Fávero (2003), que dependendo da maneira que a habilidade da comunicação for praticada, será determinado o sucesso ou o fracasso do líder.

Concordamos com Mayer et al (2005) que a maior dificuldade percebida na comunicação é a falta de união da própria equipe devido à inexistência de motivação, de confiança ou até mesmo de diferenças pessoais de objetivos e valores, levando a desestruturação da organização.

De acordo com Corniani et al (2000) a comunicação se torna um desafio devido cada pessoa interpretar a mensagem de uma forma diferente, por falta de clareza por parte de quem transmite a mensagem e pela falta de interesse do receptor.

7. ESTRATÉGIAS DE COMUNICAÇÃO NA ENFERMAGEM

Ao profissional cabe refletir positivamente no seu dia a dia melhorando o autoconhecimento, para que com uma boa comunicação possa exercer plenamente sua liderança. Para isso necessitamos de estratégias de comunicação. Segundo Castro (2007) essas estratégias requerem do profissional uma educação continuada e que o mesmo seja estimulado a atualizar-se, refletir e aperfeiçoar-se para exercer a comunicação na liderança de um modo competente.

Algumas das estratégias para melhorar o fluxo de mensagens formais nas organizações são reuniões para facilitar a interação entre os indivíduos; análises regulares de desempenho; realização de encontros entre a direção e os trabalhadores para a solução de problemas e conflitos; realização de procedimentos de capacitação, com programas direcionados para os funcionários; e prêmios para os trabalhadores que apresentam idéias aproveitáveis.

Trevisan et al (2000) relata que o líder deve comunicar enfática e amplamente a visão e a direção a ser tomada para que todos, especialmente as pessoas relevantes, as compreendam e acreditem na sua validade e viabilidade.

Reconhecemos a comunicação como ferramenta estratégica para liderar. Dessa forma podemos destacar algumas estratégias apresentadas por Marquis e Huston (2005) para aumentar a probabilidade de uma comunicação clara e completa:

  • A comunicação do líder deve ser clara, simples e precisa.
  • Os líderes devem sempre buscar e valorizar o feedback nas relações com os liderados.
  • Utilizar a combinação de vários métodos de comunicação e a repetição do que for comunicado com as devidas instruções.
  • Desenvolver habilidades de comunicação verbal como a comunicação assertiva que permite ao comunicador/líder se comunicar de maneira honesta, direta e adequada respeitando os direitos dos outros.
  • Desenvolver habilidades de escuta, pois trabalhar ativamente na escuta ativa melhora com a prática.

Rosso (2003) reafirma ao líder como estratégias, comportamentos assertivos tais como: estabelecer diálogos, trabalhar a linguagem do corpo (não-verbal), ser essencial olhar para o outro, cooperar, não contra-atacar, validar a comunicação, ter certeza daquilo que ouve, para não tirar conclusões precipitadas.

Em consonância com este ideal, citamos algumas premissas referidas por Maria Julia Paes da Silva no I Encontro de Comunicação em Saúde da Escola de Enfermagem da USP (2007), quando relata os meios desta assertividade: "a capacidade de escutar nos permite que identifiquemos o momento apropriado para falar, se é que precisamos falar [...]".

Remetendo-nos à comunicação como processo social, escutar também significa não modificar as palavras ditas por nosso interlocutor, pois ele as escolhe por alguma razão, ainda que inconsciente. Devemos exercitar ancorar respeito e amor pelo semelhante.

Ainda que tenhamos "certeza de quase tudo", vale ressaltar que negar feedback, não faz com que eles deixem de existir. A maneira mais fácil de deixar escapar feedback é negar que eles são o que são: Pistas.

Convergindo com as recomendações sobre estratégias citadas por Rosso (2007), no mesmo encontro, as percepções que viabilizam o processo comunicacional dizem respeito a alguns padrões de alguns comportamentos nesta dinâmica:

-Impossível para todos = omissão

-Possível para um = competição

-Possível para a equipe = cooperação

Neste caso o enfermeiro deverá exercer a liderança sendo justo ao estabelecer os critérios.

Cabe ressaltar que conflitos nascem das diferenças de percepção, pois o conflito é bom quando sabemos lidar com este. Há diferença de idéias entre conflito e confronto. Uma estratégia indicada pelo mesmo autor neste evento:

"Cuidar das palavras, evitando os exemplos: 'Eu já falei mil vezes!'; 'Você tem que entender!'; 'Está totalmente errado!' Mudar as palavras utilizando, por exemplo, 'Nós, do setor X encontramos outro caminho.' Um líder sadio pega a mão do liderado e o ajuda a resolver os problemas, um líder neurótico faz sempre da mesma forma e espera resultados".

De acordo com a fala de Rosso (2007): "quando estamos em situações-problema, podemos optar entre: ter razão ou ser feliz. Ter razão, às vezes é confrontar. Ser feliz é reavaliar e resolver. Segundo Yin Yang 'Quem não se envolve, não se desenvolve'".

8. OBJETIVOS

Identificar a importância da comunicação na liderança praticada pelo enfermeiro.

Analisar os aspectos envolvidos na comunicação frente à liderança praticada pelo enfermeiro.

9. MATERIAL E MÉTODOS

Para a elaboração deste trabalho foi realizada uma pesquisa bibliográfica, na qual foi feita busca on-line de literatura científica através da principal biblioteca virtual BIREME, nos bancos de dados SCIELO, LILACS, BDENF. Foram consultados também livros e revistas científicas especializadas no tema proposto, além de sites da Internet voltados para pesquisa e exploração deste assunto.

O recorte temporal foi de 2000 a 2007, período estabelecido em razão de fornecer bases mais atualizadas sobre o tema em estudo.

10.RESULTADOS

Com base na literatura pesquisada, sua compreensão nos embasou sobre as perspectivas que permeiam o ato de liderar e deixar-se liderar, pois todos os segmentos organizacionais ou grupos comunitários advêm da premissa que deve haver um elemento que articule os objetivos das idéias para então obter resultado. Constatando-se, portanto que a comunicação é essencial para o exercício da influência, para a coordenação das atividades em grupo e para a efetivação do processo de liderança. Logo o êxito do líder está relacionado com a sua habilidade de criar sintonia da comunicação com os outros e consigo mesmo.

Quando centralizamos a figura do líder/condutor para configurar o ato de comandar, nos remetemos às características e indicadores que reforçam a soma de qualidades e atributos inatos ou estruturados com experiências diversas, sejam elas explícitas ou tácitas.

Cabe ainda ressaltar os conflitos de identidade que o líder está atravessando, pois há um histórico de submissão e subserviência contido em sua estrutura vocacional, pensada pelo militarismo e o catolicismo.

Esses conflitos que os líderes enfrentam, diante de situações que mereçam análise e providência e implicam dificuldades no processo comunicacional com os liderados são explicados e bem explorados na Teoria X e Teoria Y por Douglas McGregor que classificam o indivíduo digno de tratamento autoritarista ou humanista.

Nota-se recuo e timidez quando o foco é o relacionamento interpessoal - o que significa que o profissional enfermeiro transita essencialmente nas perspectivas da zona terapêutica -que por prática e histórico profissional mantêm um relacionamento militarista e/ou sacerdotal do ofício, que o torna mais expressivo quanto ao acalanto da dor, priorizando o trabalho braçal em detrimento ao exercício salutar do processo de trabalho.

Entre os vários aspectos envolvidos na liderança praticada pelo enfermeiro, a escolha pela associação dos vários estilos de liderança é o melhor caminho a ser adotado para estabelecer o respeito pelos membros da equipe, assegurando a qualidade da assistência prestada.

Observa-se que a manifestação dos estilos de liderança se dá situacionalmente ou ao menos deveriam obedecer estas ordens, por conta da maturidade dos atores envolvidos nesta relação líder-liderado.

Outro aspecto importante evidencia que o cenário para os profissionais da saúde, onde predominava uma liderança autocrática, está mudando devido à utilização mais freqüente de novas abordagens comunicacionais.

Constatou-se haver maior produção científica ao tema comunicação/paciente do que comunicação entre líderes e liderados, porém esse cenário está se modificando e há um crescente aumento de estudos científicos abordando esse assunto.

Observamos alguns movimentos que sinalizam a importância da comunicação para o ato de liderar, sejam em literaturas, encontros, simpósios, etc.

Os elementos predominantes nas estratégias de comunicação são a assertividade, o saber ouvir, e o feedback, a clareza, a objetividade e a confirmação da mensagem.

A comunicação é um processo complexo e dinâmico das relações humanas, sendo necessário ao líder considerar as influências psicológicas, sociológicas e técnicas para prevenir as falhas inerentes a este processo.

11. CONCLUSÃO

De acordo com o material pesquisado na elaboração do trabalho, chegamos à conclusão de que a comunicação é a principal habilidade para o exercício da influência, para a coordenação das atividades em grupo e para a efetivação do processo de liderança.

Não é possível desvincular a Liderança da comunicação e profissionais treinados em habilidades para comunicação podem oferecer condiçöes mais adequadas para o enfrentamento das situações e comprometimento dos liderados. Para que isso ocorra, reafirmamos que além da comunicação no exercício da liderança, é fundamental a aquisição do embasamento teórico no processo de capacitação do líder -enfermeiro.

O treinamento e o aperfeiçoamento do enfermeiro através da Educação Continuada são fundamentais para melhoria no relacionamento interpessoal e conseqüentemente para a aquisição de subsídios que colaborem na elaboração de estratégias de comunicação.

A complexidade e dificuldade inerentes ao processo de comunicação demonstradas neste trabalho possibilitaram delinear a impossibilidade de uma comunicação totalmente objetiva e sem falhas. Dessa forma, os desafios do ambiente de trabalho sempre existirão, mas quando nos reportamos à comunicação como elemento de extrema importância para a liderança do enfermeiro, entendemos que os esforços em adquirir a habilidade da comunicação devem ser constantes e permanentes.

12.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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