A CINOTERAPIA: TRABALHANDO AS FUNÇÕES PSICOLÓGICAS SUPERIORES DOS EDUCANDOS COM DEFICIÊNCIA MENTAL E MÚLTIPLA

Por Roseli Fabrin | 19/01/2011 | Educação

A CINOTERAPIA: TRABALHANDO AS FUNÇÕES PSICOLÓGICAS SUPERIORES DOS EDUCANDOS COM DEFICIÊNCIA MENTAL E MÚLTIPLA

AUTORA: Roseli Ana Fabrin


RESUMO

A cinoterapia trabalha as funções psicológicas superiores de educandos com deficiência mental e múltipla, juntamente com cães adestrados e equipe multidisciplinar que pode ser composta de fisioterapeutas, fonoaudiólogos, psicólogos, bombeiros e pedagogas. O trabalho pode ocorrer em instituições de ensino que atuem na modalidade da educação especial. Para a execução dos objetivos, é necessário estabelecer as finalidades presentes que demonstram e revelam as contribuições da cinoterapia a partir das funções psicológicas superiores, identificando e efetivando atividades significativas para desenvolver com os educandos novos conceitos científicos. Por ser um trabalho multidisciplinar, realizam-se diversas atividades nas diferentes áreas: educação, saúde e segurança, com ênfase no educacional e terapêutico. Respeitando a influência do meio, sua fase de desenvolvimento cognitivo e experiências, onde ninguém pode aprender as mesmas coisas ao mesmo tempo e do mesmo modo, mas existem necessidades e especificidades de cada indivíduo e de cada instituição. As instituições de ensino devem elencar novas metodologias, estratégias e recursos que levem o educando a aprender novos conceitos científicos. Na atividade de cinoterapia necessita-se de cães, de profissionais de diversas áreas e de atividades de aprendizagem que despertem nos educandos a elaboração conceitual.





PALAVRAS CHAVE: cinoterapia, funções psicológicas superiores, interdisciplinaridade, deficiência mental.













CINOTHERAPY: WORKING THE HIGHER PSYCHOLOGICAL FUNCTIONS OF STUDENTS WITH INTELLECTUAL AND MULTIPLE DISABILITIES




AUTHOR: Roseli Ana Fabrin



ABSTRACT


Cinotherapy works the superior psychological functions of students with mental and multiple disabilities, along with trained dogs and a multidisciplinary team which may consist of physiotherapists, speech therapists, psychologists, firefighters and educators. The work can occur in educational institutions that act in the form of special education. To fulfill the objectives it is necessary to establish the present purposes that demonstrate and show the contributions of cinotherapy from higher psychological functions, identifying and effecting meaningful activities with the students to develop new scientific concepts. Being a multidisciplinary work, various activities are held in different areas: education, health and safety, with emphasis on the educational and therapeutic. This is while respecting the influence of the medium, its phase of cognitive development and experience, where one can learn the same things at the same time and in the same way, but there needs and specificities of each individual and each institution. Education institutions must list new methodologies, strategies and resources that lead the student to learn new scientific concepts. The activity of cinotherapy needs dogs, and professionals from diverse fields of learning activities that stimulate students in conceptual elaboration.






KEYWORDS: cinotherapy, superior functions, interdisciplinary, intellectual disability.






O trabalho realizado com cães adestrados em instituições de ensino, na modalidade educação especial, juntamente com parcerias, como corpo de bombeiros e equipes multidisciplinares (fonoaudiólogas, psicólogas, fisioterapeutas e pedagogas), desenvolve o trabalho para educandos com diagnósticos de deficiência mental e múltipla, enfatizando o educacional e o terapêutico.
No caso da instituição possuir uma equipe multidisciplinar que enfatiza a interdisciplinaridade no atendimento, dá-se o enfoque nas funções psicológicas superiores dos educandos, partindo de atividades significativas, vivências, e experiências para elaborar ou reelaborar novos conceitos antes não apropriados.
Um aspecto importante a ser observado é que as atividades de cinoterapia devem motivar os educandos, os profissionais envolvidos e os seus familiares ou responsáveis pelos educandos. Nesse sentido, é imprescindível que os profissionais desenvolvam atividades de ensino, de tal forma que proporcione aos educandos atividades significativas
Para a sequência de atividades significativas, podem ser desenvolvidas ações interdisciplinares que estabeleçam relações com os conceitos elencados. Das diferentes áreas (educação, saúde e segurança) possíveis de serem abordadas, destaca-se a cinoterapia que trabalha as funções psicológicas dos educandos para agregar novos conceitos, tais como higiene, vestuário, alimentação, reprodução e outros conceitos referente aos cães.
Como metodologia de desenvolvimento para ações específicas de diferentes áreas do conhecimento, propõe-se a distribuição dos educandos em grupos, turmas ou ainda no individual para realizarem as atividades que compreendam:
a) o cão x cinoterapia: organizado por profissionais das diferentes áreas do conhecimento, complementando com diversos recursos (livros de literatura, jogos pedagógicos, DVDs, CDs e outros) para trabalhar a elaboração conceitual;
b) pesquisa de campo: acompanhada pelos profissionais da equipe em lugares que tenham relação com a atividade de cinoterapia, tais como canis (habitat dos cães);
c) experiências práticas com o cão, que permite perceber as necessidades básicas dos amimais;
d) observação de diferentes raças de cães;
e) registro dos resultados das atividades práticas, de pesquisa, de estudo e experiências;
f) leitura de livros que abordem a cinoterapia e outras temáticas relacionadas a essas atividades;
g) elaboração de audiovisuais ou fotos;
h) avaliação de cada ação realizada pela equipe multidisciplinar.
A realização das atividades permitirá a cada educando que eleve seu conhecimento, o que significa que se atribui o sentido aos objetos, ao diálogo, aos saberes dos diversos profissionais das diferentes áreas, sentimentos e valores existentes em cada sujeito envolvido nas atividades.
O objeto de estudo é a elaboração de conceitos do educando a partir das funções psicológicas superiores e também suas evoluções diante dos objetivos estabelecidos, executados e avaliados pela equipe multidisciplinar.
É necessário salientar que as pessoas atendidas na cinoterapia pela equipe multidisciplinar podem ser indivíduos de qualquer idade, com habilidades, desejos, potencialidades e possibilidades. Existem também limitações e alguns medos que são próprios do ser humano, o que dificulta, muitas vezes, a elaboração de novos conceitos, mas justifica a caminhada do indivíduo.
Não podemos desconsiderar a influência do meio - família, escola e sociedade - no seu desenvolvimento cognitivo, pois o homem está ligado aos processos psicológicos elementares e superiores. No entanto, as formas elementares são naturais, e as superiores são culturais e ambas fazem parte da construção de sua identidade.
Para promover o desenvolvimento das funções psicológica superior, na modalidade da educação especial, é necessária que estejam explícitos, nas atividades práticas, a linguagem, o pensamento verbal, a memória seletiva, a atenção focalizada, a imaginação criativa e a percepção categorial.
Nas atividades de cinoterapia, é possibilitado o aprender e o reaprender novos conceitos a partir do cão, com recursos e metodologias específicas, sistematizando e contextualizando o conhecimento com os atributos claros e coerentes.
Deve-se trabalhar os enlaces situacionais com a vivência e experiência, onde cães, pessoas e objetos possuem relações entre si ou não, mas sempre respeitando sua fase de desenvolvimento cognitivo, seja a do sincretismo, pensamento por complexo ou a elaboração conceitual.
É preciso que os educandos percebam a presença da equipe multidisciplinar dos cães e dos recursos, para desenvolver os enlaces afetivos pela mediação e então se chegará nos enlaces categoriais.
Para a sequência das atividades, pode-se desenvolver ações interdisciplinares que visem a estabelecer relações com o conceito de cor, quantidade, dentro, fora, tempo, lateralidade, espaços ou outros conceitos elencados. Esse momento da atividade eleva-se à abstração e representa a apropriação de uma série de conhecimentos de diferentes áreas, além de uma elaboração conceitual universal.
Os diferentes tipos de linguagens expressam acontecimentos (- Hoje temos cinoterapia!) seja pelo visual, pelo situacional ou ainda pela lembrança. É na interação que também se permite a construção do conhecimento.
Os indivíduos possuem uma estrutura psicológica superior que precisa ser entendida, motivada e trabalhada por todos os profissionais que atuam com a educação especial, pois ela é complexa, ligada por pessoas, objetos e cães, com significados e signos.
O desenvolvimento cultural de um indivíduo é frequentemente desigual, devido a seus experimentos, sua cultura e sua vida acadêmica Mas isso só enriquece e traz aprendizados significativos e necessários para o desenvolvimento do conhecimento do homem para o homem.
O conhecimento necessita da presença curiosa de sujeitos confrontados com o mundo, seja o profissional da educação, saúde ou ainda da segurança que, tomando consciência de seus próprios processos mentais, introduzem novos modos de operação intelectual.
Assim a Cinoterapia contribui para a elaboração de novos conceitos em todos os níveis da educação especial, sexo, idade e público não somente para os educandos, mas também para os familiares e profissionais da equipe multidisciplinar envolvidos. Trabalhando com pessoas, animais, objetos, mas
respeitando cada qual e assim desenvolvendo uma metodologia para ensinar os conceitos universais para dar significado às atividades desenvolvidas com todos e para todos, seja no âmbito educacional ou ainda terapêutico.
É por isso que a cinoterapia é uma atividade carregada de possibilidades, harmonizando experiências e significações, permitindo o equilíbrio entre o sentir, o pensar e o fazer. Seu papel é desenvolver pensamentos superiores com todos os indivíduos, possibilitando o desenvolvimento global do sujeito e ampliando seus conceitos científicos.

REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS ? ABNT, Rio de Janeiro. Normas ABNT sobre documentação. Rio de Janeiro, 2000. (Coletânea de normas).

SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 22ª edição, São Paulo: Cortez, 2002.