A chuva de nádegas

Por Gustavo Henrique Gomes Tiné | 29/04/2016 | Crônicas

É quase impossível sair de casa sem se deparar com aquela chuva, incrivelmente desconcertante e muitas vezes provocadora de confusões. É quase uma novela que, de maneira ampla, é acompanhada pelos os querem se molhar, os que querem de fato, assiduamente, assistir todos os episódios em alguns minutos ou segundos.

Nem se importam com o tempo perdido, deixado de lado, querem muito ficar lá na sarjeta da rua obscura, contemplando aquela chuva sem pensar em sua queda.

Movendo-se vai que nem uma maré descontrolada, uma onda por vez. E ele sendo levado pela própria maré. “Que nem a maconha, enquanto tiver cê fuma”. Já dizia o menor, às novinhas no parque. Aliciador de cabras que só querem o veludo pelo ganho, sentindo o gosto do salgado por um mimo.

Corre lá, vê se não está tudo lá fora se molhando. Cada um mais que o outro. Achando serem bastantes que outros, todavia nadas.

Sentados no final frente a um comensal esperando ansiosamente, para gritar de agonia e depois de barganha: VOU MORRER! HAHAHAAHAHAHAHAHAHAAHAHA. Mostrando na boca todos os dentes podres e prestes a caírem todos, todos, todos. Todos ele apadrinhados de uma escuridão, abandonaram o vosso pai, de certo, estando em alguma estrada coberto pelo seu próprio mijo vermelho e sagrado, sagrado, sagrado, sangrando.

Buscando chegar na hospedária, para ver se de fato ressuscita de verdade, como menino de novo.

-Gustavo Tiné 28|04