A Compreensão E A Educação Da Sexualidade
Por Géssica Hellmann | 03/04/2008 | Educação por Géssica Hellmann
Neste artigo abordo primeiramente a importância da
compreensão da própria sexualidade. Posteriormente continuo
esta reflexão como mulher e mãe, enfatizando a importância
da educação da sexualidade infantil.
"Desde que o mundo é mundo, a sexualidade é parte essencial da vida do homem. Tem ocupado
lugar na mitologia, na filosofia, nas artes, em toda forma de representação
e conhecimento humano, inclusive, mais recentemente, nas Ciências."
(Sayão, 2006a).
Compreender a sexualidade "permite expandir a percepção
dos limites aos quais cada um está confinado por nossas
próprias experiências de vida". (Rodrigues, Jr. 2006)
A sexualidade é natural nos seres humanos, é uma função
como tantas outras. Freqüentemente estimulamos a evolução
de nossos filhos em vários aspectos: comer sozinhos, andar, falar,
ler, brincar. Quando o tema é sexualidade somos cuidadosos e por
vezes fazemos julgamentos prévios. A criança fica com a
sensação de que faltam pedaços em seu corpo:
elogiamos olhos, perninhas, cabelos, mas evitamos falar em seus órgãos
sexuais. (Roche, 2006)
Segundo Sayão (2006b), é preciso distinguir os conceitos de organismo e corpo. O primeiro refere-se à infra-estrutura biológica dos seres humanos. Já o conceito de corpo diz respeito aos significados e sentidos que podemos atribuir a qualquer interação que se estabelece, seja consigo mesmo, com os outros ou com objetos. Ou seja, o corpo é o organismo atravessado por todas as experiências vividas, pela inteligência e pelo desejo. No conceito de corpo, portanto, estão incluídas as dimensões da aprendizagem e todas as potencialidades do indivíduo de se apropriar de suas vivências.
A autora afirma que, a partir deste entendimento,
é possível perceber que a abordagem da sexualidade deve
ir além das informações sobre anatomia
e funcionamento do corpo, pois os órgãos
existem dentro de um corpo que pulsa e sente.
Ou seja, "sexualidade
inclui todas as formas como as pessoas expressam sua busca pelo
prazer. Podemos expressar a sexualidade através da dança,
do ato teatral, da música, da arte, dos gestos cotidianos,
da maneira como expressamos a vida e nossa auto-estima." (Hellmann,
2006b)
Quando praticamos um esporte, seja uma corrida matinal, malhação
na academia, natação, hidroginástica,
qualquer atividade física que proporcione
prazer, estamos exercitando nossa sexualidade.
"O ser humano manifesta o que sente através da sua corporalidade. Seja através do olhar, da forma de ouvir, do falar, enfim em todos os gestos exprimimos os nossos sentimentos, isto é, são expressões corporais do nosso estado de espírito. A sexualidade também é uma forma de expressão corporal, afetando o ser humano intimamente, de forma tanto positiva como negativa. É altamente dependente de crenças e valores inseridos pela sociedade em que vivemos. Precisamos educar nossa capacidade de expressão corporal e nosso modo de pensar para aprendermos a amar e nos entregar por inteiro." (Hellmann, 2006a)
A educação da sexualidade é um processo
que ocorre deste o nascimento até o perecimento do corpo. É
sempre possível tornarmos a nossa sexualidade mais saudável,
mais harmonizada. O importante é tentar sempre oferecer o melhor
na educação sexual de nossos filhos. E,
acima de tudo, lembrar sempre que, dependendo da atitude dos pais, as
crianças aprendem se sexo é bonito ou feio, certo ou errado.
Em outro artigo afirmei que "Muitos pais costumam transmitir suas
próprias angústias, preconceitos e neuroses enraizadas para
os próprios filhos. Por isto considero extremamente importante
uma boa educação
sexual." (Hellmann, 2006c). Acrescento neste
momento que, como mãe, tenho a responsabilidade de transmitir confiança,
amor e, acima de tudo , esclarecer suas dúvidas
referentes à sexualidade para que ele se torne um adulto
saudável e equilibrado.
Inicialmente, as dúvidas das crianças dizem respeito às
diferenças anatômicas entre os sexos e ao
nascimento propriamente dito. Elas fazem suas próprias
teorias sexuais, hipóteses acerca de como os bebês vão
parar nas barrigas de suas mães. Aos poucos, estas teorias vão
sendo questionadas e surgem então as dúvidas a respeito
de como são produzidos, enfim, os bebês. (Roche, 2006)
Quando as palavras por algum motivo nos fogem, e ficamos sem saber qual
a melhor maneira para responder a essas indagações uma dica
saudável é: respire fundo, encha o coração
de amor e tranqüilidade, escute seu coração e responda
da maneira mais simples, objetiva e
honesta possível. As crianças percebem
o que estamos sentindo.
"As outras vantagens de conversar com os filhos sobre sexo
desde as primeiras dúvidas são: aumentar a intimidade
e a afetividade entre si; abrir caminhos para que se
possa conversar sobre tudo; informar corretamente, reduzindo as fantasias
e a ansiedade delas decorrente; e, por fim, prevenir
futura gravidez indesejável e contaminações
por doenças sexualmente transmissíveis,
como a sífilis e a AIDS, entre outras." (Roche, 2006)
O aumento desta intimidade fará com que fortaleça a confiança
entre os filhos e os pais. Alertar, esclarecer e desmistificar o sexo
e a sexualidade fará com que nossos filhos possam se tornar adolescentes
e adultos conscientes para tomar as próprias decisões no
que se refere a sexualidade.
"Podemos vivenciar nossa sexualidade
de forma extremamente benéfica e positiva para
um desenvolvimento sadio, desde que feito com muito amor. Reprimir é
anular a si próprio. Respeitar, aprender a sentir e escutar as
mensagens que seu corpo transmite proporcionará uma elevação
da auto-estima. É preciso saber se amar para aprender a
amar o outro. Amar o outro é doar-se." (Hellmann,
2006b)
Outro assunto que deve ser abordado na educação de nossos
filhos é referente ao abuso sexual, um assunto
que, segundo Roche (2006), que geralmente gera desconforto, mas é
fundamental que seja abordado nos dias de hoje, em que vemos os mais assustadores
casos de perversão. Para proteger nossos filhos, é preciso
transmitir a eles a noção de que sexo é feito
somente entre adulto com adulto, e que o amor
melhora tudo porque torna mais completo.
Dialogar acima de tudo é o principal. Aprendi isto deste cedo,
na educação que recebi sempre tivemos a liberdade para abordar
todos os assuntos francamente. Minha mãe, uma grande mulher, sempre
procurou esclarecer a todos os nossos questionamentos. E lembro-me que
eram muitos! Algumas vezes percebia em seu rosto um certo constrangimento,
como se a tivéssemos pegado desprevenida, ou como se ela só
então percebesse que estávamos crescendo e querendo descobrir
a vida.
A mensagem desta reflexão é: com muito amor e carinho mantenha
diálogos honestos com seus filhos, compreenda-os e eduque-os para
torná-los adultos que possam amar e viver sua sexualidade de forma
saudável e equilibrada.
Bibliografia
________________. Sexualidade: ainda um tabu? Disponível em: <http://www.gehspace.com/sexualidade51a55.htm#52>. Acessado em: 20/10/2006b.
_______________. Sexualidade, corporalidade e espiritualidade. Disponível em: <http://www.gehspace.com/sexualidade56a60.htm#57>. Acessado em: 20/10/2006c
ROCHE, Fernanda. Sexualidade infantil. Disponível em: <http://guiadobebe.uol.com.br/bb2a3/sexualidade_infantil.htm>. Acessado em: 20/10/2006.
RODRIGUES JR., Oswaldo M. Sexualidade. Disponível em: <http://www.gehspace.com/sexualidade1a5.htm#3>. Acessado em: 20/10/2006.
SAYÃO, Yara. BOCK, Silvio Duarte. A sexualidade nas épocas e culturas. Disponível em: < http://www.educarede.org.br/educa/oassuntoe/index.cfm?pagina=interna&id_tema=8&id_subtema=6>. Acessado em: 20/10/2006.
______________________________. Sentidos do corpo. Disponível em: < http://www.educarede.org.br/educa/oassuntoe/index.cfm?pagina=interna&id_tema=8&id_subtema=6>. Acessado em: 20/10/2006.
Publicado originalmente na <a href="http://www.gehspace.com/sexualidade66a70.htm#66">Revista Sexualidade</a>